Entidades se dividem quanto ao aumento da Selic

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Jornal GGN – A decisão do Banco Central de aumentar a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, de 7,50% para 8%, dividiu opiniões entre as entidades do setor produtivo. Em meio a críticas, houve quem defendesse a postura adotada pela autoridade monetária, que justificou a decisão como uma forma de “colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”

Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), “a atual política de aumento dos juros, sem contenção de gastos públicos está levando o país a patamares baixíssimos de crescimento, como o apresentado pelo PIB na tarde desta quarta-feira (29/5)”. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o avanço econômico durante o primeiro trimestre foi de 0,

Para o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o controle da inflação precisa ser feito antes por meio do corte dos gastos públicos e só depois pelo aumento taxa básica de juros. “Neste momento o governo brasileiro deveria fazer um sacrifício político e enxugar as despesas públicas para controlar a inflação. Aumentar os juros é um remédio que deve ser usado somente em último caso, porque reduz o consumo, diminui os investimentos e piora a situação das famílias endividadas”, disse

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) acredita que o aumento dos juros traz ganhos modestos contra a alta da inflação, mas impõe mais dificuldades para o setor industrial (que, segundo a entidade, encontra-se estangado) retomar o crescimento. Diante desse cenário, o aumento nos juros é considerado “ainda mais prejudicial ao setor”. “Sem uma participação expressiva da indústria, o país cresce pouco”

Na visão da CNI, a inflação alta no Brasil se origina dos elevados custos dos serviços, “setor que não sofre a concorrência das importações e repassa as altas”. Esses custos afetam fortemente a competitividade da indústria. Para a CNI, a elevação isolada dos juros não é a melhor forma de enfrentar essa equação, porque prejudica a expansão dos investimentos e dificulta o aumento da oferta

Visão semelhante é compartilhada pela Fiesp e Ciesp (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo). “Nossa previsão para este ano era de um crescimento de apenas 2,5%. Após o anúncio do PIB pífio de 0,6% no primeiro trimestre, acreditamos que a expansão da economia brasileira em 2013 será mais próxima de 2%. É preciso quebrar paradigmas, o Brasil precisa de um choque de competitividade, investimento e produção, e não da mesmice do aumento de juros”, afirmou o presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf: “Não é hora para aumento de taxa de juros”

Por outro lado, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) afirma que o Banco Central “acertou duplamente” ao aumentar a taxa de juros em 0,50 ponto percentual. Para a entidade, a medida “indicou atenção ao patamar atual e à trajetória da inflação e cautela em promover um ajuste gradual da taxa”. A aceleração do ritmo de alta é positiva porque sinaliza real preocupação com o aumento de preços. “O ajuste da Selic é a única alternativa ao banco diante da falta de austeridade na política fiscal”, diz a federação.

As medidas recentes de desoneração para alguns setores intensificaram o desequilíbrio das contas públicas e não representaram aumento do investimento e do crescimento na economia.  A expectativa da entidade é que, mantido o cenário atual, ocorra mais duas altas da taxa Selic até o fim do ano, para o patamar de 8,5%, diante uma inflação estimada para este ano entre 5,5% e 6%.

Na avaliação da FecomercioSP, “a alta dos juros é o menor dos males neste momento, ainda que o nível de atividade não apresente recuperação. O fato de o País não crescer, mesmo em cenário de queda dos juros, e apresentar inflação acima de países com juros menores é a política fiscal de má qualidade. A carga tributária elevada, não condizente com a renda per capita ou com a qualidade dos serviços públicos, reduz a capacidade de investimento”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

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