Crise e contabilidade criativa do governo afetam balança comercial

Do Estadão

Criatividade contábil e crise derrubam balança

Desempenho, que será anunciado nesta quinta-feira, deve ser o pior dos últimos 13 anos e pode até fechar no negativo pela 1ª vez desde 2001

01 de janeiro de 2014 | 21h14

João Villaverde

BRASÍLIA – A crise financeira e a criatividade contábil do governo Dilma Rousseff derrubaram no ano passado o saldo do comércio exterior brasileiro, depois de mais de uma década de superávits acima dos US$ 10 bilhões. O resultado oficial, que será anunciado nesta quinta-feira, tende a ficar no menor patamar dos últimos 13 anos, ou mesmo fechar no negativo pela primeira vez desde 2001.

Importações realizadas em 2012 mas somente registradas em 2013 e exportações de plataformas de petróleo que sequer saíram do Brasil embaralharam a missão de entender o comércio exterior brasileiro, criando uma contabilidade criativa na chamada “conta petróleo”, apontam especialistas consultados pelo Estado.

Até a segunda semana de dezembro, o Brasil tinha exportado US$ 1 bilhão a mais do que importado no ano de 2013, resultado que não deve ser alterado pelos dados das duas últimas semanas do mês passado, segundo projeções do setor privado e do próprio governo.

A reversão de 2012 a 2013 foi violenta: o saldo comercial despencou mais de 90%. A queda não teria sido tão grande caso um volume estimado em cerca de US$ 5 bilhões em importações de petróleo e derivados não tivessem sido registradas pelo governo em 2013. As compras do combustível no exterior ocorreram em 2012, mas a área técnica do governo prorrogou a inscrição deste dado para a balança comercial de 2013. Por isso, o ano começou com grandes rombos externos.

No entanto, esse sinal vermelho das contas foi “consertado” por outra operação envolvendo o setor de petróleo. Até a terceira semana de dezembro, as exportações de plataformas de petróleo somaram US$ 7,73 bilhões, resultado 351% superior a igual período de 2012. Mas com um detalhe importante: essas plataformas nunca deixaram o País. Contabilizadas como exportações, auxiliaram a conta do comércio exterior nacional.

Menos força. Na visão de técnicos do governo, a contabilidade criativa nas contas da balança comercial não “mascararam” o quadro inevitável para 2013: diante da piora no cenário global, as exportações como um todo perderam força, uma vez que há menos mercados com recursos para absorver nossos produtos. Ao mesmo tempo, a penetração dos importados no consumo doméstico brasileiro tem sido crescente, apesar da desaceleração da economia.

De acordo com Welber Barral, diretor da Barral M Jorge Consultores Associados e ex-secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, o quadro deve melhorar em 2014, mas o País não deve voltar a conviver tão cedo com saldos comerciais na casa dos dois dígitos. “Nos últimos anos, concentramos as exportações em produtos primários, e as importações em bens mais sofisticados. Também convivemos com uma valorização excessiva do real, o que dificulta as exportações da indústria”, diz Barral. “Nesse cenário, nosso saldo despenca sempre que o preço dos bens primários cai no mercado internacional.”

Câmbio. De acordo com a economista Gabriela Fernandes, especialista em comércio exterior do Departamento Econômico do Itaú Unibanco, o saldo da balança deve se aproximar de US$ 7 bilhões neste ano, constituindo uma “leve melhora” sobre o quadro verificado em 2013. “Mas essa melhora será resultado mais da desaceleração das importações, devido à desvalorização cambial, do que uma melhora das exportações.”

Entre janeiro e a segunda semana de dezembro, a balança comercial registrou exportações de US$ 236,9 bilhões e importações de US$ 235,9 bilhões.

