O beco das cultura 2011 de Mucuri

beco das cultura

Na semana passada estivemos todos no Beco das Cultura, isso mesmo, “das”. Fizemos descaradamente inspirados no Beco das Garrafas, movimento cultural carioca, que deu novo impulso à cultura brasileira.

O nome além de ser um bricolage, é nossa variação dialetal, uma brincadeira entre nossa gramática oficial e a mucuryana, a nossa oralidade, na qual o substantivo não precisa de plurais, costumeiramente nesta terra quente flexionamos somente os artigos, como “Os peixe”, “Os Menino”. No caso específico, adicionamos ao artigo a preposição “de” com valor situacional, como nos diria Celso Cunha, ficando “das Cultura”. Todavia, a ideia de pluralidade cultural é patente, desde a programação à concepção de cultura. Discutimos um bocado e como era de se esperar, não chegamos à definição de Cultura, então a deixemos como é, aberta, plurisignificante e viva!

O nosso Beco, o “das Cultura” é uma espécie de tropicalismo botocudo mucuriano, no qual uma série de expressões têm vez: Fotografia, Teatro, Música, Cinema, Graffitti, Quadrinhos, Performances, tudo quanto há de feito no Mucuri ou extra-Mucuri: ARTE – foi esta parte que a cantora Carol Trindade mais gostou da história.

Bem, este é o espírito desta proposta: liberdade criativa. Foi uma mostra de que Arte é possível e exequível neste nosso Mucuri, e aqui em Teófilo Otoni.

Foi uma proposta-evento planejada e executada coletivamente, por diversas pessoas, diversos grupos. Um dia bastante agradável, no qual as mais diversas expressões artístico-culturais coabitaram a rua, o Beco.

A programação foi classificada em Infantil, Livre e Adulta em dois locais, na Livraria e Cafeteria Papo Café (Infantil e Livre) e na rua Engenheiro Lindemberg em frente ao Alquimia Lanches (Adulta).

A vez das Crianças:

programação infantil

Nossa cidade é ainda mais carente na programação infantil, portanto apostamos e acertamos na programação para as crianças. Ao meio-dia, um pequeno cortejo convidou as crianças para a contação de histórias com a Cida Norte. Ela envolveu as crianças com a história da Sereia, que ficaram vidradas e envolvidas durante quase uma hora.

Ao meio dia também iniciou a mostra de quadrinhos Jogo do Bicho de J.J. Ribeiro e Enzo Bgdiar, neste jogo, os bichos sempre levam a melhor sobre o bicho-homem metido a esperto.

Logo depois da história, Os Caras de Palco apresentaram o espetáculo “O Palhaço e a Bailarina”, o espetáculo invadiu o imaginário infantil com personagens ricos e desafiadores. As crianças mais uma vez ficaram fascinadas.

De todos:

programação livre

Depois de um intervalo, às 18h:30min a programação retornou, aberta com um esquete da Andréia Presley, com seu humor escrachado, logo colocou o público ainda tímido no clima para uma noite de muita música, teatro e tantas outras artes.

O primeiro número musical foi do grupo formado pelo Luiz Bugarelli, Rogério Macedo e Dênio Tavares, à força chamados de Los Del Chavo, com um repertório bastante diverso da música popular brasileira e da nova mpb. Logo depois tivemos a abertura oficial da Mostra de fotografia Ousia, da Michele Rodrigues, a exibição do curta Dia de Água Limpa, e o Vinícius Figueiredo com seus cartoons, e a Mayara Pascotto apresentando seu grafitti.

O grupo In-Cena apresentou dois esquetes, fragmentos de espetáculos, o primeiro pela Mayara Cruz e Andrine Maisch com “Em algum lugar”, premiadíssimo em diversos festivais mineiros e selecionado para o Festival de Curitiba – Fringe, o segundo fora um trecho do “Silêncio que corta!”, monólogo apresentado por Elmo Mendes, texto de Vítor Anchieta e André Luiz Dias.

Houve também o lançamento online da Revista Mucury 8, que ficou linda, gostosa e inteligente, claro. A programação livre também contou com a apresentação num conjunto improvisadamente delicioso, Gregório Luz, Marcela Veiga, Carol Trindade e Dandara Tomich.

Adulto:

programação adulta

Depois d a correria geral de desmonte e remonte do equipamento, deslocamento do povo até o Alquimia Lanches e a chegada dos músicos, apareceu-nos Vinícius Medina, músico radicado em Belo Horizonte, com um violão emprestado pôs início à Programação Adulta ao som do bom reggae e mpb, seguido por Fabriny Ramos, Janice e banda com mpb, logo depois um bocado de hard rock com a Pleasure Machine.

Ainda a programação prosseguiu com a apresentação do Cabelo e Thomaz Baldow, seguidos de Saulo Fasciani e Zeus Reis, com repertórios da clássica e da nova mpb entre clássicos internacionais.

As duas últimas atrações da noite foram o performer Jhoe Nicolletty, que apresentou sua performance Ego Melon sempre surpreendendo o público, com sua brainstorm, traz inúmeras referências para nossa apreciação e reflexão. E finalmente o DJ Lucas Tolentino apresentou-se com seu repertório diverso, impecavelmente como sempre e fechando o Beco das Cultura abrindo o dia 24 de dezembro.

Sabemos que não é novidade a realização de um quase-festival como este, temos infinitos exemplos em todo o nosso país, mas por aqui isso ainda dá um trabalhão! E por isso agradecemos a todos os que trabalharam coletivamente neste Beco das Cultura de 2011 e que já estamos ralando para o de 2012, pois o Beco não pode parar!

Comecemos por Michele Rodrigues, Jhonathan Nicolletti, Papo Café, Alquimia Lanches, Sou do Mucuri, Grupo Criativa, Grupo In-Cena de Teatro, Má Companhia de Teatro, Cia de Teatro Os Caras de Palco e todos os que voluntariamente apareceram, carregaram, convidaram, palpitaram, discutiram e apareceram.

O resultado fora para lá de positivo, pois que além de trabalharmos nos prontos nevrálgicos do setor cultural e da economia criativa, o que seriam a profissionalização, articulação e formação de público, e que público!

Tivemos de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos durante o evento, circulando entre 400 a 500 pessoas em praticamente 16 horas de programação cultural, agradecemos a todos, lembrando que nossa mobilização foi através da internet, blog e redes sociais, colaboração das rádios e tevês, mensagens via celular e o melhor de todos, o boca-a-boca.

Este é mais um exemplo que não perdemos quando nos juntamos. Pelo contrário, conseguimos fazer o que demandaria anos a um grupo menor, tomara que aprendamos a lição que 2011 nos deu, desde a criação do Sou do Mucuri, e que já vínhamos a algum tempo discutindo, de que é preciso nos articularmos, só assim mostramos a importância de nosso trabalho, e só assim trabalhamos como devemos.

Viva à articulação!

Viva o Beco das Cultura!

Viva o Mucuri!

Confira as fotos do Beco das Cultura 2011.

Luis Nassif

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