Petrobras, Operação Lava Jato e política de conteúdo local

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Leonardo Bispo de Jesus Júnior

Do Brasil Debate

As fornecedoras da Petrobras têm baixa capacitação tecnológica, são licenciadoras de tecnologias de líderes internacionais ou filiais de multinacionais, e ocupam os setores de menor complexidade tecnológica. A política de conteúdo local coloca a Petrobras na contramão da tendência das grandes corporações

Antes mesmo da Operação Lava Jato ser deflagrada, os indicadores econômicos e financeiros da Petrobras já se deterioravam: as agências de rating, apesar de manter o grau de investimento da companhia, apontavam como fatores determinantes para esta deterioração e redução dos dividendos distribuídos aos acionistas e do valor de mercado, seu agressivo programa de investimentos e sua exposição à interferência política local.

A interferência política vinha influenciando o déficit comercial da companhia, devido à crescente necessidade de importar produtos refinados, que acabavam sendo vendidos a preços abaixo da sua paridade internacional, e dificultando o atendimento de suas metas de produção, em função do nível de equipamentos críticos necessários para exploração e produção (E&P) das áreas do pré-sal e a exigência de cumprimento das metas de conteúdo local.

Com a Operação Lava Jato e piora destes indicadores, algumas consequências sucederam-se: (i) as principais agências de risco de crédito rebaixaram os ratings da Petrobras; e (ii) acirrou-se o debate acerca da reversão do marco regulatório e da flexibilização da política de conteúdo local. O objetivo deste texto é analisar como estas questões se relacionam.

A Petrobras, desde sua criação, em 1953, até meados da década de 1990, encampou as diretrizes políticas do Estado brasileiro, centradas no desenvolvimento da indústria doméstica, a partir do direcionamento de suas compras. Com isto, a estatal buscava, inclusive, a capacitação dos fornecedores nacionais do ponto de vista tecnológico. Essa política enfrentou sérias limitações, em função destes fornecedores se restringirem, quase sempre, a receber e aplicar conceitos desenvolvidos na Petrobras, o que tornou a indústria para-petrolífera (IPP) brasileira pouco competitiva e dependente de um mercado doméstico protegido.

Na esteira das modificações ocorridas nas grandes corporações, como consequência do processo de globalização financeira e produtiva a partir da década de 1980, os programas de nacionalização perdem força já na década de 1990 e o discurso governamental se volta à competitividade e exposição da indústria nacional à concorrência estrangeira. Neste contexto, a situação dos fornecedores domésticos de equipamentos e serviços piorou.

Com o fim do monopólio da Petrobras na atividade petrolífera do país em 1997, o Estado brasileiro, preocupado com o destino da indústria e dos fornecedores locais, passa a incorporar índices de nacionalização nos critérios para seleção dos leilões de áreas de E&P de petróleo e gás natural (P&G).

Esses critérios se fizeram presentes desde o processo de licitação dos primeiros blocos exploratórios, na Rodada 1, em 1999. Porém, apenas na Rodada 4, em 2003, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) fixa um nível mínimo de conteúdo local, a ser observado pelo concessionário, na Fase de Exploração e na Etapa de Desenvolvimento.

Portanto, a política de conteúdo local no setor de P&G brasileiro, construída ao longo da última década por meio de cláusulas nos contratos de concessão e de resoluções da ANP, teve como referência o modelo de E&P criado pela Lei 9.478/97, que pôs fim ao monopólio estatal neste setor.

Com o fim do monopólio, a participação de empresas brasileiras no suprimento de equipamentos e insumos para a exploração, produção e refino de P&G no país passou a ser assegurada pela imposição aos investidores de participação relevante dos fornecedores locais no suprimento da demanda de bens e serviços.

Em 2010, o modelo de E&P de P&G, criado pela lei 9.478/97, foi parcialmente abandonado, a partir do entendimento de que o panorama, quando da introdução do sistema de concessão, era diferente daquele que se apresentava com o anúncio, em 2007, da existência de uma nova realidade geológica para a indústria petrolífera brasileira e internacional.

