Mariana: 80% dos danos ambientais são irreversíveis, diz especialista

Enviado por Antonio Ateu

Da UNISINOS e El País

“Lama de Mariana pavimentou rios por onde passou. Dano é irreversível”

Tragédia em Mariana mostra que barragens são bombas armadas ...

A avalanche de rejeitos gerada em Minas Gerais pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, controlada pela;Valee a australiana;BPH, causou danos ambientais imensuráveis e irreversíveis. Apesar da lama não ter um teor tóxico, ela pavimentou os mais de 500 km por onde passou devastando, com impacto ainda difícil de calcular completamente para grande parte do ecossistema da região. “Podemos dizer que 80% do que foi danificado lá é perda, não há como pensar em um plano de recuperação ambiental”, explica Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão. O projeto ambiental, da Universidade Federal de Minas Gerais, monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas e trabalha com a revitalização dos principais rios mineiros.

A reportagem é de Heloísa Mendonça, publicada por El País.

Em entrevista, ele afirmou que a mineração precisa ser reinventada: “Não podemos continuar pensando que podemos fazer modelos do século XVIII em situações do século XXI”. Eis a entrevista:

Qual a dimensão do estrago ambiental causado pelo rompimento das barragens?

É de uma magnitude que eu diria imensurável a princípio. Há várias situações. A extensão do dano é tal que estamos com a lama chegando na foz do Rio Doce, no Estado do Espírito Santo, a mais de 500 km do local do rompimento da barragem. A avalanche de lama rompeu e despejou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Apesar dessa lama não ter aparentemente uma composição tóxica do ponto de vista químico, a densidade por si é altamente impactante, porque ela foi fazendo um tsunami de rejeitos que por todos os lugares em que passou devastou, matou e impactou. Uma mesma onda produziu três efeitos. Ela devastou, já que arrebentou tudo que viu pela frente, ela impactou porque se consolidou, não foi passageira, se espalhou ao longo de todo esse trajeto. Ela praticamente produziu os três efeitos simultaneamente.

E como fica o ecossistema?

A onda foi pavimentando o trajeto, porque aquilo é uma massa com certa densidade, não é essa lama de enchente que é mais rala, ela tem densidade e uma liga, dessa forma foi pavimentando onde passou. Ela ocupou tanto o leito do curso d’água como as margens. Dependendo da região, chegou a uma faixa de 50 a 100 metros para além da borda do rio. As comunidades que estavam no caminho perderam todas as suas propriedades, perderam seu meio de vida, porque tinham pequenos agricultores que tiveram as fazendas devastadas, sem contar todo o prejuízo do ecossistema que substituído. Imagina que o ecossistema aquático foi totalmente ocupado por esse material de rejeitos.

E qual situação dos rios da região?

Esse tsunami todo chegou rapidamente aos rios. A lama saiu de um afluente, que era o Guaxalu , passou para o Rio do Carmo e atingiu o Doce que é o rio principal, que configura a bacia. Então foi descendo rio abaixo, trazendo outros efeitos, matando todos os peixes já que a densidade da lama retirou o oxigênio da água. Há cenas chocantes de peixes pulando para fora da água. Um quadro absolutamente tétrico, horrível, inimaginável. O rio Doce tinha uma biodiversidade bem diversificada, cerca de 80 espécies diferentes. Todos os sistemas se interligam, tem espécie no fundo do rio outro debaixo de pedra, isso foi tudo alterado, são danos imensuráveis, porque o que perdeu em cada metro que a onda passou é absurdo, você perdeu e terá um reflexo na qualidade e quantidade da diversidade aquática que sobreviveu.

Há uma previsão de recuperação do rio Doce?

No caso do rio Doce, como ele é maior, como tem outros afluentes, isso ajuda na recuperação. Acho que em 10 anos talvez ele consiga ter um padrão melhor, mas mesmo assim, dada a dimensão, ainda é uma estimativa que não vai ter como medir.

E as comunidades ribeirinhas qual a extensão do dano?

Todas as comunidades também ao longo do curso da água tiveram seu abastecimento comprometidos. Quanto mais próximo do rompimento, maior o comprometimento. Essas comunidades vão ficar sem água potável por um tempo que a gente ainda não dá para calcular. Como a intensidade foi diminuindo ao longo do percurso, existe uma tendência que o rio Doce em alguns pontos melhore essa qualidade de uma forma mais rápida. Talvez no prazo de uma semana a água possa ser tratada e distribuída para a população. Mas, em compensação, esse material foi todo sedimentando ao longo do rio. E essa situação pode piorar no próximo período das chuvas, já que grande parte do material que foi despejado pela lama de resíduos vai ser levado para dentro do rio, contribuindo de uma forma absolutamente incalculável para o assoreamento do rio Doce, de importância nacional que esse ano já teve dificuldade para conseguir chegar até a foz nesse época de seca.

