Sergey Viktorovich Lavrov e a queda da Nova Roma, por Fábio de Oliveira Ribeiro

Uma das coisas mais marcantes na longa história de Roma foi a absorção, pelos conquistadores romanos, dos hábitos, técnicas e cultos dos povos conquistados. Os conflitos políticos que resultaram desta prática são bem documentados.

Tito Lívio narra como os primeiros bacanais em Roma foram objeto de intensa repressão. Cipião, o Africano, ainda segundo Tito Lívio, causou furor nos romanos tradicionalistas ao ser visto em publico usando trajes gregos. Roma (uma potência terrestre), provavelmente não teria derrotado Cartago (uma potência naval) se não tivesse capturado, durante a I Guerra Púnica, uma embarcação cartaginesa, desmontado e utilizado a mesma como modelo para construir uma frota naval tão grande ou maior que a do inimigo.

Os pais fundadores dos EUA e seus sucessores copiaram cuidadosamente os símbolos do poder romano: a águia simbolo do Departamento de Estado, a arquitetura monumental em Washington, o culto dos heróis marciais e dos feitos militares, o desprezo pelos bárbaros, etc… A evolução política recente dos EUA parece seguir a mesma direção que levou Roma ao abismo.

A intensa cooperação dos EUA com a Arabia Saudita, em razão de sua dependência energética, parece ter inspirado numa parcela da classe dominante norte-americana aquele desprezo empregado pela família Saud no trato com seus servos árabes. O abismo entre ricos e pobres nos EUA está aumentando e se tornando parecido com o que existe na Arabia Saudita?

Desde que se aproximou da China, os EUA começaram a importar certos hábitos que são próprios dos chineses. O primeiro é a valorização das redes de amigos/influências em detrimento do mérito pessoal. O segundo é o hábito de construir muros (mentais e físicos), para separar a civilização da barbárie. Donald Trump, com seu discurso anti-imigrantes e sua proposta de construir uma imensa muralha entre os EUA e o México não está agindo como se fosse uma reencarnação moderna de Chin Shi Huang-Di?

Os conflitos produzidos pelas influencias árabes e chinesas nos EUA já são evidentes. A crescente militarização das polícias é rejeitada por segmentos importantes da população norte-americana, que também se mostra indignada com a brutalidade crescente dos policiais. Enquanto uns querem construir muros, outros lutam pela retorno à tradição secular dos EUA de receber e acolher os pobres das outras nações.

Roma caiu por vários motivos, um deles (segundo o historiador Edward Gibbon) foi a desvalorização da cidadania romana. Durante o governo Bush Jr. ocorreu um fenômeno interessante que merece ser estudado com cautela: milhões de turistas norte-americanos, que sempre foram tão orgulhosos ao ostentar sua nacionalidade, passaram a se dizer canadenses. Em algum momento a cidadania começará a ser intensamente desvalorizada dentro dos EUA. A cada eleição menos eleitores votam. Barack Obama conseguiu estimular a inscrição de novos eleitores quando disputou pela primeira vez a presidência daquele país, mas ao fim de seu segundo mandato ele se tornou uma grande decepção política.

Entre os milhões de miseráveis que vivem em tuneis, minas abandonadas e favelas de barracas a nacionalidade norte-americana foi a única coisa restou. Por quanto tempo isto ainda terá algum valor numa sociedade tão consumista como aquela? Roma não caiu num dia. Os melhores dias da Nova Roma já estão bem distantes. O princípio do fim da hegemonia de Washington é um fato consumado? O império norte-americano apodreceu tanto que foi sobrepujado sem oposição internacional pela Rússia no conflito da Síria. Sergey Viktorovich Lavrov tem toda razão quando disse, há alguns dias, que o mundo unipolar deixou de existir. A história da queda de Roma recomeçou. 

Fábio de Oliveira Ribeiro

53 Comentários

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  1. O destino de Roma.

    O destino de Roma estava traçado muito antes de sua queda, acho que o mesmo acontece hoje com os EUA e com o conservadorismo religioso.

    Veja o que diz Emmanuel no livro “A Caminho da Luz”:

    “Alguns anos antes de terminar o primeiro século, após o advento da nova doutrina, já as forças espirituais operam uma análise da situação amargurosa do mundo, em face do porvir. Sob a égide de Jesus, estabelecem novas linhas de progresso para a civilização, assinalando os traços iniciais dos países europeus dos tempos modernos. Roma já não representa, então, para o plano invisível, senão um foco infeccioso que é preciso neutralizar ou remover. Todas as dádivas do Alto haviam sido desprezadas pela cidade imperial, transformada num vesúvio de paixões e de esgotamentos”.

    “O Divino Mestre chama aos Espaços o Espírito João, que ainda se encontrava preso nos liames da Terra, e o Apóstolo, atônito e aflito, lê a linguagem simbólica do invisível. Recomenda-lhe o Senhor que entregue os seus conhecimentos ao planeta como advertência a todas as nações e a todos os povos da Terra, e o velho Apóstolo de Patmos transmite aos seus discípulos as advertências extraordinárias do Apocalipse. Todos os fatos posteriores à existência de João estão ali previstos. É verdade que frequentemente a descrição apostólica penetra o terreno mais obscuro; vê-se que a sua expressão humana não pôde copiar fielmente a expressão divina das suas visões de palpitante interesse para a história da Humanidade. As guerras, as nações futuras, os tormentos porvindouros, o comercialismo, as lutas ideológicas da civilização ocidental, estão ali pormenorizadamente entrevistos. E a figura mais dolorosa, ali relacionada, que ainda hoje se oferece à visão do mundo moderno, é bem aquela da igreja transviada de Roma, simbolizada na besta vestida de púrpura e embriagada com o sangue dos santos”.

  2. Eu recomendaria olhar a

    Eu recomendaria olhar a entrevista que Putín deu a CBS a alguns dias atrás. Se os norte-americanos achavam que podiam e podem mandar em todo mundo devem ter ficado desapontados.

  3. Roma não caiu de um dia para

    Roma não caiu de um dia para o outro mas também não fez-se império de um dia para o outro, durou uns 500 anos. A queda dos EUA como império está sendo mais rápida porque esse país tenta impor-se faz o que, uns 150, 200 anos?

  4. A potência hegemônica mundial são as corporações

    Os Estados Unidos e todos os outros países são sacrificáveis

    O poder real não está em uma nação e sim disperso pelo planeta, nas mãos de uma elite privilegiada que controla os fluxos econômicos na Terra. Não há como escapar deste arranjo, o que dá é para sempre negociar e um Brasil com Norte, Rumo e Estrela é um parceiro melhor do que um Estado Falido.

    Acorda, Dilma!

      1. Realmente, a Russia só tem um

        Realmente, a Russia só tem um porta aviões e já velhinho, o ADMIRAL KUZNETSOV, de 1991.

        Os EUA tem 10 porta aviões  nucleares em operação, cada um com aprox.6.000 tripulantes, dois em construção, o Gerald Ford e o John Kennedy, maiores ainda e o maior de todos, o Enterprise em fase final de projeto.

        A Russia tem projeção de poder na sua area de influencia, Ucrania, Europa do leste e Oriente Medio,  os EUA podem operar em qualquer ponto do planeta.

        1. Muito maos importante que

          Muito maos importante que porta aviões é o desenvolvimentos de submarinos de pequeno porte navegando em grandes profundidades, 

  5. É impressionante o nivel de

    É impressionante o nivel de delirio. A Russia é o que sobrou da União Sovietica em 1990, esta perdeu 13 republicas que estavam dentro da URSS e 8 milhões de quilometros quadrados, os soldados e oficiais vendiam artilharia, misseis e munição para quem quisesse comprar, o Pais se desintegoru. Putin conseguiu rearranjar o que sobrou mas é um economia incipiente, PIB nomenal é um décimo dos EUA, o mundo dos negocios é 100% mafioso, ninguem quer emigrar para viver na Ruassia, nem os sirios, de tão ruim que são as condições de vida lá.

    A Siria é Estado cliente da Russia há 50 anos, lá está a unica base naval russa no Mediterraneo, a Russia levou muito tempo para entrar no conflito e porteger seu apadrinhado Bashar al Assad, tem toda logica a Russia fazer isso.

    Dizer que isso vai fazer os EUA acabar é um sorto psicotico. Os EUA estão em decadencia por outras razões, não por causa da Russia. Mesmo em decadencia, 1.200.000 estrangeiros todo ano emigram legalmente para os EUA, para a Russia, zero. Na Russia tem muita corrupção, usa-se malas de dinheiro, qual é a moeda nas malas? É o dollar, ora.

    1. Como se dos “bárbaros” não se dissesse o mesmo

      Alguém sabe quem foi Teodorico e que fim levaram os álaros? Os álaros que saquearam Ravena (então sede do Império) estavam para os romanos como os quebecois estão para os Estados Unidos. E os suevos? Alanos? Alamanos? Burgúndios? Ostrogodos? Em que eram superiores aos romanos? Na cultura, na ciência, no tamanho do Império?  Em nada! E no entanto, destruiram Roma. Delírio, se há, é o febril, do comentarista. Por que a História permite sim dizer que os  Estados Unidos caminham para o fim. Apenas muito mais aceleradamente, por  que os romanos não tiveram que enfrentar a China (quejá existia na época deles) nem tampouco os sármatas (ancestrais dos russos). Se tivessem, não teriam chegado a Trajano, quanto mais Rômulo Augústulo.

