Não há um futuro verde, digno e justo com o projeto de Bolsonaro, diz Greenpeace

Nos mandatos anteriores em que Lula governou o país, houve um declínio significativo do desmatamento na Amazônia

Agência Brasil

do Greenpeace

O Brasil está em jogo, e a hora de agir é agora

Em alguns dias, o povo brasileiro voltará às urnas para escolher democraticamente quem será o próximo Presidente da República. Este é um dos momentos mais decisivos para o futuro do Brasil desde a redemocratização, já que o atual presidente Jair Bolsonaro defende pautas que afrontam o Estado de Direito e catalisam retrocessos sociais, econômicos e ambientais. Uma eventual continuidade desse projeto de governo significaria o aumento catastrófico do abismo que separa nosso presente de um futuro verde, digno e justo para todas as pessoas.

É claro que não é nosso papel dizer em quem o eleitor deve votar. Mas, como organização da sociedade civil brasileira, para além das questões socioambientais em que normalmente nos concentramos, gostaríamos de expressar hoje – e mais uma vez – a nossa profunda preocupação com a possibilidade de reeleição de um candidato que claramente implementou em seu atual governo um projeto alicerçado em desinformação, alheio à ciência, e que escancarou as portas do Brasil para o crime e a violência. Tudo isso é absolutamente contrário aos nossos princípios e valores – somos uma organização pacifista, que preza pela não-violência para defender o meio ambiente e o planeta.

Desde o início do governo, o país esteve em ataque permanente e inconcebível às instituições, à imprensa, à atuação da sociedade civil e aos direitos garantidos pela Constituição de povos indígenas, quilombolas e de todos os cidadãos e cidadãs. Internacionalmente, a imagem do país se apequenou diante de discursos negacionistas e da promoção de um desmonte das políticas socioambientais e climáticas e das suas drásticas consequências — notadamente a explosão do desmatamento, da ilegalidade, da impunidade e da violência contra ativistas ambientais e povos indígenas.

Nos últimos quatro anos, importantes órgãos de proteção da sociobiodiversidade e povos indígenas foram enfraquecidos, como o IBAMA, ICMBio e a FUNAI – que contaram com o menor orçamento dos últimos 17 anos. Com isso, nossos oceanos receberam mais e mais manchas de óleos; centenas de homens, mulheres, idosos e crianças de comunidades indígenas foram violentados e mortos; mais de mil e quinhentos agrotóxicos (veneno!) foram liberados pelo governo; mais de 680 mil vidas foram perdidas diante da má gestão da pandemia da Covid-19 e o garimpo ilegal e a exploração de madeira foram incentivados e aumentaram de maneira vertiginosa. Já a Amazônia teve 31 mil km² de floresta nativa destruída desde 2019 – o equivalente ao território da Bélgica – e um total de zero terras indígenas demarcadas, deixando os territórios expostos para todo tipo de crime.

Acreditamos, portanto, que não há esperança para a Amazônia e para o futuro do Brasil com esse projeto de governo. Temos convicção disso com base em nossas pautas e valores e não poderíamos nos furtar, neste decisivo momento, de nos posicionar.

Nossa rejeição às ideias deste projeto de destruição conduzido por Bolsonaro não significa, porém, que passaremos um cheque em branco a Lula, em caso de eventual vitória. Nos mandatos anteriores em que Lula governou o país, houve um declínio significativo do desmatamento na Amazônia, impulsionado tanto por ações efetivas do governo, quanto pelo engajamento ativo de organizações da sociedade civil, institutos de pesquisa e universidades. Para que isso se torne realidade em um novo governo, será necessário que haja uma reversão radical dos retrocessos decretados por Bolsonaro nos últimos anos e que uma agenda ambiciosa de proteção ambiental e climática seja priorizada, tendo como pilares a transparência e a participação da sociedade civil. 

Se eleito, a partir do próximo dia 1 de janeiro Lula terá de sair do campo das promessas para transformá-las em ação, tendo em vista que herdará do presidente anterior enormes desafios a serem superados. 

Nos mandatos de todos os presidentes desde 1992 – Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff, Michel Temer e Jair Bolsonaro – o Greenpeace Brasil se manteve independente e fazendo denúncias fortes com relação a ameaças de retrocessos, quando estas foram necessárias, ou pressionando para avançarmos na proteção ambiental. Vamos continuar a fazer isso no novo governo, seja ele qual for.

Queremos espaço para o diálogo e discordâncias. Para tanto, precisamos de governantes que estejam dispostos ao dissenso e que respeitem a democracia como valor. Não é o caso do atual Presidente, infelizmente. 

Seguimos e seguiremos sempre juntos a milhões de brasileiros e brasileiras na construção do país que acreditamos que o Brasil merece e pode ser. Defenda o nosso futuro, compareça para votar. Precisamos superar mais esse triste capítulo em nossa história, e a hora é agora.

Greenpeace Brasil

O texto não representa necessariamente a opinião do Jornal GGN. Concorda ou tem ponto de vista diferente? Mande seu artigo para [email protected].

Redação

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