Câmara pode ganhar Frente Parlamentar Armamentista

Deputado do PSL, Loeste Trusti tem 120 das 170 assinaturas necessárias para criar grupo; entre objetivos estão atuar nos temas de posse e porte de armas e quebrar monopólio da Taurus

Jornal GGN – O deputado federal e chefe de cozinha Loester Trusti, filiado ao PSL do Mato Grosso do Sul, está à frente do trabalho para reunir as assinaturas necessárias à criação da Frente Parlamentar Armamentista.

Segundo informações da coluna Painel, da Folha de S.Paulo, ele já teria 120 dos 170 apoios necessários para instituir a bancada. A proposta é que o grupo atue nos temas de posse e porte de armas e derrubando o monopólio da Taurus, para permitir a entrada de empresas estrangeiras no Brasil. 

Entenda: política e indústria armamentista

A Taurus é uma empresa brasileira de capital aberto fabricante de armas de fogo. O fim do seu monopólio é um tema defendido há anos pela família Bolsonaro e políticos ligados ao governo.

Logo após assinar o decreto de 15 de janeiro, que facilitou o porte de armas à população, o presidente pediu para os seguidores ainda não comprarem armas enquanto não editar um novo decreto derrubar o monopólio.

“Ninguém compra arma, não, que a gente vai, num decretão lá, já que é decreto, a gente vai acabar com o monopólio, tá ok?” Em seguida, o presidente afirmou que vai zerar impostos sobre armas.

Há cerca de dois anos, o deputado federal (PSL-SP) e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, gravou um vídeo na feira de armas Show, em Las Vegas, nos Estados Unidos falando da “decadência notória (da Taurus) no mundo inteiro”, completando:

“A nossa luta é para abrir o mercado nacional. É para colocar dentro do Brasil fabricantes internacionais que querem ir para lá mas não conseguem devido ao lobby e, principalmente, problemas políticos dentro do Ministério da Defesa”, criticou na época.

No artigo “Xadrez da indústria de armas e o financiamento da direita“, Luis Nassif lembrou de um twitter de Eduardo, escrito em 17 de janeiro de 2017, mostrando a sua relação estreita com a NRA, a Associação Nacional de Rifles dos Estados Unidos:

“De fato, no dia 11 de junho passado, Bolsonaro já mostrara que haviam frutificado suas relações com a NRA. Anunciou que, se eleito, acabaria com o monopólio da Taurus, alterando o artigo 190 do Decreto 3.665, de 2.000, sobre produtos controlados. Diz o decreto: ‘o produto controlado que estiver sendo fabricado no país, por indústria considerada de valor estratégico pelo Exército, terá a importação negada ou restringida'”,

“No dia 10 de novembro de 2018, o site da America´s 1st Freedom, da NRA, dizia ‘Tiremos o chapéu para Bolsonaro por ver a situação pelo que realmente é’”, completou Nassif.

Nos Estados Unidos, as organizações ligadas à indústria de armas financiam a carreira de políticos. Só entre janeiro e março de 2013, a NRA e a Associação Nacional pelo Direito às Armas (NAGR, na sigla em inglês) haviam destinado US$ 3,8 milhões para fazer lobby junto a deputados e senadores americanos.

Aqui no Brasil, segundo levantamento realizado pelo Congresso em Foco, nas eleições de 2014 “mais de 70% dos candidatos que receberam legalmente doações de campanha da indústria de armas e munições se elegeram em outubro”.

Leia também:

EUA usaram controle de armas para reduzir violência

Defensoria Pública de SP pede ao MPF anulação do decreto de posse de arma

Redação

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador