O presidente do Quênia, William Ruto, estimulou os países africanos a usar moedas nacionais, no lugar do dólar, como uma forma de fortalecer a economia e o comércio do continente.
A exortação de Ruto ocorreu nesta quarta-feira (14), madrugada no Brasil, durante pronunciamento aos parlamentares da Assembleia Nacional de Djibuti, país localizado na África Oriental.
Ruto assegurou que o Banco Africano de Exportação e Importação conta com um mecanismo que permite aos países comercializar produtos e serviços realizando os pagamentos com moeda local.
Diante do mecanismo, Ruto questionou a necessidade de realizar as atividades comerciais em dólares estadunidenses e ressaltou a urgência de abandonar a dependência dessa moeda.
Sistema Panafricano
No começo deste mês, Ruto havia convocado os países africanos a rechaçar o dólar para aderir ao Sistema Panafricano de Pagamentos e Liquidações.
O presidente do Quênia entende que é preciso diminuir a dependência de moedas externas ao continente, sendo o dólar a predominante não apenas na África, mas ao redor do mundo.
Para ele, é uma forma de dinamizar as transações e, ao mesmo tempo, promover o crescimento econômico entre as nações africanas. Ruto reflete a postura do Kenya, país em busca de maior integração econômica dentro da África.
Brics e Mercosul
A exortação de Ruto vai ao encontro daquilo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende. Na viagem à China para a posse da presidente do banco dos Brics, Dilma Rousseff, Lula tratou do tema.
“Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda? Por que não temos o compromisso de inovar? Quem é que decidiu que era o dólar a moeda, depois que desapareceu o ouro como paridade?”, questionou.
Durante reunião com líderes da América Latina no Itamaraty, em Brasília, no mês passado, Lula voltou a tratar do assunto, mas desta vez no âmbito do Mercosul.
“Identidade sul-americana também na área monetária, mediante mecanismo de compensação mais eficiente e a criação de uma unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais”, disse.
Também em maio, desta vez em reunião de cúpula do G7, em Hiroshima, no Japão, Lula declarou: “eu sonho com a construção de várias moedas entre países que façam comércio, que os BRICs tenham uma moeda. Como o euro”.
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O dia em que a África se unir como um continente, o mundo branco se acaba – de medo, principalmente – e, aliás, é justamente por isso que não deixam isso acontecer.