Observatorio de Geopolitica
O Observatório de Geopolítica do GGN tem como propósito analisar, de uma perspectiva crítica, a conjuntura internacional e os principais movimentos do Sistemas Mundial Moderno. Partimos do entendimento que o Sistema Internacional passa por profundas transformações estruturais, de caráter secular. E à partir desta compreensão se direcionam nossas contribuições no campo das Relações Internacionais, da Economia Política Internacional e da Geopolítica.
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Ao microscópio, por Felipe Bueno

Há que se descobrir a quem pertence, de fato, a soberania palestina; e que se permita que ela seja exercida.

Banksy

Ao microscópio, por Felipe Bueno

A recente reunião de grupos palestinos em Moscou não deve ser descartada como fato menor da sequência de acontecimentos dos últimos tempos, ainda que para muitos possa parecer improdutiva.

Mesmo que não resulte em nada concreto ou minimamente efetivo num primeiro momento – o que, admitamos, é o mais provável – o encontro de vozes há tanto tempo discrepantes pode oferecer ao menos uma oportunidade ao mundo de observar essa tal Palestina ao microscópio.

Nesse caso não se trata de um termo geográfico ou histórico, um território de inúmeras civilizações que, desde 1948, cada vez mais vai se transformando em palco de pesadelo em vez de sonho de paz.

Estamos falando aqui de uma identidade para além das lideranças dissonantes: um povo, um conjunto de seres humanos, cuja complexidade e riqueza quase sempre ficam ausentes de debates e negociações.

Se, por exemplo, a Autoridade Palestina como hoje a conhecemos não consegue responder às questões e demandas desse povo, qual será o caminho?

Lembremos das palavras do primeiro-ministro que se despede, Mohammad Shtayyeh: “novos arranjos governamentais e políticos” são necessários para uma “nova realidade em Gaza”.

Ainda que seja difícil saber ao certo de que nova realidade ele está falando.

Por mais que receba críticas justas e injustas, a AP é filha dos Acordos de Oslo, o último momento em que o mundo ingenuamente acreditou numa convivência pacífica entre palestinos e israelenses.

Mas isso foi há três décadas.

A Autoridade – com maiúscula – é um instrumento de governo; a autoridade – com minúscula – mais que isso, é um imperativo de um povo com direito de autonomia – um povo que, desde o início dessa nova etapa do conflito, já está 30 mil vidas menor.

Há que se descobrir a quem pertence, de fato, a soberania palestina; e que se permita que ela seja exercida.

Modestamente assumo que o objeto desse texto está mais próximo da especulação filosófica que da resolução prática de problemas. Mas a oportunidade não deve ser desperdiçada.

Felipe Bueno é jornalista desde 1995 com experiência em rádio, TV, jornal, agência de notícias, digital e podcast. Tem graduação em Jornalismo e História, com especializações em Política Contemporânea, Ética na Administração Pública, Introdução ao Orçamento Público, LAI, Marketing Digital, Relações Internacionais e História da Arte.

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para dicasdepautaggn@gmail.com. O artigo será publicado se atender aos critérios do Jornal GGN.

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