Temer diz que intervenção é resposta ao crime organizado

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – No início desta tarde, Michel Temer assinou o decreto que autoriza a medida de intervenção federal na segurança pública do estado do Rio de Janeiro. Ladeado por Luiz Fernando Pezão, governador do Estado, Rodrigo Maia, presidente da Câmara e ministros, Temer afirmou que a medida é extrema, mas necessária para combater o crime organizado.
 
Disse que tomou a medida em face das circunstância. ‘O governo dará respostas duras, firmes e adotará todas as providências necessárias para enfrentar e derrotar o crime organizado e as quadrilhas’, disse Temer após assinar o decreto de intervenção.

 
Para ele, o crime organizado é uma metástase ‘que se espalha pelo país e ameaça a tranquilidade do nosso povo’. ‘Por isso chega. Basta. Não vamos aceitar que matem nosso presente nem continuem a assassinar nosso futuro’, disse ele.
 
Segundo Temer, a intervenção foi construída na base do diálogo. Conversou com Pezão, governador do Estado, e com os presidentes da Câmara e do Senado. Rodrigo Maia, da Câmara, não estava muito satisfeito com a questão, conforme noticiou o jornal O Dia. Só aceitou por ter sido ameaçado com responsabilização sobre o que ocorrer no Estado.
 
Pezão afirmou que o Rio tem pressa e urgência em resolver a questão da violência e que as Polícias não estão conseguindo deter as guerras entre facções criminosas. Ele entende ser necessário uma força maior ‘para momentos extremos’ e que agora é o momento. ‘Precisamos muito desta intervenção’, disse ele.
 
Com a intervenção, o comando das forças de segurança pública do Estado ficará nas mãos do general Walter Souza Braga Netto, atual chefe do Comando Militar do Leste, que vai coordenar, controlar e executir as atividades administrativas e logísticas do Exército Brasileiro no Rio de Janeiro. O interventor já atuou no Rio por ocasião dos jogos olímpicos e paralímpicos em 2016.
 
Veja a íntegra do decreto:
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso X, da Constituição,
 
DECRETA:
 
Art. 1º Fica decretada intervenção federal no Estado do Rio de Janeiro até 31 de dezembro de 2018.
 
§ 1º A intervenção de que trata o caput se limita à área de segurança pública, conforme o disposto no Capítulo III do Título V da Constituição e no Título V da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.
 
§ 2º O objetivo da intervenção é pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado do Rio de Janeiro.
 
Art. 2º Fica nomeado para o cargo de Interventor o General de Exército Walter Souza Braga Netto.
 
Parágrafo único. O cargo de Interventor é de natureza militar.
 
Art. 3º As atribuições do Interventor são aquelas previstas no Art. 145 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro necessárias às ações de segurança pública, previstas no Título V da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.
 
§ 1º O Interventor fica subordinado ao Presidente da República e não está sujeito às normas estaduais que conflitarem com as medidas necessárias à execução da intervenção.
 
§ 2º O Interventor poderá requisitar, se necessário, os recursos financeiros, tecnológicos, estruturais e humanos do Estado do Rio de Janeiro afetos ao objeto e necessários à consecução do objetivo da intervenção.
 
§ 3º O Interventor poderá requisitar a quaisquer órgãos, civis e militares, da administração pública federal, os meios necessários para consecução do objetivo da intervenção.
 
§ 4º As atribuições previstas no art. 145 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro que não tiverem relação direta ou indireta com a segurança pública permanecerão sob a titularidade do Governador do Estado do Rio de Janeiro.
 
§ 5º O Interventor, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, exercerá o controle operacional de todos os órgãos estaduais de segurança pública previstos no art. 144 da Constituição e no Título V da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.
 
Art. 4º Poderão ser requisitados, durante o período da intervenção, os bens, serviços e servidores afetos às áreas da Secretaria de Estado de Segurança do Estado do Rio de Janeiro, da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro e do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro, para emprego nas ações de segurança pública determinadas pelo Interventor.
 
Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

18 Comentários

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  1. ……………… CERTOS PALACIANOS.

    …………………… ” adotará todas as providências necessárias para enfrentar e derrotar o crime organizado e as quadrilhas’, disse Temer após assinar o decreto de intervenção ” ………… Ao ouvir isto, certo palaciano olhou para outro ao seu lado e disse: Calma, não é com a gente.