Ou seja a chuva criaria uma nova enxurrada de lama?

Sim, pois a chuva vai lavar tudo que está pavimentado. Dessa forma, o monitoramento das águas do rio Doce terão que ser muito frequentes para garantir a qualidade da água e a saúde das pessoas que moram no entorno da região.

Há alguma possibilidade de retirar essa lama concretada antes do período chuvoso?

Sem chance. Imagina tirar 62 milhões de metros cúbicos de resíduos que se espalharam numa distância de mais de 100 km? Não há como retirar esse material, nem para onde levar. Como isso foi feito ao longo do rio, há lugares que você nem tem acesso. A realidade é que tivemos danos ambientais irreparáveis. Quem vê dá televisão não tem dimensão da real situação do que foi essa situação. Esses danos são irreversíveis. Podemos dizer que 80% do que foi danificado lá é perda, não há como pensar em um plano de recuperação ambiental. Não existe. Esse acidente vai ficar para sempre na história de Minas, será sempre uma cicatriz da questão ambiental do Estado e um alerta para que realmente a gente faça uma gestão ambiental comprometida com a vida e com o meio ambiente. A economia é importante para gerar riqueza, mas ela não tem juízo. Se nós não começarmos a ter mais juízo nessas práticas que a gente faz, nós não vamos ter salvação. Imagina o custo disso além das perdas de vida, de ecossistema, o próprio custo econômica para todos, inclusive para o próprio Estado, é absolutamente impensável você continuar fazendo uma gestão temerária como temos feito no meio ambiente ao longo da história.

Na sua opinião falta fiscalização no setor?

Nos últimos 14 anos, já tivemos cinco rompimentos de barragens de magnitude não tão grande como essa, mas que foram impactantes. O que mostra que o nosso sistema está equivocado. Primeiro de tudo temos que entender que isso não foi uma fatalidade, não foi terremoto, cataclismo, isso diz de um projeto. E projetos são de responsabilidade da empresa, isso diz da empresa e da falta de monitoramento do Estado. Falta fiscalização, sim. Imagina em um desastre dessa proporção não havia nenhum plano de contingência, sequer um alarme. Se não fosse por pessoas heroicas anônimas que saíram correndo e avisando sobre o rompimento das barragens, o número de vítimas seria absolutamente maior. Se tivesse acontecido às 4h da manhã então, o efeito dessa tragédia teria quintuplicado. Isso diz muito de uma insustentabilidade ambiental no Estado. Isso desmascara, fala contra tudo aquilo que aparentemente se tenta produzir de propaganda e efeito.

Mas um acidente desse porte não existe apenas uma causa, o que tem é uma cadeia de causas. O evento final pode ter sido uma fissura na barragem, mas começa lá trás, no planejamento, no modelo de mineração, no monitoramento e na fiscalização, tudo equivocado. Um conjunto de fatos tem que ser esclarecidos para que Mariana não seja apenas mais um quadro na parede. Ou começamos outro modelo ou vamos continuar enterrando biodiversidades, pessoas e histórias.
Isso não foi uma fatalidade, não foi terremoto, cataclismo, isso diz de um projeto

E como mudar esse modelo do qual várias cidades são tão dependentes?

A mineração precisa ser reinventada. Já há tecnologias novas e é preciso entender que não se pode minerar em qualquer lugar. Mas acima de tudo, não podemos continuar pensando que podemos fazer modelos do século XVIII em situações do século XXI.

 

Redação

24 Comentários

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  1. Chuva

    Também me parece que a maior parte desta lama, que é pesada ficou retida no aflluente, e não chegou à calha do Rio Doce, a parte que chegou foi a argila, que continua passando rio abaixo. 

    Junto da barragem que rompeu, a lama vai virar um concreção ferruginosa ou algo parecido, dificilmente vai ser possível recuperar essa área.

    O rio Doce não não vai melhorar muito porque dos pouco mais de 200 municípios de sua bacia, nenhum ou praticamente nenhum tem tratamento de esgoto.

     

    1. Amigo, o problema é a lama OU
      Amigo, o problema é a lama OU o que continha na lama?
      Vc sabe porque mineradoras fazem reservatórios?

      Vou te dar uma pista, não é por causa da lama.

      1. Sou técnico em mineração.

        Sou técnico em mineração. Conheço  o processo de tratamento de minério de ferro e as substâncias químicas usadas no processo; sei também qual a toxicidade e o tempo de biodegradação delas. Eu já expus isso em comentário anterior, sobre o assunto. Mas, de repente, seus altos conheciemntos secretos podem me esclarecer o que de tão perigoso, tóxico e letal está contido nos rejeitos das barrgens que se romperam.