      Aliás os últimos imperadores eram eles próprios, já no fim, líderes militares e depois bárbaros. Os Estados Unidos já foram governados diretamente por militares e indiretamente ainda o são. E serem governados por um filho de muçulmanos quenianos colocam-nos analogamente, também em igual sitiação a dos últimos romanos.

      1. Queda

        Como diz a história, o que houve foi a queda de Roma, e não sua conquista por quem quer que seja. Não se esqueça que a Rússia é a terceira Roma, muito influenciada pelo Império Romando do Oriente, ou Bizantino. Os bárbaros apenas invadiram a decadente Roma do Ocidente. Como quando se abre os portões de um estádio para a multidão que pressiona antes da final. Os EUA tem ainda muita estrada, não se enganem.

      2. Roma transferiu-se para o

        Roma transferiu-se para o Oriente com o Imperio com sede em Constantinola e a civilização romana chegou até nossos dias com o Direito, a Lingua e a Filosofia. Os EUA nunca foram a nova Roma, é um outro tipo de construção imperial baseada na técnica e não na conquista militar como foi o caso de Roma.

        Comparações ligeiras de contextos completamente diferentes não servem a nenhum proposito.

        Quanto ao fim dos EUA, Adolf Hitler já a considerava uma civilização decadente antes da Segunda Guerra. Depois da guerra os EUA criaram a energia nuclear, a industria da computação,  a TV, a internet e a chegada à Lua, que decadencia.

        1. Sei…

          Seguindo seu raciocínio _ não o que diz que “Comparações ligeiras de contextos completamente diferentes não servem a nenhum proposito” _ amas aquele em que você recorre a coisas já de duas a quatro gerações atrás para defender os ianques, a primeira Nova Roma foi Londres, não? Resta Saber se o novo Suleiman será Xi Jinping ou Putin. Alé,m do que, estas contribuições que você citou não foram necessariamente criadas por estadunidenses, mas todas apenas aperfeiçoadas [quando não roubadas] por eles. Que contribuição espetacular os EUA deram para a civilização humana nas últimas duas gerações?  Aliás, qual aperfeiçoamento? O do neoliberalismo austríaco-britânico? Ou o de como destruir um impérito sendo derrotado pelos Pashtuns?

          1. Não estou…

            Leider,

            Não estou defendendo os EUA, mas apenas dizendo que eles não precisavam ter inventado coisíssima alguma para terem o mérito dos méritos que foi ter livrado a humanidade da tirania de Hitler, embora seja também verdade que isso não lhes dá o direito de cometer os males que vêm praticando contra os povos em geral,

          2. Hãaa?

            Quem livrou o mundo da tirania de Hitler foram os soviéticos; preste atenção na bandeira hasteada no Reichstag, verá que contém apenas uma estrela, a do Exército Vermelho. Sem Stalingrado não teria sequer havido o desembarque na Normandia. 

          3. Parolice espalhada pelo

            Parolice espalhada pelo Comintern a partir de 1949, grudou na esquerda como tatuagem e repetem isso até hoje.

            1.Berlim foi invadida e ocupada pelos russos porque ficava na zona definida na conferencia de Yalta como sendo

            area de operação militar da URSS. Os americanos a partir da Normandia poderiam ter chegado a Berlim antes, chegaram à Praga, que é mais distante da Normandia com as tropas do General Patton mas este foi obrigado a recuar porque aquele territorio era para a URSS ocupar.

            2.Sem as 16 milhões de toneladas de material bélico enviadas pelos EUA à URSS pelos portos articos de Archangel e Murmansk, pelo corredor persa de Abadan até a fronteira russa e via pacifico por Vladivostok o Exercito Vermelho não chegaria a Berlim. Noventa por cento dos motores de tanques T-34 eram americanos, assim a maior parte das lagartas e os EUA mandaram 100.000 caminhões para transportar as tropas russas, sem isso como chegariam a Berlim?

            3.Antes das batalhas decisivas no leste a Alemanha já vinha sendo BOMBARDEADA desde 1º de Maio de 1941 pela Royal Air Force na media de 450 aviões em voos norturnos, isso até o fim da guerra. A Força Aerea americana começou a bombardear a Alemanha em voos diurnos todos os dias a partir de10 de abril de 1942 até o fim da guetta, com esquadrões

            de 900 a 1.400 aviões, que destruiram toda a infra estrutura ferroviaria, boa parte da industria e todas as refinarias de petroleo em Ploesti na Romenia e as fabricas de gasolina sintética no sul da Alemanha, deixando os tanques e aviões alemães sem combustivel a partir do fim de 1944, o que evidentemente facilitou a invasão sovietica na Prussia.