  2. bolsoNÁRIO falou para os

    bolsoNÁRIO falou para os colegas milioNÁRIOS que, se se elegesse presidente, iria metralhar as favelas no RIO de Janeiro. temer mandou o exército(?) pra lá. Será que???…….

  3. E as quadrilhas dos poderosos?

    Por falar em organizações criminosas, que tal investigar a do próprio MT, a do Mineirinho, a da Farsa a Jato, a da Privataria Tucana, do Banestado, do Azeredo, entre outras?

    Os criminosos do Rio são aprendizes quando comparados a MT, Caju, Angorá, E.Quadrilha, Mineirinho, Careca, etc.

  4. A intervenção e o caos.

     

    O caos está criado desde que para além das necessidades reais de um estado , o governo se curvou aos cabeças de planilhas e aos interesses do mercado. Cortar verbas e negar ajuda a estados, falidos pela propria ação da Lava Jato na Petrobrás e de uma PEC assassina. Ações e operações que  não se importam com as consequências socias e economicas dos cortes de um orçamento. Os efeitos do que ocorreu com a Petrobrás no Estado do Rio de Janeiro, só são comparáveis com os efeitos  do controle maipulado  dos preços internacionais do petróleo  na Venezuela. Os  royalties despencaram as obras pararam,  estaleiros e mais um imenso número de empresas agregadas jogaram no desemprego milhões, tudo isto em nome do ajuste fiscal e luta contra a corrupção. ( Imaginem quantos milhões de desesperados temos pelas ruas para levantar um troco e levar comida para casa). 

    Junta-se a isto , não uma luta contra a corrupção, mas sim uma destruição contínua de todas as instituições. ( Nenhuma autoridade é mais autoridade, nem mesmo eles) . Sem dúvida isto também se deve a desgovernos no estado. Mas até mesmo Cabral tinha mais controle sobre tudo que está aí. Não confundam isto com a  defesa do rouba mas faz, apenas quero dizer que como qualquer intervenção em um  nicho ecológico isto pode gerar sequencialmente catástrofes. As intervenções judiciais, ou políticas ou mercadológicas foram  capazes de criar uma grande catastrofe, pois quebraram um equilíbrio,( talvez abjeto) mas mesmo que fosse  instável  era um equilíbrio em cima do qual se devia construir alguma coisa. Mas preferiram jogar  toda uma sociedade ladeira abaixo.  O Rio é apenas uma prova disto.

    No Rio os antigos defensores do golpe com suas camisas verde amarelo, e expulsando o povo de suas manifestações, estão aprendendo que o discurso da mídia não é realidade. Com um primarismo infantil acreditaram que bater panelas e fechar os olhos ia acabar com a pobreza que os cerca. Naqueles atos pareciam querer num passe mágica  apagar a realidade que os cercava. Ao invés de ir em busca da estabilidade, se curvaram ao primarismo judicial,  de juizes que pensam que o país se resume a um forum e ao poder que possuem. Alimentados por um conglomerado midiático dos mais perversos já existentes, e ganância desenfreada dos que nos bastidores manipularam o golpe. A ganância os fez colocar um certo Parente  para destruir  a galinha de ovos de ouro, do Rio de Janeiro, a Petrobrás. Mas bateram palmas a cada estaleiro fechado, e a cada poço do pre sal vendido,  bateram palma à destruição da  eletronuclear, à privatização das águas e esgotos, e dos cortes de verba. Bateram palmas até para o fechamento da UERJ.  E agora estupefactos, ainda vão buscar os suspeitos usuais para culpar de tudo isto. 

    E teremos , os que vão bater palmas para esta intervenção. Como fantoches  aceitam sem pestanejar que  Temer use o exército para fazer uma jogada de marketing político. Isto é ele usa dinheiro publico em sua campanha. Sem conhecimento, sem um trabalho de inteligência, sem um plano nem projeto, o que fará o exército, mais uma ocupação. Mal sabem eles que uma coisa é ocupar num momento onde as pessoas estavam empregadas e com sonhos e perspectivas. Mas ocupar agora é ocupar a faixa de Gaza.  E isto será mais um atentado contra as instituições. Pois desviar as funções do exército é destruir a própria instituição. Tudo isto vindo da cabeça doidivana de um homem que quer permanecer no poder   e de um ministro da defesa que  dentro em breve venderá a Embraer e a defesa nacional para a Boeing.

