Cessar-fogo está distante e Ucrânia fala em aliança militar mais forte do que a OTAN

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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"Queremos acabar com esta guerra com uma nova aliança, tão poderosa que será capaz de parar a Rússia se ela quiser atacar alguém novamente"

Presidente ucraniano fez discurso apelando por mais apoio militar dos EUA – Foto: Reprodução NDTV

A Ucrânia não está adepta a aceitar a neutralidade com mudança constitucional proposta pela Rússia.

Na contramão do que divulgou a imprensa norte-americana e britânica, de que um acordo de cessar-fogo estava próximo de ocorrer, as declarações oficiais do gabinete de Volodymyr Zelensky são de que o país quer construir uma grande aliança militar, ainda maior do que a OTAN, contra a Rússia.

“Sabemos que [Vladimir] Putin só pode ser detido pela força. A OTAN não tem essa força. Em nossa opinião, esta é uma organização cuja principal atividade é organizar cúpulas onde os generais mostram que são legais… Então queremos acabar com esta guerra com uma nova aliança, tão poderosa que será capaz de parar a Rússia se ela quiser atacar alguém novamente.”

A frase foi feita por Mykhailo Podolyak, conselheiro do Gabinete do Presidente da Ucrânia, em entrevista ao jornal polonês Wiadomości.

Se colocar fim à guerra significa para a Rússia que a Ucrânia ceda a um marco constitucional de neutralidade e impedir que o país receba apoio militar em uma possível futura guerra contra a Rússia, o que está longe de ocorrer, conforme já antecipou o GGN, para a Ucrânia, os planos indicam ser mais graves.

Ao contrário das intenções pacíficas indicadas pelo noticiário internacional sobre o presidente ucraniano, a entrevista concedida pelo chefe do gabinete de Zelensky mostra que, para a Ucrânia, o fim da guerra contempla a criação de uma grande aliança militar, ainda superior à OTAN, entre países que se definiram aliados à Ucrânia, contra as forças de Putin.

As declarações do presidente ucraniano nesta semana de que o país não irá aderir à OTAN não significa neutralidade, como de forma otimista manchetou o noticiário internacional, e conforme detalhamos aqui.

Entretanto, questionado sobre o que significaria a neutralidade pelo periódico polonês Wiadomości, o funcionário do presidente respondeu: “O que importa para nós não é status [de neutralidade], mas aliados que estão realmente prontos para lutar ao nosso lado. A invasão da Ucrânia mostrou que toda a arquitetura da segurança europeia deve ser reconsiderada.”

Ainda, segundo ele, essa aliança seria diferente do Memorando de Budapeste, mas seria vigente em forma de tratado internacional, em um documento que uniria as forças de segurança de “toda a Europa”, relatou.

Essa proposta teria sido apresentada ao primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, ao primeiro-ministro da República Tcheca, Petr Fiala, e ao primeiro-ministro da Eslovênia, Janez Janša, em encontro nesta terça-feira (15).

Nesse sentido, a falta de consenso e a oposição das petições de ambos os países distanciam um prazo para o cessar-fogo, como antecipamos.

Em outra entrevista ao veículo polonês, o assessor da Presidência da Ucrânia, Oleksiy Arestovych, foi questionado sobre quando a guerra terminaria: “Acho que até maio, no início de maio, devemos chegar a um acordo de paz.”

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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