        A ironia, a provocação, a dúvida, o olhar e enquadramento sob outro ângulo, etc., normalmente nos fazem pensar, estudar, aprimorar e reestruturar pensamento e opinião sobre um tema. Mas as ilações e questionamentos, bancando o ‘advogado do diabo’  em assunto tão sério, são um desserviço à sociedade. Se você sabe de algum motivo escuso, omitido pelas mineradoras, para que elas depositem os rejeitos e lama em barragens controladas, por que não os esclarece aos leitores? Em que laudos de análise química você se baseia para lançar dúvidas sobre as substâncias contidas nos rejeitos das barragens que se romperam? Há várias instituições sérias (UFOP, UFMG e USP) especializadas em análises químicas dos rejeitos de mineração. Você já consultou laudos de alguma delas, que possa embasar suas dúvidas, ilações e questionamentos? Eu e outros leitores estamos curiosos por saber.

        1. Rejeitos

          Prezado, acho que este teu comentário não era para mim, mas para o Athos.

          De qualquer forma, tenho curiosidade para ver uma comparação com a análise química dos rejeitos das barragens que não se romperam e a da água do rio Doce, a montante e a jusante do afluente que recebeu os sedimentos.

          Essa história que de que tem mercúrio e arsênio na água do rio em Gov. Valadares tá esquisita. Só pra lembrar, Gov. Valadares fica a jusante de Ipatinga, que tem todo um complexo siderúrgico por lá.

          Além disso, perto de Mariana ainda tem garimpo de ouro, e eles usam mercúrio para aglutinar o ouro.

          Ainda não sei se essa mina explorava apenas ferro ou ouro também. Talvez houvesse algum ouro residual aproveitável em meio ao minério de ferro. Nada disso ainda foi divulgado.

          Tenho muito mais dúvidas que respostas.

          1. Observações corretas,

            Observações corretas, Ernesto. Embora Mariana e Ouro Preto sejam a região das minas por excelência e que os distritos e cidades daquela região tenham origem em lavra aluvial de ouro, nas minas da Samarco não há processamento de minério visando recuperação de ouro. Mas no Rio do Carmo era comum a presença de garimpeiros; estes, sim, faziam e fazem uso de mercúrio. Portanto uma das possíveis razões para que o metal seja encontrado nas águas do Rio doce são os garimpos clandestinos.

            Muito pertinente o fato de você destacar que Ipatinga fica a montante de Valadares. Conheço apenas superficialmente o processo metalúrgico; o arsênio pode estar presente no carvão mineral usado nas siderúrgicas. No minério de ferro o teor do elemento é muito baixo. Na págiana http://www.clubedaquimica.com há informação resumida sobre as principais fontes de contaminação por arsênio e os riscos e doenças que o excesso desse elemento no organismo humano causa.

            Sempre há ouro residual no minério de ferro, mas nem sempre é econômica a recuperação do metal nobre. A razão é que, para se explorar o veio aurífero, é necessário interromper a lavra com os equipamentos de grande porte, usados nas minas de ferro a céu aberto. Ademais é preciso instalar uma planta específica, para beneficiamento do minério com vistas é recuperação do ouro. O processo é totalmente diferente, usa outras técnicas físico-químicas, exige controle muito mais rigoroso, etc. 

            Também tenho dúvidas. Eu instiguei o Athos a apresentar provas das suspeitas que ele levanta justamente porque num caso grave como este, do rompimento das barragens em Mariana, não podemos fazer elucubrações e bancar o ‘advogado do diabo’. Isso me parece irresponsável e sá faz aumentar o sofrimento daqueles que foram atingidos pelo desastre. Não podemos e não devemos aliviar a ‘barra’ das mineradoras, mas temos o dever ético, profissional e humano de levarmos a informação correta às pessoas.

  2. O irreversível são as vidas humanas e de animais perdidas …

    O irreversível são as vidas humanas e de animais perdidas no incidente.

    Mais tempo ou menos tempo a natureza se recompões, mas as dezenas de pessoas que morreram e estão escondidas abaixo da lama, e também os animais que foram juntos, isto sim é irreversível.

  3. Tragédia

    Cadê o PV que passou meses combatendo as ciclovais de São Paulo e agora faz cara de paisagem quanto a esta tragédia???

     

    caso haja alguma dúvida aí vai a página do partido que deveria se preocupar com esta tragédia pv.org.br pvsp.org.br

  4. Uma das melhores matérias

    Uma das melhores matérias publicadas até agora. A repórter e o entrevistado – uma pessoa equilibrada e possuidora de conhecimento e experiência na recuperação de bacias – foram objetivos e não apelaram para alarmismos e catastrofismos, que deformam e desinformam o público leitor. 

