Onde mora o perigo

Do Estadão

Queda veloz na exportação assusta governo e indústria

Temor é de quebra da série de 93 meses consecutivos de superávit comercial

Após 8 anos, balança pode ter déficit

Saldo nas primeiras 3 semanas do ano é negativo (US$ 390 milhões), fato que não ocorria desde janeiro de 2001

Renée Pereira

A crise da economia mundial, aliada à escassez de crédito, acelerou de forma acentuada a queda das exportações brasileiras e acendeu um sinal de alerta na indústria e no governo. Entre agosto e dezembro do ano passado, 18 setores da economia, responsáveis por 76% das vendas externas, viram suas receitas de exportação encolher 30%, apesar da alta de 49% na cotação do dólar, revela estudo feito pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). Em volume exportado, a queda ficou na casa de 20%.

O movimento persistiu nos primeiros dias de 2009 e assustou o governo. Até a terceira semana de janeiro, o saldo da balança comercial apresentava déficit de US$ 390 milhões, fato que não ocorria no País desde janeiro de 2001. Na semana passada, até quinta-feira, o resultado acumulado havia piorado. A esperança é que o movimento desta última semana consiga compensar parte das perdas.

Mas a possibilidade de janeiro terminar com déficit aumentou. Se isso ocorrer, o País vai romper uma série 93 meses de superávits consecutivos. “Foi um susto. Esperávamos um resultado ruim, um superávit pequeno, mas não um déficit já nas primeiras semanas do ano”, destaca o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto Castro.

No período, as exportações recuaram 31% em relação a igual período de 2008 e as importações, 22%. Na avaliação de Castro, esses dados revelam um primeiro trimestre bastante complicado. Segundo as previsões da AEB, antes do resultado das primeiras semanas, as exportações brasileiras terão queda de 17,6% em 2009, para US$ 163 bilhões, e as importações de 15,7%, para US$ 146 bilhões. Apesar disso, o saldo continuará positivo, mas com recuo de 30,8%.Na opinião de Barral, o cenário para o comércio exterior brasileiro pode ficar um pouco mais claro a partir de abril e maio, quando começa a safra. Até lá, é provável que o comércio exterior tenha resultados bem piores que o resto da economia. O ministério ainda não estabeleceu uma meta para as exportações deste ano por causa dos efeitos imprevisíveis da crise, principalmente no primeiro trimestre. Por isso, o governo desenhou cinco cenários.

No melhor deles, as exportações vão atingir US$ 202 bilhões e no pior cenário, US$ 158 bilhões. O alento é que as importações também devem cair por causa da queda na atividade doméstica, afirma o economista-chefe da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), Fernando Ribeiro. O que garante o superávit anual.

Luis Nassif

24 Comentários

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  1. Muita água ainda vai pasar
    Muita água ainda vai pasar por debaixo dessa ponte antes que tenhamos uma visão mais clara do que irá acontecer. De qualquer forma,as importações,em grande parte, ainda são resultado de contratos anteriores a crise,tanto na modernização industrial,como na compra de peças e equipamentos que,com a atual cotação do dólar,começarão a ser gradativamente produzidos no Brasil.
    O mais importante,neste mommento,é o país não deixar sua economia desaquecer.É preciso manter a rota de crescimento e,ajustar a economia em movimento.
    As reservas obtidas pelo país tem de servir para estes momentos também. Não poderão somente ser lastro.

  2. Creio que provocar a forte
    Creio que provocar a forte queda do dólar no Brasil ao elevar os juros da Selic e permitir o aumento do déficit em conta corrente, mesmo diante de uma grave crise financeira internacional foi sem dúvida nenhuma o maior erro do COPOM na condução Política Monetária.

    Agora não tem jeito, é utlizar as reservas cambiais para financiar a Balança de Pagamentos e garantir a estabilidade cambial no atual patamar. E caso não se recupere u superávit comercial, estabelecer um patamar mínimo para as reservas cambiais e permiitir que o sistema de câmbio flutuante encontre a taxa de câmbio que permita o equilibrio da Balança de Pagamentos.

  3. Caro Nassif,

    E você ainda
    Caro Nassif,

    E você ainda acha que pode melhorar no começo do segundo trimestre, acerta o passo, é hora de choro, mesmo tocando chorinho.

    Essa transparência do José Paulo Kupfer, como ele diz, “o tamanhio do enrosco”, mas como você sabe, não é o fim, é queda livre e buraco negro sem fim, ainda.
    http://colunistas.ig.com.br/jpkupfer/files/2009/01/valor-de-mercado-bancos-23-01-09.pdf

    Interessante observar o poderoso “mercado” e o fraco gorveno Lula, mas finalmente estão afinados, falando a mesma converda, aquela que diz; “Me engana que eu gosto”.

    Sds,

  4. Nassif

    A situação ainda vai
    Nassif

    A situação ainda vai piorar um pouco mais. Os clientes, principalmente os europeus, estão reduzindo as compras e fazendo uma enorme pressão por redução de preços. Portanto, nossas exportações em dólares tendem ao encolhimento.

    Você há tempo vem alertando sobre este ponto e o governo o que é que faz? N A D A !!!

    Aliás, nada não. A Receita Federal quer impedir que as empresas exportadoras possam fazer compensações de créditos tributários com os débitos de tributos federais que elas tenham em suas operações.

    Isto é aumento de carga tributária para um setor essencial neste momento.

    Nassif, você ãcredita que o pagamento em dinheiro – conforme manda a lei – dos créditos tributários detidos pelas empresas exportadoras seria uma medida que possa melhorar a saúde financeira dessas empresas e permitir que elas tenham mais fôlego para manter seus clientes externos?

  5. Ainda me lembro de quando
    Ainda me lembro de quando Nassif começou a falar disso. Será que é tarde para evitar um déficit na balança ?

  6. Concordo com os comentários
    Concordo com os comentários acima.
    Nem sempre o déficit comercial é grave. Ora, um paÍs que tem uma demanda interna maior do que a capacidade de produção vai usar as importações para atender essa demanda, durante um certo tempo. Ela pode reduzir a pressão inflacionária num primeiro momento.
    Então, não se pode querer manter um superávit elevado a qualquer custo. A situação brasileira é diferente da mexicana e ainda mais da chinesa. Estamos com uma demanda interna elevada, e é normal que o superávit tenda a diminuir… o perigo é que se não houver uma política industrial que possa reverter esse quadro, tornando o país mais competitivo, todas as reservas acumuladas nos últimos anos vão se escoar pelo ralo…

  7. Por fim o Brasil caiu na
    Por fim o Brasil caiu na armadilha, mais uma vez, e desta vez nao foi por falta de aviso, foi no minimo por incompetencia e irreponsabilidade por parte da area economica do governo.
    Vamos agora usar as tais reservas para financiar o deficit em conta corrente. E por quanto tempo? 3 anos, 4 anos? Sabe-se que parte dos recursos que gerou esta reserva esta aplicado em titulos da divida publica em Reais. E se parte deste dinheiro comecar a ir embora? As reservas vao durar menos tempo ainda. Com a perspectiva do Real se depreciar a demanda por hedge cambial vai aumentar. E neste cenario quem seria louco para ficar vendido em USD? Votorantin/Aracruz/Sadia ja tiveram a sua cota. Marka e Fonte/Cindam nao existem mais. Ah, sim ,o Bacen ou o Tesouro.

  8. Eu sinto falta de um debate
    Eu sinto falta de um debate mais detalhado sobre o problema do modelo atual de intermediação financeira e da atividade econômica com crescimento sustentado pelo crédito/endividamento.

    Li hoje (domingo) no New York Times – que pediu uma ajudazinha pro Slim – um artigo sobre as intenções de Obama na seara da regulação do sistema financeiro.

    Tudo meio óbvio e inócuo, sem qualquer proposta que realmente ataque o problema da emissão de moeda escritural pelos bancos…Nem tocam na alavancagem no sistema atual, o que dizer numa mudança no papel dos bancos, de criadores de moeda para intermediários, gestores de recursos de terceiros.

    É só aquele papinho cansativo das auditorias e agências de risco – que já deviam ter sido exemplarmente punidas há muito tempo – e coisas rídiculas em sua relevância, como a questão dos bônus para os executivos das IFs

    O debate se empobreceu rapidamente. No começo, estávamos a discutir a possibilidade de uma moeda internacional, de substituição do dólar. Estávamos a vislumbrar uma profunda mudança no modelo de sistema financeiro.