Assim, com o estabelecimento do novo marco regulatório, o monopólio da Petrobras foi restituído para as atividades desenvolvidas na área do pré-sal e em áreas estratégicas: a companhia passaria a ser operadora de todos os blocos licitados, com participação mínima de 30% no consórcio formado para executar as atividades sob esse regime, respondendo pelo cumprimento da exigência de conteúdo local fixada no contrato de partilha da produção e encampando o desenvolvimento da IPP brasileira.

Porém, o contexto internacionalizado da IPP, a alta especialização das muitas empresas que atuam nesse segmento e o elevado market share das empresas líderes em cada segmento, aliado à baixa capacitação tecnológica da IPP nacional e ao programa de investimento da Petrobras, que impõe uma resposta rápida da IPP nacional às demandas desta companhia, colocam sérias dificuldades para o sucesso de uma política de conteúdo local, sendo o sucesso avaliado a partir da efetividade da política na capacitação dos fornecedores nacionais de maneira a torná-los competitivos no mercado global.

As empresas para-petrolíferas brasileiras apresentam como principal fragilidade, até hoje, a baixa capacitação tecnológica; no geral, licenciadoras de tecnologias de empresas líderes internacionais, quando não uma filial de empresa multinacional. As empresas nacionais ocupam os setores de menor complexidade tecnológica, deixando, até mesmo, os projetos de engenharia básica para serem executados por empresas internacionais.

Com isto, percebe-se que a política de conteúdo local coloca a Petrobras na contramão do que tem sido a tendência das grandes corporações no período pós década de 1980: primeiro, pela esperada elevação de custos, dada a obrigação de adquirir insumos com maior preço; segundo, pela incerteza relacionada à possibilidade dessa modalidade de política promover, adequadamente, ganhos de competitividade suficiente para ampliar a capacidade de inovar e reduzir, no futuro, os custos dos fornecedores e, por conseguinte, da Petrobras.

Isto pode ter sérias implicações para o financiamento da companhia, dado que esta tendência é a diretriz das agências de rating na determinação do grau de investimento corporativo, e, por conseguinte, dos investidores internacionais e das instituições financeiras na determinação de seus spreads.

A partir do exposto, pode-se concluir que não é aconselhável desprezar a lógica financeira, dada a necessidade de financiamento do programa de investimento da Petrobras. Neste sentido, o desenho ideal de uma política industrial para o setor de P&G deve centrar-se menos no percentual do conteúdo local e mais no valor agregado deste. Dada a estrutura de mercado da IPP, esta política deve ser menos diversificada e mais focada em setores, atividades e/ou tecnologias que agreguem mais valor e onde os grandes players da indústria não atuem. Isto viabilizaria a capacitação dos fornecedores locais para competir no mercado global.

Leonardo Bispo de Jesus Júnior é doutor em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Pesquisador da Unidade de Estudos Setoriais (UNES-UFBA). Bolsista do Programa Nacional de Pós-Doutorado (PNPD) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no Programa de Pós-Graduação em Economia (PPGE) da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. Ta, mas se fizer isto tudo

    Ta, mas se fizer isto tudo com dinheiro da China e parceria com a Russia a coisa se resolve ou ainda tem que entregar tudo para os competentíssimos fazedores de guerra americanos e europeus??? . . . Eles são ótimos em prospecção submarina em grandes profundidades . . . . 

