Back to the Future e a persistência da realidade, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Depois de amanhã o futuro imaginado no filme Back to the Future será, finalmente, passado.

O futuro chegou. As expectativas criadas no passado não se tornaram realidade.

Ainda não vi nenhum carro voador. Meninos e meninas continuam desfiando a gravidade com skates de rodinhas e se esborrachando em pisos ásperos. Os filmes 3 D existem apenas nos cinemas, mas dão uma dor de cabeça terrível. As viagens temporais continuam sendo ficção científica hoje tal como eram quando foi filmado o primeiro episódio de O Túnel do Tempo, série bem mais interessante do que Back to the Future.

O passado é logo ali. A abertura do trailer mostra uma cidade limpa, bonita e povoada por cidadãos bem vestidos e autoconfiantes. Em 21/10/2015 milhões de norte-americanos voltaram ao tempo em que eram miseráveis tinham medo de tudo, inclusive dos russos.

Na Síria o sonho imperial norte-americano tropeçou, enfim, na realidade. Antes disto o império já tinha implodido economicamente.

A Rússia voltou a ser uma potência nuclear com capacidade militar convencional respeitável (em algumas semanas os russos destruíram o Estado Islâmico laboriosamente criado pelos EUA durante uma década). A derrotada da URSS na Guerra Fria foi abreviada pela história de um futuro imprevisto pelo governo dos EUA.

No futuro idealizado em filme Back to the Future, em 2015 os EUA continuariam sendo um país rico. Após quase uma década de crise financeira, as cidades dos EUA estão caindo aos pedaços, dezenas de milhões de cidadãos norte-americanos vivem em tendas, barracas, barracos, túneis e minas abandonadas. Aproximadamente 13 milhões de crianças norte-americanas não fazem três refeições por dia. É incerta a quantidade de norte-americanos que passam fome. Tiroteios entre civis ou entre policiais e civis ocorrem todos os dias. Os EUA estão mergulhando num abismo de sangue e violência.

Apesar da decadência evidente, a Casa Branca e o Pentágono planejam novas guerras. As que foram vencidas por Bush Jr. não resultaram em benefícios palpáveis exceto para os fabricantes de armamentos e fornecedores de bens e serviços para as Forças Armadas dos EUA. A credibilidade do governo norte-americano passou pelo fundo do poço e segue em queda livre em razão das denúncias de Julian Assange, Edward Snowden e Bradley Manning. Pilotos de drones começam a relatar os crimes de guerra que forram obrigados a cometer durante o governo Obama.

O cinema segue tão divorciado da realidade hoje quanto era no passado. Talvez seja esta a verdadeira causa da decadência dos EUA, país que se uniu aos nazistas ucranianos e segue fazendo filmes de guerra em que derrotam os nazistas alemães na II Guerra Mundial. Mas isto, meus caros, é um problema dos norte-americanos não dos brasileiros. 

Fábio de Oliveira Ribeiro

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Ciclos
    Tudo retorna até que as lições sejam aprendidas. O Império teve a oportunidade – várias vezes – de fazer diferente, de consertar mas escolheu persistir nos erros. Chega a hora em que as oportunidades cessam, não mais se apresentam e a correção chega pela colheita do que foi plantado. Além disso, a Lei prevê claramente: ciclos de vida e morte são inexoráveis. Resta-nos cuidar para que em vida tudo seja o melhor que alcancemos realizar. Me parece que os EUA estão em franca colheita. Ao Brasil seria interessante observar para evitar cometer os mesmos erros e cuidar de fazer uma semeadura que resulte numa colheita mais feliz. Não somos – e espero que nunca queiramos ser – um Império.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador