Federal Reserve ainda não confia no crescimento sólido da economia dos EUA

Decisão de Bernanke foi cautelosa, por conta da falta de confiança, de acordo com especialistas

Jornal GGN – Covarde. Precipitada. Classificações dos mais variados tipos definiram o espanto dos economistas e analistas nesta semana, quando o Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, conseguiu surpreender a todos ao adiar a redução de estímulos na economia local – o que afetaria indiretamente mercados no mundo todo.

A autoridade monetária dos Estados Unidos alegou que ainda não se sentia segura com os números da economia local e acalmou um pouco mais os mercados que, por antecipação, já sofriam com a possibilidade antes mesmo do anúncio oficial da entidade.

A redução de compra de títulos do Tesouro ficou para depois. Mas e os reflexos disso na economia? O Fed duvida da recuperação sólida dos Estados Unidos? A decisão, é claro, passeia por outras vertentes: jogar este volume de recursos significa emitir moeda. E de onde o banco central americano conseguirá tirar perto de US$ 1 trilhão por ano para manter esta política?

Passada a euforia da decisão, é hora de pensar no que isto poderá acarretar num futuro próximo. E, de acordo com Celina Ramalho, professora de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a providência nada mais significou que a rolagem de uma nova bolha.

“Havia uma grande expectativa, a agenda econômica mundial dependia disso. Esperava-se que o BC parasse de injetar moeda nos Estados Unidos e a decisão se reverteu. Foi uma estratégia de conter um agravamento de crise, o que aquece todos os mercados: bolsas de valores, investimentos, e ainda é bem recebida nos demais países da Europa e também nos emergentes. Mas, é sempre bom lembrar que o dinheiro no mundo está mudando de mãos: não é mais europeu e está deixando de ser americano também – os emergentes podem ser o próximo destino. Preferiram expandir o lado monetário do que priorizar o lado real da economia”.

Como exemplo, a especialista citou o aumento pela procura do seguro-desemprego americano, que saltou de uma expectativa de 135 mil para 190 mil. Celina acredita num problema estrutural, mesmo com a pujança e o esforço monetário está além do que teria que ser gerado no lado real. “A conta não bate mais. Estão criando uma outra bolha. Temos uma lição de casa para outubro: estimar até onde o governo americano chegará próximo ao seu limite. Não pode mais gerar dívidas. Os EUA não estão acreditando em seus próprios números. A longo prazo, estão adiando a crise, postergando. Existe a necessidade de correção da economia local”, conclui.

Para o Brasil, a professora acredita numa maior valorização do real, exportações a preços altos, com câmbio valorizado, o que favorece também nossa balança comercial. Além disso, a tendência é de alta do PIB, com menos inflação.

Já Otto Nogami, professor de economia e finanças do Insper, é mais pragmático: foi apenas uma medida cautelosa, bem ao gosto do atual presidente do Fed, Ben Bernanke. “O processo de investimento nos EUA é tímido. Ainda não há garantia de que continuem crescendo. Por esta razão, preferem atingir um patamar de segurança maior para a tomada de decisão, até pelo menos, uma próxima reunião”.

O analista acredita que o processo já foi iniciado. Entretanto, com a fraca resposta da economia local, será feito em doses muito homeopáticas e com segurança. Ele não concorda com uma espécie de “passagem de bastão” pouco amigável para Janet Yellen, cogitada como favorita ao cargo de substituta de Bernanke na cadeira máxima do Fed. “Ela compartilha das decisões, participa delas. Acredito realmente que foi para evitar algo irrecuperável”, afirmou.

Nogami acredita no fator “preocupação global” e nos impactos na China e na Europa, mas não acha que isso foi determinante para o adiamento da retirada de compra de títulos. “Estes efeitos não são grandes dentro da economia americana. O comportamento da atividade econômica se dá em nível doméstico, para dar maior consistência ao processo de crescimento interno e banir uma eventual fragilidade. O Fed não se contamina com fatores políticos, só quer promover a estabilidade econômica. Canalizar esforços apenas para sua própria economia”.

O economista também concorda com a medida anunciada no dia seguinte à decisão do Fed pelo ministro Guido Mantega, de um comportamento mais discreto do Banco Central brasileiro em relação às medidas de contenção da alta do dólar. “Se contarmos de 1999 pra cá, com os valores reais, o câmbio hoje deveria estar na casa dos R$ 2,82. Tecnicamente, muito mais acima, porém retratando nossa realidade, de fato. A intervenção no mercado de câmbio não é correto, já que ele é flutuante, não há razão pro BC interferir. O mercado é livre, deixemos que ele precifique”.

