Em meio a alguns tropeços, resultados trimestrais ficaram dentro das expectativas

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – Após a divulgação dos resultados financeiros referentes ao primeiro trimestre, pode-se dizer que alguns segmentos apresentaram dados acima das expectativas, embora o desempenho macroeconômico seja um fator primordial para que se possa traçar prognósticos futuros. 

“Ao longo dos últimos anos, a principal estratégia das companhias abertas brasileiras, de um modo geral, foi proteger o fluxo de caixa. Preocupadas em elevar a geração de resultado operacional, as empresas adequaram o grau de alavancagem financeira e, sobretudo, estabilizaram o nível de investimentos”, diz o analista Nataniel Cezimbra, do BB Investimentos, em relatório. “Esta estratégia, numa análise mais ampla, mostrou-se acertada em relação a maior parte das empresas, onde podemos notar excelente grau de resiliência em adaptar-se a mudanças de ambiente, bem como a condução dos seus executivos em diretrizes que culminaram em nenhuma grande ruptura de desempenho de resultados. A partir do primeiro trimestre deste ano, porém, um novo foco complementar a esta estratégia tende a predominar: preservação de margens comerciais e operacionais”. 

“Até foi um pouco de surpresa esse primeiro trimestre ter um desempenho bem favorável na média”, diz Sandra Peres, analista-chefe da corretora Coinvalores. “Na visão de alguns setores até esperávamos crescimento, mas não de todas as empresas, e acabou por mostrar que esse fator acabou acontecendo”. Entre os segmentos que apresentaram resultados melhores na visão da analista, estão energia e varejo – “setores que o mercado até aguardava números mais fracos por conta da sazonalidade e por fatores setoriais que acabaram por prejudicar o desempenho das empresas, mas que nós não vimos nesse primeiro trimestre”. 

Para Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora, alguns setores acabaram surpreendendo positivamente, como aviação (diante do bom resultado apresentado pela Embraer), bancos – “todos com resultados sólidos, embora o Banco do Brasil tenha ficado um pouco abaixo do esperado e o Santander tenha vindo fraco” – educação, em que “todas as empresas vieram acima do esperado” e geração de energia, uma vez que o excedente de energia foi vendido no mercado livre com preço de termelétrica. 

Contudo, outros segmentos não foram tão bem, como as distribuidoras de energia – que acabaram comprando energia térmica e revendendo com preço contratado, mais barato -, e as incorporadoras. Segundo Galdi, “a bolha não estourou, mas muita gente que tentou comprar imóvel na planta não conseguiu, gerando uma grande sobra no estoque de imóveis”. O segmento de siderurgia também foi citado por Sandra Peres. “As empresas acabaram mostrando desaquecimento econômico, basicamente por conta da queda das exportações”.

O que se pode esperar para o segundo trimestre

Quanto ao desempenho das empresas no segundo trimestre, ainda não existem dados mais consolidados para que se tracem prognósticos, embora algumas sinalizações possam ser percebidas. “O segundo trimestre vai ser complicado para a indústria, com montadoras dando férias coletivas devido ao estoque elevado, o que acaba batendo em siderurgia”, diz Pedro Galdi, ressaltando que “os resultados serão mais afetados pelas despesas operacionais”.

“Os números no segundo trimestre não devem vir tão fortes. Na média, podem vir em linha com o esperado. É preciso mensurar o efeito Copa, em que você tem feriados que não aconteciam, e afeta o faturamento. Fora as greves e passeatas, que também afetam o varejo”. 

Para Sandra Peres, da Coinvalores, “alguns setores que estão até para apontar algum indicador que possa mostrar segundo tri mais aquecido ou não, mas é um segundo trimestre mais atipico, tem copa do mundo que pode afetar positiva ou negativamente as empresas”, o que acaba comprometendo a análise comparativa. “Vai ficar mais complicado, mas algumas empresas dá para dizer que terão desempenho mais forte”. 

Para Nataniel Cezimbra, se as empresas anteriormente fizeram um movimento para fortalecer a robustez financeira, o que se torna primordial para a manutenção das operações é a adoção de medidas complementares de gestão mais eficaz em custos e despesas. “Isto deve decorrer devido a três pontos de atenção: nível de preços, incerteza em relação à demanda e possível pressão do mercado de trabalho”, o que deve levar as empresas a adotarem “um controle mais justo de estoques e de despesas administrativas e de pessoal”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

5 Comentários

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  1. Já a política industrial….

     

    Especialistas questionam papel de estatal na cadeiaAs notícias recentes sobre os resultados da Petrobras e o caso do investimento da estatal na refinaria de Pasadena, nos EUA, são hoje foco de preocupação nas análises de especialistas sobre as perspectivas para o setor de infraestrutura brasileiro. Em painéis relacionados às áreas naval e logística apresentados no seminário L.E.T.S – Planejamento Integrado da Infraestrutura, a estatal recebeu críticas de vários palestrantes, que questionaram seu papel na condução de projetos do pré-sal e manifestaram receio de que a crise política e institucional possa estar inibindo o andamento dos programas.

    “O problema é que a política industrial na área de petróleo está sendo construída em torno de uma única empresa, focando o fornecedor nacional para atender somente esta empresa. Isto não vai dar certo, não tem sustentabilidade”, afirmou o diretor-geral da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Eloi Fernández y Fernández. Com a crise, as dificuldades ficam ainda maiores. “Pasadena, preço da gasolina, dificuldade de fazer novos investimentos… É um momento difícil”, disse Fernández.