    Como demonstrou Marcus Vinícius, os danos ambientais são, em sua maioria (80% segundo ele), irreparáveis; isso mostra que não há multa ou compensação financeira capaz de reverter os estragos causados ao ecossistema, à cadeia de seres vivos que habita o Vale do Rio doce. O estudioso, sem catastrofismos, não alimenta falsas expectativas; ele deixou claro que alguns danos são permanentes. Já de início ele desarma a entrevistadora quanto às perguntas que essa poderia fazer sobre a toxicidade dos rejeitos e da lama que vazaram da barragem. Como eu afimei noutro comentário, do ponto de vista químico a lama e os rejeitos apresentam baixa toxicidade. Ao longo da entrevista ele explica que o que mata os peixes e outros organismos aquáticos é a falta de oxigênio, não eventuais produtos químicos ou metais ou minerais contidos na lama e nos rejeitos. Nas minas exploradas pela Samarco não há beneficiamento de minério visando a recuperação de ouro e que faça uso de mercúrio; também não há arsênio em teores significativos, capazes de intoxicar e matar organismos aquáticos. As substâncias químicas usadas no tratamento do minério de ferro são aquelas que mencionei: aminas, surfactantes, gel à base de amido de milho e soda cáustica. Embora não se possa desprezar a toxicidade dessas substâncias, ela pode ser considerada moderada ou baixa; essas substâncias são biodegradáveis.

    Por fim, embora não seja esse o escopo da entrevista, podemos concluir que O Estado Brasileiro deve cobrar uma contrapartida bilionária das empresas que controlam a Samarco (Vale e BHP). Um bilhão de reais é muito pouco; essa deve ser apenas a parcela incial de pelo menos dez de mesmo valor, que as empresas devem utilizar na mitigação dos danos causados e na reconstrução dos distritos afetados, sobretudo Bento Rodrigues. 

    1. Concordo
      Li hoje ( vou atrás do link), que segundo um centro de pesquisas dos EUA, que monitora esse tipo de ocorrência, que esse talvez seja o maior acidente ambiental já ocorrido no mundo.
      O redator do Código de Mineração calculou em 14 bilhões o custo de mitigação desses impactos, o que está bem próximo da sua conta.
      O tal 1bilhão do acordo secreto com MP é piada.

  5. Que ser humano precisa de “paisagem”, né?

    Bobagem… água, peixe, essas coisas todas servem pra nada. Bora avisar as mais de 500.000 pessoas afetadas pela tragédia ambiental disso. Daqui a uns 30 anos a vida delas pode voltar ao normal. 

    *** 

    Atentem para o item “Oceano afetado”. Esse para mim foi uma tristíssima novidade. 

    Da Rede Brasil Atual:

    Jornalistas Livres – Quem chega em Gesteira, distrito rural no município de Barra Longa (MG), nunca vai imaginar que antes passava um córrego com água cristalina e havia um campo verde amplo na frente, onde bois e cavalos pastavam. Porque quem chegar hoje em Gesteira não verá um pasto, nem um animal ou um riacho. Verá apenas uma gigantesca lagoa de barro escuro onde antes era um vale. Os moradores descrevem para mim, entre o luto e a saudade, a paisagem onde cresceram e que, provavelmente, nunca mais verão na vida.

    “Antes esta paisagem daqui era tudo verdinho com uma pastagem e tinha um rio com água clarinha. Acabou tudo” ,  diz o morador de Gesteira Claudiano da Costa.

    Mais de dez dias após a queda das barragens da mineradora Samarco, ainda se desconhece todas as extensões do impacto ecológico liberado na forma de 62 milhões de litros de lama residual da mineração. O barro de rejeitos saiu de Bento Rodrigues, na cidade histórica de Mariana, em Minas, e ainda percorrerá mais de 850 quilômetros até chegar ao mar, deixando um rastro de destruição à fauna, à flora e às comunidades que estiverem em seu caminho. Só é preciso observar a área destruída  – seja do leito do rio, seja do espaço  –  para compreender que é um dos maiores desastres ambientais na história do Brasil.

    No entanto, ainda há muitas perguntas buscando entender como esta tsunami de lama afetou todo um ecossistema. Aqui está um panorama do que já sabemos.

    Lama tóxica?

    Para ter compreensão do impacto é preciso primeiro entender qual é o conteúdo da enxurrada de lama que vem das minas. Segundo a mineradora Samarco, as barragens apenas continham rejeitos de minério de ferro e manganês, misturados basicamente com água e areia. A empresa insiste que o material é inerte, não causando danos ao ambiente ou à saúde. No entanto, análises do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Baixo Guandu (ES) mostram a presença de diversos metais pesados na água do Rio Doce, como arsênio, mercúrio e chumbo.

    Estes elementos são extremamente tóxicos ao ambiente e à saúde humana, sendo absorvidos nos corpos dos diferentes organismos e dificilmente eliminados. Normalmente, eles acumulam nos tecidos de seres vivos e, com o tempo, na própria cadeia alimentar. Ao ingerir a carne ou folhas contaminadas, o metal pesado não é processado, envenenando o bicho ou pessoa que consumiu a comida intoxicada. Com o tempo, os metais pesados podem gerar problemas sérios à saúde, como câncer, úlceras e danos neurológicos.

    Na tarde de sábado (14), o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), apresentou um laudo da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) negando a existência de metais pesados na água e contrariando os laudos de Baixo Guandu.

    Na quinta-feira (12), uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) também foi coletar amostras da lama e da água no Rio Doce para apurar o grau da devastação e verificar, entre outros aspectos, a presença de metais pesados. Ainda resta esperar os resultados da investigação dos cientistas mineiros, que devem chegar no decorrer da semana.

     

    DOUGLAS RESENDE E RAFAEL LAGE/JORNALISTAS LIVRES1-AJ4THvocKqvLV1ukbU-ehA.jpegMais de dez dias após a queda das barragens, ainda se desconhece todas as extensões do impacto ecológico

    Fim da vegetação

    No entanto, mesmo sem arsênio e mercúrio e ao contrário do que a mineradora sugere, a lama está longe de ser inofensiva. Apesar da presença do ferro e manganês não significar um perigo à saúde, esses elementos causam consequências profundas à terra.

    “O ferro (e o manganês) tem uma facilidade muito grande de reação, sendo um ligante por sua própria natureza. No caso, essa lama vai formar uma capa muito dura devido à presença do ferro. A tendência é fazer uma ligação muito forte e ficar sobre a superfície formando uma crosta” , diz a professora do Instituto de Geociências da UFMG e especialista em geologia ambiental Leila Menegasse. Segundo ela, esta cobertura poderá impedir a infiltração da água e também cobrirá a própria vegetação, tornando o ambiente estéril.

    “As raízes ficam soterradas, desaparece a possibilidade da fotossíntese porque a água fica muito turva e as folhas ficam todas fechadas pela deposição de materiais. As plantas que entrarem em contato com essa lama certamente irão morrer”, acrescenta o professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG Francisco Barbosa.

    Rio Doce morto

    Quem se aproximar do Rio Doce – seja em Minas, seja no Espírito Santo –, verá ele amarronzado, escuro e com diversos detritos boiando. Essa imagem não é apenas feia e desagradável, ela também é extremamente danosa à vida aquática. Esse barro, mesmo diluído, torna a água turva e barra a passagem de raios solares, escurecendo o rio e impedindo que algas façam fotossíntese. O baixo nível de oxigênio na água é insustentável para os animais, fazendo com que, em um ato de desespero, muitos peixes simplesmente pulem fora do rio.

    Os mananciais oriundos do Rio Doce são usados para abastecer diversas comunidades rurais, seja para o uso pessoal, seja para irrigação de plantações ou consumo pelo gado. Essas comunidades rurais serão profundamente afetadas e não poderão recorrer ao rio mais. Mesmo considerando apenas a população urbana, a enxurrada de lama passa por, no mínimo, 23 cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo, o que representa meio milhão de pessoas com as torneiras secas.

     

    LINCON ZARBIETTI/O TEMPO/FOLHAPRESSgov_valadares_agua.jpgExército montou ponto de distribuição gratuita de água em Governador Valadares: situação desesperadora

    Milhares sem água

    A cidade mais afetada pelos rejeitos da Samarco é também a maior da bacia do Rio Doce: Governador Valadares, em Minas Gerais, com 280 mil habitantes. Mesmo a 300 quilômetros de Mariana, sua SAAE, em laudo preliminar da água, encontrou um nível de turbidez 80 vezes maior do que o tolerável, além de níveis de ferro que chegaram a superar 13 mil vezes o tratável. Esta condição insalubre do rio fez com que o abastecimento de água fosse cortado no último dia 8. Dois dias após a interrupção, a prefeita Elisa Costa (PT) declarou estado de calamidade pública.

    “Todo dia este caos. Todo dia gente transportando água. Todo mundo carregando água como pode”, descreve Marcos Renato, habitante da cidade. Em longas filas, a população gasta horas em pontos de distribuição de água, sofrendo, além da seca e da sede, com as altas temperaturas. “Estamos atendendo normalmente nas unidades de saúde e nos preparando para possíveis doenças que venham a surgir pela falta de água e pelo uso da água contaminada. Enfim, a situação aqui não está nada fácil” comenta Flávia França, médica local e membro da Rede de Médicas e Médicos Populares.

