Congresso está sob pressão de encontrar logo saída para a crise, por J. Carlos de Assis

Movimento Brasil Agora

Congresso está sob pressão de encontrar logo saída para a crise
 
por J. Carlos de Assis
 
Há um momento em que se deve tomar a decisão de cruzar o Rubicão. E assumir os riscos dessa decisão por reconhecer que a sorte está lançada. A cúpula política brasileira vem cozinhando a própria crise e a mais terrível crise econômica em nossa história com brutal indiferença em relação ao alto desemprego, à queda de renda dos mais fracos e das classes médias, ao desmoronamento do PIB, ao agravamento da crise social que se reflete nos mais baixos indicadores de saúde, de educação e de segurança.

Não há culpados individuais na nossa tragédia política. Não se pode dizer também que é a corrupção porque corrupção sempre houve. Eu próprio escrevi três livros mostrando casos de corrupção em pleno governo militar. O que há de novo é um certo alívio pela evidência midiática de que certos corruptos estão sendo presos e julgados. Mas serão todos? E o combate à corrupção não está se tornando instrumento para uma corrupção maior, o apadrinhamento judicial de certos partidos políticos beneficiários do impeachment?

Se temos uma crise que não podemos atribuir exclusivamente a indivíduos, a culpa  no Executivo, no Legislativo, no Judiciário, no Ministério Público. Todos são indiscutivelmente culpados pelo que fizeram, pelo  que deixaram de fazer, e pelo que foram omissos. Essas instituições, como tenho insistido em dizer, deixaram-se derreter. A questão agora, diante das consequências dramáticas da crise e do que ainda pode acontecer caso nada seja feito, é atender ao clamor público uníssono por alguma forma de regeneração prática e imediata.

É claro que, como ainda somos uma democracia, a solução política passa diretamente pelo Congresso, se estendendo ao Executivo e ao Judiciário. Todo o Congresso é corrupto? Não, como todo ser coletivo, o Congresso é parte corrupto e parte honesto. Temos que confiar em que a parte honesta tome as rédeas, e apresente uma solução ao conjunto. No fogaréu da crise, duvido de que uma solução honesta não tenha passagem. Ao contrário, é muito mais provável que, sob as vistas da população, os conchavos palacianos não prosperem.

Vejamos uma possível solução. A Presidência da República perdeu credibilidade, e a perda pode ser definitiva quando se divulgar plenamente as listas da Odebrecht com os nomes de ministros ligados a Temer e o dele próprio. Não é conveniente pedido de impeachment porque o processo, se aceito pela Câmara, levaria meses e agravaria dramaticamente a crise. Poderia, sim, ser uma renúncia, e isso desencadearia os trâmites sucessórios imediatamente. Caso aconteça este ano, teríamos eleição direta, com a opinião dividida, porém aceitável pelo grupo das esquerdas.

Há, porém, um empecilho óbvio: Lula. A corrente do PSDB não aceitaria essa fórmula porque corre o risco de perder justamente para Lula, que no momento não tem seus direitos políticos cassados. É ingênuo supor que, depois da renhida luta do impeachment, os vitoriosos simplesmente devolveriam o poder a Lula e ao PT. A crise política se acentuaria, e a crise econômica e social se aprofundaria ainda mais levando a população a uma situação de grande stress, favorável a manifestações extremistas e convulsão social.

Portanto ambas as fórmulas, eleição direta ou indireta, suscitam controvérsias. Dificilmente levariam a acordo. Entretanto, pode-se conceber uma alternativa capaz de atender interesses mínimos de ambos os lados: eleição indireta já, condicionada à realização de um referendo de confirmação de resultados, e sujeita a um prévio compromisso de Lula de não se candidatar à Presidência agora. O Congresso consagraria a fórmula numa emenda constitucional que daria ao Presidente eleito o prazo de 15 dias para implementar um plano de emergência para recuperação imediata da economia e do emprego.

Obviamente que essa fórmula só prospera se for encontrado um candidato indireto à Presidência fora da linha central de confronto entre direita e esquerda. Os que, na Câmara e no Senado, aderissem a essa solução poderiam se abrigar ideologicamente como nacionalistas na política e progressistas na economia. Há gente assim no Congresso, é só procurar. Difícil é que um político democrata nessa posição aceite candidatar-se a eleição indireta. Daí a ideia do referendo, última palavra do povo, para convencê-lo a aceitar.

 

Redação

18 Comentários

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  1. O moro tá dando crias
    O articulista, antes do moro, está caçando os direitos políticos do lula.

    Pode ate ser que, em eleições diretas, o lula não seja a melhor solução, mas se ele quiser ser candidato e o povo acolher, isso não se chama democracia?
    Pleno exercício dos direitos políticos de lula e do povo?