            4.Sem essa destruição previa da estrutura logistica e de combustiveis da Alemanha, o Exercito Vermelho não teria

            vencido nesse prazo as forças alemãs. Colocar a bandeira não explica nada disso e a invasão da Normandia foi planejada em 1942, a construção das 6.000 barcaças começou em fevereiro de 1942, os planos são dessa época,

            levou dois anos de preparação e já estava pronta antes da batalha de Stalingrado, com a qual não tem nada a ver. Já em 1943 os EUA tinham na Inglaterra 1.400.000 soldados para a invasão da Europa, ao contrario, era Stalin que freneticamente clamava todos os dias pela invasão da Normandia para aliiviar a pressão dos alemães no Leste.

            Portanto é um lenda que a URSS é quem venceu a Alemanha, venceu sim EM ALIANÇA COM OS EUA E INGLATERRA,

            venceu em conjunto, nunca venceria sozinha porque o grosso das forças sovieticas foi DESTRUIDA na primeira fase da Operação Barbarossa, quando os alemães fizeram 6.000.000 de prisioneiros e destruiram a maior parte da força de blindados e quase toda a aviação no solo, esses fatos abundatemente documentados e conhecidos, os alemães

            entaram na URSS com tres Grupos de Exercitos e o cerco a Leningrado foi mantido quase até o fim da guerra.

          4. Hummm

            Então 90% dos tanques soviéticos eram estadunidenses? E as forças soviéticas foram “DESTRUÍDAS” pela BaRBAROUSSA? Stalingrado, fim da Barbaroussa foi então apenas outra paroulice? Ohhh, os soviéticos então só tomaram Berlim por que estava tudo resolvido em Yalta? O engraçado é que quem resolveu foi exatamente o Stalin, que estava em CASA, já que Churchil tinha perdido uma eleição e Roosevel era moribundo. Recorrer ao desespero e a inverdades para ganhar alento é prova também de decadência. 

          5. Nada a ver. Os tanques eram

            Nada a ver. Os tanques eram fabricados nos Urias, para onde foi romovida toda a industria pesada russa por causa dos avanços alemães de 1942-42, APENAS os motores eram americanos, foi o que ue disse e vou repetir, motores. Para cerca de 25% dos tanques foram tambem enviadas lagartas. As forças sovieticas foram sim destruidas em dois terços pela Barbarossa, isso está em centenas de livros de historia da 2ª Guerra, uma das melhores é a de Paul Claudell, um pouco antig mas muito bem documentada, foram 6;000.000 de prisioneiros, os alemãs nem tinham arame farpado para dete-los.

            Quando as conferencias vc está confundindo tudo, na Conferencia de Yalta Churchill era Primeiro Ministro e Roosevelt estava vivo e presente. A eleição onde Churchill não estava foi a de Potsdam, em junho de 1945, a guerra ja tinha cababado.  Stalingrado foi em 1943, depois disso ainda houve dois anos de cruentas batalhas, a guerra não acabou com Stalingrado e Leningrado continuou sob cerco alemão.

          6. Completamente errado, a

            Completamente errado, a indústria bélica soviética foi transferida além dos Urais muito antes da invasão alemã, a Conferência de Ialta foi realizada em território soviético como demonstração de força de Stálin, já embalado no irresistível avanço do exército vermelho sobre metade da Europa.

            Basta o verbete da wikipedia:

            By the time of the Conference, Red Army Marshal Georgy Zhukov‘s forces were 65 km (40 mi) from Berlin. Stalin’s position at the conference was one which he felt was so strong that he could dictate terms. According to U.S. delegation member and future Secretary of State James F. Byrnes, “[i]t was not a question of what we would let the Russians do, but what we could get the Russians to do.”[2]

            E Churchill esteve sim em Potsdam, mas acabou substituído por Attleen no decorrer da conferência, devido à vitória dos trabalhistas nas eleições britânicas.

            Menos History Channel, bem menos. 

          7. Desenhando

            Primeiro: houve sim seis milhõres de mortos. Na verdade, a União Soviética perrdeu cerca de 30.000.000 de cidadãos na Guerra, umas cem vezes mais que os estadunidenses [que só são corajosos para fazer Hiroshimas, Nagasakis e Dresdens do ar] , que até hoje só ganharam guerras em que era siperiores numericamente (por isso  foram expulsos do Vietnã a bordoadas, por exemplo).

            Segundo: Stalingrado _ OBJETIVO DA BARABAROSSA_foi vencida pelos soviéticos. Precisa mesmo desenhar? Você está se comportando como o Aécim, na tentativa ridícula de convencer o eleitorado que ele não perdeu em Minas Gerais. 

            Em terceiro lugar, eu não confundi Yalta com Potsdan não, prezado. O que disse _ e talvez até um leitor da Veja tenha capacidade de compreender_ é que Churchil vinha de uma iminente [e rapidamnente concretizada] derrota eleitoral para Atlee e que Roosevelt estava moribundo, o que quer dizer muito doente, próximo da morte.  Lembrei disso para demonstrar que, na cidade soviética de Yalta, foram os soviéticos que ditaram as cartas. Então os mesmos não invadiram Berlim por que estava previsto em Yalta, mas apenas _por cortesia_ informaram [ou “previram” como queira] que iriam fazê-lo.

            Do mesmo modo que os russos semana passada na Síria avisaram os Estados Unidos e seus cachorrinhos fraldiqueiros da OTAN e de Israel que iriam reimpor a ordem no sul do país, onde não havia mesmo forças do Daesh, mas dos “terroristas amigos” financiados e armados pelos mesmos estadunidenses, israelenses, saudistas e cãezinhos. Deram aos ianques a oportunidade que deram aos israelenses: meter o rabinho no meio das pernas e correr.  Uns fofos!

          8. Difícil levar a sério um

            Difícil levar a sério um texto desses, os soviéticos ocuparam metade da Europa no pós guerra porque os americanos deixaram!

            O fato de o presidente dos EUA, FDR, ter se arrastado doente até o território soviético para “deixar os russos tomarem Berlim” foi mais uma mostra de força dos americanos!

            Desde a vitório em Stalingrado que os soviéticos estavam na ofensiva, a Conferência de Ialta, realizada em território soviético, foi uma demonstração de força. Não havia nada que os aliados podiam fazer para impedir o exército vermelho.

            Dizer que o exército vermelho tinha a mais poderosa infantaria do mundo, com o melhor tanque de combate, graças aos EUA é piada.

            Daqui a pouco Araújo posta um comentário “explicando” como o Sputinik foi doado pelos EUA.

          9. Tirania????

            Olá Aldo!!! estou curioso, que história sobre a 2ª guerra e sobre Hitler vc andou lendo?????. Que realidade vc esta vivendo, qdo vc olha o que esta ocrrendo no mundo a que conclusão vc chega?????. Vou lhe dar uma sugestão, saia do meio do  rebanho, se permita  ter uma visão sobre tdo que seja sua, consulte a história a partir de fontes decentes. Faça isto e, tenho certeza que vc ficara perplexo…. Sugestão: leia  O SEQUESTRO DA AMÉRICA ( Cherles ferguson) e o vídeo do mesmo assunto ( trabalho interno) no you tub vc encontra. lembre-se meu caro Aldo , guerras e banqueiros  tudo a ver….

          10. Quem foi à Lua antes dos EUA?

            Quem foi à Lua antes dos EUA? A Nicaragua? Quem criou a Internet foi o Pentagono, como meio de comunicação fora da rede tradicional,  tem alguma duvida ? O conceito do computador foi criado por um inglês mas sua industrialização foi americana desde o inicio, a energia nuclear teve seu conceito basico desenvolvido por Albert Einstein no Instituto de Estudos Avançados da Universide de Princeton, onde Einstein trabalhava, ideias ou invencções podem ter sido elaboradas em outro lugar mas foram desenvolvidas nos EUA, a TV foi inventada por varios pesquisadores na Inglaterra e EUA mas foi comercialmente desenvolvida nos EUA, o telefone idem, a lampada eletrica idem, etc e etc. às centenas.

          11. Foram os soviéticos. Os

            Foram os soviéticos. Os Estados Unidos desceram, mas quem foi primeiro foram os soviéticos. O telefone foi invenção de um canadense e a lâmpada, como a eletricidade comercial, podem até ter sido roubadas por um ianque qaue dominou muito bem o princípio “científico” das patentes,  mas em qualquer faculdade de física do interior guatelmalteco sabem quem foi o sérvio Tesla. E o engraçado é que, como estamos falando de decadência, o ter de recorrer a exemplos cada vez mais antigos você apenas confirma minha tese, por que nada do que citou tem menos de 40 anos. 

          12. Os nomes do lado escuro da

            Os nomes do lado escuro da Lua são todos russos. Deve ser porque os americanos foram lá primeiro e decidiram homenagear seus rivais.

        2. A superioridade militar dos

          A superioridade militar dos romanos se devia a maior técnica de suas legiões, Quando outros povos assimilaram essas técnicas, seu diferencial acabou, e eles entraram em decadência.

          No pós-guerra, os EUA representavam 50% do PIB global, hoje não estão nem perto disso. O Poder é um conceito relativo, a expressiva redução da riqueza relativa dos EUA, principalmente devido à ascensão da China, é um exemplo objetivo e quantificável de sua decadência.

          Interessante notar como, conforme apontado por inúmeros intelectuais, como Krugman e Stiglitz, a principal causa da decadência americana é o crescimento de seus níveis de desigualdade. Em seu período de ouro e maior poderio, no imediato pós-guerra, os EUA eram uma sociedade de classe média, com níveis bastante inferiores de desigualdade, graças às políticas distributivistas do New Deal e do aumento dos salários reais decorrentes da economia de pleno emprego durante a guerra. Hoje os EUA vão caminhando para se tornar um país com níveis pornográficos de desigualdades, como os países latino-americanos(até o termo “brazilianization” é utilizado para descrever esse fenômeno).

          Tirando o aspecto racial, Hitler tinha razão em apontar a existência de uma população escrava como a causa da decadência dos EUA.

    2. Parece que lemos artigos

      Parece que lemos artigos distintos…

      Pergunto ao Andre onde, raios, está escrito no artigo que a Rússia é a causa do declínio do império ameriano?

      E o tom desrespeitoso do comentário é apenas sinal dos tempos? Já o li em momentos muito melhores.

    3. Parece que lemos artigos

      Parece que lemos artigos distintos…

      Pergunto ao Andre onde, raios, está escrito no artigo que a Rússia é a causa do declínio do império ameriano?

      E o tom desrespeitoso do comentário é apenas sinal dos tempos? Já o li em momentos muito melhores.

    4. A vida lá até pode estar ruim

      Mas tenho conhecidos que foram para lá neste julho e todas as cidades visitadas estavam com turistas saindo pelo ladrão. E todos afirmaram, se eles estão ou são pobres, eu quero a pobreza deles. Apesar de tudo a impressão que tiveram é que são mais ricos e cuidam de suas cidades infinitamente melhor que nós.

    5. André, disseste uma verdade que parcialmente mostra a decadência

      “1.200.000 estrangeiros todo ano emigram legalmente para os EUA” e inclusive muitos para servir ao exército norte-americano.

      É incrível mas o exército norte-americano está utilizando mercenários nas suas fileiras, isto é uma enorme demonstração de decadência. Assim como Roma quando esta se serviu sistematicamente de povos bárbaros não cidadãos romanos para seus exércitos demonstrou a sua fraqueza.

       

  6. Estados Unidos não invadiram

    Estados Unidos não invadiram a Síria com medo o poderio militar Russo e cada vez mais os impérios terão vida curta.

  7. EUA???

    Não querer enxergar o declinio dos EUA é ser cego demais. Lamento pelos admiradores do Tio Sam, mas, a coisa por lá vai de mal a pior . Diz o velho e bom ditado  ” Não mal que nunca acabe ….”

    1. Há declinio em alguns

      Há declinio em alguns aspectos e progresso em outros. Oir exemplo a moeda esta hoje muito melhor do que em 1980.

      De modo geral o mundo inteiro está em decadencia.

      1. A China está em

        A China está em decadência?

        Decadência é um conceito relativo, o mundo todo está em decadência em relação a quem?A Marte?

    2. Decadência

      Em todas as épocas, as pessoas dizem que o mundo está em decadência. Não sem razão parcial, pois partes do mundo sempre serão superadas, substituídas. O velho morre, ou se transforma, e assim vamos. Os EUA estão decadentes em termos relativos, sim. Já foram quase metade da economia do mundo. Outras partes do mundo cresceram incrívelmente de 1945 para cá, como a América Latina, a China, a Índia, a África em geral. Mas em termos absolutos, comparando os EUA com eles mesmos no passado, eles nunca foram tão fortes,tão ricos, tão desenvolvidos. Obviamente, neste momento a concentração de renda aumentou, o que não proíbe que no futuro haja maior distribuição. Não é defender os EUA, é apenas não ser torcedor, é analisar os fatos.

  8. Despirocou geral!

    Essa matéria está tão delirantemente especulativa, tão antropologicamente esquizofrênica, que coisas como ela fazem o blog atentar contra a saúde mental pública, pelo estímulo desarvorado à incidência de disenteria neuronal dos comentaristas.

  9. O início

    A intervenção russa na Síria mostra o declínio americano na região. Ainda mais contundente foi o Iraque desobedecer aos EUA abrindo o seu espaço áreo aos russos. Negocia no momento a cessão de uma base para a Rússia atacar os terroristas também pelo leste.

    Os americanos possuem as mais poderosas forças armadas do mundo, mas não possuem condições de enfrentar fora de casa dois inimigos de grande porte simultaneamente, no presente caso Rússia e China.

    O falar macio e mostrar o porrete ficou no passado. Os tacapes atuais são os porta-aviões que se tornaram vulneráveis aos mísseis terra-mar de longo alcance.

    Os países com menor orçamento militar priorizam equipamentos mais baratos, além dos mísseis já citados, os submarinos.

    Os únicos aviões de combate americano capazes de desequilibrar são os F-22, mas a empáfia parou a sua produção. O sucessor F-35 é o maior e mais caro fracasso da história aeronáutica. O avião stealth que possui apenas dois slots internos para armamentos, todos os demais vão sob as asas…

    O atual orçamento militar americano é incompatível com a sua realidade econômica. Além dos gastos diretos nas quatro armas, cerca de metade do total, o dispêndio anual com defesa é de cerca de 8% do PIB. 