    Segundo a prefeitura do município, as companhias Samarco e Vale fizeram poucos esforços – e fizeram mal – para ajudar a população. Na manhã de sexta-feira (13), em nota, ela comunicou que a mineradora só tinha aceitado pagar os caminhões-pipa. Mais tarde daquele dia, a primeira remessa de água, com 280 mil litros, estava contaminada com querosene, não servindo para consumo.

    A situação só começou a melhorar no sábado, quando o governador de Minas anunciou o uso de um coagulante que permitirá o tratamento da água. A substância facilita a separação da lama e da água, permitindo assim que ela seja filtrada e volte a ser potável. A expectativa é que o abastecimento na cidade retorne aos poucos a partir de hoje (16).

    Um oceano afetado

    É importante lembrar que o rio não é só água em movimento, mas também funciona como transporte de nutrientes para o mar, que acabam sustentando diversos organismos. Coincidentemente, na foz do Rio Doce ocorre também o encontro de correntes marinhas do Sul e do Norte, formando um “rodamoinho” de água de cerca de 70 quilômetros de diâmetro. Esta área é rica em nutrientes e também reúne espécies marinhas de todo o mundo.

    Por isso, segundo o diretor da Estação de Biologia Marinha, Augusto Ruschi, e o biólogo e ecólogo André Ruschi, a foz do Rio Doce se torna um dos maiores pontos de desova de peixes marinhos do mundo.

    “É o maior criadouro do Oceano Atlântico. Todos os grandes peixes do oceano, do hemisfério sul e norte, vão para lá se reproduzir, sendo um fenômeno ímpar. É uma das regiões marinhas mais importantes do planeta e é a mais sensível de todas as da costa brasileira.”

    A chegada de diversos rejeitos da mineração significa um risco para todo o ecossistema do oceano. Como ainda resta a chance da presença de metais pesados na lama, há a possibilidade de contaminação da imensa biodiversidade do local. Todos os seres vivos, desde o minúsculo plâncton ao gigante marlim, podem acabar envenenados por estes elementos.

    Recuperação?

    Restam ainda muitas dúvidas em relação a como e quanto o ambiente será afetado pela lama da Samarco. Mas uma merece destaque: é possível recuperar o estrago? Ainda é muito cedo para afirmar com certeza, porém, se estipula que o volume de água do rio talvez será o primeiro a normalizar.

    “A natureza é muito mais forte do que podemos imaginar. Com o passar do tempo e muito lentamente os rios vão se recuperando. A vida dos tributários vai voltar a ocupar o rio e ele, em uma ou duas décadas, vai se recuperar. O que é muito tempo”, afirma o coordenador do Centro de Pesquisas Hidráulicas, Carlos Barreira Martinez.

    No entanto, para que isso ocorra é necessário que a lama se dilua e escorra para outras áreas, o que só é possível com a ação da chuva. A estiagem que a região Sudeste enfrenta é um agravador deste cenário, atrasando muito uma possível revitalização do Rio Doce.

    Obviamente, a biodiversidade animal e vegetal da região não pode esperar décadas para ver o rio novamente. “O conjunto de seres vivos vai estar todo ameaçado e vários desses organismos vão desaparecer, ainda que, vamos esperar, seja localmente.

    Eventualmente, alguns desses organismos podem ter a chance de voltarem a colonizar essas áreas. Para que isso aconteça, vai precisar de tempo. No entanto, outros organismos não vão ter a chance de colonizar porque requer um tempo muito mais longo para que as cadeias alimentares se restabeleçam”, explica o professor do ICB da UFMG Francisco Barbosa. Ele estima que o começo dessa recuperação só irá acontecer em um futuro distante, precisando de 20 a 30 anos para a maioria dos diversos processos se sucederem.

    Mas, se este prazo já é muito grande no continente, no oceano, ele é ainda maior. O especialista em biologia e ecologia marinha André Ruschi lembra que a chegada de nutrientes ao oceano depende dos ciclos da maré, definidos pelos movimentos dos astros, como a lua e o sol: “A cada onze anos, com as enchentes, as cheias carregam grandes quantidades do material do rio para o mar”.

    Como a região também é onde ocorre a confluência de espécies e correntes de todo o Oceano Atlântico, sendo uma das áreas de maior biodiversidade no mundo, o impacto, segundo o cientista, representará um atraso de séculos ao ecossistema.

    http://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2015/11/entre-o-luto-e-a-saudade-um-panorama-do-maior-desastre-ambiental-do-brasil-1627.html

  6. Terrível

    Tomara que esteja errado, porque se for certeza, é um crime gravíssimo. Apesar de não ser um tema queridinho da mídia cartelizada, deveríamos estar em cima dessas notícias diariamente, como falam do atentado em Paris. Lógico que foi triste e brutal lá também, mas por que o “quase” silêncio velado ?