  2. A LÓGICA DO CURTO PRAZO VAI LEVAR À PRIVATIZAÇÃO.

    A Petrobras sofre de uma espécie de esquizofrenia que vai, como última consequência, levar à sua privatização: enquanto a área de exploração e produção torce pelo crescimento econômico, a área de abastecimento e distribuição reza por uma recessão prolongada. Isso porque o maior prejuízo da empresa vem da necessidade de importação de derivados.
    Em 2010 a empresa arrecadou R$ 130 bilhões no processo de capitalização destinado a financiar o pré-sal. Entre 2011 e 2014 gastou em torno de R$ 80 bilhões, o dobro do lucro líquido do período ou mais da metade do valor arrecadado na capitalização – aumentando em 25% sua dívida – para abastecer o mercado interno com derivados importados. Comprou lá fora por preço maior do que vendeu internamente, inclusive para os seus concorrentes internos, Shell e Ipiranga, que tiveram lucro em cima do prejuízo da Petrobras. Assim, se a crise mundial continuar, a Petrobras importará derivados por um preço menor, mas exportará petróleo bruto a preço também menor. Se o país voltar a crescer, a empresa não terá como suprir a demanda interna, e o seu prejuízo aumentará. A política de subsídio aos combustíveis colocou a Petrobras em uma situação suis generis para uma empresa: quanto mais ela vende, mais prejuízo tem. Por outro lado, repassar automaticamente toda variação dos preços internacionais parece uma ideia  politicamente insustentável, dado que teremos daqui para a frente uma estatal batendo recordes sucessivos em extração de petróleo.
    A única saída seria concluir as refinarias projetadas, para processar aqui dentro o petróleo do pré-sal, que é extraído a custo cada vez mais baixo, tornando o país autossuficiente em derivados, o que levaria a uma queda sustentada do preço dos combustíveis. Porém o novo plano de negócios da empresa foi no sentido contrário, cancelando as refinarias. Em 13 anos de governos petistas, nenhuma das quatro  refinarias anunciadas foi concluída, embora Lula tenha “inaugurado” a pedra fundamental de todas. Até agora, só a metade de Abreu e Lima está funcionando. Parece que, no Brasil, a construção de uma refinaria pode demandar tanto tempo quanto o que foi preciso para erigir a grande pirâmide de Gisé, que levou 20 anos para ser concluída.
    Ao depor na CPI de Pasadena, Sergio Gabrielli tentou justificar a compra da refinaria americana, em 2006, com o singelo argumento de que o mercado interno de gasolina e diesel não crescia. Independente da Pasadena ser lucrativa ou não, tal declaração revela que o presidente da estatal não acreditava no projeto político do governo que o nomeou, que sempre foi o de ampliar o acesso das pessoas aos bens de consumo, o que iria exigir aumento da demanda de combustíveis. O resultado foi que, ao primeiro sinal de crescimento do consumo, a produção interna mostrou-se insuficiente e veio a necessidade da importação. Planejamento estratégico pra que, não é mesmo?
    Depois da descoberta das reservas que iriam nos incluir no seleto grupo de países autossuficientes em petróleo, veio o monumental volume de investimentos necessário para tanto, a dívida colossal gerada para financiá-lo, a queda do preço das commodities, as denúncias de corrupção e o choque de realidade que obrigou a empresa a rever seus planos. Então a atual diretoria anunciou que vai priorizar a extração e produção de óleo e planeja se desfazer de parte dos ativos de outras áreas. Uma decisão que pode custar caro à empresa e ao país.
    No afã de focar no pré-sal, a Petrobras está primarizando as suas atividades, ao dedicar-se quae que exclusivamente à extração de óleo bruto para exportação. E as empresas privadas de distribuição também não investem em refinarias, na medida em que podem comprar da Petrobras com custo subsidiado. Assim, podemos ficar ad eternum nadando em petróleo e importando gasolina, o que, aliás, para alguns parece ser o nosso destino inelutável. Afinal, exportamos ferro como nenhum outro país, mas importamos trilhos de trem.
    Ao se fixar apenas no curto prazo, governo errou duas vezes. Primeiro obrigando a empresa a subsidiar o combustível, em troca de 0,5% a menos na taxa de inflação anual e depois a cancelar as refinarias, pra dar satisfações ao mercado financeiro. Isso levará a sucessivos prejuízos ou lucros insignificantes, que são grandes argumentos para sua privatização.
    A Petrobras, mesmo sendo estatal, tem que ter lucros consistentes. Só assim pode ficar protegida da ideia de privatizá-la, inúmeras vezes manifestada por parte da elite do pensamento econômico tupiniquim. O governo nunca entendeu isso e subestimou o fato do preço das ações terem caído de R$ 45 para R$ 7, interpretando a perda de valor como especulação busátil de curto prazo. Não percebeu que, pelo preço atual, será muito mais fácil vender a empresa – como foi feito com a Vale – no caso de uma próxima eleição resultar favorável a uma posição política mais pró-mercado.
     

    1. Excelente complemento!

      Belo texto que complementa um ‘aviso’ irretocável sobre as irresponsabilidades que continuam sendo perpetradas pelo atual governo!

