Começa a retirada das famílias urbanas atingidas por Belo Monte

Do Movimento Atingido pelas Barragens (MAB) Amazônia

A Norte Energia iniciou hoje (16) a retirada das famílias de áreas urbanas de Altamira que serão invadidas pelo lago da barragem de Belo Monte, no Pará. Os moradores informaram que as famílias são retiradas por grupos de locais diferentes, e que, imediatamente à sua retirada, a casa é totalmente demolida e o material levado para ser incinerado. 

Ana Paula (21), uma das primeiras removidas, tem três filhos e está preocupada com a escola das crianças: “Aqui elas já estudam numa escola meio longe, lá fica mais distante.  A empresa prometeu transporte, mas não tem nada certo”.

O Plano Básico Ambiental (PBA) fala de construção de Reassentamento Urbano Coletivo. A própria Norte Energia divulgou panfleto afirmando que as casas seriam de alvenaria com três tipologias. Agora, as famílias são obrigadas a ir para um loteamento com casas de concreto.

A empresa cadastrou 7.790 famílias na cidade, mas a expectativa é reassentar por volta de 4 mil. A intenção é completar a remoção neste ano para não atrasar o cronograma da obra, que prevê o enchimento do lago a partir do início de 2015. 

“Belo Monte é um caso emblemático de prepotência, dentro do padrão geral de agressão ao Direito Humano na construção de barragens no Brasil. A retirada das famílias das áreas baixas de Altamira é claramente limpeza social, que tem como objetivo esconder e dispersar os empobrecidos e  transformar essas baixadas em áreas nobres à beira do lago”, afirma Claret Fernandes, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

O MAB denuncia, também, a colocação de famílias em loteamento e casas de concreto como um caso típico de transformação do direito do atingido em um negócio rentável para as empresas.

Redação

7 Comentários

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  1. Limpeza social seria encher o
    Limpeza social seria encher o lago sem retirar as famílias. E tecnicamente não há diferença entre alvenaria e concreto. Se fossem casas de madeira…
    A população deslocada é ribeirinha e vive em palafitas e qualquer programa de moradia social as retiraria das margens independente de Belo Monte.

    1. Jaime, eu até iria mais

      Jaime, eu até iria mais longe, imagine na região onde não há mão de obra especializada, construir rapidamente centenas de casas em alvenaria, provavelmente estas seriam feitas com qualidade duvidosa.

      Quem até hoje ao contratar um pedreiro improvisado não ficou com grandes problemas depois de terminada a obra!

      Casas de concreto podem ser industrializadas e o controle técnico pode ser melhor, logo se fosse eu que tivesse que optar entre uma casa de alvenaria e uma de concreto industrializada, as duas feitas numa região sem mão de obra especializada optaria pela de concreto.

  2. Caros Senhores.Não tenho

    Caros Senhores.

    Não tenho procuração da Norte Enegia, mas acho que devemos ser justos em todos os pontos.

    Realmente a não existência de uma escola próximo ao local de moradia é algo que deve ser levado em conta, porém quanto ao outros itens devemos procurar melhores esclarecimentos.

    Conforme visualizei em outros sites, a disposição interna das casas continua a ter as três formas propostas, talvez haja um problema de comunicação, quanto a casa ter paredes de concreto e não de alvenaria acho que está havendo um pouco de manobra com a pessoa que deu este depoimento (li a entrevista da mesma, inclusive com fotos da Senhora que reclamava e com imagens de sua casa atual.

    Esta Senhora provavelmente não sabe que uma casa de alvenaria ou de concreto em termos de durabilidade e outros itens equivale a uma casa de alvenaria, sendo que na França, por exemplo, casas e edifícios normais são construídos com este material, no Brasil temos resistências a este tipo de construção devido a fatos no passado onde construções populares, no caso edifícios, eram extremamente mal constuídos utilizando estas técnicas.

    Logo, esta Senhora, provavelmente está sendo guiada a fazer este tipo de reclamação sem conhecer os méritos e deméritos desta técnica construtiva. A grande vantagem da construção em concreto é a rapidez com que se pode construir um grande número de casas, enquanto casas de alvenaria vão depender de mão de obra qualificada que atualmente é muito raro se encontrar.

    Quanto ao custo da obra de um material e outro praticamente se equivalem, porém é quase certo que a construção de várias casas populares em alvenaria num ambiente que falta mão de obra não serão obtidos resultados estruturais e outros com o mesmo nivel de qualidade que será obtido numa obra em concreto.

     

  3. Caso essa mesma ação

    Caso essa mesma ação estivesse sendo feita em um empreendimento de um governo tucano, os petistas de plantão estariam dando chiliques. Belo MOnte é em erro e sua continuidade só aumenta o tamanho do erro. A retirada das famílias das margens do lago é limpeza social sim. É provável que essas margens venham a se tornar áreas nobres da cidade. É certo que as atuais populações ribeirinhas, que, em muitos casos, têm sua sobrevivência associada oa rio, seriam enormente prejudicadas. Mas nada disso interessa a Dilma ou aos petistas iludidos e obcecados em defender um governo pelo simples ato de defender — ato reflexo, na verdade. Um governo que, como mostra a elevação da SELIC ou dezenas de atos em su cotidiano, nada tem de governo de esquerda, ao contrário, é a, sim, a esquerda que a direita adora e adota para fazer aquilo que ela mesma não consegue fazer.

  4. O verdadeiro motivo é que

    O verdadeiro motivo é que casas de concreto moldado são mais baratas. O que vcs estão repetindo é o argumento do consórcio. O argumento é mentiroso por definição. Estamos falando de engenharia aqui. Se algo não ficou bom, ponha abaixo e faça de novo. Ou seja, custo…como eu disse antes, lucro do consórcio. O que não quer dizer que casas de concreto são ruins e não deveriam ser aceitas. As casas são adequadas. Logico que o pessoal espera sempre mais mas vai ficar nisso mesmo e ta ótimo.

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