Boom do xisto nos EUA já não atrai tanto dinheiro

Jornal GGN – O jornal americano The Wall Street Journal publicou ontem uma matéria sobre a controvérsia da exploração do gás de folhelho – popularmente gás de xisto – nos Estados Unidos. Segundo a publicação, desde 2008, investidores estrangeiros endinheirados vêm subsidiando o boom da exploração petrolífera americana, enquanto as empresas gastam muito mais dinheiro arrendando terras e perfurando poços do que ganham vendendo petróleo e gás natural.

Mas o fluxo de dinheiro estrangeiro para as petrolíferas americanas está secando. Em 2013, as multinacionais do petróleo gastaram US$ 3,4 bilhões em participações em campos de xisto nos EUA, menos da metade do que investiram em 2012 e um décimo dos seus gastos de 2011, segundo dados da IHS Herold, uma firma de pesquisa e consultoria.

É um sinal de tempos difíceis para as empresas de finanças apertadas que reviveram o setor energético americano. O valor dos negócios ligados a petrolíferas nos EUA caiu 48% em 2013 comparado a 2012, para US$ 47 bilhões, a primeira queda anual desde 2008, segundo a IHS.

Por causa disso, os produtores de petróleo e gás natural dos EUA já começaram a cortar gastos. “Os dias de dinheiro fácil acabaram”, diz Amy Myers Jaffe, diretora- executiva de energia e sustentabilidade na Universidade da Califórnia, em Davis. “A ênfase será na redução de custos.”

As empresas também estão se voltando para outros investidores, inclusive de private equity e da bolsa de valores, à medida que compradores estrangeiros perdem o apetite pelo setor de petróleo americano. A mudança tem grandes implicações para a indústria de petróleo e gás natural, dizem analistas, porque os investidores de Wall Street tendem a ser mais sensíveis a lucros e aos preços das ações, enquanto os investidores estrangeiros são, historicamente, mais focados na aquisição de tecnologia e reservas de petróleo.

Aos poucos, os preços baixos do gás natural diminuíram o interesse das empresas internacionais pelo xisto americano, e alguns se arrependeram do investimento. 

Em 2013, os preços do gás natural subiram 26%, fechando o ano em US$ 4,23 por milhão de unidades térmicas britânicas. Mas esse aumento se deu a partir de mínimos quase históricos. Os preços do gás natural caíram para menos de US$ 2 em 2012, o nível mais baixo em dez anos, à medida que o crescimento da produção nos EUA e temperaturas amenas (que requerem menos calefação) provocaram um excesso de oferta de combustível. Os preços voltaram a subir no ano passado porque algumas geradoras de energia se voltaram para o gás natural para reduzir o uso de carvão.

Alguns dos maiores financiadores do boom de xisto não esperam que as grandes empresas asiáticas e europeias reabram seus cofres tão cedo.

 

Redação

8 Comentários

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    1. Pelo menos sabe para onde quer ir

      Pois é, e os EUA e o R.Unido sabem?

      Com >US$ 16 trilhões de dívida e o ex império de sol permanente cada vez mais fnanceiro, ambos aliados como pai e filho, cada vez mais dependentes de força militar de gastos incomensuráveis, espionagens e exploração de riquezas, esforços alheios e auto-deterioração social, para onde pensam que vão?

      Tá todo mundo perdidinho…

      Até a Economist e o Financial Times.

  1.  
    Enquanto isso, nas bandas

     

    Enquanto isso, nas bandas da aguerrida militancia em defesa da preservação e sustentabilidade da Casa-Grande, são instigados os  vira-latas, americanófilos e jornalistas sub-rogados à Voz do Dono,  há moverem histérica campanha para levar as ações da Petrobras ao rés do chão.

    A bruma artificialmente provocada, não logra cumprir a torpe ação. Pois, o acintoso lamber de beiços dos acionistas internacionais põe por terra, deixando a bunda, digo, o rabo de fora, expondo a ardilosa lambança.