      A cegueira ideologica não tem adjetivo que defina!

      O projeto do pre-sal é gigantesco. Um problema que aparentemente se resumia a dinheiro e estrutura, se transformou num pesadelo com a corrupção e o que era real, em meses, virou fumaça, ajudado pela mais completa inabilidade, dentro e fora da Petrobras!

      Presenciamos um verdadeiro acinte aos funcionários que estão nas plataformas arriscando a vida e a todos os brasileiros que, de uma forma ou de outra, apoiaram o que poderia ter sido a redenção do Brasil!

      Um fiasco, um monumento em marmore de carrara à esquerdalha frouxa, terna e corrupta que dominou o pais!

  3. Gente ou “mercado”: quem é mais importante?

    Ainda bem que eu, um mero desme(r)dalhado, posso ficar tranquilo posto que até prêmios Nobel podem ter pensamentos diametralmente opostos entre si.

    Como o comentário é longo, confesso um certo desânimo em contrargumentar frase a frase. Embora possível, é meio enjoativo ficar repetindo notas desafinadas. Sem fugir da discussão, se necessário, vou tentar outro caminho, de uma “distorção harmônica”. De principios básicos, lógicos e estratégicos, contribuindo sem transformar a discussão em anais (não de ânus) da petrologia brasiliana. 

    O autor cita alguns fatos como se fossem dogmas e decorrências de erros cometidos como “agora é tarde”, precisamos viver de acordo com eles (e não corrigí-los). Menciona “tendências” do passado (que até não se confirmaram). Alguns deles são “explicados” opinativamente e/ou com dados e valores “fofocais” (não confundir com fofecais), como os valores de subsidios (assim como alguns sobre os valores de corrupção, superfaturamentos e outras mixórdias medidas com as diferentes réguas de cada “cliente”. Vamos lá:

    1.1) A Petrobrás não é uma empresas comum de mercado, mas uma estatal com objetivos de estado, que abre parte de seu capital a quem quiser participar dos seu resultados. Quem quiser que entre para “ganhar junto”, mas não em especulação de valor de ações, mas na participação dos resultados. Vem quem quer.

    1.2) Até o capitalismo puro e privado já começa a reconhecer que o objetivo de uma empresa não é (apenas e tão somente) o lucro, mas sua contribuição para uma série de outros atores e assistentes envolvidos (principalmente a sociedade e seu ambiente). E que mercado (e sua mão invisível) é feito de GENTE: Tire o dinheiro e o mercado (não confundir com o “financeiro”) continua existindo. Tire as pessoas e ele … puf!  desaparece. Quem deve ser mais importante então?

    1.3) Entre os diversos tipos de investidores em “ovos com bacon”, há 2 principais: o acionista galinha (dos ovos de ouro?), que quer se envolver nos lucros, dividendos e na valorização de papéis e o investidor porco, que além de envolver seus ovos(aqueles também), se compromete como bacon, na carne, precisa operar a empresa e fazer ela atingir seus objetivos estratégicos, no caso muito além dos lucros. 

    1.4) Quando uma ação oscila em seu valor (para cim ou para baixo), isso não tem NENHUMA influência econômica direta na operação da empresa, pois nenhum tusta entra ou sai por causa disso. É um problema eminentemente do mercado financeiro e seus investidores especuladores (que querem ganhar ou perder na venda de papéis).

    1.5) Uma empresa só se beneficia de fato na bolsa quando se capitaliza (lança ações). Todas as compras e vendas posteriores pouco lhe dizem respeito economico direto. O governo neoliberal preferiu vender suas (nossas!) ações de controle a preço de banana (que não ajudaram a empresa) para uma bolsa estrangeira. Ou seja, nem ajudou a empresa nem o país, apenas enfraqueceu os dois, submetendo-os hoje a o risco de processos bilonários sob interesses e leis estrangeiras, como de fato.

    1.6) Já o governo trabalhista, uma vez feita a adrede (e desnecessária) c@ag@d@, fez diferente e inverso: SEM perder o controle (até recuperou algum), jogou dinheiro NOVO na empresa através da então maior capitalização da história do capitalismo. E não foi a preço de banana! Dois processos “parecidos”, mas incomparáveis em sua eficácia e interesse (para a empresa e para o país).

