Eletrobras pode colocar à venda distribuidoras

Do Valor

Eletrobras estuda vender distribuidoras

Por Daniel Rittner, Claudia Schuffner Rodrigo Polito e Claudia Facchini

A Eletrobras pode colocar à venda as distribuidoras que controla, um grupo de empresas com tradição em contabilizar prejuízos. Outra medida em estudo pela estatal é a alienação de suas participações minoritárias em várias companhias, entre elas Copel (0,56%), Coelce (7,06%), Celpe (1,56%), CEEE (32,59%), Cemat (40,92%), Emae (39,02%), Celpa (34,24%), CEB (3,29%).

Decisões como essas estão no escopo da estatal, que pretende implementar reformas para adaptar-se à sua nova realidade, após ter perdido uma receita estimada em R$ 8,7 bilhões com a renovação das concessões do setor elétrico de acordo com as regras anunciadas pelo governo federal no ano passado.

Presidido por Márcio Zimmermann, secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, o conselho de administração da Eletrobras fará sua primeira reunião de 2013 na sexta-feira, 25 de janeiro, em Brasília. Neste ano, os executivos da estatal terão trabalho em dobro. A empresa terá de implementar reformas para adaptar-se à sua nova realidade, após ter perdido uma receita estimada em R$ 8,7 bilhões com a renovação das concessões.

Segundo apurou o Valor, as medidas que podem ser adotadas pela Eletrobras incluem a venda de distribuidoras, bem como de participações minoritárias em várias companhias, entre elas a Copel (0,56%), Coelce (7,06%), Celpe (1,56%), CEEE (32,59%), Cemat (40,92%), Emae (39,02%), Celpa (34,24%), CEB (3,29%).

Na área de distribuição, o governo estuda a criação de uma nova subsidiária da Eletrobras para absorver seus ativos. A ideia é fazer a separação contábil das distribuidoras federalizadas, hoje amplamente deficitárias e responsáveis por contaminar o balanço da holding, na avaliação oficial. Não há uma decisão tomada, mas a possibilidade já foi discutida em reuniões entre autoridades do setor.

O diretor de transmissão da Eletrobras, Marcos Aurélio Madureira da Silva, confirmou ao Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor, que a direção estuda alternativas para adequar as distribuidoras à nova realidade. Segundo ele, como não há ainda definição do governo sobre a venda das empresas, a Eletrobras não conversou com potenciais interessados. “Não estamos discutindo com ninguém. Mas posso dizer que são ativos bons e que começam a ter resultados.”

Ontem, as ações ON da Eletrobras subiram 5,1%, enquanto as ações PNB valorizaram 6,2%. Os papéis encerraram o pregão a R$ 8,10 e R$ 13,70, respectivamente. Neste ano, as ações da estatal já acumulam valorização de 28% (ON) e 30,7% (PNB), recuperando-se, em parte, do tombo sofrido em 2012, quando foram castigadas pela decisão da estatal de renovar as concessões nos termos propostos pelo governo. Em 2012, as ações ON caíram 61,4% e as PNB, 57,5%

A possibilidade de que a estatal acelere o processo de venda de ativos é bem vista pelos investidores. Mas, segundo um especialista do setor elétrico, o governo do PT terá de enfrentar um obstáculo de outra ordem, a resistência do partido à ideia de privatização.

A recente alta das ações da Eletrobras foi atribuída pelas autoridades do setor menos à expectativa de venda das distribuidoras e mais a uma correção de preços, diante das perdas causadas por dois episódios anteriores – a renovação das concessões e a preocupação em torno de um novo racionamento de energia elétrica. Nos corredores de Brasília, a interpretação é que o mercado financeiro havia reagido de forma “errônea e exagerada” às notícias.

“As ações da Eletrobras estão passando por um ajuste técnico. Vários papéis estão se recuperando no setor. A Eletrobras teve uma perda grande no quatro trimestre, mas o governo sinaliza que vai mantê-la como uma grande empresa no setor”, afirma o analista da SLW Corretora Pedro Galdi

Um dos empecilhos para a venda das distribuidoras era o prazo das concessões, que vencia em 2015 e foi prorrogado por 30 anos. Com isso, avalia-se que há maior segurança jurídica para oferecê-las no mercado. Por outro lado, a perda de receitas da Eletrobras e a necessidade de reestruturação da estatal dobraram correntes do governo que ainda resistiam à venda de ativos. Para a ala majoritária, a Eletrobras teve sucesso em conter a “sangria financeira” das distribuidoras antes da federalização, mas tem sido cada vez mais difícil vislumbrar um cenário no qual elas passem a operar no azul.

Para um grupo cada vez maior de autoridades, essas distribuidoras podem até dar lucro se conseguirem se afastar completamente de influência política, passando às mãos de administradores privados. Um caso de sucesso sempre lembrado no governo é o da distribuidora maranhense Cemar, reestruturada depois de ter passado para o controle do grupo Equatorial Energia, que também adquiriu a empresa paraense Celpa (vendida pela Rede Energia).

Segundo uma fonte ligada ao comando da Eletrobras, a proposta de venda de participações minoritárias ainda não foi discutida formalmente entre a diretoria e o conselho de administração da empresa, mas está sendo avaliada internamente. “A Eletrobras tem participação pequena em tantas empresas que pode ser que não se justifique agora”, disse o executivo.

Existe a expectativa de que a proposta de venda de participações minoritárias seja discutida na primeira reunião do conselho de administração, na sexta-feira. A estatal confirmou a realização do encontro, mas não há informações de qual será a pauta da reunião.

O presidente da Copel, Lindolfo Zimmer, afirmou que tem interesse nos ativos de distribuição da Eletrobras, caso gerem retorno à companhia. O executivo, no entanto, acredita que a estatal não vai coloca-los à venda neste momento de reestabilização do setor. ” Distribuição faz parte do nosso “core business” [atividade principal]. Se as oportunidades acontecerem e agregarem valor, temos interesse. Tem que ter uma taxa de retorno adequada”, afirmou o executivo.

Outros potenciais interessados nas distribuidoras são a Equatorial e a J&F, que busca uma porta de entrada no setor de energia

Apesar de as distribuidoras da Eletrobras estarem localizadas no Norte e Nordeste, longe do Paraná, Zimmer afirmou que estatal paranaense tem planos de expansão para fora do seu Estado de origem. A Copel participa, por exemplo, da construção da linha de transmissão de Teles Pires e da hidrelétrica de Colíder, no Mato Grosso.

Madureira, da Eletrobras, confirmou a criação de uma nova empresa na Amazônia. A Eletrobras tem até 18 meses para cumprir a regra que determina a separação das atividades de geração, transmissão e distribuição das empresas que fazem parte do Sistema Interligado Nacional. Como Manaus faz parte do Sistema Isolado até a chegada do “linhão” de Tucuruí, a Amazonas Energia não precisava cumprir a regra até agora. Em maio, tudo muda. Segundo Madureira, apenas os ativos de geração do interior continuarão com a distribuidora Amazonas Energia.

Luis Nassif

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