Irmão do marqueteiro de Temer se dá bem no governo

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
[email protected]

Foto Reprodução

Jornal GGN – Os repasses do governo Michel Temer à agência de publicidade Calia Y2 Propaganda e Marketing aumentaram em 82%. Com a crescente insatisfação popular em seu governo, seria lógico que o presidente em questão desse um gás na sua imagem, ilógico é que este aumento à Calia carrega um pormenor: a agência pertence a Gustavo Mouco, irmão do marqueteiro oficial do Planalto, Eusinho Mouco.

A informação foi dada pela Folha, que aponta que os gastos do governo com a empresa somaram R$ 102,1 milhões nos 476 dias que Temer pilotou a presidência. No governo Dilma Rousseff, em mesmo período de 476 dias, foram desembolsados R$ 56 milhões. Um aumento significativo. O jornal usou o Portal da Transparência para fazer o levantamento.

Elsinho acompanha Temer desde campanhas eleitorais e presta serviços ao PMDB há pelo menos 15 anos. Com o impeachment de Dilma, ele abraçou a função de cuidar da imagem de Temer, agora presidente. É dele o slogan “Bora, Temer”, para contrapor o ensurdecedor “Fora, Temer”.

O marqueteiro assumiu cargo de diretor na agência Isobar (antiga Click), que cuida das redes sociais e, por isso, recebe indiretamente do governo, mesmo com sala dentro do Palácio do Planalto.

No caso Calia, empresa em nome de Gustavo Mouco, além do governo a empresa diz em seu site que a Fundação Ulysses Guimarães, do PMDB, também é cliente. Aqui nova ‘coincidência’, pois a Pública Comunicação, em que Elsinho é diretor e procurador, também tem contrato com a entidade.

Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde, controlado pela legenda de Temer, fez contrato com a Calia e mais três concorrentes a prestação de serviços de publicidade por um ano, por R$ 205 milhões. Uma das participantes da concorrência que definiu este trabalho, fez denúncia e a corregedoria do ministério abriu investigação para avaliar se houve ou não fraude.

A Plá Publicidade, que fez a denúncia, entrou com recurso e apontou um episódio que deu margem para troca de resultados. Segundo a agência, uma representante da pasta saiu da sala onde ocorria a licitação, para tirar cópia da documentação, sem ter apresentado o material às empresas presentes. Aí poderia ter tido troca de papéis. A pasta nega.

Segundo a Plá, a Calia apresentou licitação em peça com erros ortográficos e de informação e, mesmo assim, foi julgada com menos rigidez. “O rigor tem de ser aplicado de forma geral, a todos os participantes”, diz Fabiano Gutenberg, diretor executivo da empresa, que ficou em 28º na disputa. O recurso não foi aceito. A investigação da corregedoria está em curso.

Também a Calia entrou no Ministério do Esporte, que é do PMDB. O ministério assinou contrato que prevê repasse de R$ 55 milhões à Calia e outra agência. A licitação havia classificado a Nacional e a Prole, mas a segunda desistiu por ‘problemas financeiros’, então o contrato foi para a família Mouco, a terceira colocada.

O contrato vai até dezembro, mas em agosto foi feito um aditivo para repassar às empresas até 20% mais que o previsto. Até 29 de agosto, a Calia recebeu R$ 15,9 milhões.

Desistência foi também aplicada na Secretaria de Comunicação da Presidência. A Calia foi uma das três selecionadas para um contrato de R$ 208 milhões. Até junho estavam PPR, Young & Rubican e DPZ&T Comunicações no páreo. Então Young declinou por não poder prorrogar sua proposta de preço em dois meses, como pediu o governo. Então Calia ficou, por obra e graça da desistência, em terceiro lugar novamente.

A Folha foi atrás da Calia, para ouvir o outro lado. A empresa tentou fazer malabarismos, mostrando os ganhos sem citar o Ministério do Esporte, comparou dez meses com um ano. O jornal bateu o dito pelo Portal da Transparência e a conta da Calia não convenceu.

Elsinho entrou no circuito do ‘outro lado’ e também não foi convincente. Disse não poder especular sobre os motivos da Calia aumentar sua receita por não ter ligação com a empresa do irmão.

A assessoria do Palácio disse, por seu turno, que não tem ‘ingerência na alocação de recursos no ministério’ e nem define agências.

O ministério da Saúde alega que é impossível fraudar licitação. O do Esporte diz que a desistente na licitação saiu por assim entender ser preciso, por razões ‘econômicas e financeiras’.

Leia a matéria na íntegra clicando aqui.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Estranho mesmo é a cara de

    Estranho mesmo é a cara de paisagem da republiqueta de Curitiba para a corrupção escancarada do momento. Eles lutavam contra o quê mesmo?

    1. “Eles lutavam contra o quê mesmo?”

      Essa é fácil:

      Contra Lula. Contra Dilma. Contra o PT. Contra a soberania do Brasil. Contra as empreiteiras brasileiras. Contra o interesse popular. Contra………………….o Brasil forte e soberano.

  2. 102 milhão? mas que ladrão!

    102 milhõe$ dá para encher dois apartamentos iguais ao do Geddel.

    Dá para comprar 102 triplex no Guarujá.

    Dá até para comprar um porta avião!

  3. O “Bora, Temer” é uma piada

    O “Bora, Temer” é uma piada de mau gosto pois custou muito caro ao povo brasileiro. Temer é um trambiqueiro com verniz, apenas isso.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador