Crianças de Brumadinho sofrem três vezes mais com doenças respiratórias por exposição à poeira

Levantamento mostra que a tragédia aumentou em 75% os relatos de alergia respiratória na região; meninos de 4 anos são os mais dos atingidos

Crédito: Isis Medeiros/ Movimento dos Atingidos por Barragens

Matéria editada em 12 de abril para a inclusão do pedido de resposta da Vale

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas) constatou que a poeira dos rejeitos minerais liberados no rompimento da barragem de Brumadinho, em 2019, gerou impactos à saúde de crianças que vivem no município mineiro. 

O levantamento mostra que a tragédia aumentou em 75% os relatos de alergia respiratória da região atingida e que as crianças da região apresentam três vezes mais chances de sofrer com a doença do que as demais. 

De acordo com a pesquisadora Ana Paula Natividade, da Ensp/Fiocruz, o estudo servirá de base para o subsídio de ações de assistência pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nas localidades.  

Em julho de 2021, os pesquisadores avaliaram 217 crianças de até seis anos. Foram usadas ainda informações sociodemográficas. 

As crianças mais afetadas foram as que têm quatro anos, pois apresentaram mais casos de comprometimento das vias aéreas superiores. De acordo com o estudo, a constatação pode ser explicada porque são crianças que têm acesso ao ambiente externo e, consequentemente, ficam mais expostas à poeira. 

Entre as crianças com mais de 4 anos, 68,3% tiveram rinite, sinusite ou otite; 72,2% desenvolveram pneumonia, asma, sibilos ou bronquite, além de 59,4% terem se queixado de alergias. Já crianças de até 4 anos tiveram mais sintomas como dificuldade para respirar e espirros recorrentes. 

A exposição à poeira atingiu ainda mais os meninos, fato que os pesquisadores atribuem à tradição de que os meninos costumam brincar mais em ambientes externos, jogando futebol, por exemplo. 

O rompimento da barragem também gerou mudanças na rotina da população afetada: 89,3% dos moradores de comunidades expostas relataram que precisam limpar com mais frequência suas residências por causa da poeira, 89,4% também indicou que consome água mineral após o desastre e 92,1% afirmam um aumento do tráfego de veículos.  

Confira o estudo na íntegra neste link

Direito de resposta

A Vale monitora os níveis da qualidade do ar nas comunidades impactadas de Brumadinho e, até o momento, os resultados indicam níveis adequados à saúde da população.

Além disso, a empresa financia os Estudos de Avaliação de Risco à Saúde Humana e de Avaliação de Risco Ecológico, conduzidos pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SISEMA) em articulação com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e Secretaria de Planejamento (SEPLAG). Esses estudos investigam as áreas impactadas pelo rejeito para identificar uma possível contaminação e os riscos à saúde humana e ao meio ambiente, visando o estabelecimento de medidas de intervenção e reparação e ações de proteção da população, fauna e flora, se necessário.

Este trabalho, que tem metodologia validada pelos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, é acompanhado pelos compromitentes do Acordo Judicial de Reparação Integral (Ministério Público do Estado de Minas Gerais, Ministério Público Federal, Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais e pelo Governo do Estado de Minas Gerais).

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Camila Bezerra

Jornalista

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