Luis Nassif

26 Comentários

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  1. A situação do Brasil está tão

    A situação do Brasil está tão ruim, mais tão ruim que não sei se mudo para os Estados Unidos, Itália, Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda, Inglaterra, paises do leste europeu…

    Numa semana é a inflação, na outra é o desemprego kkk, na outra é a crise na indústria, na outra é o “baixo” faturamento do comércio, na outra é o risco de rebaixamento das agencias de risco… enfim a economia brasileira é um fracasso. A única coisa que não falta é orgão de imprensa para torcer para o fracasso. Vou trucar com essa imprensa brasileira: que tal mudarem comigo para os países citados acima?

    1. Ruim demais…

      Estou quase convencido que este governo pode ficar pior do que o do FHC.

      Notícia vai passar na Globo a semana inteira…O JN vai nadar de braçada…depois vem pesquisa do Ibope…

      1.  Oh,Drigoeira,devagar

         Oh,Drigoeira,devagar meu,pior do que o de FHC impossível.A Dilma,sem a reeleição ainda no  primeiro turno,falta hum ano de governo.Como quebrar um Pais três vezes em um ano.Fala sério cara.   

    2. “A situação do Brasil está

      “A situação do Brasil está tão ruim, mais tão ruim que não sei se mudo para os Estados Unidos, Itália, Grécia, Espanha, Portugal, Irlanda, Inglaterra, paises do leste europeu..

      Esse comentário da amiguinha Vera Lucia se superou em criatividade, superou até a criatividade do governo popular em mascarar as contas.

      Deve ser por isso que existe um milhão de brasileiros vivendo na América e outro tanto vivendo na Europa e Japão. Os americanos e europeus só não fogem para o Brasil Maravilha por falta de aeroportos para recebe-los. Mas dizem que já estão vindo de jangada atras da nossa educação, nossas universidades, nosso SUS, nossa infraestrutura, nosso samba telecoteco balacobaco, nossas favelas e cortiços, …..

      Oh my God! dizem os americanos…..

       

       

       

      1. É meu caro
         
        Compare o PIB

        É meu caro

         

        Compare o PIB per capita e os serviços públicos dos países citados que talvez  vc  realmente se mude.

    3. O segundo mais engraçado

      O comentário mais engraçado/ridículo que eu já tinha ouvido neste blog era o de que o nosso modelo era escandinavo. Você ficou em segundo, mas se esforce que ganhará o ouro…

  2. O extrato abaixo é de uma

    O extrato abaixo é de uma matéria da Folha de 25/01/2011. Como as viagens ao exterior aumentaram, gostaria de saber o peso atual das viagens ao exterior na balança comercial.

    O gasto de brasileiros com viagens e cartão de crédito fora do país chegou ao valor recorde de US$ 16,4 bilhões em 2010, segundo dados do Banco Central. Houve aumento de 50% em relação ao verificado em 2009.

    A despesa de estrangeiros que visitam o Brasil também bateu recorde, mas cresceu menos (12%), para 5,9 bilhões.

    A diferença entre os dois números representa um deficit de US$ 10,5 bilhões, valor inédito e que responde por mais de 20% do resultado negativo total do Brasil nas suas transações com exterior.
    http://www1.folha.uol.com.br/mercado/865644-gasto-com-viagens-internacionais-soma-us-16-bi-e-bate-recorde.shtml

  3. Caro Nassif e demais
    Crise e

    Caro Nassif e demais

    Crise e contabilidade criativa???!!

    Será que eles se refera às deculpas dos tucanos sobre o trenslão?Da criatividade do JB em prender os petistas?

    Das mentiras do Alckmin e das reportagens desinvestigativas da mídia sobre isso? Das dividas da Globo, e do Iastú, maravilhosamente e criativamente escondida?

    Bom 2014, que promete.

    Saudações

     

  4. tadinhos

    O estadão em estado comatoso, assinantes desaparecidos vendas em bancas insignificantes, sem condições de pagar decentemente e manter um quadro de bons jornalistas, faz o que sabe: chutar e muito mal.

