Congresso quer esperar decisão do STF para avaliar CPI sobre Moro

Oposição quer aguardar desgaste maior do ministro e da Lava Jato para garantir instalação de comissão investigadora

Jornal GGN – Foram quase nove horas de depoimento do ministro Sérgio Moro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e a avaliação dos parlamentares da oposição é que não é hora para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a acusação de parcialidade que pesa contra o ex-juiz da Lava Jato.

As informações são da Folha de S.Paulo. O jornal afirma que conversou com senadores que estão à frente da articulação de uma CPI. A avaliação, até agora, é que Moro e a Lava Jato ainda tem no Senado um grupo em número suficiente para blindá-lo.

Um exemplo disso é o próprio presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Ele disse em uma reunião de líderes na terça-feira (18) que não está disposto a dar seguimento a uma CPI contra Moro.

Uma ala da oposição considerou, ainda, que a audiência de Moro na CCJ serviu de palanque à tese do ministro da Justiça, de que foi atacado por um grupo criminoso de hackers e que suas mensagens foram manipuladas.

O fato é que o cenário não está fechado. Uma das estratégias dos parlamentares da oposição é esperar o enfraquecimento maior da figura de Moro, o que está em curso, e deve continuar no ritmo da série de reportagens do Intercept, que ainda publicará novos materiais. Eles aguardam ainda pela sabatina do procurador e coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol.

Como Moro se defendeu

Durante toda a sabatina, Moro tratou as trocas de conversas entre ele e procuradores da Lava Jato como algo normal e centrou a maior parte das suas respostas no vazamento dos diálogos, segundo ele, feita por “um grande grupo de criminosos”.

No Brasil, assim como na maioria dos países, a Justiça Criminal funciona a partir funções independentes de três órgãos: a Polícia investiga, o Ministério Público acusa e o Judiciário julga. O que se mostrou nas conversas publicadas pelo Intercept, é que o judiciário (Sérgio Moro) atuou junto com o Ministério Público colaborando diretamente na montagem da peça de acusação, inclusive dando dicas de testemunhas.

“Aqui não se trata de ser contra ou a favor da Lava Jato. É elementar, no processo penal, o princípio da isonomia ou da paridade entre as partes”, disse o senador Fábio Contarato (Rede-ES) durante a audiência para Moro. Contarato é um dos parlamentares que sempre defenderam a operação.

“Fico imaginando se fosse eu, delegado, que mantivesse contato pelo WhatsApp com o advogado do indiciado contra quem instaurei um inquérito e isso chegasse ao conhecimento do titular da ação penal, o Ministério Público (MP), e do Judiciário. Acho que eu sairia preso da delegacia”, provocou o parlamentar, que é delegado de polícia há 27 anos.

Apesar de não ter negado a troca de mensagens, admitindo que poderia ter escrito, Moro questionou de parte autenticidade delas.

Quando questionado pelos parlamentares se autorizava o Telegram a liberar o arquivo das conversas, Moro simplesmente não respondeu diretamente se sim ou não. O que ele disse foi que a troca de conversas não existem mais porque ele parou de usar o aplicativo em 2017.

Moro também foi perguntado se pediria para o procurador Deltan Dallagnol para entregar o celular à perícia. Ele também não respondeu a essa pergunta. Desde o início das reportagens do Intercept, Dallagnol não entrou o celular à Polícia Federal para uma perícia, apesar de acusar que os diálogos divulgados pelo site foram manipulados.

Um detalhe importante, é que a PF é subordinada à pasta da Justiça, sobre o comando de Moro. Durante a audiência, ele também não explicou como a PF poderá mapear se todas as conversas divulgadas são reais ou se houve alguma modificação.

E, apesar de o tempo todo dizer que as conversas foram vazadas após ataques de hackers e que foi alvo de um grupo criminoso organizado, o ministro disse que ele mesmo não tem acesso a investigação da PF porque “é sigilosa”.

*Com informações da Folha de S.Paulo e do Brasil de Fato

Leia também: Lava Jato nasceu de uma inédita triangulação na Justiça Criminal, por Rogério Arantes

Redação

5 Comentários

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  1. Acredito fortemente que Gleen Greenwald deu a cara a tapa por absoluta falta de saco com os órgãos que tinham a obrigação de impedir o sr. Moro e o trf4 no que se referisse ao processo/perseguição movido contra Lula.
    Afinal, após a escuta e divulgação criminosa, sempe em conluio com a globo, de contatos telefonicos entre a presidenta da república com um potencial ministro, no caso Lula, após o sr. Moro e

    1. Continuando…
      … “apos o sr. Moro e” um integrante do trf4 interromperem bruscamente suas férias no exterior para interferir na decisão de um desembargador que em pleno exercício de sua função decidiu pela liberdade de Lula, tudo emoldurado com a foto do sr. Moro confraternizando pós-impeachment como estivesse num bar de esquina com o ex-senador Aecio, porta-voz de fhc e do psdb e ainda solto sabe la Deus porque.
      Ante todas estas evidências de parcialidade configurou-se em curitiba um tribunal de exceção que visava unicamente criminalizar Lula e o PT, e os órgãos que deveriam assumir seu lugar na história se acovardaram, obrigando um corajoso jornalista a assumir o protagonismo colocando sua cabeça a prêmio, o que representa um grande risco neste país sem lei.

  2. Quer dizer que o Dalagnoll só entregará o celular para a perícia se quiser? Foi ass c LULA e seus parentes? Para os procuradores messiânicos não existe busca e apreensão ou condição coercitiva? Haja imparcialidade!

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