  7. Assisti a excelente matéria

    Assisti a excelente matéria feita pelo CQC, devo pontuar que não entrarei no mérito da questão da tragédia sofrida pela população de Minas Gerais, vou abordar a linha editorial do programa CQC que mudou da água para o vinho, explico: quando o programa era protagonizado pelo fascista/coxinha Marcelo Taz, o programa era pobre de conteúdo, pois se restringia às piadinhas idiotas e de mau gosto. Agora, com Dan Stulbach o programa ganhou robustei e conteúdo, sem perder o humor, mas sempre prestando um serviço de utilidade pública

    O repórter Juliano Dip deu uma aula de como se deve fazer jornalismo sério e imparcial, não foi lá fazer piadinhas de mau gosto, tampouco fez gozação com a desgraça alheira, e nem foi lá para defender a Vale do Rio doce, Samarco e investidores estrangeiros. Repito foi um exemplo de trabalho jornalístico.

  8. Desastre ambiental em Mariana

    Desastre ambiental em Mariana pode custar 14 bilhões, segundo o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG),: “Cifra foi anunciada pelo relator do Código da Mineração, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), e atribuída a técnicos da Câmara e do Senado; acordo entre a mineradora Samarco e o MP de Minas foi firmado em R$ 1 bilhão nesta segunda-feira; parlamentar disse que irá cobrar a Samarco, a Vale e a BHP Billiton, suas acionistas, para que provisionem valor maior ainda neste ano”.

    Portanto os Governos de Minas Gerais, Espirito Santo e o Governo Federal devem processar na justiça Brasileira os irresponsáveis da Vale do Rio Doce, Samarco e BHP pelo crime ambiental sem precedentes no Brasil, desreipeito com a saúde das pessoas, desprezo pelos bens materiais , enfim, com a falta de cuidado com a dignidade humana.

    Por muito menos a Petrobras foi processada nos EUA, pois não me parece que a Petrobras acabou com o meio ambiente, bens materiais e tampouco desrespeitou a dignidade humana dos cidadãos dos EUA.

  9. Comentário.
    piedade desse monstro em ação,humanimaldade?   não. O progresso é uma doença confortável:tua vítima(morte e vida a salvo à pane) brinca com a grandeza de sua pequeneza— elétrons deificam uma gileteem macroescala;lentes estendem nãodesejo por ondeante ondequando até que eleretorne ao seu nãoeu.                               Mundo de havernão é mundo de ser—piedade desta pobre carne e árvores, pobres pedras e estrelas, mas nuncadesse ótimo espécime de hipermágica ultraonipotência. Nós médicos sabemos que um caso é sem remédio quando—olhe:tem uma puta

    de uma vida boa paca aí do lado;vamos lá

     

     

    e. e. cummings

  10. A coisa anda tão

    A coisa anda tão partidarizada aqui que parece que tão comemorando a tragédia mal divulgada pelo “PIG”. Concordo que foi mal divulgado sim, contudo não posso ver nada de positivo em uma tragédia para pessoas, animais e ambiente. É pra provar que uma empresa privatizada também faz besteira? Que os erros não são só dos entes públicos? Que “bom” issso…

    O mar de lama real não ameniza o “mar de lama” em Brasília. Tá tudo muito ruim nesse país: política, economia, ecologia e até a mídia televisiva e escrita mesmo, tanto é que as TV´s a cabo tem aumentado cada vez mais sua fatia de participação dada a baixa qualidade até das novelas atuais que eram uma das poucas coisas que o país se destacava.

  11. DECRETO LIVRA A CARA DA SAMARCO

    DECRETO Nº 8.572, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2015

     

    Altera o Decreto nº 5.113, de 22 de junho de 2004, que regulamenta o art. 20, inciso XVI, da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, que dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS.

    A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere art. 84, caput, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 20, caput, inciso XVI, da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, 

    DECRETA: 

    Art. 1º  O Decreto nº 5.113, de 22 de junho de 2004, passa a vigorar com as seguintes alterações: 

    “Art. 2º  ……………………………………………………………….

    …………………………………………………………………………………. 

    Parágrafo único.  Para fins do disposto no inciso XVI do caput do art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, considera-se também como natural o desastre decorrente do rompimento ou colapso de barragens que ocasione movimento de massa, com danos a unidades residenciais.” (NR) 

    Art. 2º  Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. 

    Brasília, 13 de novembro de 2015; 194º da Independência e 127º da República.