  5. Europa e passaportes à venda!

     

    Prezados amigos e amigas,

    Vejam só o que achei no The Independent:

    http://www.independent.co.uk/news/world/europe/a-greek-archipelago-for-85m-a-maltese-passport-for-1m-and-polish-castles-going-for-a-song-welcome-to-the-great-european-fire-sale-9032981.html

    Abaixo, minhas rasas considerações:

    Estranhos os caminhos do capitalismo global, embora alguns ingênuos, outros tolos, e tantos outros cínicos, ainda continuem a desfraldar velhos mantras. “A bem sucedida aventura capitalista europeia e estadunidense”, que por anos enxotou e humilhou cidadãos de vários países (teve embaixador brasileiro tirando sapatos em aeroporto ianque), à bordo da arrogância peculiar dos mais ricos, agora apresenta sua outra face: De acordo com o jornal inglês The Independent (aqui), por alguns milhares ou milhões de Euros, você ganha um passaporte europeu, comprando uma ilha grega (8,5 milhões de Euros, cerca de 20 milhões de reais), ou por 1,15 milhão de Euros, você leva um passaporte maltês. Há outras ofertas, como castelos poloneses na bacia das almas (valor não divulgado). Faz algum tempo li que algo parecido estava acontecendo em Portugal, e vejam só, ironias das ironias, o principal alvo das corretoras transatlânticas éramos nós, que até ontem tínhamos que suar frio para entrar na Europa ou viver por lá. Que o digam nossos dentistas. Alguns imóveis de 400 ou 500 mil euros davam um passporte português (europeu) de brinde. Imagine a ironia de um dentista rico ou uma cortesã riquíssima comprando uma quinta portuguesa. Pois é, dinheiro não leva desaforo para casa. Brincadeiras à parte, as populações “tradicionais” da Europa têm reagido ferozmente a esta invasão dos novos ricos. O que revela um dado ainda mais curioso: O paraíso capitalista não é o que chamam de “mundo livre”, e “globalizado”? Xenofobia é um mal por onde quer que se olhe, mas devemos entender que a causa elementar de cada expressão xenofóbica (antes e agora) é distinta: antes, era o combustível era o excesso, agora, é a falta de dinheiro. De todo modo, já passou da hora da gente começar a endurecer o jogo, e mandar de volta alguns mortos de fome europeus (tem estadunidenses?) que têm desembarcado por aqui, a cata de algum emprego. Sem uma determinação diplomática específica, só por “diversão”. Espanhol, então, tem de monte! É só utilizar os mesmos “critérios” deles, nem precisa inventar muito: olhou, não gostou, deportou! Não sou chegada a xenofobias, mas que ia ser divertido, ah isso ia! E não me venham dizer que isto espanta turista: Os EEUU são useiros e vezeiros em destratar cucarachos, e há filas gigantescas na porta de cada consulado em busca de um visto.   

     

  6. Cartilha dos jornalistas-estagiários do Estadão:

    Como a crise bateu à porta do Estadão e entrou sem ser convidada, os bons jornalistas por lá se foram e com isto, estão contratando recém-formados que recebem uma pequena cartilha que deve ser sempre consultada antes de mandarem suas reportagens para o prelo:

    1 Crise: use sempre esta palavra mesmo sabendo que a inflação está dentro da meta e que o Brasil se encontar em pleno emprego. 

    2. Contabilidade criativa: como não temos números para descer o pau, basta dizer que os números são falsos. A frase “contabilidade criativa” deve ser usada a cada 3 reportagens. 

    3. Sempre que tiver oportunidade destacar que a Petrobrás está quebrando. Não se importem com os balanços da empresa. Lembre-se sempre do item 1 quando você for questionado.

    4. Use sempre a palavra mensaleiro. Não deixa a palavra corrupção sair da boca dos leitores. 

    (Parece surreal, mas os leitores do Estadão ainda existem!!!)