    “O que temos é uma empresa muito importante, que comanda a atuação na área de petróleo e gás e, de certa forma, por ter muita importância, acaba substituindo o governo, inadequadamente, em termos de política industrial”, afirmou Carlos Daher Padovezi, diretor de Operações e Negócios do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Ele ressaltou que todos os programas que estão incentivando a indústria de construção naval são determinados pela Petrobras e seguem as regras definidas pela estatal, o que acaba criando distorções que precisam ser corrigidas com a definição de uma política industrial adequada.

    Uma dessas distorções, segundo os especialistas, está no alto índice de nacionalização exigido pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), em que a estatal atua por meio da Transpetro. Conforme as regras do Promef, o índice para contratos com estaleiros é de 65% na primeira fase e de 70%, na segunda – a cada R$ 100 destinados para a construção do navio, R$ 70 devem ser obrigatoriamente gastos no Brasil. “A Petrobras vai conseguir sustentar a demanda dos estaleiros por um tempo, mas é um peso muito grande para uma empresa ter de assumir, sozinha, a ação de garantir a nacionalização”, disse Padovezi.

    Na visão de Fernández, da Onip, é inviável a indústria se desenvolver com reserva de mercado em plena economia mundial globalizada e ainda querer ter competitividade. “É uma contradição, fruto de uma não visão estratégica, e isso rebate em quase todo o processo, todas as cadeias de suprimentos.”

    Em março deste ano, com dificuldades para fechar as contratações das 146 embarcações previstas e diante de uma queda de produção de petróleo e gás – de 2,2%, em janeiro, em relação a dezembro do ano passado -, a presidente da Petrobras, Graça Foster, declarou que a nacionalização não teria preferência na estatal, em detrimento da produção. “Não é prioridade para nós nenhuma contratação que coloque em risco a nossa curva de produção. É exatamente esse óleo novo que nos dá segurança que a indústria naval, nossa fornecedora, veio para ficar e para ter conosco prestígio e a responsabilidade que é preciso ter”, afirmou.

    No evento da Fiesp, que foi realizado em São Paulo, o posicionamento foi considerado equivocado pelo diretor da Imetame Logística, Áureo Leal, e um dos palestrantes no painel sobre pré-sal e desenvolvimento portuário. “É complicado fazer planejamento ao ver uma declaração como esta, principalmente em projeto de infraestrutura – se for um terminal portuário, estamos falando de algo como R$ 600 milhões, com retorno depois de muitos anos. Esta indefinição cria uma instabilidade muito grande, pois nada impede que depois isto também mude”, afirmou o diretor da empresa, que está construindo um terminal portuário multiuso em Aracruz, no Espírito Santo, voltado para a montagem de equipamentos para a indústria de petróleo e gás.

    Para o coordenador de Infraestrutura Econômica do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Carlos da Silva Campos Neto, a preocupação maior é que algum efeito dos problemas recentes da Petrobras recaia sobre a programação dos investimentos. Segundo ele, havia uma expectativa de que fossem lançadas novas fases de programas importantes de incentivo à indústria naval, mas nos últimos anúncios feitos pela estatal estes planos não foram mais mencionados.

    Campos Neto está concluindo um livro sobre a retomada da indústria naval brasileira, para o qual fez uma série de entrevistas com técnicos da estatal em 2012. Na época, estava prevista no Programa de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio Marítimo (Prorefam) uma etapa de encomendas de 146 embarcações – concluída recentemente. Em seguida viria uma nova fase, com mais 90 embarcações, para serem fabricadas até 2016.(Por Maria Alice Rosa – Valor Econômico)

     

  2. Realmente vai mal

    Realmente a Petrobrás, a indústria naval e a economia vão muito mal das pernas, a situação é desesperadora, o grande, sério e isento jornal econômico “Valor” sabe o que diz,  como provam os números:

     

    Investimento da Petrobrás afundam

     

    Quebra do Lucro e do Patrimônio Líquido da Petrobrás:

     

    Ações da Petrobrás desabam:

     

    Indústria Naval falida:

    notícia de 27/05/2014 (clicar)

    Setor naval cresce 19,5% ao ano desde 2000

    e, notícia de 20/05/2014 (clicar)

    Transpetro vai investir R$ 11,2 bilhões até 2020 na construção de navios no país

     

    Um Tsuname de falências:

     

    A Inflação Galopante (sempre apontada nos notíciários da família mais rica do Brasil):

    A expansão descontrolada da miséria:

     

    Desemprego avassalador:

     

    Cai a participação do trabalho no PIB:

     

    Quebra da safra agrícola:

     

     

    1.  
      Este comentário refere-se

       

      Este comentário refere-se ao artigo do “Valor” mencionado no comentário do Calvin das 15:43 horas, e não ao post. relativo ao resultado trimestral.

      1. Pouco informa…

        Seus gráficos de fato mostram a queda ocorrida de 2010 para cá em vários indicadores, período do governo Dilma/TEMER.

        Quanto à Petrobrás, nem se fala, a companhia tornou-se a mais endividada do mundo e caiu de 2ª a 80ª no ranking. Até a petroleira estatal Colombiana a ultrapassou.

        No governo FHC, a companhia passou pela estruturação que permitiu chegar aonde chegou, qual seja: aumentar os investidores em 500 mil com ações na bolsa após a quebra do monopólio e a criação de “RDC” próprio para enfrentar a concorrência sem as limitações da 8.112, o que fez com que a companhia viesse a valorizar em 3 vezes o que valia no início do mandato.

        Pena que a partilha (mais do que os preços de gasolina) tenha se tornado a “put option” do pré-sal….

        Já que gosta de gráficos, veja quanto o sistema Telebrás, a Vale e a Embraer valem hoje em relação a antes da privatização. Só a Vale valorizou 3.265%…

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