O fracasso da ofensiva da Ucrânia sobre a Rússia, por William Ritter

A superioridade militar da Rússia superou a teoria da OTAN no campo de batalha, e são as Forças Armadas da Ucrânia que pagaram o preço

Ministério da Defesa da Ucrânia

Uma rápida atualização sobre a contraofensiva realizada pela Ucrânia contra as forças defensivas russas no leste da Ucrânia.

A análise abaixo é do ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, William Scott Ritter *:

“As unidades ucranianas encarregadas de atacar as defesas russas em Zaporozhie, ou seja, as 33ª e 47ª Brigadas Mecanizadas são o que de melhor a OTAN conseguiu empregar. Essas duas brigadas havia sido escolhidas a dedo para este trabalho, tendo sido equipadas com tanques ocidentais modernos e veículos de combate de infantaria, apoiados por artilharia fornecida pelo Ocidente e usando táticas específicas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) moldadas pela inteligência fornecida pela Aliança Atlântica e pelo seu planejamento operacional.

Ambas as unidades receberam equipamentos modernos da OTAN, incluindo tanques Leopard da Alemanha (a 33ª) e veículos de combate de infantaria Bradley dos EUA (a 47ª). Os oficiais e homens de ambas as unidades receberam o melhor treinamento que a OTAN poderia fornecer em relação às modernas operações de armas combinadas, incluindo semanas de treinamento especializado na Alemanha, que se concentrou em táticas e operações de pelotão, companhia e batalhão, integrando poder de fogo e manobra enquanto realizavam operações ofensivas.
Em suma, essas duas brigadas representavam uma capacidade de nível superior da OTAN.

A área selecionada pela Ucrânia e seus parceiros da OTAN como foco de esforço para a contraofensiva era a area que estava protegida pelo 70º Regimento de Fuzileiros Motorizados russos, que são parte da 42ª Divisão de Fuzileiros Motorizados da Guarda russa, parte do 58º Exército de Armas Combinadas. O Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), um think tank baseado nos EUA com laços estreitos com os EUA e a OTAN, avaliou que a 42ª Divisão de Fuzileiros Motorizados da Guarda russa não estava em boas condições e que ao atacar os russos os ucraneanos poderiam abrir um flanco de penetração para cortar a ponte de terra que liga a Crimeia à Rússia.

Nesta avaliação a vitória da contra-ofensiva ucraniana era esperada.
“Especialistas” dos EUA, tal como Mark Hertling, um general aposentado do Exército dos EUA, acreditavam que a combinação de equipamento militar ocidental avançado e táticas superiores ao estilo da OTAN “permitirá que as equipes emergentes de armas combinadas da Ucrânia conduzam manobras de alto ritmo” capazes de sobrepujar os defensores russos na Ucrânia.

Bem, não foi o que se viu no teatro de operações até o momento.

Embora a luta em Zaporozhie ainda não tenha terminado, os resultados iniciais no campo de batalha demonstram que, ao contrário das expectativas sobra a Ucrânia e de seus parceiros da OTAN, os homens da 42ª Divisão de Fuzileiros da Guarda russa desempenharam suas tarefas de maneira profissional, derrotando decisivamente o ataque das forças ucranianas.

Analistas do ISW, ao avaliar os sucessos iniciais dos defensores russos, observaram que “as forças russas parecem ter executado sua doutrina defensiva tática formal em resposta aos ataques ucranianos”. Isso, é claro, não deveria ter pego ninguém de surpresa, já que o indivíduo no comando das forças russas na área de Zaporozhie é o coronel-general Aleksandr Romanchuk, o homem responsável por conceber a moderna doutrina defensiva russa.
De fato, Romanchuk foi retirado de seu cargo de professor na Academia de Armas Combinadas e colocado no comando militar do setor Zaporozhie. Em outras palavras, o local escolhido pela OTAN e pela inteligência ucraniana como o “ponto fraco” no esquema defensivo russo foi projetado pelo maior especialista da Rússia em combate defensivo e colocado sob seu comando direto.

Enquanto o mundo enfrenta as imagens de veículos de combate de infantaria M-2 Bradley fabricados nos EUA destruídos e tanques Leopard 2A6 de fabricação alemã abandonados e queimando nas estepes ucranianas, a dura verdade se impõe. Aparentemente a conclusão é que a OTAN não está treinada nem equipada para travar o tipo de luta que eles estão exigindo que a Ucrânia execute contra a Rússia. A triste verdade é que não existem forças da OTAN capazes de executar com sucesso as tarefas ofensivas atribuídas à Ucrânia. O resultado final: a realidade da superioridade militar da Rússia superou a frágil teoria da OTAN no campo de batalha, e são as Forças Armadas da Ucrânia que mais uma vez pagaram o preço mais alto.

  • William Scott Ritter Jr. é um autor americano, especialista, ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, ex-inspetor de armas da Comissão Especial das Nações Unidas e criminoso sexual condenado. Ritter serviu como analista militar júnior durante a Operação Tempestade no Deserto
Luis Nassif

4 Comentários

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  1. ??????: “William Scott Ritter Jr. é um autor americano, especialista, ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, ex-inspetor de armas da Comissão Especial das Nações Unidas e criminoso sexual condenado.”

  2. Não podia ser diferente… uma guerra por procuração como está que os EUA estão travando com a Russia é mais uma guerra perdida como foram as do Iraque, Afeganistão, Viatnã e tantas outras. Pode ter ganho do ponto de vista militar de subjulgar o país e o povo mas, ideologicamente perdeu em todas seja na opinião pública ou na tarefa de impor sua fake democracia. Apenas mais uma distração e gasto para distribuir dinheiro a indústria bélica americana que não vive sem mamar nas tetas do governo, mas não resiste a opinião pública interna quando o assunto é trazer corpos dos jovens americanos em sacos preto para casa. Já, corpos de outras nações não importam tanto…

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