    Entretanto, com a situação se deteriorando e a depressão, não mais a mera recessão, se tornando cada vez mais provável, rapidamente a coisa voltou ao “business as usual”… É essa falta de aptidão para de fato lidar com o que releva que me assusta mais.

    Capacidade propositiva nula… Muito perigoso isso…

  9. Aqui do Alto Xingu, os índios
    Aqui do Alto Xingu, os índios lembram que os sistemas financeiros dos Estados Unidos da América e do Reino Unido estão praticamente falidos e que os respectivos governos correm altíssimo risco ao tentarem socializar os prejuízos privados por meio de vertiginoso aumento da dívida pública.

    Poderão defrontar problemas no financiamento dessa dívida: investidores preocupados poderão começar a se desfazer de dólar e libra, os spreads sobre os títulos dos governos poderão aumentar vertiginosamente, as agências de risco poderão elevar o risco de crédito dos respectivos governos, as perdas de capital com a depreciação das moedas poderão adicionalmente afastar ainda mais os investidores, tudo isso concorrendo para aumentar ainda mais o custo do financiamento das respectivas dívidas públicas, por si já muito elevadas.

    Resultado: o pior dos mundos: pode estourar uma crise de financiamento. O impacto desse evento será devastador em todo o mundo. Não tenham dúvidas. Caso isso ocorra, os efeitos sobre a depressão mundial serão imensos. O ocorrido até aqui com nossas exportações serão comparáveis a contos de fada. Ainda estamos no melhor dos mundos, mas, podem se preparar para o pior. Tudo o que os índios alertaram no meses recentes aconteceu, em alguns caso até de forma pior.

    Enquanto isso, os índios dedicam-se à reflexão. Estão lendo pela segunda vez “Contra a Corrente: Ensaios sobre a democracia e o socialismo” e “Intervenções: O marxismo na batalha das idéias”, do Carlos Nelson Coutinho (ambos da Cortez Editora).

    Em seguida, os índios acabarão a leitura do monumental “Memoirs of a Revolutionary”, do inesquecível e íntegro Victor Serge, e depois iniciarão o exame atento do “The Economics of Global Turbulence”, de Robert Brenner, tudo isso enquanto esperam a cregada do “Smoke & Mirrors, Inc.: Accounting for Capitalism”, de
    Nicolas Véron

  10. Da Agência Estado divulgado
    Da Agência Estado divulgado pelo Último Segundo
    http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/01/25/tok++stok+e+vitima+dos+derivativos+3605902.html

    SÃO PAULO – A Tok & Stok, uma das maiores redes de lojas de móveis e acessórios para casa do País, procurou à Justiça para tentar escapar de um prejuízo milionário com operações de derivativos. A empresa, que tem faturamento bruto de R$ 700 milhões no ano passado, 27 lojas no Brasil e planos de abrir o capital no futuro, questiona uma dívida que pode chegar a R$ 55 milhões com o Itaú BBA decorrente dos contratos com derivativos de câmbio.

    A origem dos prejuízos são três financiamentos, no valor total de R$ 29,3 milhões. Para reduzir os juros cobrados da Tok & Stok, o Itaú BBA montou operações que associavam os empréstimos a apostas na queda do dólar no mercado futuro, os tais derivativos cambiais.

    Como esse cenário parecia altamente improvável até setembro – no começo de agosto, o dólar estava a R$ 1,56 – os derivativos cambiais tornaram-se um negócio irresistível para muitos empresários…….

    ……Na tentativa de derrubar a dívida nos tribunais, os advogados da Tok & Stok afirmam que a empresa não foi devidamente advertida sobre os riscos da operação. Alegam também que os contratos foram assinados por executivos que não teriam poderes para tanto, sem o conhecimento dos donos da empresa e pedem ao juiz a anulação dos contratos.