    2.1O monopólio da Petrobrás foi quebrado exatamente (que “conveniência”!) na hora em que iam entrar em operação (entrar grana) os campos prospectados, descobertos, desenvolvidos e preparados para produção por ela, após pesados investimentos em tempo, esforço e dinheiro dela (do país e de seus acionistas, a população brasileira). Que beleza!

    2.2) O monopolio que foi quebrado não teve nenhuma justificativa razoável, já que qualquer empresa já podia obter (e obtiveram, algumas com sucesso) contratos de risco para produzir no país. Ora se em qualquer caso, a exploração petrolífera no país precisa ser concedida, quem melhor do que uma empresa com farto know-how sobre o assunto para fazer tais concessões? Uma comissão de deputados na câmara de Cunha? Uma agencia dominada por lobistas à soldo? Um executivo que ora pode ser nacional ora alienista (dêm o sentido que quiserem)? Ora amigos, façam-me gargalhar!…

    3.1) Nenhum país desenvolve qualquer área de interesse instantaneamente. Como qualquer ser humano que começa apenas dando trabalho até para fazer cocô, pode ser arrimo de família quando adulto (e até dar trabalho para fazer cocô de novo). Mas aúnica forma do país desenvolver é … fazendo (ainda que mal e caro no início). A indústria eletrônica euro-americana foi superada pela japones e hoje pela coreana e chinesa que começam copiando, montando (m.obra) até chegar a fase de fabricar produtos inicialmente piores, depois competitivos e afinal melhores.

    3.2) Muito me preocupa aqueles que adoram “defender” a gestão e a saúde das estatais, focando na maximização de seus resultados “de mercado” (capitalistas “animais”), invariavelmente induzindo ou concluindo que é melhor privatizá-las afinal, “pelo bem” da empresa. E do país, seu dono maior? Ora, não vejo ninguem preocupado em se meter na saúde ou na gestão do Bradesco, Santander ou Itaú. Ou da Shell, BHP, Vale (privada) ou da CSN. Mas na das lucrativas estatais Petrobrás, do BB, da CEF, do BNDES (todos lucrativos), querem saber até detalhes de contratos!

    3.3) Fica a pergunta (mesmo sem aproveitar covardemente Mariana): quem contribui mais para o país? Bradesco, Itaú, Santander? Ou BB, CEF e BNDES? A Vale estatal ou a Vale privada do Bradesco (pleonasmo de argumento?) e amigos? (lembrando que todos dão lucro e pagam impostos).

    3.4) Ninguém discutirá ou se indignará sobre a possível “má gestão” (ou corrupção, já que ela existe no mundo 100% privado) do empate ou prejuízo de uma nipo-fundi-bradescana Vale privatizada. Mas um caso de polícia de alguns bandidos na Petrobrás vira uma comoção nacional, embora ela continue dando lucros que poderiam ser uma fração maiores).

    3.5) Estranhamente, a cultura coxinha acha melhor não termos lucro algum do que uma po##@ de lucro que é compartilhado por bandidos (dentre os quais os comissionados para ajudar a venoá-las). Melhor darmos logo todo o pão (lucros) para alguns privados do que correr o risco de sermos roubados uma casquinha, principalmente se ela for grossa (ah, a inveja…) por bandidos que meramente podem e devem ser pegos e presos. Dá muito trabalho! Entrega logo todos os aneis, pô!

    Portanto amigos, enquanto ficamos discutindo se desenvolvemos, ainda que com custo (ou será investimento?) maior, principalmente se feitos por uma empresa NOSSA, que PODE gastar mais AQUI e gerar empregos AQUI, gerar know-how, conhecimento, competência e capital AQUI e ainda dar lucros, por que não fazermos isso? Fazermos apenas, como qualquer privada (não as de louça), e comprar “mais baratinho” lá fora, para aumentar os lucros DELES (e não NOSSOS, ainda que menores na empresa, mas incalculavelmente maiores NO PAÌS. E sem exportarmos empregos e capital (lucros)!