    5. A carga tributária do Brasil é a maior do mundo! Não ligue se algum comunista te mostrar que a carga é normal para um país com o sexto maior PIB do mundo. Se te encher o saco com números, use o item 1 novamente. 

    6. Para o bem do Brasil, você pode construir mentiras em suas reportagens desde que use de fatos reais. O uso de mentiras sem observar esta regra está sujeito a penalizações de 1 salário mínimo. Não se esqueça que o salário mínimo hoje é 75% do seu salário. Seja atento!

     

    1. A  “contabilidade criativa”

      A  “contabilidade criativa” não pode, jamais em tempo algum, ser utilizada para justificar o desvio de 4,5 BILHÕES da SAÚDE para o saneamento, via COPASA em Minas, 

  7. Terrorismo Midiático ou Guerra Psicológica

    Em 2012 uma jornalista conhecida vaticinou que o Brasil estava com provável apagão para 2013 pelo baixo investimento no setor energético. Alguém sentiu falta de energia no Brasil? A inflação disparou? Lembram da apresentadora e seu colar de tomates?

    É mais do mesmo terrorismo da oposição proprietária dos jornais que não pauta o governo desde 2003. No governo Dilma, depois de descoberto o “Caneta”, mudou o modo de operação da “oposição”. Não acredito em nenhum “especialista” da velha mídia nem de previsão de tempo.

    Já começaram os mau agouros de um ano que nem começou. O Mantega tem anuncio hoje. Será que vai derrubar mais uma? E o povo todo empregado e feliz. Quem viaja pelo país vê um imenso canteiro de obras. E a velha mídia? Sempre obrando. 😀

    1. Roberto, boa tarde….Você

      Roberto, boa tarde….Você por acaso tem uma planilha das categorias profissionais que obtiveram reajustes em dissidio coletivo acima da inflação de 2013.? Agradeceria a sua gentileza. Obrigado. 

    2. Roberto,Excelente

      Roberto,

      Excelente contribuição. Ficou evidente que não há, ainda, défict considerável (pouco mais de US$ 90 milhões), mas uma tendência a ele.

      Faltou a mais importante, que é a planilha da importações – uma vez que que as exportações têm se mantido estáveis nos últimos três anos, certamente o problema está nas importações ou remessas ao exterior.

      De mais a mais, a tua exposição desmantela a tese da matéria do estadão de que o problema está na contabilidade criativa, que se baseia em exportações, as quais ficaram demonstradas por ti como praticamente estáveis (cairam pouco mais de US$ 1,5 bi em 2013).

    3. Dependentes das commodities

      De 2008 pra cá, as exportações de manufacturados não se recuperaram, enquanto que as de básicos passaram de 68B para 104B, e de 37% da pauta exportadora para 47% (os manufacturados cairam de 46% para 38%). O câmbio atrasado é o grande culpado, o superávit virou déficit, a poupança interna virou pó, estamos cobrindo déficit com dinheiro emprestado, isso não é pra festejar.

  8. contabilidade criativa em crise de identidade portenha

    contabilidade criativa é o quê de melhor o brasileiro sabe fazer quando frente a frente com o leão insaciável… é uma beleza! beirando contabilidade/planilhas em estado de pura arte!

    e o estado é governado por brasileiros gente como a gente (somente dando um tempo de se dar bem na faixa e que depois retornará aos braços da nossa gente…) logo crise? por que crise? crise de consciência? crise de confiança?

    crise é oportunidade de se criar mais e mais contabilidade criativa…segundo o ideograma/logograma chinês de crise/oportunidade e, vejam lá o invejável espetacular crescimento continuado chinês…e nem uma democracia – pra dizer que é sua / pra dizer que tem também – eles ainda são!

  9. balança, mas não cai…

    Pobre com emprego e inflação sob (quase) controle,  o resto não interessa? Psicologicamente estamos todos bem e podemos melhorar, o ano está só começando.Os psicólogos que tomem cuidado.Uma suposta ameaça somente do mundo ocidental desenvolvido, que vai fazer marolinhas neste 2014.