    Mas o articulista, com o pretexto de que o PSDB não aceitaria isso, quer desde já eliminar o lula.

    Já que a palavra final sempre é do PSDB, pra que eleição direta? Escolham o presidente, pra evitar qq problema, na convenção do PSDB. Ou vamos aceitar a moda implantada pelo Aécio de não aceitar resultado?

    Melhor mesmo então escolher presidente da república na convenção do PSDB com as bençãos da globo e judiciário.

    Realmente, o Sergio moro pelo menos tenta disfarçar utilizando pra isso um simulacro de justiça.

  2. A piada do ano!
    Tás brincando?!?
    O meu maior prazer em 2018 será votar pela terceira vez no Lula e derrotar o PSDBesta pela quinta consecutiva. Esse é o meu direito democrático, senhor J.

  3. Não seria mais facil o STF

    Não seria mais facil o STF julgar o afastamento da presidenta Dilma, devolvendo-lhe o cargo cassado por bandidos?

    Alias, foram cassados os votos de mais de 54 milhões de eleitores para se produzir esta baderna entreguista que ai esta.

    E até agora o STF esta apoiando isto.

    Até quando?

  4. O certo é uma eleição para

    O certo é uma eleição para reformar a constituiçao. Reforma politica, do judiciario e outros pontos. Não pode deixar que esse congresso venha de cima para baixo, enfiar goela abaixo, emendas contitucionais que prejudique a sociedade e o país.

  5. congresso….

    Não é somente o Congresso. É o país todo. Não existe mais a possibilidade de silenciar a população, com censura ou com porrada. A verdade está escancarada, assim como a raiz do atraso monumental do país. Até os anos de 1990, o Judiciário dizia ser ineficaz devido à falta de recursos. Recursos bilionários realocados, este orçamento se tranformou em mamatas, salários, pensões  e gastança desta elite brasileira. E a justiça e o judiciário continuam o mesmo lxo. Da mesma forma, como disse o ex-Min. Delfim Neto, não tem mais desculpas ou meias palavras sobre aposentadorias e pensões. Menos de 1 milhão de uma elite parasita do setor público recebem 2,5 vezes  as aposentadorias de 30 milhões de aposentados da iniciativa privada.  Auto-proclamados “democratas honestos” como o governador Franco Montoro (só para citar um) recebia 5 nababescas aposentadorias diferentes. Não dá mais para empurrar a sujeira para debaixo do tapete. 

  6. O Lula não pode concorrer, o Bolsonaro pode

    O único Cara que poderia evitar o iminente caos extremo é o Lula, pois é amado pela maioria esmagadora da população que trabalha e produz a riqueza desse país. Qualquer outro, só vai aprofundar a concentração da riqueza e aumentar a violência exponencialmente.

    A primeira coisa que deve fazer um governo que queira resolver o problema, e não varrer a sujeira prá debaixo do tapete, é baixar sensivelmente a taxa de juros e a jornada de trabalho. A redução da taxa de juros barateará o crédito, permitindo mais investimentos produtivos, e a redução da jornada abrirá postos de trabalho para absorver os desempregados.

    O Assis é tucano.

  7. Tese esdrúxula

    Prezados,

    A tese defendida por José Carlos de Assis neste artigo é tão esdrúxula quanto o apoio dele a Marcelo Crivella. Quando tenta exoplicar, J. Carlos de Assis se enrola cada vez mais; não tem a mínima lógica e sustentação, assim como aquela de André Araújo, tentando dar legitimidade a michel temer.

  8. Percebi todo o esforço para

    Percebi todo o esforço para encontrar uma solução que evite o confronto, caro Assis. Mas não acredito ser possível. A direita, na aliança pig/judiciário/PSDB não aceita qualquer saída que possibilite a volta do PT, na figura do Lula ou não.

    Estão ditando o rumo da crise e não vão largar essa oportunidade unica de abocnhar o executivo de vez pelo menos para mais dois mandatos, no mínimo. 

    Também acho que a saída vai passar pela renúncia do Temer. Mas será uma saída totalmente controlada. Não haverá eleição direta porque não dá tempo e mesmo que o Moro empeça o Lula, tem alguém que virá pela esquerda. 

    Acho que será por via indireta ano que vem. E não nos enganemos com o papo do FHC. Ele de bom grado aceitará o “sacrifício” em nome da “pacificação”. Mas é claro que FHC não será tampão, ele não encurta seus mandatos, espicha.

    Eles estão preparando o terreno para o parlamentarismo. FHC quer ser o primeiro, Alkmin que espere.

    PS: Esse é o ponto de vista deles. O da esquerda é partir para o pau, não tem jeito. Aí é ver para onde vai pender as forças Armaadas. Não acho que é certo que elas tenham uma posição homogênea, a favor deles, no caso. 

    1. Os Tucanos estão tocando fogo no circo

      Com o circo pegando fogo, fica muito mais fácil para os Tucanos voltarem a roer o osso e jogar o filé para o Trump

    2. As forças armadas são um leão

      Esqueça as forças armadas, elas são um leão banguela. É que os Milicos são olho por dente e dente por olho.

      Jesus não tem dentes no país dos banguelas.

  9. Certa ingenuidade.

    Quem imagina que há algum sinal positivo no fato da mídia, comercial e corrupta associada às quadrilhas do judiciário, anunciar a prisão de alguns grandes empresários, parece que está dois anos atrasado, pelo menos, observação e interpretação dos fatos. Pior é que trata-se do mesmo que afirmou há poucas horas que a Farça a Jato é uma espécie da mau necessário e, nessa linha, teria algum resultado indo ao encontro do interesse público. Pura viagem!

     

    Já há algum tempo, com mais vigor nos dias recentes, as evidências se reforçam e fica cristalino que o judiciário que fatura em cima da suposta luta contra a corrupção, é o mesmo judiciário que a cultiva e estimula merce de regras insólitas (para dizer o mínimo, em “cognição sumária”)  e variáveis, ao arrepio das leis, que obedece na abordagem e condução de processos judiciais.

    O processo judicial deixa de ser um instrumento voltado à mediação e solução de conflitos na sociedade, mediante decisão justa e tempestiva,,  para tornar-se um instrumento de luta pelo poder da autoridade judicante. Essa prática exercitada durante décadas é a causa da contaminação de todos os segmentos da sociedade por elementos corruptos cultivados durante décadas pelos agentes integrantes das bandas podres dominantes no degenerado poder judiciário.

     

    Diante desse quadro cristalino que, como diria Mino Carta, é percebido “…até pelo reino mineral…” não há a menor possibilidade de que algo que não cheire mau resulte da Farsa a Jato e, destarte, espera-se dos ilustres articulistas desse conceituado portal que as análises partam do cenário conhecido para as elaborações intelectuais que couberem e possam trazer contribuição ao debate e um pouco de luz para aplacar a escuridão que se avoluma.

  10. Vocês têm criminosos no

    Vocês têm criminosos no congresso no senado e no executivo. Vocês têm criminosos no STF e na maioria dos órgãos que deveriam fazer valer a lei. Uma boa parte desses criminosos, entre eles Gilmar Mendes, Sérgio Moro e Rodrigo Janot, foram comprados por interesses externos para deliberadamente sabotarem o país ou para protegerem os testas-de-ferro destes interesses externos (PSDB em sua maioria).

    E o autor do texto ainda espera que seja possível uma solução pacífica, um “pacto” com criminosos no mesmo nível de traficantes de drogas? Isso é ingenuidade demais.

    1. Concordo. 
      Esta estória de

      Concordo. 

      Esta estória de pacto é para ingênuos.

      O pau tem de quebrar o sobrar violência para aqueles que perpetraram o golpe, que são aqueles que você citou.

  11. A globo gosta de afirmar que

    A globo gosta de afirmar que o Lula éra chefe de quadrilha e que seu governo instituiu a roubalheira no Brasil.

    Depois do golpe, parece que o brasil se purificou e na globo não se ouve qualquer menção a inflação, desemprego, crise econômica. Só falam um pouco de corrupção porque seus preferidos, os malditos tucanos, ainda não chegaram ao poder totalmente. Quando chegarem o Brasil instantâneamente se tranformará no paraíso na terra.

    Supondo que isto seja verdade, pergunto:

    É melhor um país com corruptos cujo PIB cresça 7.5% ao ano(último ano do governo Lula) ou um país limpo e cheiroso – como o brasil atual já que a corrupção acabou com o afastamento do PT, segundo relato da globo – cujo PIB caia 3.5% ao ano?

    Eu prefiro a primeira hipótese, até porque acredito que o fim da corrupção só será possível com a extinção da raça humana.

  12. Questão

    Não foi o congresso que iniciou a barafunda. Foi o judiciário. Por que caberia ao legislativo resolve-la?

    A realidade é que há um legislativo pusilanime , um judiciário hipertrofiado e um vácuo no executivo.

    E caminhamos à passos largos para um estado de excessão.

     

  13. ERRADO!

    Amigo, nosso problema é a globo. A casa tem que cair para ver se o povo invade aquela máfia e OS tira de uma vez por todas do poder.

    EMPRESA PUBLICA DE COMUNICAÇÃO!

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