    Em sua contestação, o Itaú BBA afirma que a Tok & Stok sabia o que estava fazendo e possui documentos e gravações de conversas entre funcionários da empresa e do banco para comprovar. Procurados, Tok & Stok e Itaú BBA não quiseram se pronunciar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

  11. Da Agência
    Da Agência Brasil
    http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/01/22/materia.2009-01-22.8536282879/view

    Ministro aponta exportações como saída para indústria de base brasileira
    Luciana Lima Repórter da Agência Brasil

    Brasília – A exportação pode ser uma saída importante para setores prejudicados pelos efeitos da crise financeira mundial no Brasil, na opinião do ministro do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. Ele citou dois segmentos – o de máquinas e equipamentos e o de autopeças – que vêm enfrentando dificuldades nos últimos meses devido à reversão de expectativa de investimentos das indústrias.
    “A exportação para esses setores não é a solução, mas é uma saída importante no momento atual”, destacou o ministro. ………….

    ………..Para ele, hoje, o cenário internacional é difícil, mas representa uma oportunidade para o Brasil se fortalecer como exportador de alimentos, principalmente. “Os setores em que vamos nos firmar são os mesmos nos quais já somos fortes, como o de agronegócios e o de alimentos. Nesses setores, temos oportunidade de aumentar as exportações, de nos fortalecer.”

  12. Da Agência Brasil 23 de
    Da Agência Brasil 23 de Janeiro de 2009 – 20p6 – Última modificação em 23 de Janeiro de 2009 – 20p6
    http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/01/23/materia.2009-01-23.2283888261/view

    Caráter conservador da política econômica não permite que Brasil estatize crédito, diz Belluzzo
    Luciana Lima Repórter da Agência Brasil

    Brasília – O economista Luiz Gonzaga Belluzzo afirmou hoje (23) que a idéia de estatizar a concessão de crédito no Brasil poderia ter o efeito de romper um ciclo de desaceleração da economia. No entanto, Belluzo não acredita que o governo brasileiro adote esse tipo de medida pelo caráter conservador que tem marcado a política econômica do país………..
    ………A idéia é usar o Banco Central como provedor de liquidez para o sistema financeiro. O Banco Central é que atuaria como “emprestador” de dinheiro e a rede bancária funcionaria apenas para repassar esses recursos, seguindo as regras determinas pelo BC.

    “Mas não acho que isso seria implantado no Brasil, que tem um comportamento muito conservador na condução da política econômica. Há temor até de dizer as coisas, de falar das idéias, de dizer as palavras”, disse o economista, que classificou a perplexidade diante da idéia como “ataque de caipirice”.

    A idéia de um controle estatal sobre a oferta de crédito vem sendo adotada em outros países, inclusive nos Estados Unidos, como forma de garantir a oferta e minimizar os efeitos da crise financeira mundial. “É claro que a situação dos bancos norte-americanos, com US$ 4 trilhões de ativos podres prestes a vir à tona, é muito pior que a dos bancos brasileiros. Mas não podemos ter os olhos fechados para as discussões que estão ocorrendo em todo mundo”, destacou.

    Para Belluzzo, o conservadorismo brasileiro pode ser um fator prejudicial na busca de alternativas para solucionar problemas advindos da crise financeira mundial: “Nenhuma economia funciona sem crédito e é preciso resolver isso.”……………..

  13. Da Agência Brasil 23 de
    Da Agência Brasil 23 de Janeiro de 2009 – 20p6 – Última modificação em 23 de Janeiro de 2009 – 20p6
    http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/01/23/materia.2009-01-23.2283888261/view

    Caráter conservador da política econômica não permite que Brasil estatize crédito, diz Belluzzo
    Luciana Lima Repórter da Agência Brasil

    ……….Já o economista José Luís Oureiro, professor da Universidade de Brasília (UnB), acredita que a idéia de controle estatal do crédito só poderia ser adotada quando todos os esforços para expansão do crédito tiverem sido adotados.

    “Esse tipo de medida é inconsistente, porque implica aumento de liquidez e isso não é compatível com um cenário de juros altos, como ocorre no Brasil. Ou seja, o Banco Central não pode fazer duas coisas ao mesmo tempo. Sou favorável à expansão do crédito, mas com redução de juros.

    Nos Estados Unidos a taxa de juros adotada pelo Federal Reserve (FED – o Banco Central americano) é zero. “Uma medida dessas só se faz quando a autoridade monetária já fez tudo o que se podia fazer para expandir o crédito, já baixou os juros ao máximo. Quando se chega nesse ponto, estatizar o crédito é a única coisa que se pode fazer”, considerou.

    Para Oureiro, que faz parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão consultivo da Presidência da República, o governo brasileiro ainda tem um largo campo para agir com o objetivo de expandir o crédito. Ele defende que o governo use mais os bancos públicos.

