“As instituições estão aí, funcionando mal e porcamente”, diz novo ministro da Educação

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – Em setembro passado, durante uma aula magna numa faculdade do Paraná, o novo ministro da Educação Ricardo Vélez Rodriguez disse que “nos últimos 30 anos” as escolas públicas do País foram dominadas pelo pensamento do “setor gramsciano do PT”. Antes da chegada de Jair Bolsonaro ao poder, as escolas tinham “pauta única”, “aquele negócio da ideologia do gênero. Esse é o ideal gramsciano.”
 
Na aula, Vélez resume o “gramscismo” como “a defesa da propriedade coletiva dos meios de produção mediante a transferência dos proprietários burgueses para os sindicatos de trabalhadores, além da defesa da escola única, controlada pelos sindicatos de trabalhadores e a defesa da internacionalização da hegemonia do proletariado”.
 
Os caminhos para o gramscismo, segundo o escolhido de Bolsonaro, é a “guerra civil e a apropriação das instituições” pela esquerda, sejam elas escola, igreja e mídia, “como já fizeram no Brasil. Nos últimos 30 anos, o setor gramsciano do PT tomou conta das escolas, das secretarias de educação, da mídia. Não é história de perseguição direitista. É fato. Eles foram eficientes nisso.”
 
https://www.youtube.com/watch?v=mAXVPK5Pb4o&feature=youtu.be]
 
Em artigo divulgado em 7 de novembro, Vélez afirmou que foi indicado para Bolsonaro por Olavo de Carvalho, e projetou “refundar” o MEC, seguindo o discurso do presidente eleito: “menos Brasília, mais Brasil”. Ao que tudo indica, o ministro anunciado pretende dar autonomia para que as prefeituras decidam no lugar do governo federal a base curricular do ensino médio e fundamental, valorizando os costumes de cada região.
 
“OS MILICOS NA CASERNA”
 
Ao final da aula, um dos coordenadores perguntou o que Vélez achava da disputa presidencial e dos candidatos que estavam na frente nas pesquisas de opinião.
 
O hoje ministro anunciado, que já divulgou um texto prometendo seguir os ideais de Bolsonaro, não quis dizer em quem votaria, mas amenizou as críticas sobre o capitão da reserva abrir caminho para um golpe de Estado junto aos militares.
 
Vélez disse que não via problema em “colocar milicos em ministérios”. “General de pijama pode colocar que eles não dão golpe de Estado. Hoje os milicos aposentados são pessoas patriotas e que querem prestar um serviço ao País. Não querem dar golpe. São bons técnicos, cada um em sua área.”
 
O ministro o brasileiro tinha de rezar para sair vivo da atual conjuntura de crise e afirmou também que “ao menos o Brasil” estava vivendo a eleição normalmente. “Pelo menos uma coisa é certa”: “as instituições estão aí, mal e porcamente funcionando”, disparou. E “(…) milicos estão guardadinhos na caserna.”
 
[video:https://www.youtube.com/watch?v=EdTaqxbwPjI&t=552s
Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

5 Comentários

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  1. Nem mesmo um louco de

    Nem mesmo um louco de hospício seria capaz de afirmar tamanha idiotice. O iluminista Barroso será recompensado por seus esforços; terá alguns colegas no governo que exibem o mesmo nível intelectual.

  2. Correção

    Pessoal, melhor corrigir: esta fala do futuro ministro sobre Gramsci e Marx – que ele NUNCA estudou nem compreendeu – e sobre anarquismo – que ele também NUNCA estudou nem compreendeu – não foi em uma “faculdade do Paraná”. Esta fala, que não pode ser classificada como AULA, se deu em um evento da obscura, inútil e auto-denominada “Academia de Letras Artes e Ciências Centro Norte do PR”. Este ministro-blogueiro é um completo desqualificado.

  3. Educação de “Milico”

    Os “milicos” (como o futuro ministro da Educação chama os militares) iniciaram a destruição do ensino nas Escolas Públicas durante a Ditadura Militar. Meu testemunho sobre esse assunto:

    Em Sorocaba/SP as melhores escolas de nível médio eram o “Estadão”, a escola municipal Getúlio Vargas e a Escola Técnica. Todas públicas. Pra entrar no nível ginasial do “Estadão” tinha que fazer um Exame de Admissão. As escolas privadas (Anchieta, Ciência e Letras, OSE) eram escolas de nível muito inferior, nas quais os país pagavam apenas para que seus filhos tivessem um certificado de nível médio (não importava a qualidade). As melhores escolas eram Públicas !

    Na década de 70, o então ministro da Educação, Coronel Jarbas Passarinho, tentou iniciar o processo de privatização das Universidades Públicas usando como estratégia o famigerado Decreto 477. Não obteve sucesso porque o movimento estudantil resistiu e sensibilizou a sociedade.

    Além disso, os “milicos” perseguiram e prenderam professores como Paulo Freire e Darcy Ribeiro (para continuarem vivos tiveram que se exilar).  O professor Anísio Teixeira  “apareceu morto”.

    Também na Educação a herança dos “milicos” foi trágica. E lá vem eles de novo…

     

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