Trump passa a responder pelo quarto processo criminal: “encontre os 12 mil votos”

Renato Santana
Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.
[email protected]

Um júri de Atlanta acusou formalmente o ex-presidente Donald Trump e mais 18 pessoas por tentativa de manipular as eleições de 2020

Donald Trump agiu em várias frentes para tentar reverter o resultado das eleições, antes e depois da votação. Foto: Library of Congress on Unsplash

Um júri de Atlanta, capital da Geórgia, nos Estados Unidos, acusou formalmente o ex-presidente Donald Trump e mais 18 pessoas por tentativa de manipular as eleições de 2020 no estado. Este é o quarto processo criminal que Trump terá de lidar nos tribunais. 

Entre os acusados estão advogados de Trump, como Rudy Giuliani e John Eastman, Mark Meadows, chefe de gabinete do ex-presidente na Casa Branca, Jeffrey Clark, alto funcionário do Departamento de Justiça, e Trevian Kutti, publicitário de Trump ligado à intimidação de trabalhadores eleitorais.  

A acusação é fruto de uma investigação liderada pela promotora distrital do condado de Fulton, Fani Willis, e cobrem alguns dos esforços mais flagrantes dos aliados do ex-presidente para mudar as eleições presidenciais de 2020, cujo esforço maior culminou com a invasão do Capitólio.

“Encontrar os 12 mil votos”

Há indícios de ações similares em outros estados, mas a acusação de Atlanta aponta que, na Geórgia, Trump e seus aliados foram mais audaciosos mostrando até onde o então presidente iria para reverter sua derrota na localidade, o que acabou não acontecendo – e por isso a acusação é de tentativa.  

Segundo a promotoria, em janeiro de 2021 Trump instou, por telefone, o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, a “encontrar” os quase 12 mil votos que colocariam sua margem de votos à frente da que levou o democrata Joe Biden à Casa Branca.

Conspiração consciente

“Trump e os outros réus citados nessa acusação se recusaram a aceitar que Trump perdeu e, consciente e voluntariamente, se juntaram a uma conspiração para mudar ilegalmente o resultado da eleição em favor do ex-presidente”, concluiu a promotoria como resultado da investigação. 

Fani Willis ressalta no relatório que a intervenção ilegal na Geórgia tinha a intenção de se expandir. “Essa conspiração continha um plano e propósito comuns de cometer dois ou mais atos de extorsão no condado de Fulton, na Geórgia, em outras partes do estado da Geórgia e em outros estados”, disse.

Um telefonema feito em janeiro de 2021, em que Trump instou o secretário de Estado da Geórgia, Brad Raffensperger, a “encontrar” os quase 12 mil votos que colocariam sua margem de votos à frente da de Biden, mostrou até onde o então presidente iria para reverter sua derrota na localidade, segundo a promotoria.

Controle do Partido Republicano

Na acusação da promotoria da Georgia, a investigação chegou a um controle republicano arquitetado da legislatura estadual e do Poder Executivo que fez o estado ser um dos alvos preferidos de Trump. Sendo assim, o ex-presidente voltou sua equipe de assessores ao estado. 

Seus advogados compareceram perante os legisladores da Geórgia em três ocasiões para apresentar falsas alegações de fraude eleitoral e o estado foi alvo de ações judiciais com afirmações infundadas de irregularidades eleitorais, levando à mobilização dos trumpistas contra os resultados eleitorais.

Ato contínuo, Trump tem tentado desqualificar a promotora Fani Willis como o faz com todos os agentes públicos e da Justiça que o acusam de crimes após investigações. No caso, Trump tem acusado Fani Willis de ser ligada ao Partido Democrata e de ter dado declarações públicas anteriores contra ele. 

Outras acusações

A lista de 13 acusações que Trump enfrenta, além da manipulação de resultado na eleição, inclui denúncias de que foram feitas declarações e solicitações ao presidente da Câmara da Geórgia e ao secretário de Estado da Geórgia para violarem seus juramentos de posse em dezembro de 2020 e janeiro de 2021.

O ex-presidente ainda é acusado seis vezes por conspirar com vários outros em torno de sua campanha para o uso de eleitores falsos na Geórgia, sendo que ao menos três deles, um é o presidente do Partido Republicano na Geórgia, David Shafer, foram acusados pela promotoria entre os 18.

Outra acusação refere-se a Trump e o advogado John Eastman, também acusado nesta ação, que supostamente apresentando documentos falsos em um processo judicial federal no estado afirmou que milhares de pessoas votaram ilegalmente, embora isso não fosse verdade.

LEIA MAIS:

Renato Santana

Renato Santana é jornalista e escreve para o Jornal GGN desde maio de 2023. Tem passagem pelos portais Infoamazônia, Observatório da Mineração, Le Monde Diplomatique, Brasil de Fato, A Tribuna, além do jornal Porantim, sobre a questão indígena, entre outros. Em 2010, ganhou prêmio Vladimir Herzog por série de reportagens que investigou a atuação de grupos de extermínio em 2006, após ataques do PCC a postos policiais em São Paulo.

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador