PM orienta abordagem a indivíduos “de cor parda e negra”

Do Blog Hum Historiador

Não existe racismo no Brasil?

Rogerio Beier

O jornal Diário de S. Paulo publicou hoje (23/01/2013), no caderno dia-a-dia, uma notícia que revela claramente como o racismo, além de existir, está institucionalizado no Brasil.

Assinada por Thaís Nunes, notícia da conta de que comandante do batalhão instruiu policiais militares do bairro Taquaral, dos mais nobres de Campinas, a “abordar indivíduos em atitude suspeita, em especial os de cor parda e negra”. Segundo a reportagem, a ordem foi assinada pelo capitão Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci, mas o Comando da PM nega teor racista na instrução dada pelo oficial.

Vejam abaixo a íntegra da notícia, tal como publicada no Diário de S. Paulo de 23 de janeiro de 2013, junto com foto da edição impressa do jornal que já está circulando nas redes sociais.

Do Diário de S. Paulo

PM dá ordem para abordar ‘negros e pardos’

Instrução de comandante do batalhão se baseou na descrição de vítima de assalto em bairro luxuoso

Desde o dia 21 de dezembro do ano passado, policiais militares do bairro Taquaral, um dos mais nobres de Campinas, cumprem a ordem de abordar “indivíduos em atitude suspeita, em especial os de cor parda e negra”. A orientação foi dada pelo oficial que chefia a companhia responsável pela região, mas o Comando da PM nega teor racista na determinação.

O documento assinado pelo capitão Ubiratan de Carvalho Góes Beneducci orienta a tropa a agir com rigor, caso se depare com jovens de 18 a 25 anos, que estejam em grupos de três a cinco pessoas e tenham a pele escura. Essas seriam as características de um suposto grupo que comete assaltos a residências no bairro.

A ordem do oficial foi motivada por uma carta de dois moradores. Um deles foi vítima de um roubo e descreveu os criminosos dessa maneira. Nenhum deles, entretanto, foi identificado pela Polícia Militar para que as abordagens fossem direcionadas nesse sentido.

Para o frei Galvão, da Educafro, a ordem de serviço dá a entender que, caso os policiais cruzem com um grupo de brancos, não há perigo. Na manhã de hoje, ele pretende enviar um pedido de explicações ao governador Geraldo Alckmin e ao secretário da Segurança Pública, Fernando Grella.

O DIÁRIO solicitou entrevista com o capitão Beneducci, sem sucesso. A reportagem também  pediu outro ofício semelhante, em que o alvo das abordagens fosse um grupo de jovens brancos, mas não obteve resposta até o fim desta edição.

Confira a íntegra da nota de esclarecimento enviada pelo Comando da Polícia Militar:

A Polícia Militar lamenta que um grupo historicamente discriminado pela sociedade, que são os negros, seja usado para fazer sensacionalismo.

O caso concreto trata de ordem escrita de uma autoridade policial militar, atendendo aos pedidos da comunidade local, no sentido de reforçar o policiamento com vistas a um grupo de criminosos, com características específicas, que por acaso era formado por negros e pardos. A ordem é clara quanto à referência a esse grupo: “focando abordagens a transeuntes e em veículos em atitude suspeita, especialmente indivíduos de cor parda e negra com idade aparentemente de 18 a 25 anos, os quais sempre estão em grupo de 3 a 5 indivíduos na prática de roubo a residência naquela localidade”. 

A ordem descreve ainda os locais (quatro ruas) e horário em que os crimes ocorrem. Logo, não há o que se falar em discriminação ou em atitude racista, tendo o capitão responsável emitido a ordem com base em indicadores concretos e reais. Discriminação e racismo é o fato de explorar essa situação de maneira irresponsável e fora de contextualização. 

Veja a Ordem:

Oficial da PM dá ordem para abordar negros e pardos

Foto de matéria assinada por Thais Nunes, publicada na edição de 23/01/2013 do jornal Diário de S. Paulo.

Luis Nassif

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