Aos trancos, Cunha vai conseguindo adiar fim de seu mandato

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]

 
Jornal GGN – A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados volta a se reunir nesta quinta-feira (14), ainda na ressaca do resultado eleitoral da Presidência, que foi anunciado pouco mais da meia noite. O foco é o recurso, pouco provável de ser encerrado, de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), contra a sua cassação.
 
Apesar de o colegiado ter se reunido ontem para analisar o tema, e com o incentivo do então presidente interino Waldir Maranhão (PP-MA), de que a sessão que elegeria o novo presidente não teria início até o fim da análise da CCJ no caso Cunha, as tentativas protelatórias do peemedebista e seus aliados surtiram efeito. 
 
Reunião desastrosa
 
A sessão foi encerrada pelo presidente da Comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR), sem a ordem do dia ter sido, sequer, iniciada no Plenário. A tomada de Serraglio irritou os adversários de Cunha, e os últimos minutos da sessão foram de troca de gritos e indignações, até que se encerrou a reunião.
 
Mais de seis horas de debates, incluindo a presença de Cunha em sua defesa, o colegiado aprovou um requerimento para acabar com a discussão da matéria. Mais vinte minutos foram concedidos ao relator para as considerações finais. Antes disso, a reunião foi interrompida pelo início da votação do novo presidente da Câmara.
 
Ainda que “transferida” para ser retomada nesta quinta, em sessão desde às 9h, são poucas as chances de a CCJ zerar a análise do recurso e, muito menos, de ocorrer o próprio julgamento da cassação pelo Plenário. Além da falta de tempo antes do recesso parlamentar, o mais novo presidente já anunciou que o caso ficará para depois.
 
Em fala, minutos após o resultado da eleição desta madrugada, Rodrigo Maia (DEM-RJ) deixou claro que a votação contra o mandato de Cunha precisará de quórum suficiente em Brasília. Ao ser questionado de quantos deputados precisariam estar presentes, na avaliação do novo mandatário, Maia respondeu “algo próximo” do quórum obtido na sua eleição. A votação de ontem contou com quase 500 parlamentares do total de 513 da Casa.
 
Em agosto, contudo, além das eleições municipais, o país também estará voltado para outros dois epicentros: as Olimpíadas 2016 e o julgamento final do impeachment de Dilma Rousseff. Motivos contundentes para o artífice das manobras protelar o fim de seu mandato. 
 
Por outro lado, a resistência.
 
Já por 34 votos contra isolados 5, a Comissão inverteu a ordem da pauta e colocou a prioridade no recurso do deputado afastado. Os deputados também rejeitaram outra tentativa de Cunha, que pedia a retirada de pauta da análise de seu processo.
 
Cunha “alerta”
 
Há pouco, peemedebista fez a sua defesa na CCJ. Em um tipo de ameaça velada, Eduardo Cunha disse que “alertou” os deputados para o fato de que as irregularidades cometidas contra ele podem passar a virar regra, fazendo referência aos parlamentares envolvidos em algum tipo de denúncia ou investigações de corrupção. 
 
Acompanhe, ao vivo:  
 
https://www.youtube.com/watch?v=McCTtBJVKsU width:700 height:394
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Enquanto isso o juiz da globo

    Enquanto isso o juiz da globo fica de mãos atadas. É muita humilhação pro ganhador do Oscar global não poder prender a esposa do Cunha, uma jornalistazinha mequetrefe, pra não atrapalhar o golpe. A gente já sabe que ele é um bundão a serviço do pig, mas e seus admiradores, como é que ficam? Um vexame.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador