Para analistas, 2015 na bolsa de valores será tão difícil como foi 2014

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Jornal GGN – Em linhas gerais, pode-se dizer que o ano de 2014 foi marcado pela volatilidade da bolsa de valores, em um período marcado por uma série de eventos históricos no Brasil e pelos diversos acontecimentos no exterior que acabaram afetando os negócios.

“Tivemos as eleições mais acirradas desde a redemocratização e a Copa, que são eventos que também mexem com a economia real – a Copa tem efeito direto no emprego, e as eleições definem diretrizes futuras. Boa parte do que vimos ficou em torno de tais eventos”, explica Bruno Piagentini, analista da corretora Coinvalores, ressaltando ainda os contratempos envolvendo a Petrobras e as diversas mudanças no mercado internacional. “É importante traçar um plano de fundo para 2015 e adiante. 2014 teve fim de ciclo, o aumento da inflação traz impactos a médio e longo prazos caso as condições sejam mantidas, com queda do PIB (Produto Interno Bruto) potencial. Diante das mudanças em andamento, espera-se que 2015 tenha tendência que variáveis mudem”.

Olhando para o futuro, Daniela Martins, da corretora Concórdia, acredita que o ano de 2015 será difícil como 2014, em um cenário de ajustes. “Devido à desaceleração da economia, com alta de juros, dólar valorizando, a gente ainda tá vendo que ano vai ser bem difícil. A gente não projeta números, e acreditamos que vai ser mais um ano de volatilidade”. Para ela, o cenário deve ser favorável para o setor de bancos, “que vem se destacando devido à alta dos juros. Eles também estão concedendo crédito para carteiras de menor risco, e apresentando queda da taxa de inadimplência”. Outros setores que devem se favorecer são alimentos – “vão ser beneficiados pela exportação, diante da grande demanda por carne em países emergentes, e o câmbio elevado fortalece” – e o consumo, “mais favorável para alimentar que eletrônicos”, diz a analista.

“Olhando para setores, temos um ano difícil, ano que vai precisar de alguns ajustes que devem acontecer. E quando relacionamos esse ajuste com condições da economia externa, que devem continuar pressionando preços de petróleo, minério de ferro e que trazem pressão para alguns setores específicos da bolsa”, diz Piagentini. Diante disso, ele acredita que poucos setores devem ter desempenho acima da média em 2015, como educação, bancos e infraestrutura. “No mais, os outros setores acabam sofrendo por questões ligadas a dinâmica de alta dos juros nos EUA e menor crescimento chinês, e o ajuste que deve acontecer na nossa economia em 2015”.

Setor de energia deve ser visto com cautela

Na avaliação dos analistas, um dos setores que deve ser acompanhado com maior atenção em 2015 é o de energia (geração, transmissão e distribuição). Antes considerado um porto seguro pelos investidores diante dos dividendos pagos, as questões envolvendo seca prolongada e as sucessivas intervenções federais geram um efeito em cadeia entre as áreas de atuação, e levaram os analistas a acenderem o sinal vermelho com relação ao setor.

“Antes era um setor previsível que pagava bons proventos, mas desde 2012 tem sido alvo de muitas modificações”, diz Bruno Piagentini, da Coinvalores. “Com a intervenção do estado mudando regras e cenário hidrológico em 2014, é muito risco assumir que hidrologia será boa e medidas serão tomadas a favor, então é melhor tomar cuidado – ainda que os fundamentos do segmento de transmissão sejam mais tranquilos porque não dependem de volume, mesmo assim pode ser alvo de medida do gênero”.

Para Daniela Martins, da Concórdia, o setor de construção civil também deve ser alvo de uma análise mais criteriosa. “O aumento de estoques das empresas e a queda da demanda, e também com o cenário de alta dos juros e bancos mais receosos na hora de conceder financiamento, a gente acompanha com cautela”. Outras áreas citadas pela analista são telecomunicações – “as empresas estão bem, mas a consolidação do setor gerou volatilidade nos últimos meses, se vai haver fusão ou não, pode haver uma volatilidade maior” – e mineração, devido à variação do preço do minério de ferro no mercado internacional. A analista também coloca o setor de saneamento como um dos que merecem cuidado, diante da possibilidade de racionamento de água.

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

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  1. Nossa Nassif
    Tive a impressão

    Nossa Nassif

    Tive a impressão de estar assistindo a Globonews.

    Com todo este pessimismo, melhor fazer que nem avestruz.

  2. Bolsas 2015

    Nassif,

    Mercados de valores internacionais sofrendo influência direta do preço abaixo de U$ 60 do barril de petróleo; a baderna que domina a zona da eurozona, agora mesmo enfrentando a situação da Grécia, pronta prá dar um calote nos credores; a economia americana com tendência a fraquejar, também em função dos múltiplos efeitos causados pelo petróleo, e como é que alguém pode imaginar um bom ano para as bolsas mundiais ?

    O mercado de commodities pode oferecer oportunidade de ganhos, em função de algumas aparentes distorções, e por aqui a atual tendência de neutralidade ( +/- 2,00% aa em 2014) poderá se manter, em função dos acontecimentos externos. 

    Bacana é ler o prá lá de suspeito FT chamando a Petrobras de vergonha nacional e prevendo calote técnico da petroleira. Isto quer dizer que DRousseff está no caminho certo. E a diretoria e grupos de funcionários, calados como sempre.

  3. Sabe o que isso significa? Nada…

    Como analistas de Bolsas são especialisados em analisar o passado, é óbvio que eles não tem a mais P idéia do que acontecerá em 2015. Hora de comprar…

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