Ao contrário do esperado, Copom aumenta taxa Selic para 10,50%

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) anunciou na noite desta quarta-feira (15) o aumento em 0,50 ponto percentual da taxa básica de juros, levando a Selic para 10,50%, em decisão unânime e sem viés.

A decisão contrariou as expectativas de vários analistas, que esperavam um ajuste na ordem de 0,25 ponto percentual. Em entrevista ao jornal GGN, a economista Tatiana Pinheiro, do banco Santander, explica que a diferença ante o comunicado divulgado na última reunião de 2013 foi a colocação do termo “neste momento”.

“Dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013, o Copom decidiu por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 10,50% a.a., sem viés”, diz a íntegra do comunicado divulgado pela autoridade monetária após a reunião. Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques.

De acordo com Tatiana, o comunicado deixou claro que o colegiado manteve o ponto adicionado na reunião passada, quando sinalizou o início do ciclo de ajustes em abril do ano passado, com a diferença de que decidiu “nesse momento” aumentar a taxa em 0,50 ponto percentual. “Nossa expectativa era de manter o ritmo de ajustamento (em 0,25 ponto percentual). A decisão veio diferente do que a gente imaginava, mas achamos que é bastante relevante a inserção “nesse momento””, por tentarem deixar mais claro que o indicado no último comunicado de que (o juro) está próximo do fim do ciclo.

Além disso, a economista explica que o comunicado antecipa que o ritmo de 0,50% foi tomada dados os números de hoje, e que a próxima decisão vai ser diferente de 0,50% e, “muito provavelmente”, o final do ciclo de ajustes pode ocorrer ainda nesse primeiro trimestre.

Para Tatiana, a decisão dificilmente representa uma mudança no comportamento das autoridades quanto ao andamento da política monetária. “Se vemos as expectativas dadas até a última sexta-feira, o mercado de juros precificava uma redução de ritmo, e não se tem nenhuma informação sobre a inflação em 2014 porque ainda não foi nada divulgado, exceto a prévia via IGP-10. Não haveria uma restrição por tanto espaço de tempo e, nesse caso, ele fala que a decisão agora foi de aumentar em 0,50 ponto, mas daqui para frente não sei. É mais uma desvinculação do que foi feito nessa reunião, sugere que pode tanto manter 0,50 como terminar o ciclo de ajustes”.

“Nossa expectativa para 2014 era de (a taxa Selic) terminar em 11%. Mantemos a expectativa de 11%, só que com essa decisão de janeiro, temos de ver a ata para ver como a gente imagina os próximos passos, se existe alguma sugestão mais forte de como vão ser os próximos passos”, diz Tatiana, explicando que a instituição esperava um novo início de ciclo de alta de juros no segundo semestre, acreditando que a inflação seguiria pressionada. “Como ele manteve o ritmo de 0,50 ponto, a gente precisa ver a ata para saber o que mudou na inflação, se mudou algo para redefinir o que acontece, se o plano de voo é continuar ajustando a Selic mais alguma vez ou se o plano de voo é provavelmente fechar o ciclo no primeiro trimestre até março, e reiniciar o ciclo no final de 2014 ou começo de 2015. Tem que esperar a ata”.  A ata referente a esta reunião será divulgada na manhã da próxima quinta-feira, dia 23 de janeiro.

Sem efeito sobre câmbio e rating

Questionada se tal decisão poderia afetar o debate envolvendo o rating brasileiro ou a cotação do dólar, a economista acredita que o aumento dos juros não deve afetar o tema. “Acho que não tem efeito nenhum no câmbio na relação do real. O mercado já esperava 0,25 ponto, e se teve uma mudança nos últimos dias para 0,50 ponto. Para a gente, a taxa de cambio real é determinada pelos fatores externos, então você é mais determinado por fatores como economia americana, política monetária dos Estados Unidos, do que o BC dar 0,25 ponto a mais de alta. E também existem os fundamentos domésticos, como o resultado fiscal e o cenário de inflação”.

No caso da discussão sobre um eventual corte de rating, Tatiana Pinheiro explica que a decisão pesa mais sobre a política fiscal, uma vez que o debate tem se concentrado mais nesse tema. “Não vi questionamentos das agências sobre a questão monetária. A decisão do BC foi mais um balanço de risco entre inflação e atividade econômica. Por algum motivo, acho que ficou claro que o BC considerava uma grande probabilidade da inflação de 2013 fechar abaixo do visto em 2012 e ficou acima das expectativas, e aí algumas vezes (o BC) veio a público falando que ia ficar abaixo de 2012, e o fato de ter tido essa surpresa no cenário, deve ter influenciado pelo ritmo de manutenção”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

2 Comentários

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  1. UMA VERGONHA

    Mais uma vez o governo se ajoelha e beija a mão de banqueiro e rentistas.

    Se a política econômica do governo Dilma continuar assim, confesso que vou votar no Aécio, pois com ele eu sei que não vou me decepcionar, porque sei que ele vai ser governo de banqueiros, rentistas e entreguista.

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