    DILMA ROUSSEFF
    Miguel Rossetto
    Gilberto Magalhães Occhi

    Este texto não substitui o publicado no DOU de 13.11.2015 – Edição extra 

    *

    1. Esta lei serve para o trabalhador tirar o FGTS no caso de …

      Esta lei serve para o trabalhador tirar o FGTS no caso de ruptura de barragens, por isto não transforma o evento em causa natural.

  12. Estive falando com quem entende.

    Realmente as declarações da Samrco são o que se diz vulgarmente uma meia verdade (ou no caso uma meia mentira). A lama quimicamente falando não é tóxica, porém o problema é outro. Primeiro a composição desta lama não é solúvel em água depois de decantada, ela forma um imenso tapete de lama solidificada que abafa e mata toda a vida que há embaixo dela, ou seja, é mais ou menos como jogar sal numa terra, alí não nasce mais nada dentro de um período razoável de tempo.

    Para se recompor deverão surgir espécies vegetais que consigam em anos a fio romper este tapete de minério de ferro até que ele volte a ser solo de novo, ou seja, não há possibilidade imediata de fazer algo além da remoção.

    A remoção desta lama é extremamente onerosa, mas como a empresa correu o risco de ver a barragem romper e pagou para ver, como se diz jogando poker, o governo deveria obrigá-la a retirar a lama. Alguma coisa em torno de alguns bilhões de dólares deve custar esta remoção, mas como as empresas que fazem parte do consórcio deveriam pagar por isto.

    Não interessa se esta remoção possa deixar seus acionistas algum tempo sem nenhuma remuneração, em poker é assim quem joga e perde, paga, mesmo que deixe toda a sua fortuna na mesa.

    Com esta remoção em grau elevado, não precisaria ser em 100% a camada de lama ficaria menor e a natureza faria o resto.

    Agora até a natureza voltar ao seu normal deveriam indenizar todos aqueles que foram e serão prejudicados, la vai alguns bilhõezinhos a mais, mas mais uma vez, quem joga esta sujeito a perder.

    Não adianta fazerem compensação ambiental fajuta, tem que pagar tudo o que fizeram de errado. Não é a lógica do capitalismo?

    1. Sobre a lama

      (…)  a composição desta lama não é solúvel em água depois de decantada, ela forma um imenso tapete de lama solidificada que abafa e mata toda a vida que há embaixo dela, ou seja, é mais ou menos como jogar sal numa terra, alí não nasce mais nada dentro de um período razoável de tempo. (…)

      Isto já foi exposto por diversos especialistas em diversas reportagens. Inclusive numa da Rede Brasil Atual que coloquei como comentário aqui neste post. É só rolar a tela.

      E tem muito mais…

      Recomendo a leitura.

       

      1. Já li.

        Cara Vânia.

        Se o artigo que referes é o:

         http://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2015/11/entre-o-luto-e-a-saudade-um-panorama-do-maior-desastre-ambiental-do-brasil-1627.html

        desculpe-me, mas está bem ruizinho. Por exemplo a citação de resíduos tóxicos como mercúrio e outros já foi desmentido pelas análises de uma série de laboratórios independentes.

        Eu não recomendaria a leitura. Não precisa inventar nada para o horror que foi este acidente.

        Outro exemplo de imprecisão técnica: “O barro de rejeitos saiu de Bento Rodrigues, na cidade histórica de Mariana, em Minas, e ainda percorrerá mais de 850 quilômetros até chegar ao mar, deixando um rastro de destruição à fauna, à flora e às comunidades que estiverem em seu caminho.”     

        A Lama (bem melhor do que barro) não percorrerá os 850 quilômetros até o mar, mais de 90% dela ficará depositada logo no início, o resto é material em suspensão que não trará maiores problemas.

        Temos que parar de fazer notícias falseando a realidade que já é um horror, simplesmente para o texto ficar “emocionante” notícia como esta deve ser a mais técnica possível e não romances.

        O problema é enorme, os custos serão altíssimos, o número de pessoas mortas jamais será conhecido pois estão enterradas debaixo da lama, não precisa romancear, a realidade sempre supera a ficção.

  13. atrás do atrás

    “mas começa lá trás, no planejamento, no modelo de mineração, no monitoramento e na fiscalização, tudo equivocado.”

    Na verdade começa inda mais lá atrás: parlamentares sendo financiados por grandes empresas e, portanto, defensores dos interesses destas; e loteamento de cargos para dar sustentabilidade ao governo – o DNPM, autarquia vinculada ao Ministério das Minas e Energia, faz parte da cota do PMDB mineiro (parte substancial da Bancada da Mineração).

    Por sua vez, o Ministério das Minas e Energia é, há muito, lavra concedida à dupla Sarney/Lobão.

    Recuperemos matéria antiga do sítio Publica para ter uma ideia de como a banda toca.

    http://apublica.org/2013/10/politicos-mineradoras-debate-novo-codigo-mineracao/

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