Por Eugênia Gonzaga, pelo Facebook
Apesar da linda paisagem, essa não é uma publicação alegre, mas necessária.
Hoje foi dia de ouvir. No auditório da OAB/RJ, de onde se tem essa vista maravilhosa, aconteceu mais uma sessão da Clínica de Testemunhos da Comissão de Anistia. 15 ex-militares torturados nas próprias Forças Armadas a que serviram contaram e mostraram suas sequelas físicas e psíquicas.
Sim, militares! Hoje, homens idosos, emocionados – alguns não contiveram o choro, ao expressar, alguns pela primeira vez, os sofrimentos por que passaram por dias, meses e até anos.
Foram chutes, choques, humilhações públicas, fome, solitária, ingestão de urina, queimaduras na pele, dentes e unhas arrancados…
Os crimes? Admitirem que liam Darcy Ribeiro, que tinham alguma admiração por Brizola, ou simplesmente para dar o exemplo a outros ou por não manifestarem entusiasmo em torturar presos políticos. Eram garotos que entraram para as Forças Armadas com vontade servir à pátria e foram delas expulsos sem nenhum direito a quem a Comissao de Anistia procura hoje reparar.
Parabéns Paulo Abrão e a todos os responsáveis pela Clínica de Testemunhos. No final, todos se levantaram, bateram continência em agradecimento às autoridades que vieram ouvi-los e cantaram, ao som de uma pequena banda, o Hino da Independência.
Foi muito emocionante. Com Sérgio Sergio Suiama
Maurício Tupinambá Fernandes de Sá:
Minha Memória, Verdade e Justiça é semelhante a todos Militares que sofreram Atrocidades.
Entrei para a Academia Militar das Agulhas Negras em 1967 e por ter escrito 2 redações no Externato São José (Irmãos Maristas , Rio de Janeiro) , a inteligência do Exército pegou as 2 redações e o Comandante do Corpo de Cadetes cononel Antônio Cúrcio Neto fez 2 dias de interrogatório , submeteu-me a 60 encenações de fuzilamento todos os dias com o objetivo de retirar-me da AMAN ,
Hoje posso escrever que foi um sádico oficial do Exército graças a ajuda de um amigo que é General-de-Exército da Ativa que forneceu-me todas os documentos e ingressou na AMAN junto comigo em 1967 , graças a Comissão da Verdade que tiveram a coragem de delatar 377 toruradores e o nome do Cúrcio Neto está incluido , graças ao DVD do nosso Amigo Roberto Monte da DHNET com o testemunho do Jornalista Rubens Lemos que foi torturado em 1973 no DOI-CODI de Recife pelo mesmo coronel .
Rubens Lemos foi fundador do PT em Natal , graças as memórias do Carlúcio Castanha fundador da CUT e PT de Recife que também foi torturado pelo Cúrcio Neto no Recife em 1973 , a todos Militares que sofreram atrocidades meu sincero e apertado abraço , para frente guerreiros !
FUI HUMILHADO E RETIRADO … PUBLICAMENTE DO MEIO DA TROPA … MESMO COM O CURSO DE SARGENTO JÁ CONCLUÍDO … ME REPROVARAM, DESPROMOVERAM E DERAM BAIXA … POR SERMOS AMIGOS PESSOAIS DE JANGO .&. BRIZOLA.
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Antígona Eugênia, quantos Laios e Creontes ainda teremos
que desvendar nessa tragédia brasileira?
Separando-os por classificação- civis, militares; militares por patentes; pessoas por aquilo que leram…?!
Quantas torturas estas que ainda estamos vivendo. E a cada hora mais uma !
honestíssimos!
[video:https://youtu.be/znBP6FSKgRI%5D
Reconhecimento aos que lutaram contra a ditadura
Essa ação da Comissão de Anistia deveria ter sido a primeira, pois é inegável a nomeação dos torturadores que ajiam se achando impunes e até o presente momento comprovam que serão impunes, mesmo com as provas apresentadas e os nomes detalhadamente conferidos, se tivesse iniciado por esse caminho e punisse os ainda sobreviventes acredito que sua consequência teria sido muito mais efetiva, mas o fato é que poucos lutaram contra a ditadura e muitos se beneficiaram e continuam até hoje a sua sanha de golpear os Direitos Humanos e a Comissão se desgastou e parece tímida frente a essa diferença de quem lutou e de quem se aproveitou.
Com sequelas há 38 anos (surdo de um ouvido, ruídos na cabeça 24 horas por dia, articulações doloridas e limitadas, etc) recebi uma simples carta com o Estado se desculpando e me oferecendo uma aposentadoria que considero nada haver com o mérito da reparação dosm danos sofridos, pois trabalho a mais de 50 anos e fora o período em que estive preso e depois a mínima recuperação física e o período de perseguissão nos empregos, sempre trabalhei e paguei minha contribuição para a aposentadoria e portanto esse foi o reconhecimento aos que lutaram, uma carta e nada mais, creio que se de fato temos que salvar o passado deveria ficar claro que, os que lutaram e foram perseguidos pela Ditadura deveriam ser homenageados em seções solenes no crongresso e na presidência da república, instituir-se medalhas de honra e outras considerações mais, inversamente aos que se locupletaram, torturaram e abusaram se servindo do poder espúrio deveriam ser execrados e punidos, somente isso.