Para os analistas, o comportamento do PIB norte-americano de 2013 é que ditará a data e o ritmo de diminuição do estímulo monetário.

 

Redação

6 Comentários

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  1. Pode juntar todos os Nobel de

    Pode juntar todos os Nobel de Economia existentes e , em tese , extrair do grupo um relatório que aponte o “crack” definitivo da economia norte americana que , por aqui ,  “analistas e jornalistas econômicos” , insistirão para que os  sigamos até o brejo…

  2. economistas

    “Para o Brasil, a professora acredita numa maior valorização do real, exportações a preços altos, com câmbio valorizado, o que favorece também nossa balança comercial. Além disso, a tendência é de alta do PIB, com menos inflação.”

     

    Esta conclusão se baseia numa decisão dos EUA , decisão esta que trará danos (uma bolha) à economia americana. 

  3. As contas americanas não fecham

    As contas americanas não fecham fazem muitos anos mesmo. Eles vivem da emissão de dinheiro frio, sem lastro e contam que o mundo comprem os seus títulos e mantenham o dinheiro frio em suas contas, rendendo tambem um juros de dinheiro fictício. Não sei quando, mas haverá um momento de fechamento de contas e/ou uma nova guerra acontecerá; só não sei contra quem (China, URSS, Brasil, India, Europa, países islâmicos,  ????). Nós, demais países, pagamos o crescimento e armamentos dos americanos, desde muito tempo. Vivem as nossas custas, são parasitas. No início, as suas camadas mais ricas, investiam no país e todos trabalhavam, mas neste momento mudaram suas produções e empregos para outros países, em busca de salários mais baixos e de modo a aumentar seus lucros. A consequencia é o rebaixamento dos salários internamente e menos gente trabalhando, pressões internas aumentando e o FED não sabe o que fazer. Caso a solução tomada seja ruim, os republicanos vão voltar ao poder e daí a situação vai piorar mais ainda, pois estes certamente terão um discurso de “patria em perigo” e partirão para a procura de inimigos externos e internos para justificarem aos internos a perda de seus trabalho e salários baixos.

    Para mim é um beco sem  saída!

  4. Uma inovação em Polica Monetária.

    Creio que o FED está no caminho correto ao aguardar a consolidação da economia americana para iniciar o processo de retirada dos estímulos monetários, que deve ocorrer quando a taxa de desemprego nos EUA se aproximar dos 6,5% e/ou ocorrer um aumento consistente do nível de crédito das famílias americanas, em função tanto dos estímulos monetários, como a liquidação das dividas antigas, principalmente das hipotecas(já se passaram 5 anos desde da quebra do Lemanh Brothers), mas principalmente em função do aumento do nível de emprego da economia americana.

    O fato importante a destacar é que o FED até agora, não está cometendo erros do enfrentamento da depressão econômica iniciada em 1929, e nem os erros do BCE comandado por Trichet em 2011, quando o BCE iniciou o aumentos dos juros e a retirada dos estímulos monetários nos primeiros sinais de recuperação da economia da zona euro, o que provocou a reversão da recuperação da economia da zona do euro e o aprofundamento do da recessão e do desemprego que dura até hoje.

    Creio que o anúncio no início de 2013, da necessidade de redução dos estímulos monetário por parte do FED, tiveram dois objetivos básicos, primeiro evitar os exageros do mercado financeiro, como o aumento exagerado dos preços dos ativos, principalmente commodiities, segundo e mais importante, visualizar a reação dos agentes econômicos diante de uma real retirada dos estímulos monetários pelo FED.

    Creio que inclusive podemos afirmar que estamos diante de uma inovação de política monetária, já que o FED e os demais agentes econômicos conseguiram ter uma noção de como será a reação dos agentes econômicos diante de uma real retirada dos estímulos monetário, que deve ocorrer quando o nível de desemprego nos RUA se aproximar dos 6,5% e/ou ocorrer um aumento mais consistente do nível de crédito das famílias americanas.

    É fundamental no Brasil, manter o atual processo de correção da taxa de câmbio, para diminuir o máximo possível a volatilidade no mercado de câmbio, quando ocorrer de fato a retirada dos estímulos monetários por parte do FED,

  5. …..   vacilante ou a

    …..   vacilante ou a proposito, ocorre q os senhores do norte conseguiram desestabilizar a economia mundial – uns paises mais outros menos.

    contabilizados os efeitos (muitos ganhartam dinheiro outros perderam) agora com a cara mais deslavada do planeta terra, quiça do sistema solar, vêm a publico dizer q nao eh hora de recolher a dinheirama parada nos cofres do bancos americanos.

    atitude inconteste de quem se apresenta como xerife do mundo !!

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