     

    A balança comercial, que registra o total recebido pelo país com vendas para o exterior menos os gastos com a compra de importados, registrou um saldo positivo de US$ 2,561 bilhões no ano passado.

    Esse é o menor resultado desde 2000, quando houve um deficit de US$ 731 milhões.

    No acumulado do ano, as exportações caíram 1% em relação a 2012.

    dólar comercial fechou em alta de 1,4%, vendido a R$ 2,391 nesta quinta-feira (2). É o maior valor em mais de quatro meses, desde 22 de agosto (R$ 2,432). Foi o primeiro dia em que o Banco Central realizou seu programa de intervenções no mercado de câmbio com as novas regras, reduzindo sua atuação.

     

    Dezembro é recorde, mas vendas caem 1,6% no ano

    As novas encomendas à indústria cresceram em dezembro pela primeira vez desde junho, mas a taxa de expansão foi modesta. As empresas informaram ter percebido um fortalecimento da demanda, mas comentaram que as incertezas em relação à economia têm prejudicado a confiança dos clientes. O aumento das novas encomendas foi puxado pelos pedidos domésticos, uma vez que a demanda externa segue estagnada, de acordo com a pesquisa do HSBC. Além disso, a concorrência com outros países está mais acirrada.
     

     

    1. O saldo positivo foi

      O saldo positivo foi alcançado com a exportação-faz-de-conta de plataformas de petroleo que não saiaram do lugar onde sempre estiveram, pelo valor de US$8 bilhões. A Petrobras exporta para sua subsidiaria de Cayman que as aluga para a propria Petrobras, com isso registra-se uma exportação-papel que transformou deficit em superavit. A bem da verdade, não é a primeira vez que a Petrobras faz isso, já fez em governos passados, é uma senhora contabilidade “criativa”.

  10. A Bolsa como indicador econômico

    Se bem muitos dados são utilizados para avaliar o estado da economia de um país, costumo olhar para o índice bursátil utilizando a análise técnica para observar o estado de ánimo dos investidores, e tentar desse modo antecipar movimentos futuros, dando leitura ao que o mercado acha tanto no curto como no longo prazo. O valor do índice representa o consenso do mercado (Pessoas Físicas, Pessoas Jurídicas, Instituições bancárias e financeiras e Investidores Extrangeiros). Posto aqui o gráfico do índice Bovespa, em tempo diário, desde quase o começo do governo Lula (Julho de 2003) até hoje.

     

     

    A simples vista, podemos observar a enorme diferença do humor dos investidores para com o país no primeiro governo (2003/2006), no segundo (2007/2010) e no governo Dilma (2011 até hoje)

     

    Os mercados de alta* se caracterizam por meses de baixa volatilidade, altas constantes e “inexpressivas” (menos de 1% ao día), seguidos por períodos de correções breves e consolidação dessas altas. Os investidores fazem pausas na euforía, se “assustam” com fatos que vão aparecendo de tanto em quando (problemas internos ou externos, econômicos ou políticos), e passam algum tempo “mastigando” os problemas numa determinada faixa de preços, até os problemas serem resolvidos, e o mercado seguir em frente. Foi essa a tônica do primeiro governo Lula (2003/2006). 

     

    O segundo governo Lula foi marcado pelo aumento violento da volatilidade por conta dos problemas externos, que resultaram na Grande Recessão, a maior crise econômica mundial após a 2da Guerra Mundial. O mundo entrou em pânico, inicialmente pela crise dos fundos subprime (Julho/ Agosto de 2007), e posteriormente, pela quebra do Lehman Brothers e da seguradora AIG.

    O Brasil foi chancelado com o grau de investimento (IG) pelas agências qualificadoras de risco em Maio de 2008, pouco tempo depois que tinha sido feito o anúncio da descoberta das reservas petrolíferas do Pré-Sal. OS eventos da Copa e das Olimpíadas tinhas sido abocanhados pelo Brasil, e o país e o mundo viviam a euforía dos BRICs, com o Brasil como estrela desse grupo, apenas atrás da China. A teoría do descolamento (decoupling) ganhava força, em meio aos “esforços” monetários desesperados do Fed, cortando taxas de juros em sessões extraordinárias, com o intuito de oferecer um colchão monetário a debácle que se aproximava.

    Após o fundo da crise de 2008, antes aquí (Novembro de 2008) do que nos EUA (Março de 2009), o governo Lula contou com a maior margem histórica para atravessar o temporal econômico que se aproximava. Foi a tal “marola” que o presidente Lula anunciou, não sem antes a equipe do COPOM cometer a maior barbeiragem monetária do seu governo, aumentando juros antecipando um fantasma inflacionário que nunca se concretizou. Foram esses movimentos que semearam o terreno para os problemas com derivativos de dólar que levaram a falência 2.000 empresas brasilieiras que apostavam na queda da moeda norteamericana. A imensa volatilidade criada pelas quebradeiras externas levou a cotação do dólar de R$1,55 a R$2,60 em questão de meses, engolindo a Sadia, Votorantim e Unibanco, dentre outras.

    Como resposta a essa crise, e com imensa margem para manobrar juros, o governo Lula iniciou uma série de estímulos fiscais e monetários extraordinários, que levaram o indice a recompor o patamar dos 70.000 pontos (após uma queda brutal de 73.920 pontos em Maio a 29.900 pontos em Novembro) a tempo para a eleição de Dilma.

     

    Pois bem: o governo Dilma tem se caracterizado pela baixa sensível no índice que mede as 66 ações mais negociadas na Bolsa de São Paulo, a maior do mundo emergente (maior que a da China), desde que assumiu o governo.

    Podem apresentar os indicadores que queiram para justificar uma avaliação positiva desses últimos 3 anos, mas a Bolsa deu as costas para esses indicadores. O índice estava em 70.317 pontos no primeiro pregão do governo Dilma. Hoje, 3 anos depois, fechou em 50.341 pontos (queda de 28%).

    O que mais me chama a atenção é o fato do mercado ter abandonado a faixa dos 52.000/ 53.000 pontos, e ter novamente embicado para abaixo. Essa faixa foi altamente “discutida” pelo mercado, nos últimos 7 anos, servindo como divisor de águas entre o otimismo e o pessimismo. Em 2008, 2009, 2011 e 2012, serviu como suporte dos preços. Após uns meses de negociações nesses valores, o índice revertia para acima. Em 2013, foi o contrário: prévio as manifestações de junho, o mercado discutía esses preços, mas a onda baixista prevaleceu, e o índice buscou a mínima (até hoje) do governo Dilma, nos 44.552 pontos. Reverteu pra cima, mas sem superar os 58.000 pontos, perdeu força, e embicou pra abaixo.

     

    Até o índice não superar os 58.000 pontos, prevalece a tendência de baixa. O mercado começou o ano de péssimo humor: hoje a Bolsa perdeu mais de 2%, e estamos a apenas 1% da mínima do trimestre passado. O mercado busca agora os 44.552 pontos, onde podemos esperar um repique de alta. Mas a tendência de baixa que caracteriza o governo Dilma continua firme e forte, sem sinais de reversão, nem sequer nos tempos curtos. A perda dos 44.552 pontos ensejará uma aceleração da baixa, podendo entrar o mercado em pânico. Com os mercados fazendo essa leitura da economia brasileira, fica muito difícil prever uma “reeleicão altamente provável” como a maioría dos analistas anuncia. Aguardemos uma rápida recuperação do índice, como precursor de tempos mais estáveis. A bolsa, por enquanto, anuncia uma nova tempestade no horizonte da economía brasileira. A conferir.

