Aproximação entre China e Rússia foi um choque indisfarçável para Ocidente

Tatiane Correia
Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.
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Para diplomata, Estados Unidos e Europa precisam reavaliar seu futuro enquanto russos e chineses estreitam parcerias

O recente encontro entre o presidente chinês Xi Jinping e o presidente russo Vladimir Putin foi interpretado como um sinal de avanço na tendência de desdolarização do Sul Global, e um choque indisfarçável entre os governos ocidentais.

Em artigo publicado no site Middle East Eye, o ex-diplomata italiano Marco Carnelos cita como referência um longo material publicado pela revista The Economist a respeito da visão de mundo de Xi Jinping, onde destaca os erros ocidentais sobre política externa e o pensamento (perigoso, inclusive) que poderia levar as democracias ocidentais para o abismo.

“Após meses de especulação dos governos ocidentais e da mídia sobre supostas tensões entre a China e a Rússia por causa da guerra na Ucrânia, a visita de Xi à Rússia foi um choque mal disfarçado. O pensamento positivo raramente se transforma em realidade e, no entanto, nenhuma reavaliação da narrativa ocidental foi desencadeada”, pontua.

Carnelos também criticou a falta de amplitude da cobertura quando o assunto é o mandado de prisão emitido contra Putin pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) , embora considere que a decisão tenha sido necessária por conta do que está acontecendo na Ucrânia

O diplomata lembra que a Rússia não é signatária do TPI, nem mesmo a China ou os EUA – e afirma que os norte-americanos ameaçaram a equipe do tribunal quando foi iniciada uma investigação por supostos crimes de guerra no Afeganistão.

“O que é relevante, em vez disso, é a história que o Economist parece ter perdido”, diz o diplomata italiano. “A ordem mundial liderada pelos americanos está em declínio porque sua preocupação declarada com regras e direitos humanos está manchada por padrões duplos. Os países do Sul Global estão transmitindo incessantemente esta mensagem aos EUA e seus aliados, sem sucesso”.

Além disso, Carnelos lembra que a publicação britânica não parece ter entendido que a crescente cooperação entre russos e chineses tem participação importante dos Estados Unidos, cujas políticas estão praticamente jogando um nos braços do outro.

“Às vezes vale a pena se perguntar qual mundo o Economist tem observado nas últimas décadas. Tanto antes quanto depois da Guerra Fria, super, grandes e comuns poderes têm ignorado ou torcido os chamados valores universais, conforme exigido por seus interesses investidos e jogos de poder. Existem centenas de exemplos em que valores universais foram pisoteados pela realpolitik”.

Tatiane Correia

Repórter do GGN desde 2019. Graduada em Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), MBA em Derivativos e Informações Econômico-Financeiras pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Com passagens pela revista Executivos Financeiros e Agência Dinheiro Vivo.

1 Comentário

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  1. Equanto os OCIDECADENTES, acreditam que vão continuar mandando no mundo, a China vai contornando a montanha de arrogância extratificada nas mentes dos seus dirigentes. No caso do beligerante EUA, vai ficando mais patente que a cada ano de paz relativa, a China sobe um degrau e os EUA descem um degrau. Talvez por esta razão, eles navegam com suas naus de guerra pelo mar da china em busca de um pretexto para a guerra. Imaginem a crise, se os chineses trouxerem sua naus de guerra para o mar do caribe.

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