Rui Daher
Rui Daher - administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor
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Anarriê, alavantú VI – Eu e o vira-latas orgulhoso, por Rui Daher

A conflagração se estende, agrava-se o morticínio, estendem-se as repercussões e, acentuam-se as diferenças entre os arsenais bélicos

Velório da Noiva (1974), de Maria Auxiliadora (Foto: Eduardo Ortega)

Anarriê, alavantú VI – Eu e o vira-latas orgulhoso

por Rui Daher

Eu, Rui

Quando falo … e pouco tenho falado, menos ainda escrito, é porque muito tenho escutado, e tantas são as merdas que me chegam aos ouvidos que já acredito fazer a neurologia, que me ajuda e bem faz, embasbacada com aquilo que uma estenose de medula pode fazer o cérebro-comandante confundir os sentidos (o sexto, então nem se fale, existe?).

A tudo ouço, porém, exceções poucas me chegam ao olfato com cheiro agradável. A maior parte é de esgoto.     

Na vida, ultimamente, não há anjo que desça do céu que não seja para usar a espada e cutucar ou arrancar um pedaço do meu corpo. Primeiro, chacoalham alegres suas asas. Penso: “Oba, finalmente, vieram me buscar. Darcy, Suassuna, Dr. Walther, Melô, Glauber e os demais membros do “Conselho Celeste Dominó de Botequim” conseguiram convencer ao Todo-Poderoso de que meu tempo de validade na Terra está vencido e, ao lado Dele, serei de estupenda mais valia (soube que até um filósofo judeu-alemão, que lá habita desde 1883, foi ouvido e a Ele apoiou).

Uma de minhas fontes, que é também da TV Globo News – jornalistas que nunca dormem e suas centenas de fontes – revelou que Ele negou com voz autoritária: “Não! Tenho tarefas duras para esse Rui ainda na Terra. Eu mesmo analisei sua ficha. Gostei dele, mas há penas ainda a cumprir. Ademais a “santaiada” daqui acha que ele é ateu”.

Um dos anjos, creio que meio surdo, não entendeu a história das penas, sacou da espada e desceu no meu teto, que já estava meio comprometido.

Assim, pois, está a vida, dura sem querer durar. Quando a conto à família, amigos, editores, leitoras, leitores e Zeca Pagodinho, todos retrucam: ele é cheio de mimimis e melindres, chora de barriga cheia ou é o álcool. Aos últimos, indago: por que o álcool? Subiu nos postos ou só nas refinarias?

Não, Zeca e outros, frescuras e barriga cheia não são comigo. Tanto que fiz de “Maneiras”, um de meus hinos. Apesar das cirurgias bariátricas, cardíacas, da coluna e, a última (espero) cervical-medular, “se eu quiser fumar eu fumo, se eu quiser beber eu bebo, eu pago tudo o que consumo com o suor do meu emprego (…) Eu estou descontraído, não que eu tivesse bebido nem que eu tivesse fumado pra falar de vida alheia, mas digo sinceramente na vida a coisa mais feia é gente que vive chorando de barriga cheia”.

Depois de mais de 60 anos de trabalho “rezistrado”, fora os de alto ânimo, também chamado autônomo, que faz os imbecis acreditarem não ter patrões. Os que assim me acham mando praquele lugar.

O segundo hino é “Terra Plana”, do álbum “Canto Geral”, de Geraldo Vandré, que me fizeram ser gauche na vida.

Pelo mesmo período e até hoje, os padres beneditinos, talvez sem que nem mesmo o soubessem, me ensinaram o que Vandré criou e cumpro:

A certeza que tenho de que o poder que cresce sobre a pobreza e que faz dos fracos riqueza foi que me fez cantador” [escritor – voz e afinação seriam péssimas].

Melindres e mimimis, pois, reservo a(os) comentaristas e âncoras de GNT, CNN, JOVEM PAN, BANDNEWS, e outros da mídia corporativa, que com seus irritantes chiliques, cada vez mais trazem pó de mico pelo ar e cedem-me a primeira gargalhada do dia, embora nem isso mereçam.

Vira-latas

Ao escrever, já contava que grande parte dos leitores tenderiam a “melhor entender” (pode ser lido como pleonasmo) o seu próprio campo de mando. Como no futebol – o jogo é em casa ou fora? Daí as federações esportivas organizarem os campeonatos com jogos de ida e de volta.

No Anarriê (prá trás!), Alevantú (prá frente!)anterior ousei fazer pequenas, mas fáticas, anotações sobre a guerra Israel – Palestina, para a maior parte da mídia nacional e internacional, considerada não como ato de guerra, mas de terrorismo do Hamas e de seus parças que, porventura, possam vir a entrar em campo (Jihad Islâmica, Hezbollah, Al Qaeda, Talibã, Boko Haram), entre os maiores e mais ativos.   

Não que eu já não esperasse, mas tinha uma leve esperança de não precisar incomodar minha nobre editora, novamente, com o assunto Gaza- Israel. Mas a conflagração se estende, agrava-se o morticínio, estendem-se as repercussões para outras regiões do planeta e, o mais óbvio, acentuam-se as diferenças entre os arsenais bélicos dos contendores.

Não terrorismo, pois. Mas guerra entre uma potência bélica, com passe-livre para usar energia nuclear – aquela que tinha, mas não tinha, no Iraque.

Vira-latas porque nosso presidente assumiu, todo pampeiro, crente que iria mudar os desígnios do Conselho de Segurança da ONU, em nome do consenso humanitário, e logo tomou um “chega prá lá pau-de-arara, cachorro sem raça amarrado em carrocinha de lixo”.

– Pera aí, deixa eu acertar o quadril, que vamos devolver uma bomba na carcaça do trôpego Joe Biden.

Resultado: 6.500 mortos, 5.100 palestinos, 1.400 israelenses. Entenderam quem os vira-latas? Mais de 18 mil feridos, segundo OMS – Organização Mundial da Saúde.

“Rave” danada, né?

Rui Daher – administrador, consultor em desenvolvimento agrícola e escritor

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