     

     

    *Os movimentos bursáteis se caracterizam por 3 fases de alta e 3 de baixa. Esses são: 1) Acumulação: os investidores com informações privilegiadas começam a comprar ações num período de baixa volatilidade, com vistas a uma futura alta dos preços, 2) Alta Sensível: os preços, devido a demanda e aos resultados positivos das empresas e da economia em geral, começam a subir, e 3) Euforía: em vista aos bons resultados obtidos pelos investidores que estão posicionados no mercado, pessoas físicas querem “surfar a onda” dos lucros e entram no mercado, levando os preços a patamares mais elevados, até não restarem investidores dispostos a pagar preços cada vez mais altos por ativos que já não fazem lucros suficientes para justificar esses preços. É nesse momento em que os investidores que estavam posicionados desde o começo da fase altista, começam a realizar lucros, dando início a baixa, em 3 etapas. a) Distribuição: os últimos investidores entram no mercado comprando as ações a preços elevados, vendidas aos poucos pelos investidores iniciais. Os preços andam “de lado”. b) Baixa sensível: com cada vez menos investidores dispostos a pagar preços altos, os preços começam a cair, muitas vezes acompanhando apertos monetários das autoridades bancárias até desencadear a terceira fase, o c) Pânico: os preços despencam, os investidores vêm os preços dos ativos virarem pó, e vendem desesperados pelo preço que o mercado dita, até as cotações se deprimirem ao ponto tal em que não há mais vendedores. O ciclo começa novamente.

  11. Crise e contabilidade criativa do governo afetam balança

    No afã de criticar o governo, colunistas econômicos atiram nas tais exportações de plataformas, comentando que a Petrobras exporta esses itens para suas subsidiárias no exterior apenas para manipular as estatísticas.Temos muitas razões para criticar o governo em qualquer área mas o nível das críticas está muito ruim e sem um mínimo de estudo sobre o tema, se não vejamos:

     

    1. As plataformas e outras itens tb (equipamentos diversos que são utilizados na indústria do petróleo como embarcações de apoio entre outros), sendo manufaturados no Brasil (estaleiros e outras indústrias) são entregues como bens aos seus proprietários ( empresas com sede no exterior sejam ou não subsidiárias da Petrobras).Houve a efetiva entrega da propriedade do bem, fato gerador da contabilização da exportação.

    2. As empresas de petróleo usam isto para atuarem dentro do regime do Repetro (instituído pelo Governo Fernando Henrique nos anos 90 juntamente com o novo marco regulatório deste mercado).Tal regime prevê a isenção de impostos para certos tipos de bens usados na pesquisa e lavra de óleo e gás desde que tais bens sejam de propriedade de empresas sediadas no exterior.

    3. Portanto desde dos anos noventa, este tipo de registro de exportação existe. Mas ninguém parou para pensar no outro lado da balança. Sendo estes bens de propriedade de empresas no exterior, tais empresas, em geral sediadas na Europa, cobram como contrapartida o pagamento de aluguéis e serviços. Tais pagamentos por estes mesmos bens afetam negativamente o balanço de pagamentos e o valor (negativo no balanço) deve ser bem superior ao recebido com a exportação destas 7 plataformas aludidas pela imprensa pois na verdade os aluguéis pagos referem-se a grande parte dos bens utilizados na exploração de óleo e gás na plataforma continental brasileira.

    Concluindo, seria sim uma contabilidade criativa se desconsiderar as exportações e por tabela o pagamentos dos aluguéis e serviços prestados pelas empresas estrangeiras que compram aqui estes bens. Aí sim, o balanço de pagamentos deixar de registrar uma saída maior que a exportação das tais plataformas.

  12. Sei que não é o local, mas se

    Sei que não é o local, mas se estivesse tudo bem poderiam corrigir a tabela do IR ao menos pela inflação (a primeira depois de décadas)

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