    “Da mesma forma que o governo fez um aporte de recursos de R$ 100 bilhões para o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social],
    poderia fazer para o Banco do Brasil e para a Caixa Econômica Federal. Poderiam ser aportes menores, de R$ 50 bilhões para o Banco do Brasil e de R$ 30 bilhões para a Caixa Econômica .
    Tenho certeza de que, se o governo fizesse isso, os bancos privados iriam acabar fazendo o mesmo, com medo de perder mercado”, afirmou .

  14. Da Agência Brasil 23 de
    Da Agência Brasil 23 de Janeiro de 2009 – 20p6 – Última modificação em 23 de Janeiro de 2009 – 20p6
    http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/01/23/materia.2009-01-23.2283888261/view

    Caráter conservador da política econômica não permite que Brasil estatize crédito, diz Belluzzo
    Luciana Lima Repórter da Agência Brasil

    ……………………Já o economista Salomão Quadros, professor da Fundação Getulio Vargas, não vê com bons olhos a possibilidade de o governo assumir por completo a responsabilidade, mesmo que temporária, pela oferta de crédito em um momento de crise, como o atual. O perigo, de acordo com Quadros, é que as concessões de crédito desconsiderem os fatores de risco.

    “Se o banco privado tem dinheiro para emprestar e avalia que não deve, há uma avaliação de risco, que pode ser conservadora, mas que pode ter razão de existir. É inegável que há empresas e pessoas que não estão em condições de contrair empréstimos neste momento. A hora não é essa porque não há demanda, a produção caiu. É preciso saber que o que não se pode fazer com o capital privado, também não se pode fazer com o público”, destacou.

    Na opinião de Quadros, para conter os efeitos da crise, o governo deve continuar trabalhando com as medidas de redução e isenção de impostos para os setores mais prejudicados, como foi o caso do automobilístico, e investindo na construção de infra-estrutura.

    “O Brasil possui gargalos que ainda não foram superados. Eles continuam existindo, só que ninguém fala deles agora porque estamos em um período de produção baixa. Quando a crise passar e a produção for retomada, vai bater no gargalo de novo. Investir na construção de rodovias, ferrovias, na renovação da matriz energética é uma caminho importante, além de representar um bom uso do dinheiro público”,afirmou Quadros.

  15. Estava na cara que a formação
    Estava na cara que a formação dos 200 bilhoes de reservas via captação da dolares pela taxa Selic era artificial e desnecessária, pois inundou o Brasil de doláres, bombardeando as exportações brasileiras, provocado um déficit comercial que afinal chegou. Mas não foi a primeira vez que isso aconteceu. Na época do real igual ao dolar aconteceu a mesma coisa. Só que nas vezes anteriores era só arrumar a taxa cambial através duma maxi que as exportações se ajeitavam. A diferença agora é que não temos pra quem vender pois todo mundo está quebrado. Alem disso, a pressão que o BC está sofrendo para reduzir a taxa Selic, irá afetar em cheio a captação de dolares. Resumindo, sem exportações e sem pagar os maiores juros do mundo, os 200 bi (será que ainda existem?) poderão virar pó em poucos meses.

  16. Não seria o caso de deixar o
    Não seria o caso de deixar o dolar subir para do patamar de R$ 2,30 para o de R$ 3,00???

    Isso não daria uma equilibrada na balança comercial e economizaria nossas reservas, e tambem desestimularia a importação ao mesmo passo que iria tornar nossos produtos mais baratos lá fora?

    Se bem que quanto a importação, com essa queda violenta dos preços dos produtos lá fora, esse possivel aumento do dolar apenas compenssaria…