    Enquanto nós continuamos eternamente presos pelos capatazes e corretores neoliberais neste mariano lamaçal de discussão entre o “mercado” (financeiro!) e o “desenvolvimento” do país e suas pessoas (NAÇÃO, de onde deriva a mudialmente disseminada palavra NACIONAL, com sucesso reconhecido exatamente naquelas mais desenvolvidas), continuaremos sendo ULTRAPASSADOS na corrida do desenvolvimento HUMANO por países como a Coreía, Cingapura, Noruega (sim era um país pobre antes do petróleo do mar do Norte), a N.Zelândia, e tantos outros vindo aí. E nós só doando riquezas e suor subremunerado.

    Existe um jargão antigo que diz que “o melhor negócio do mundo é uma petrolífera bem administrada”. O segundo melhor é uma petrolífera “mal” administrada (vai mudar, mas ainda não). AInda que a recorrentemente e internacionalmente multipremiada, produtiva e lucrativa Petrobrás estivesse no segundo grupo, o país (estado, nação) ainda teria o “segundo” melhor negócio do mundo! Estranho alguém querer se desfazer (privatizar) de um negócio desses, não acham? Mesmo que coloquem bandidos-bomba lá para explodir na gestão trabalhista. (com couraça para depois viver uma confrtável e premiada “prisão mansãociliar”.

    Afinal, entre sermos uma grande nação de gente desenvolvida e saudável ou um grande “mercado” de subdesenvolvidos

    Nossa elite de bacharéis a doutores sejam da Capes, da Sorbonne, de Cornell e quetais  prefere a última opção.

    Afinal, a vida é curta, né?

    1. Amigo, não confunda objetivos

      Amigo, não confunda objetivos de estado com políticas de governo. A Petrobras torrou metade do que foi arrecadado na capitalização subsidiando importação de combustível para a Ipiranga e a Shell venderem gasolina e diesel com lucro. Tudo para obter algo em torno de 0,5% a menos no IPCA anual. Isso é objetivo de estado ou apenas política de curto prazo para preservar o governo nas pesquisas de opinião? Sou contra a privatização da Petrobras e votei no governo trabalhista. Mas não posso fechar os olhos para a falta de objetivos estratégicos da empresa e do governo. Por que abrir mão das refinarias se a área de refino é o principal fator de perda para a empresa? Com o que foi gasto para segurar o preço dos combustíveis daria para concluir todas as refinarias com sobra. Afinal, que tipo de Petrobras estatal queremos? Uma exportadora de óleo e importadora de derivados? Esse modelo de exploração das reservas não se diferencia da lógica predatória das transnacionais do petróleo. Se o pré-sal não servir para termos combustíveis e derivados a preço menor para a população e as empresas brasileiras, de que adianta termos descoberto essas imensas reservas? Para transformar o país em plataforma de exportação de petróleo barato para o exterior? E continuarmos pagando caro pelo diesel e pela gasolina importados? E a Petrobras gastando o lucro que teria com a exploração do pré-sal importando derivados?

      Meu caro, a direita está há muito tempo tentando privatizar a Petrobras. Ela só precisa que a empresa tenha prejuízos sucessivos, para poder justificar a sua venda e de um preço das ações o mais baixo possível para viabilizar rapidamente a transação. E esses dois requisitos a gestão “de esquerda” da Petrobras esta´se encarregando de fornecer.

      1. Amigo não confunda pato ao molho de Tucupi com …

        Com todo respeito que lhe dei ao não criticar seu comentário porque percebi seu bom viés afinal, permita-me dizer que não cometeria tão banal confusão entre estado e governo.

        Parece-me sim que vc fez uma certa confusão, misturando política com objetivo, ao falar de estado e governo.

        Note que para se chegar a um “objetivo” (nível estratégico) eu posso usar diferentes “politicas” (nível tático). Sem esquecer que podemos também usar táticas que prejudicam os objetivos (ex: os incompetentes e traidores).

