Em marcha, adeptos de religiões de matriz africana pedem Estado laico e igualdade de direitos

Ana Gabriela Sales
Repórter do GGN há 8 anos. Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santo Amaro. Especializada em produção de conteúdo para as redes sociais.
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Foto: Guilherme Santos/Sul21XI Marcha Estadual pela vida e liberdade religiosa do RS aconteceu em Porto Alegre

do Sul21

Em marcha, adeptos de religiões de matriz africana pedem Estado laico e igualdade de direitos

por Débora Fogliatto

No 21 de janeiro é celebrado, no Brasil, o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, data oficializada em 2007 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo considerando o reconhecimento uma importante vitória, nesses doze anos desde então, os adeptos das religiões de matriz africana consideram que houve pouco avanço em sua luta pela igualdade de direitos. Agora, em um momento político em que a bancada Evangélica ganha força no Congresso e no Executivo, eles temem retrocessos.

Em Porto Alegre, a XI Marcha Estadual pela Vida e Liberdade Religiosa reuniu povos de terreiros e simpatizantes de todo o Rio Grande do Sul com o tema ‘Espiritualidade Política, Estado Laico e Justiça Social’, tendo início por volta das 16h no Paço Municipal. “Desde que foi aprovada a lei que reconhece esse dia, passamos a mobilizar o povo para retirar da invisibilidade social em que é colocado o povo de terreiro, que é sempre lembrado para ser marginalizado, por conta do barulho do tambor, da oferenda”, relata Baba Diba de Iyemonjá, presidente do Conselho do Povo de Terreiro e coordenador nacional da Renafro Saúde – Rede Nacional de Religiões Afro e Saúde.

Ele considera que mobilizar a população é um meio fundamental para se “politizar o povo pela igualdade de direitos, para a gente poder exercer a nossa religião com naturalidade”, diante da marginalização imposta a essas religiões. “E agora num cenário em que o fascismo está mandando no Brasil e que está se instaurando um regime de governo teocrático, a gente tem que estar nas ruas para denunciar. Não tem dúvida de que os perseguidos mais uma vez seremos nós”, lamenta.

Baba Diba menciona importância de se conscientizar o povo sobre a igualdade de direitos | Foto: Guilherme Santos/Sul21

O Rio Grande do Sul é pioneiro, em termos estaduais, em políticas públicas voltadas aos povos de terreiros. Em 2014, foi criado o Conselho Estadual do Povo de Terreiro, durante o governo de Tarso Genro (PT). Agora, os fiéis dessas religiões comemoram a instalação, pelo governo de Eduardo Leite (PSDB) de uma delegacia especializada nos diversos tipos de intolerância, o que inclui a religiosa. Isso porque eles ainda são vítimas de diversas perseguições, confirma explica Baba Diba.

O motivo pelo qual as religiões afro são tão marginalizadas, para ele, é o racismo religioso. “Eu digo que o único momento em que um branco pode saber o que é sofrer racismo é quando coloca uma indumentária de matriz africana. A religião de matriz africana sofre essa perseguição porque é oriunda do continente africano”, resume, apontando que o processo de exclusão é “perverso”.

“Quando a gente chega na delegacia para fazer ocorrência não conseguimos tipificar como racismo religioso ou intolerância religiosa. E na delegacia já começa errado o processo, a gente já é criminalizado ao invés de ser visto como vítima”, relata. Na manhã e início da tarde desta segunda-feira, a Renafro Saúde realizou um seminário para debater a data, com a presença de uma representante da Polícia Civil e do Judiciário. Na ocasião, já foram detalhadas questões referentes à instauração da delegacia especializada em combate à intolerância.

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Foto: Guilherme Santos/Sul21
 
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Ana Gabriela Sales

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