Banco Central mantém Selic a 13,75% ao ano

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Conservadorismo da equipe de Roberto Campos Neto surpreende, e mercado pode começar operações de quinta-feira em queda

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Nem mesmo a melhora dos indicadores econômicos levou o Banco Central a mudar seu posicionamento quanto aos juros: o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central manteve a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.

“Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% a.a. e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024”, diz o colegiado, em nota divulgada logo após a reunião.

“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, pontua o Copom.

Quanto ao crescimento da economia, o colegiado atribuiu o forte desempenho do primeiro trimestre ao setor agropecuário, e que o conjunto de indicadores mais recentes de atividade “segue consistente com um cenário de desaceleração da economia nos próximos trimestres”. A íntegra da nota divulgada pelo colegiado pode ser acessada clicando aqui.

Surpresa pelo conservadorismo

O comunicado do Banco Central surpreendeu o mercado pelo seu conservadorismo, na visão de Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

O mercado esperava que a autoridade monetária fizesse alguma sinalização sobre o início do ciclo de queda da taxa básica de juros a partir da reunião de agosto, o que não aconteceu.

“Apesar dessa retirada, ela não fez qualquer sinalização sobre evolução futura da taxa de juros, muito menos sobre uma eventual queda na próxima reunião, portanto isso que era esperado pelo mercado não aconteceu”, explica Carla.

Segundo a economista, o BC entendeu que houve uma queda significativa nas expectativas inflacionárias, consideradas “cruciais” para o movimento de queda futura dos juros – contudo, essa magnitude, da forma como foi vista e no período em que aconteceu, não foi suficiente para o BC fazer essa sinalização.

Por conta desse posicionamento, Carla Argenta acredita que o mercado financeiro iniciará as operações desta quinta-feira “um pouco menos otimista, com os juros em alta, com provavelmente a bolsa em queda e com uma reprecificação dos ativos com base nessa manutenção da política monetária, algo que não era esperado pelo mercado financeiro nesse momento.

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Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

2 Comentários

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  1. O Banco Central, neste momento, é o elemento mais inflacionário que temos no mercado

    A atual taxa de juros SELIC, no atual patamar, na realidade, serve como indutor da inflação e não seu controle.
    No caso, tendo como pressupostos que não há inflação de demanda e que o mercado de crédito e disponibilidade monetária acham-se restritos, seria possível afirmarmos, sem grandes dúvidas, que, neste cenário, na realidade temos que passar a nos preocuparmos com o componente deletério da manutenção da taxa de juros em níveis elevadíssimos, ou seja, temos que nos preocupar com seu papel de componente preponderante nos custos inflacionários.
    É que, se num dado cenário, temos de um lado um grande volume de crédito e disponibilidade monetária existentes, e de outro, uma quantidade limitada de produtos à disposição, efetivamente podemos ter a ocorrência da denominada inflação de demanda.
    Neste caso, consoante o receituário liberal econômico, o combate em face do aumento das taxas inflacionárias, pode ser feito via elevação das taxas de juros, de modo a enxugar os valores tanto do crédito, como o da disponibilidade monetária dos consumidores do referido mercado.
    Por outro lado, quando não há mais o componente de excesso de crédito e disponibilidade monetária, e a oferta dos produtos mostra-se razoavelmente equilibrada, temos que , eventual manutenção do aperto monetário, via taxas de juros elevadas, terá o efeito contrário ao desejado, notadamente se a inflação encontra-se em níveis inferiores a um terço do montante de juros
    Nesse caso, a taxa de juros passa a funcionar como verdadeiro indutor da inflação, uma vez que passa a fazer parte integrante do custo dos produtos ofertados, criando uma espiral desvirtuosa do processo econômico, não tendo mais efeito de controle, mas sim passa a ser fator de desequilíbrio do mercado, gerando além de possível efeito recessivo, um resíduo nefasto que alimenta de forma direta o aumento ou manutenção, em parte, dos índices inflacionários,ora reduzidos.
    Pois bem, é exatamente o que estamos vivendo neste momento, em que a política de juros altos por um largo período já enxugou o dinheiro do mercado, não há mais inflação de demanda, e a inflação residual encontra-se em patamares reduzidos frente a uma taxa de juros mais de três vezes maior.
    Em termos leigos, poderíamos dizer, em relação ao receituário econômico liberal, que o remédio está matando o paciente.
    O Banco Central, neste momento, é o elemento mais inflacionário que temos no mercado.

  2. É inacreditável que certas pessoas tente se comparar aos heróicos Kamikazes japoneses, que deram sua vida em defesa da sua pátria. O verdadeiro Kamikaze não se auto-destrói por fanatismo, radicalismo ou por estupidez delinquente. Não há altruísmo heróico para cegos do castelo de areia, que insistem em construir em seu reino de tempestade e escuridão. A única menção que terão da história será a de uma espécie submissa, a um ser mitológico falsificado.

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