  17. Roberto São Paulo,
    Embora
    Roberto São Paulo,
    Embora tenha sido favorável à maioria dos seus comentários, observo que ultimamente você incorporou o mantra do Luis Nassif de que o grande problema brasileiro decorreu da política de juro alto do Banco Central. O que não me surpreende não é essa opinião, mas o fato de que ela cada vez mais vem expressa em um alto grau de convicção e certeza que eu percebia com muito freqüência nos textos do antigo blogueiro “Economista” e depois em “Marcio Penedo” e as vezes em um ou outro defensor de modelos caducos de política econômica.
    Nos três comentários que indicarei a seguir e que foram enviados aqui para o blog do Luis Nassif, eu procurei mostrar como no passado as pessoas cometeram erros usando a mesma crítica que você faz agora. Os comentários formam enviados para o texto de Andre Araujo intitulado “Os EUA de perto” de 10/01/2009 às 09:27, no endereço:
    (http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/01/10/os-eua-de-perto/#comments);
    para matéria da BBC “Lula foi complacente com a crise global, diz ‘FT’” que saiu aqui no blog na chamada denominada “A complacência com derivativos” de 09/01/2009 às 10:48 no endereço:
    (http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/01/09/a-complacencia-com-derivativos/) e para o texto de João da Rocha, intitulado “O guardião do mercado” de 08/01/2009 às 11:19, no endereço:
    (http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/01/08/o-guardiao-do-mercado/).
    Recentemente encontrei um excelente comentário do Índio Tupi que ele enviou aqui para o blog do Luis Nassif junto à chamada “A estatização do crédito” de 23/01/2009, às 09:45, encontrada no endereço: (http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/01/23/a-estatizacao-do-credito/) e que tratava da proposta de Luiz Gonzaga Belluzzo apresentada em entrevista ao Estadão propondo a estatização do crédito. O texto do Índio Tupi é tão bom que bem merecia que o Luis Nassif o transformasse em chamada para maiores discussões. Sem a mesma certeza sua e sem a mesma cantilena, ele traz como um dos grandes problemas recentes na economia a questão da liberação do fluxo cambial. Será que esse problema não deveria ser aquele para o qual você com todo o conhecimento que tem deveria voltar-se para análise?
    Em relação a sua certeza sobre o erro do Banco Central que argumentos você traria para contraditar a opinião contrária que diz que a grande sorte do Brasil foi ter, a partir do segundo semestre de 2007, possibilitado uma aguda valorização do real, transformando o crescimento, até então puxado essencialmente pelo mercado externo, para um crescimento puxado pelo mercado interno e, com o advento da crise, ao não interferir na desvalorização do real, permitido que o país volte a crescer induzido pelas exportações que crescerão em reais se se conseguir que o real permaneça desvalorizado?
    A transformação do saldo em déficit no comércio exterior em janeiro apenas demonstram que a economia brasileira não caiu tanto como alguns insistem em dizer e que as exportações ainda não recuperaram parte dos mercados perdidos com a valorização do real e, além disso, voltou a ter a antiga tendência que se observava em janeiro e fevereiro de queda nas exportações.
    Insisto que só a partir de março teremos condições de avaliar todos os efeitos da crise mundial – alias nela o Banco Central pouco poderia intervir – pois saberemos aproximadamente como a economia estará se movimentando e saberemos através dos números do PIB como a economia foi afetada no 4º trimestre de 2008.
    PS. Antes de enviar esse email observei a tela de frente do blog e pude ver que o Luis Nassif também teve a percepção do excelente comentário do Indio Tupi a que eu me referi como importante para ser transformado em chamada do site e o transformou em chamada com o título de “Os modelos financeiros globais” de 23/01/2009 às 16:00.
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 25/01/2009

  18. Creio que o crescimento do
    Creio que o crescimento do PIB no Brasil nos últimos anos se deve a vários fatores, e sua sua consolidação depende de um ajuste definitivo dos juros da Selic, que aliás já deveria ter sido realizado em 2007.

    A forte valorização do dólar em 2002, com a não renegociação da dívida pública interna e externa, permitiu uma maior competitividades das exportações brasileiras já a partir de 2003 e o ajuste das contas externas e a forte redução da dívida pública em relação ao PIB.

    A distribuição de renda com a ampliação das políticas socias, os aumentos do salário mínimo, o crédito consignado, os incentivos à construção civil e alongamento dos prazos de financiamento permitiram o fortalecimento do mercado interno.

    O aumento da produção de petróleo, gás natural, álcool combustíveis e Biodiesel, combinado com o expressivo aumento da demanda mundial por minério de ferro, soja, milho alta liquiez internacional.

    O ajuste das contas externas e a forte redução da dívida pública em relação ao PIB.

