Hospitais universitários: profissionais não têm direito a férias, 13º e licença saúde

Roberto Medronho, entrevistado da TV GGN, denuncia precarização do atendimento vigente no País desde 2015.

Foto: Reprodução TV Morena

Hospitais de ponta, responsáveis pelo atendimento não resolvido pela atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), os hospitais universitários sofrem uma verdadeira política de desmonte desde 2015, que atinge até os profissionais da saúde.

“Temos um grupo de profissionais de saúde chamados ‘extraquadros’, que não tem direito a 13º, férias e licença saúde. Imagina uma pessoa que trabalha para cuidar da saúde do outro e, se ela tiver uma doença, não tem direito a se afastar? É um regime pré-CLT”, denuncia Roberto Medronho, professor da Faculdade de Medicina e coordenador do Laboratório de Epidemiologia das Doenças Transmissíveis.

Convidado do TV GGN 20 Horas desta terça-feira (4), Medronho aponta que outro forte indício da política silenciosa de desmonte dos hospitais universitários é a redução do número de leitos. Quando estudante, entre 1977 e 1982, o atendimento da Universidade Federal do Rio de Janeiro somava 538 leitos. Hoje, são 180.

Confira a entrevista na íntegra abaixo:

Hiato

Medronho lembra que os hospitais sofrem com o subfinanciamento das atividades há décadas. Apenas a iniciativa de Fernando Haddad (PT), enquanto ministro da Educação do governo Lula 2, permitiu a continuidade da assistência terciária.

Além de uma medida provisória que permitiu a criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, o então ministro criou uma forma de evitar o encerramento das atividades. “Ele [Haddad] conseguiu fazer o Programa de Reestruturação dos Hospitais Universirários (Reuf) e impediu o fechamento das portas, porque estávamos evoluindo para esta situação”, continua o doutor.

Necropolítica

Em relação à política do governo de Jair Bolsonaro (PL) na área da saúde, Roberto Medronho descreve o período como “um dos mais sombrios da história da saúde pública deste País”, pois em vez de priorizar o isolamento social para preservar a população da covid-19, o governo diziam que “a população deveria trabalhar porque nós precisamos rodar a economia”.

“Fazer imunidade de rebanho com um vírus letal e tão infeccioso como o da covid, de uma doença que não conhecíamos muito, é condenar parte da população a perecer diante do vírus”.

Roberto Medronho, coordenador do Laboratório de Epidemiologia das Doenças Transmissíveis

O doutor conta que foi publicado na revista Cientific Report um artigo em que fica provado que os municípios com maior índice de desigualdade social, composta pela população negra e com menor nível de escolaridade, tiveram o maior número de casos letais da covid-19.

“Ao contrário, o Auxílio Emergencial e o Bolsa Família foram os melhores fatores de proteção contra o óbito e contra a infeccção, mostrando o quão importante são as políticas compensatórias que fizeram com que a população deixasse de adoecer e de morrer”, emenda.

Confira a entrevista completa na TV GGN, no Youtube. Não esqueça de se inscrever no canal e acompanhar as análises de Luis Nassif e convidados sobre as principais notícias do dia, de segunda a sexta, às 20h.

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Camila Bezerra

Jornalista

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