    E além de tudo a intervenção é apenas o uso do dinheiro publico para campanha de  um  personagem de samba enredo.

  5. Soldados: quando atirarem nos

    Soldados: quando atirarem nos favelados, cuidado. Podem acertar seu pai, sua mãe, seu irmão, sua irmã…enfim, um seu parente.

  6. Tá Pintando Um Clima!

    Nassif: não seja insensato. O atual mandatário do Brasil tem razão, quando diz que “a intervenção militar no Rio é resposta ao crime organizado”. Veja só.

    O crime organizado, desde o Jaburu, pediu ao Serviço de Inteligência, comandado por aquele general que tem o golpe na corrente sanguinia, que lhe socorrese, pois não conseguiria aprovar o queda da previdência e o (des)governo, por ele comandado, seria exposto ao ridículo social.

    Procuraram os 6 do Delcídio e a solução foi unânime — intervenção já.

    Consultaram os dono do quintal, a Shell, a Chevron, a Siemens, a FIESP e os sulistas e sentiram era o momento. Pimba.

    O Povão, como sempre, ficaria calado. A esquerda fariam uns alardes, com o consentimento dos milicos, e a Democracia do Presidente de Paris seria implantada, via Aluisim 1mi.

    Se a grita aumentar, os homens da Caserna, agora que podem atirar pra matar, vêm com tudo.

    O Sapo Barbudo em cana e Hulk (ou Bolsonara) prá presidente…

    Quer momento melhor?

  7. O plural majestático do aspirante à soberano…
    Nassif, sintomático Temer usar o plural majestático para justificar a intervenção militar: ‘Por isso chega. Basta. Não vamos aceitar que matem nosso presente nem continuem a assassinar nosso futuro’, disse ele, depois de afiançar que o crime organizado é uma metástase ‘que se espalha pelo país e ameaça a tranquilidade do nosso povo’ (será um prenúncio de que a intervenção pode igualmente se espalhar?). Afinal, referir a si próprio usando a primeira pessoa do plural (nós) em vez de usar a primeira pessoa do singular (eu) sempre foi considerado modo de expressão de soberanos querendo aparentar modéstia. Como o presidente é o comandante das Forças Armadas segundo a Constituição, o que tanta modéstia nos reserva, no presente e no futuro?

  8. Guerra de quadrilhas

    Acho que os marqueteiros de Temer comeram mosca ao suscitar o cenário de “querra de quadrilhas”. Pelo menos até ser julgado o indício de ‘formação de quadrilha’ no Planalto, isso é como falar de corda em casa de enforcado… 

  9. A criminalização do crime (de pobre)

    Pela falta de investigação policial e de “inteligência”, as ações policiais têm recorrido para o enfrentamento, criminalizando o crime, e agindo diretamente na sua punição. A chegada das FFAA para tomar conta da segurança de RJ comprova isso, a radicalização deste conceito. A polícia não mais investiga e procura provas para culpar alguém de determinado crime e logo o leva à justiça, mas já tipifica um crime geral, identifica e rotula os inimigos e apenas os combate. Brasil é tudo mais ou menos assim, como a lava jato, o setor policial e judiciário já definem o crime, logo por convicção política e social os culpados são identificados, e logo eles são simplesmente combatidos.

  10. Combate ao crime organizado

    Combate ao crime organizado Nassif? Não vi as tropas do Ministério da Defesa invadindo a Justica Federal, o MPF/RJ, o TJRJ e o MP/RJ para prender os juizes, procuradores e promotores LADRÕES que ganham salários acima do teto e recebem penduricalhos ilegais.

  11. Rio de Janeiro, cenário ideal

    Rio de Janeiro, cenário ideal para todos os golpes, desde a primeira metade do século XX.  Mas esse vai derrubar um a um os executores vendidos por 30 dinheiros. Atos inconsequentes tem finais infelizes. Não é mais uma novela da globogolpe, é uma farsa-cópia literal do filme Mera Coincidência, que junta ao Ato patriótico depois de 11 de setembro vira uma jaca estourada no asfalto. Será que os militares vão sujar seus cooturnos pisando na jaca? O interventor disse bem: tem muita mídia.

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