    A aumento do ritmo de crescimento do PIB em 2007, 2008 é resultado da consolidação deste processo e não da continuidade da queda do dólar no Brasil em 2007 e 2008,

    Só para lembrar que o COPOM interrompeu a queda de juros da Selic em 17/10/2007, quando o FED já havia iniciado o movimento de queda dos juros americanos.

  19. E tem outra coisa, a forte
    E tem outra coisa, a forte queda do dólar promovida pelo COPOM díminui o ritmo de crescimento do PIB do Brasil, ao diminuir os volumes das exportações de manufaturados, aumentar as importações o que impediu o aumentos de produção de alguns setores da indústria, como plástico, calçados e texteis.

  20. Apesar das previsões
    Apesar das previsões catastróficas, ainda acredito que passaremos bem pela crise internacional. Nossos grandes exportadores que aparentemente estão sofrendo horrores, ainda vão apresentar altos lucros. Aguardemos a tão prejudicada e combalida Vale apresentar seu resultado do terceiro trimestre. Vamos ver apenas quantos bilhões ela terá lucrado. E a Petrobras, que continua vendendo combustível a preço de US$ 140 o barril de petróleo. Vamos ver mais quantos bilhões de lucro. O importante é que o Brasil descobriu que o mercado interno é muito forte, e que existia uma demanda reprimida enorme. Essa demanda interna é que vai segurar um pouco a economia. O problema é o terror constante nos meios de comunicação. E qual o problema para as enormes reservas se tivermos um ano negativo na balança comercial ou no balanço de pagamentos? Pois não é exatamente este o objetivo de se ter uma reserva tão grande, para servir de colchão nos momentos de crise? Problemas teremos, mas da forma que estão alardeando, duvido muito. Acredito que teremos um crescimento ainda razoável, com lucros ainda consideráveis em praticamente todos os setores, com alto nível de emprego e renda estável.

  21. O que o COPOM deveria ter
    O que o COPOM deveria ter feito em 2007, era controlar o crescimento do crédito, com o aumento do compulsório e pedindo para a Fazenda aumentar o IOF.

    Creio que a trajetória de queda do dólar no Brasil sustentada pela política de juros altos do COPOM, permitiu o aumento dos financiamentos externos, o que contrubui para o forte aumento da expansão do crédito no Brasil.

  22. Roberto São Paulo,
    Eu já
    Roberto São Paulo,
    Eu já solicitei ao Luis Nassif para lançar uma discussão mais ampla sobre as opções entre desenvolvimento econômico puxado pelo mercado externo e aquele puxado pelo mercado interno. Os textos que mencionei no comentário anterior ajudam a entender minha posição. Eu creio que os dois modelos são excludentes, embora eles estejam em uma mesma linha, pois no centro não há nem um nem outro. Cada modelo, entretanto, pode ser extremado, ou radicalizado.
    Sou leigo e, portanto, tenho certa dificuldade em apresentar argumentos técnicos para analisar a trajetória econômica do Brasil com precisão. De todo modo, a forte expansão do crédito é facilmente identificável como uma característica do desenvolvimento puxado pelo mercado interno. Sou contra isso, mas avalio que, após o surgimento da crise do subprime em 2007, o Brasil acertou em adotar a política de expansão do crédito. A solução daqui para frente deverá observar que tipo de desenvolvimento deve ser o escolhido. Considero que temos todas as condições favoráveis para o crescimento puxado pelo mercado externo. E para quem é de esquerda não há porque ficar preocupado com a adoção dessa alternativa pelos efeitos danosos às camadas mais pobres se se sabe que esse governo dá grande prioridade em amenizar esses efeitos.
    Fiz um comentário também para o artigo sobre a China e o esforço daquele país em reforçar o consumo interno (“A macroeconomia dos gastos sociais” de 23/01/2009 às 10:44 encontrado no endereço (http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/01/23/a-macroeconomia-dos-gastos-sociais/#comments)) que também ajuda a esclarecer minha opinião. Assim como o modelo anterior Chinês, nós não temos que copiar o novo. Na verdade é a China que está nos copiando. Antes eles radicalizaram no modelo de crescimento puxado pelo mercado externo. Agora ele está apenas reduzindo essa radicalização. Nós devemos apenas voltar ao estágio pré 2007, que era o modelo pelo mercado externo sem a radicalização chinesa anterior.
    Clever Mendes de Oliveira
    BH, 2601/2009

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