Resistência, o documentário, por Matê da Luz

Resistência, o documentário

por Matê da Luz

Tem gente que diz que esse ar sombrio que ronda o Brasil tem mais tempo que isso, mas fato é que faz só um ano que o impeachment rolou de fato. Isso é tão pouco no meu referencial que o tamanho do medo frente aos acontecimento retrógrados no País cresce progressivamente no peito e faz faltar o ar, literalmente. Se por um lado tem aquilo tudo de entender que quando a gente enxerga a poeira é porque ela está na superfície e, portanto, pronta pra ser limpa – na metáfora da piscina, que eu adoro mesmo e venho praticando bastante na vida, como um todo – por outro lado parece que neste contexto de agora, o piscineiro diz que acha aquilo tudo muito bonito e que está tudo bem, que essa sujeira é melhor do que aquela outra do ano passado, você sabe, né?, enquanto a gente fica parado de pé olhando, totalmente sem saber o que fazer, estarrecido. 

Essa é uma das formas de trabalho mais eficazes do medo. É, pessoal, tem gente que diz que isso é coisa de psicólogo e, por um lado, é mesmo. Mas é assim que funciona e, então, o medo é uma das armas mais poderosas em relação às grandes manobras pra tudo, desde as pequenas até as mais relevantes relações – como essa, a de ver o país sendo detonado na sua cara e ou achar que está tudo muito bem porque a lama do momento é menos barrenta do que a de antes ou ficar paralisado. O medo, enquanto instinto, paralisa mesmo. Os neurotransmissores do cérebro são avisados pra gente parar e, então, o instinto de sobreviência dá a ordem de movimentação – correr, abaixar, escalar… Só que aqui, na vida real, frente a esse medo que é racional, construído por uma guerra polarizada de opiniões – hoje em dia, ou você é esquerda ou direita, sempre extremo, não tem e não pode ter tonalidade – sob bases violentas – experimenta discordar de alguém em relação à politica: vira briga, verdade! – a gente continua paraisado sem receber ordem nenhuma da cabeça, que ainda está tentando entender um tal “como é que pode?”.

Daí que o documentário Resistência, da Elisa Capai, traz uma opção de resposta. 

A manifestação coletiva por um ideal conjunto é uma solução real pra quem está paralisado. Estar entre aqueles que compartilham seus ideais, que questionam as mesmas coisas que você e que, mais do que isso, colocam as mãos na massa pra sair do estado de estagnação e apavoro relembra a sensação de estar vivo e envolvido em prol do que a gente deseja. É o tomar das mãos do piscineiro a redinha e começar a limpar a própria piscona, mesmo que sem jeito ou técnica, mas já tentando resolver o que acha que é problema. 

Resistência é isso. Não desistir de lutar.

 

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Para propagar a mensagem do filme, a diretora permite e estimula a organzação de exbições gratuítas, em sessões previamente programadas. Segundo a mensagem oficial: 

Quando o afastamento de Dilma Rousseff completa um ano, será pré-lançado coletivamente o documentário #Resistência*.

Para montar sua sessão:

1. Organize um espaço com projetor ou tela, no período de 12 a 21 de maio. Incentivamos as pessoas a se conectarem com espaços já conhecidos, como cinemas, auditórios, cineclubes, espaços culturais; ou criarem seu próprio local e organizarem uma projeção na rua, praça, local de trabalho, etc;

2. Envie uma mensagem inbox para a página facebook.com/resistenciafilme com a data e local do evento;

3. Nós te enviaremos a base da arte, para você criar sua divulgação;

4. Convide pessoas interessantes para debater um ou vários dos temas do filme, no final da sessão: resistência, democracia, feminismo, gênero, mídia movimento estudantil, cultura;

5. Bole uma campanha massa e chame todo mundo para assistir o filme no seu #ocupa!

6. Você receberá acesso ao filme para exibir na sua sessão;

7. Exiba e discuta #Resistência!

* #Resistência é dirigido e narrado por Eliza Capai, que frequentou o #OcupaAlesp#OcupaMinc-RJ, #OcupaFunarte-SP, a Marcha das Vadias RJ e a Parada LGBTT de São Paulo. Durante os meses interinos de Michel Temer, o filme acompanhou as ocupações aos prédios públicos e às ruas, dando voz aos seus protagonistas. De dentro, narra o desenrolar deste importante momento histórico, ao mesmo tempo em que discute feminismo, educação, cultura e mídia.

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Mariana A. Nassif

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