    Orlando

  2. OPEP prevê vida curta para xisto
     

    É apenas um surto, não uma revolução. A euforia do óleo de xisto em breve desvanecerá. A Organização de Países Exportadores de Petróleo anunciou que os efeitos da revolução na extração de hidrocarbonetos são passageiros.

    Cinco anos é o máximo que a OPEP diz faltar até o início do fim da revolução de xisto norte-americana. A estratégia de segurança energética, desenvolvida nos Estados Unidos com a chegada de Barack Obama, presume a redução das importações de petróleo em um terço nos próximos 10 anos e o aumento da produção de hidrocarbonetos. O início foi um sucesso. Em novembro, a produção de petróleo nos Estados Unidos superou as importações pela primeira vez em 20 anos. Mas dentro em breve a sorte se pode virar contra eles, diz a OPEP. Estas previsões não são infundadas. Os estudos do cartel mostraram que em muitos depósitos de xisto betuminoso nos Estados Unidos os volumes de extração já estão diminuindo. Em algumas áreas foi até marcado um declínio acentuado. Em mais da metade. A OPEP reconhece que esta mineração alternativa dará ao país um aumento de até 5 milhões de barris por dia. Mas já em 2018 restará do efeito apenas uma ilusão, nota o diretor do departamento de análise da empresa Alpari, Alexander Razuvaev:

    “A exploração de um poço, em contraste com a perfuração convencional, dura relativamente pouco tempo. Ou seja, eles terão uma extração máxima, e depois um colapso em termos de volumes. Eles queriam, a curto prazo, diminuir significativamente a dependência de fornecimentos do Oriente Médio, eles conseguirão isso. Eles experimentaram suas tecnologias. Descobriu-se que elas não são assim tão rentáveis.”

    Além disso, ainda não foram estudadas as consequências ambientais. Ambientalistas americanos estão soando o alarme. Eles alertam: a perfuração de rochas irá contaminar fontes subterrâneas de água potável. Além disso, aumenta a ameaça de terremotos em áreas sismicamente ativas dos Estados Unidos. Não falta muito até surgir uma onda de ações judiciais contra as empresas que extraem óleo e gás de xisto. Eis o que diz o diretor do Instituto da Energia Nacional Serguei Pravosudov:

    “Alguns habitantes locais afirmam que já se observa contaminação de águas subterrâneas, a perda de gado, etc. Apresentam fotografias, vídeos. Existem estudos científicos que indicam o aumento do nível de poluição do ar, muito gás é emitido na atmosfera. E as empresas negam isso dizendo que elas não têm culpa, que são uns fatores externos, que não são elas. Pagam compensações aos agricultores para que eles desistam de suas reivindicações.”

    A Agência Internacional de Energia também advertiu relativamente há pouco tempo sobre o próximo desvanecer da revolução energética. Na AIE estimaram que dentro de 7 anos o boom de xisto nos EUA irá diminuir.

    Oleg Obukhov
    Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2013_12_03/OPEP-prediz-o-fim-do-oleo-de-xisto-nos-EUA-3047/

     

  3. o xisto e o padre do estadão

    O “economista” Celso Ming do Estadão tem sido, desde 2013 ,um entusiasta do gás de xisto americano. Tem anunciado o fenomeno como uma revolução sem precedentes , e de quebra aproveita para anuncia-lo como mais uma das imperdoáveis omissões e mazelas do governo Dilma e do PT .

    Celso Ming tem sido um apolegeta neoliberal que em momentos de êxtase supera com folgas pregadores do apocalipse tradicionais da globo news como Sardenberg, Miram Leitão et caterva..

    Abaixo artigo de Celso Ming, daqueles que consagram ou revelam o carater absolutamente difamador do autor :  

    Celso Ming

    Um dos maiores acontecimentos da economia global em 2013, com graves consequências para o Brasil e enorme impacto estratégico, foi praticamente ignorado pelo governo Dilma. Trata-se da revolução energética que, em apenas seis anos, deverá tornar os Estados Unidos não apenas autossuficientes em petróleo e gás, mas fortes exportadores em potencial.

    O assunto não chega a ser novidade, mas é preocupante que não esteja sendo levado em conta pelo governo Dilma em suas formulações de política econômica. Quando se referiram à economia mundial, os dirigentes brasileiros têm olhos voltados para a crise europeia, para a persistência de altos riscos no mercado financeiro global e para os problemas que poderiam ser produzidos pelo desmonte da política monetária altamente expansionista dos Estados Unidos. Mas tendem a ver a revolução energética nos Estados Unidos somente como aposta de alguns, ainda sujeita a confirmações. Quando acordarem, pode ser tarde.

    E, no entanto, como consta no relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos divulgado no dia 23 de dezembro, a produção de petróleo e gás subirá nada menos que 800 mil barris diários a cada ano até 2016, quando atingirá 9,6 bilhões de barris diários. Será, então, batido o recorde de 1970.

    Há poucos anos, os Estados Unidos importavam 50% do petróleo que consumiam. Esse número já caiu para 37% e, em 2016, o país deverá trazer de fora apenas 25%. Em 2020, aponta a Agência Internacional de Energia (EIA, na sigla em inglês), os Estados Unidos serão autossuficientes.

    A revolução energética está sendo obtida graças ao emprego de nova tecnologia de exploração das reservas de xisto, que são rochas fortemente impregnadas de petróleo e gás. Essa tecnologia consiste em um bombardeio a alta pressão das camadas de xisto por uma mistura de água, areia e produtos químicos, que liberta o óleo e o gás aprisionados na rocha.

    Os impactos econômicos serão impressionantes. O relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos prevê que o preço médio do barril (159 litros) de petróleo, que esteve em US$ 112 em 2012, baixará para US$ 92 em 2017, queda de 17,9%.

    Os baixos preços do gás, que começam a ser negociados a US$ 4 por milhão de BTU (ante os US$ 14 a US$ 16 por milhão de BTU vigentes aqui e na Europa), deverão atrair novos projetos de indústria, não apenas na petroquímica, mas também nos setores eletrointensivos, como química básica, cimento, vidro, cerâmica e metalurgia eletrolítica.

    Do ponto de vista da indústria brasileira, que já está alijada dos grandes centros de suprimento global, se for confirmada, essa revolução não implica apenas perda de competitividade em relação à indústria americana. Implica, também, risco de migração da indústria brasileira para lá ou desistência de projetos no Brasil.

    Do ponto de vista estratégico, a independência energética dos Estados Unidos forçará mudanças importantes na política voltada para o Oriente Médio, grande centro exportador de petróleo. O atual equilíbrio de forças na região parece ameaçado. O impacto sobre a Venezuela, maior exportador da América Latina, também poderá ser dramático. Hoje, a economia está altamente dependente do faturamento com petróleo, cujos preços cairão em três anos.

    O governo do México, outro grande exportador, entendeu o que está em jogo e tratou de criar as bases de sua própria revolução do petróleo. Acabou com o monopólio estatal exercido pela Pemex e também vai tratando de explorar suas reservas de xisto.

    Enquanto isso, o governo brasileiro segue excessivamente confiante com as descobertas de petróleo no pré-sal e seus dirigentes preferem desconversar a respeito das consequências sobre a economia brasileira. Alegam que os problemas ambientais causados pela tecnologia do craqueamento hidráulico do xisto acabarão por desencorajá-la. Provavelmente não serão, porque a tecnologia do craqueamento hidráulico está sendo aperfeiçoada. Pode ser mais uma grave omissão do governo Dilma.

     

  4. Estou muito feliz em ver que

    Estou muito feliz em ver que está acontecendo uma verdadeira revolução energética nos Estados Unidos, estive mês passado em wyoming e Dakota do Norte e pude ver que a economia desses estados melhorou muito sem falar que a produção de gás e óleo nos estados unidos cresceu tanto e crescerá ainda mais, pois uma porcentagem pequena do territorio foi explorada. Tanto é que os preços do barril de petróleo cairam drásticamente esse mês e a tendencia é reduzir bastante dada a crescente oferta no mercado.

    So desejo muita sorte a Venezuela e demais paises que possuem renda majoritariamente centrada na exportação do petróleo.

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