“Quanto vale a vida?”, questiona ato que pede responsabilização por desastre em Mariana

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Vídeo e edição: Pedro Garbellini
 
https://www.youtube.com/watch?v=1a7L4lrhekA&feature=youtu.be width:700 height:394
 
Jornal GGN – “Exigimos que as licenças dos projetos da Samarco e da Vale sejam suspensas até que haja um amplo processo de contenção dos impactos e mitigação dos mesmos”, entoaram aproximadamente 600 pessoas, pelos cálculos do movimento, na manifestação em frente à Vale, no centro do Rio de Janeiro, nesta segunda (16).
 
Carregando cartazes “Quanto vale a vida?”, “SOS Rio Doce”, “Não é acidente, é crime ambiental”, “A vida vale + que o capital”, acompanhados de música e baldes de lama que encharcaram a fachada e o letreiro da empresa Vale, os manifestantes pediam a responsabilização da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton, após o rompimento de duas barragens, no dia 5 deste mês, que destruiu o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, atingindo outras regiões de Minas Gerais e do Espírito Santo.
 
De acordo com o sociólogo Marcelo Castañedo, um dos organizadores do evento, que reuniu os ativistas pelas redes sociais, o ato é importante para pautar o setor de mineração, diante do código que será debatido no Congresso, prevendo a regulação do segmento, que para o sociólogo é “predatório” e “permeado de interesses estrangeiros econômicos”. “Precisamos de uma regulação forte e esse setor não está querendo”, disse ao GGN, que acompanhou a tarde de protestos.
 
 
Após o prefeito de Mariana, em Minas Gerais, Duarte Júnior, defender que o fim da mineração significa “fechar as portas” da cidade, e que tal decisão afetará em 80% da arrecadação do município, além de 4 mil empregos, os manifestantes discordaram que a responsabilização não deve ser feita.
 
Para o prefeito, a multa aplicada pelo governo federal à Samarco, de pelo menos R$ 250 milhões, não vai ajudar as famílias atingidas e nem a reconstrução das áreas destruídas.
 
“A gente quer a responsabilização total sim, porque são empresas multinacionais que lucram aos montes e que devem à União. A Vale deve 40 bilhões, e essa dívida não é cobrada”, afirmou Castañedo, questionando o porquê da falta de cobrança, em um cenário de responsabilidade da empresa pelos danos socioambientais causados com a tragédia.
 
Duante o ato, foi lido o manifesto #NãoFoiAcidente, em que os ativistas enfatizaram o teor “criminoso” da tragédia. “Esse desastre torna urgente um debate público sobre a mineração no país, os mecanismos de responsabilização das empresas e o papel do Estado nesse processo”, defenderam. 
 
Em nota oficial, a Vale respondeu que “respeita e valoriza o direito constitucional de livre manifestação” e que desde do dia 5, oferece apoio e assistência às equipes envolvidas no resgate e atendimento às famílias atingidas. 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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