O aumento do salário mínimo para R$ 1.412 em 2023 pelo governo Lula “mais do que compensa” a perda do poder de compra dos brasileiros durante o governo Bolsonaro. É a conclusão do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), divulgada em nota técnica.
Nos últimos três anos do governo de Jair Bolsonaro, não houve aumento real do salário mínimo, sendo que os ajustes apenas visaram acompanhar a inflação.
“Em 2020, o valor [o salário mínimo] praticamente não foi alterado. Em 2021, não houve incorporação de qualquer ganho real, exceto por reflexo do pequeno arredondamento para o valor de R$ 1.100,00. Para 2022, o ocorrido no ano anterior se repetiu: o salário mínimo não teve aumento real, somente acompanhou a inflação medida pelo INPC.”
“Em 2023, foi fixado o valor de R$ 1.302,00, que significou aumento real de 1,41% no piso nacional. Como o valor para 1º de maio foi alterado para R$ 1.320,00 e a variação do INPC foi de 2,42% no quadrimestre janeiro-abril, o reajuste de 1,38% não foi capaz de recompor o poder de compra fixado em 01/01/2023”, trouxe a nota técnica do órgão.
Segundo o DIEESE, o reajuste fixado por Lula para janeiro de 2024 “mais do que compensa essa perda ocasional, resultando em ganho real de 5,77% em relação a maio de 2023”.
O documento busca analisar como os reajustes do salário mínimo, ainda que repondo os dados da inflação, acompanham ou não o poder de compra.
“Mesmo com reposição da inflação, houve perda do poder de compra em relação aos preços dos alimentos, que tiveram aumento considerável e pesam muito no orçamento familiar da classe trabalhadora”, explica a nota.
De acordo com o Departamento, 59,3 milhões de brasileiros têm a remuneração com base no salário mínimo. Na prática, esse reajuste representará um incremento de R$ 69,9 bilhões de renda na economia do país.
Poder de compra pela cesta básica
Uma das formas de se calcular o poder de compra é pelo custo da cesta básica. O DIEESE mostra que, em maio de 2023, a cesta básica valia R$ 791,82. “Assim, o salário mínimo nacional de R$ 1.320 tinha, naquele momento, poder de compra equivalente a 1,67 cestas básicas”.
“Em 1º de janeiro, estimando uma cesta com valor de R$ 772,98, o salário mínimo poderá comprar 1,83 cesta básica”, calcula. E acrescenta: “A quantidade de 1,83 cesta básica é a maior desde setembro de 2020”.
Reajuste ajudará servidores públicos nordestinos
Outra revelação do DIEESE é que se olhada a administração pública, pouco influencia o aumento do salário mínimo para carreiras federais e estaduais, já os servidores municipais, principalmente do Nordeste do Brasil, se veem impactados por esse reajuste.
São 23.8% os servidores públicos municipais do Nordeste e 18,82% do Norte que recebem até o salário mínimo, enquanto que nas esferas federais essas porcentagens são de 1,78% e 0,78%, respectivamente. E os servidores municipais de outros estados também tem a minoria recebendo até o salário mínimo.
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