        Esclarecido isso (espero), veja que nem comentei diretamente o tema “prejuízo” com combustíveis, Procurei, como disse, abordar o assunto de forma diferente à do autor, com lembranças de pricípios importantes e fatos ocorridos, até para enriquecer, fazer (re)pensar e suscitar debate. Foi o que ocorreu com vc, embora vc insista em se manter no mesmo ponto, que é o do subsídio aos combustíveis e à “visão de curto prazo”.. Então vamos lá, agora objetivamente ao seu ponto:

        1.1) É FATO que desde sempre (anos 50) a Petrobrás subsidiou o diesel, posto que importante no transporte da “economia” no Brasil, seja ferroviário, rodoviário ou hidroviário, Uma política que atravessou governos em geral, democraticos, ditatoriais, de esquerda e direita, visando um objetivo de Estado: ajudar a economia a se mover mais barato. (Note que nos EUA por ex., o diesel é mais caro que a gasolina). Por um bom tempo (décadas), parte dos combustíveis menos estratégicos para a economia (gasolina de automóveis e aviação) “pagou” pelo preço menor do diesel.

        1.2) O item acima mostra claramente que uma empresa estatal (controlada pelo Estado) pode ter objetivos estratégicos diferentes ou complementares ao de apenas dar “lucro MÁXIMO”, permitindo ajudar o país em áreas deficientes em que ou enquanto a inciativa privada não se interessa em investir. Por ex nos casos do PETROleo no BRASil, da energia ELETRica no BRASil, pesquisa agropecuária, TELEcomunicações no BRASil, energia NUCLEar no BRASil, etc.etc.

        1.3) Embora saiba ter havido, este assunto dos “prejuízos” com o preço da gasolina tem muito disse-me-disse, pois até hoje não sei os tempos e valores efetivos ocorridos. Não há informações confiáveis (ou vc tem alguma fonte?). A melhor que tive foi a do presidente do BNDES numa CPI. Mas posso afirmar, usando apenas lógica, que (a) Tal alardeado “prejuízo” é interno (uma “subconta”) da empresa, posto que (que me lembre) a Petrobrás jamais deu prejuízo operacional. (b) Estes valores são irreais ou então o lucro tipico da empresa, em torno de 20 bi, deveria ser na verdade uns 50/60 bi. (c) Isto é um exemplo de política de governo (usar uma estatal) para atingir objetivos de Estado (inflação, transportes, energia, etc.). (d) Repetindo: para o diesel isto (quase) sempre foi feito, desde a década de 1950 pelo menos. (e) Esta prática não é exclusiva ao Brasil, mas praticada em vários países, produtores ou não, inclusive em outras áreas como a agricultura.

        1.4) Vou interpretar que é brincadeira sua dizer que a Petrobrás “subsidiou lucros” da Shell e Ipiranga . Qualquer que seja o preço da gasolina, subsidiado, normal ou inflado, elas lucrarão, pois são distribuidoras, assim como a BR da própria Petrobrás. E lhe digo mais: quanto mais barato for, menos elas lucram nominalmente (margem). O objetivo maior (Estado em detrimento de lucro menor na empresa) foi ajudar no combate à inflação, já que o país, além do transporte (público, rodoviário, ferroviário e marítimo) passou a usar, com a maior seca desde os anos 30, muito mais energia termelétrica).Sem esquecer a petroquímica (plásticos, remédios, embalagens, etc.).

        1.5) É fácil notar pelos meus comentários, que eu sou um brasileiro nacionalista (como são os americanos, ingleses, franceses, alemãe, japoneses, etc.). Mas isso não significa que sou xenófobo, contra empresas estrangeiras (ou privadas). Apenas analiso, caso a caso, o interesse da sociedade brasileira (a nação, o aspecto “nacional”), que evidentemente (por pura lógica) deve aqui prevalecer sobre os de fora. Ou queremos ser apenas inquilinos em “terras” de terceiros?

        1.6) Quando vc fala em “visão de curto prazo”, note que esta “política de governo” é a única desde 1976 (ditadura) que promoveu a construção não de mais uma, mas 4 ou 5 refinarias, exatamente para estrategicamente (objetivos de Estado), livrar-se da dependência de refinados em geral. Construir uma refinaria é demorado, caro e complexo em qualquer lugar do mundo. Aqui ainda temos de enfrentar a (maior) corrupção (sim, bandidos), as exigências burocráticas, ambientais, a forte e sabotadora oposição, que faz de tudo para que nem hidrelétricas (e nucleares) façamos. Ainda assim, já temos “meia” pronta (!). Mas aí, saimos tanto do estratégico quanto do tático e caimos no operacional, de um país fortemente dividido politicamente, já que os poderosos de 5 séculos recusam-se a compartilhar os ganhos e riquezas outrora tão facilmente amealhados.

        1.7) Com relação a endividamentos, valores de mercado, investimentos, partilhas e concessões, há uma grande falácia que é confundir endividamento operacional (por prejuízos recorrentes, que no caso não existem, sempre há lucro operacional) com endividamento por investimento (que trarão retorno). É óbvio que uma empresa fazendo pesados investimentos (os maiores do mundo na área) terá mais dívidas e menores dividendos durante o processo. Isto é natural dos negócios (mas nem assim há prejuízo operacional no caso). Sem esquecer que qualquer dívida poderá sempre ser paga/amortizada de alguma forma criativa com óleo (ex. para os 30% ou operação do pré-sal). 

        1.8) Se a gestão e a política poderiam ser melhores ou não, aí é outra discussão. Eu diria que SEMPRE podem, em qualquer empresa ou negócio. Os subsídios certamente são bons ou ruins dependendo do ponto de visão, no caso, empresa ou seu controlador Estado. As velocidades de investimento, sua eficiência e eficácia, a comunicação e até mesmo fatores externos afetam (em qualquer negócio ou empresa), desde a oposição cerrada à propria existência da estatal (razão de ser), até a corrupção, a investigação irresponsavelmente escandalosa (quase criminosa) e seletiva, a ação da concorrência, de interesses externos, etc. Gerir tudo isso e conseguir andar para a frente, em muitos aspectos até com liderança mundial é e sempre será um grande feito, apesar dos ônus decorrentes. É uma guerra que sequer deveria existir, pelo menos internamente no país.

        Como se pode ver, há muito mais água passando sob a ponte do que os gravetos (ex:subsídios) que nelas flutuam.

        Ou seja, a importantíssima Petrobras é um subconjunto do país (a nação brasileira).

        Pobres de nós se, privatizada, não precisarmos mais nos preocupar com ela.

        Pois a menos de impostos, pouco ou nada restará dela para nós.

        Esta GENTE que embora numa das maiores economias do mundo, está bem lá atrás em índices humanos.

        Vamos torcer para que esta gigante continue a poder contribuir, como sempre, para melhorar o Brasil.

        Como nenhuma congênere estrangeira e/ou privada jamais contribuiu.

        Ou contribuirá.

         

  4. Eu só poderia dizer que o autor

    esta eivado de razão. Para um bom observador, destituído de idelogia,  basta ver o fracasso da Petrobrás nos últimos anos.  Até hoje não conseguiu produzir um barril sequer do pré sal. No ritmo  que vai indo só em 2050 conseguirá produzir 700 mil barris por dia e quem sabe se  até lá o petróleo ainda será uma commodity. Outro sinal de que as coisas vão mal é que já fazem mais de dez anos que a Petrobras não apresenta uma única inovação e não consegue se posicionar melhor entre as rivais.  Vamos deixar a ideologia de lado para salvar a Petrobrax!

    1. Os destituídos de “ideologia” e os destituídos de informação…

      Nem um único barrilzinho seu José? Unzinho sequer, nem de amostra?

      Este é o problema de pessoas que dão opinião sem ter sequer um barrilzinho ou mesmo uma gotinha de informação.

      Hehe, ainda bem que tomei o cuidado de consultar seus comentários antes de “baixar o cacete nivocê” e perceber que o colega está sendo irônico-sarcástico com o assunto e com os anti-Petrobrás, Permita-me manter a ironia no meu.

      Mas acredite, conheço empresários, engenheiros, professores e quetais que fazem afirmações similares!

      Lamentavelmente, têm poder de formação de “opinião”, pelo que deveriam ser.Engando

       

      PS: para os distraídos e desinformados, a Petrobrás já produz em tempo recorde mundial mais de 1 milhão de boed no pre-sal.(barris equivalentes em óleo = líquido+gás, por dia

       

       

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