A ação da Europa na guerra da Ucrânia lança sobre o mundo o manto da incerteza e canaliza para fins bélicos recursos até então essenciais para a economia e as questões sociais. A corrida armamentista, resultado deste conflito, perpetua a guerra e dificulta o combate às mudanças climáticas.
Em seu discurso na abertura dos eventos empresariais que antecipam a Cúpula América Latina-Europa, programada para começar nesta segunda-feira (17) em Bruxelas, na Bélgica, o presidente Luís Inácio Lula da Silva se referia aos US$ 2 trilhões gastos no mundo com armas a partir da guerra na Ucrânia.
Sem citar nominalmente o Ocidente, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), União Europeia e os Estados Unidos, diferente de outras ocasiões, Lula talvez nem precisasse dar nomes aos bois: o telegrama acabou enviado aos respectivos endereços e entendido pela comunidade global.
Levantamento
Segundo o Instituto de Pesquisas pela Paz, de Estocolmo, autor do levantamento que chegou aos US$ 2 trilhões em armas, em fevereiro de 2023 a Ucrânia já havia recebido em ajuda ocidental mais de US$ 100 bilhões. Este valor supera o oferecido por países ricos aos emergentes para lidar com mudanças climáticas.
Lula chamou à responsabilidade os governantes, empresários e trabalhadores para “reconstituir o caminho da prosperidade, da retomada da produção, dos investimentos e dos empregos”. O discurso do presidente, respaldado por números e realidade objetiva, reflete também um impasse estabelecido.
Impasse: guerra na Ucrânia
Nas negociações sobre a declaração final, informa o jornalista Jamil Chade, os europeus querem que a declaração final cite a “guerra de agressão” contra o território ucraniano, denunciando abertamente a Rússia pelo ataque. Mas governos latino-americanos se recusam a aceitar os termos.
A opção da América Latina é de que a declaração apenas mencione a “guerra na Ucrânia”, sem apontar Moscou como culpado. O Brasil também é contrário às referências de uma “guerra de agressão”. Diante das posturas continentais díspares, a diplomacia nacional tentará costurar uma posição intermediária.
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