    Ainda são a maior economia do mundo, mas tanto o alto endividamento, maior que toda a sua produção anual, e a hipertrofia do sistema financeiro, lastreado em grande parte por papéis podres, são um risco constante a uma nova crise de proporção maior que a de 2008.

    Para continuar a manter a supremacia bélica sobre todos os seus oponentes o momento da decisão está chegando: manteiga ou canhões?

     

     

    1. A intervenção direta russa

      A intervenção direta russa ocorre após o acordo nuclear com o IRã, no qual os EUA, em termos práticos, reconheceram o papel de potência regional dos iranianos.

      1. O acordo nuclear permitiu ao

        O acordo nuclear permitiu ao Irã assumir apoio público ao Assad. Os fatos posteriores são divergentes dos interesses americanos no Oriente Médio:

        A) Presença militar russa numa área estratégica em energia, após décadas de ausência, o que fortalece a posição dos adversários locais do EUA;

        B) A possibilidade de sobrevida do regime do partido Baath na Síria que desagrada profundamente os sauditas, que pretendiam impor em Damasco um governo alinhado;

        C) Mesmo que ocorra a fragmentação da Síria, o litoral já se transformou numa fortaleza ligada aos xiitas e que dificilmente permitirão que toda a região fronteiriça com o Líbano, incluíndo Damasco, seja perdida. Justamente nesta áerea o Irã planeja instalar forças militares em apoio a migração de parte das tropas do Hezbollah, o que pressionará Israel em Golan.

        A verdade é que uma porta foi aberta e quem não era convidado entrou. Dois dos maiores aliados dos EUA estão sendo obrigados a se reposicionarem frente a nova conjuntara regional. Um terceiro, a Turquia do Erdogan, foi forçada a adiar os seus delírios otomanos.

        O acordo nuclear foi um ato de vontade do Obama, após o fracasso total do seu governo no exterior seria o legado da sua presidência. Algo parecido ao impulso dado pelo Carter para o fim do ciclo das ditaduras militares latino-americanas ou o reconhecimento da China comunista por Nixon. 

  10. Uma lição aos americanos.

    Uma lição aos americanos. Discurso de Putin na ONU

    (…), “Senhoras e senhores.

    O 70º aniversário da ONU é boa ocasião para considerar a história e falar de nosso futuro comum.

    Em 1945, os países que derrotaram o nazismo reuniram esforços para lançar fundações sólidas para a ordem mundial do pós-guerra. Permitam-me lembrar-lhes que as decisões chaves sobre os princípios que guiaram a cooperação entre estados e o estabelecimento da ONU foram tomadas em nosso país – em Yalta, na Crimeia – onde se reuniram os líderes da coalizão anti-Hitler.

    O “sistema de Yalta” nasceu de fato em ação. Nasceu ao custo de dez milhões de vidas e de duas guerras mundiais que varreram o planeta no século 20. Sejamos justos – o sistema de Yalta ajudou a humanidade a atravessar eventos turbulentos, muitas vezes dramáticos, das últimas sete décadas. E salvou o mundo de levantes em grande escala.

    A ONU é única em sua legitimidade, representação e universalidade. É verdade que, em tempos recentes, a ONU tem sido amplamente criticada por supostamente não ser suficientemente eficiente e pelo fato de que a tomada de decisão em questões fundamentais resulta paralisada por diferenças insuperáveis – em primeiro lugar entre os membros do Conselho de Segurança.

    Mas gostaria de lembrar que sempre houve diferenças na ONU ao longo desses 70 anos. O direito de vetar sempre foi exercido pelos EUA, pelo Reino Unido, pela França, pela China, pela União Soviética e pela Rússia em pés de igualdade.

    É absolutamente normal que seja assim, numa organização representativa e tão diversa. Quando a ONU foi constituída, os fundadores de modo algum supuseram que sempre haveria unanimidade. De fato, a missão da ONU é buscar e alcançar consensos, sempre, claro, com concessões. A força da ONU advém de levar em consideração diferentes visadas e opiniões.

    Decisões debatidas na ONU podem ser convertidas em Resolução, ou não. Como dizem os diplomatas, elas “passam ou não passam”. E todas e quaisquer ações que um estado empreenda sem considerar esses procedimentos são ações ilegítimas, colidem com a Carta da ONU e desafiam a lei internacional.

    Todos sabemos que, depois do fim da Guerra Fria, emergiu no mundo um centro de dominação. E então, os que se viram naquele momento no topo da pirâmide foram tentados a crer que, “se somos tão fortes e excepcionais, então sabemos mais e melhor o que fazer, que o resto do mundo; assim sendo, por que, afinal, teríamos de reconhecer a ONU, a qual, em vez de automaticamente autorizar e legitimar decisões que pareçam necessárias, tantas vezes cria obstáculos ou, em outras palavras “mete-se no caminho?”.

    Já se tornou lugar comum dizer que, no formato original, a organização tornou-se obsoleta e já teria cumprido sua missão histórica.

    Claro, o mundo está mudando, e a ONU tem de ser consistente com essa transformação natural. A Rússia está pronta a trabalhar com todos os parceiros, à base de consenso amplo, mas consideramos extremamente perigosas as tentativas para solapar a autoridade e a legitimidade da ONU. Podem levar ao colapso de toda a arquitetura das relações internacionais. Aí, não nos restariam outras leis, se não a lei do mais forte.

    Poderíamos chegar a um mundo dominado pelo egoísmo, não pelo trabalho coletivo. Um mundo cada vez mais caracterizado pela violência, não pela igualdade e por democracia e liberdade genuínas. Um mundo no qual estados verdadeiramente independentes seriam substituídos por número crescente de protetorados de fato e territórios controlados de fora para dentro.

    O que é, afinal, a soberania do Estado? A soberania tem a ver, basicamente, com liberdade e com o direito de cada pessoa, nação ou estado escolher livremente o próprio futuro.

    Na mesma direção, caminha a chamada “legitimidade da autoridade do Estado”. Não se deve brincar com elas, nem manipular as palavras. Na lei internacional, nos negócios internacionais, cada termo deve ser claro, transparente, interpretado por critério uniformemente compreendido por todos.

    Todos somos diferentes. E todos devemos respeitar as diferenças. Ninguém tem de encaixar-se num único modelo de desenvolvimento que outro, em algum momento, tenha decidido, de uma vez por todas, e para todos, que seria o único modelo correto.

    Todos devemos lembrar o que nosso passado nos ensinou. Também recordamos alguns episódios da história da União Soviética. “Experimentos sociais” para exportação, tentativas de impor mudanças dentro de outros países baseadas em preferências ideológicas, quase sempre levaram a consequências trágicas e à degradação, não ao progresso.

    Parece, contudo, que longe de aprender com os erros dos outros, tantos agora se põem, exatamente, a repeti-los. Por isso, continua a exportação de revoluções, agora chamadas “democráticas”.

    Para ver que assim é, basta examinar a situação no Oriente Médio e Norte da África. Claro que naquela região os problemas sociais já se acumulavam há longo tempo. Claro que as pessoas queriam mudanças.

    Mas no que realmente deu tudo aquilo? Em vez de promover reformas, uma interferência estrangeira agressiva resultou na visível destruição de instituições nacionais e, até, de estilos de vida. Em vez de algum triunfo da democracia e de mais progresso, o que obtivemos foi mais violência, mais miséria e um desastre social. E ninguém dá qualquer atenção a qualquer dos direitos humanos, inclusive ao direito de viver.

    Não posso me impedir de perguntar aos que causaram essa situação: Os senhores dão-se conta do que fizeram? Mas temo que ninguém responderá minha pergunta. Na verdade, nunca foram abandonadas as sempre mesmas políticas baseadas na arrogância, na cega confiança na própria “excepcionalidade” e ‘correspondente’ total impunidade.

    Já é agora óbvio que o vácuo de poder criado em alguns países do Oriente Médio e Norte da África levou à emergência de áreas de anarquia. As quais, imediatamente, passaram a encher-se de extremistas e terroristas. Dezenas de milhares de militantes combatem hoje sob os estandartes do chamado “Estado Islâmico”. Naquelas fileiras há ex-soldados iraquianos desmobilizados e jogados à rua depois da invasão do Iraque em 2003. Muitos dos recrutados também vêm da Líbia – país onde o próprio Estado foi destruído, na sequência de grosseira violação da Resolução nº 1.973 do Conselho de Segurança da ONU.

    E agora as fileiras dos radicais são inchadas por membros de uma chamada “oposição síria moderada”, sustentada, mantida, por países ocidentais. Primeiro, os radicais são armados e treinados; imediatamente depois, desertam e unem-se ao Estado Islâmico.

    Mas o próprio Estado Islâmico, ele tampouco surgiu do nada, de lugar algum. O Estado Islâmico foi forjado inicialmente como ferramenta a empregar contra regimes seculares indesejáveis. Em seguida, depois de ter estabelecido uma base no Iraque e na Síria, o Estado Islâmico pôs-se a se expandir ativamente para outras regiões. Agora, busca dominar o mundo islâmico. E tem planos para avançar ainda além disso.

    A situação é mais do que perigosa. Nessas circunstâncias, é atitude hipócrita e irresponsável pôr-se a fazer ‘declarações’ sobre a “ameaça do terrorismo internacional”, ao mesmo tempo em que os mesmos ‘declarantes’ fingem que não veem os canais por onde caminha o dinheiro que financia e mantém terroristas, inclusive o tráfico de drogas e o comércio ilícito de petróleo e de armas. Também é igualmente irresponsável tentar ‘manobrar’ grupos extremistas e pô-los a seu próprio serviço para que ‘colaborem’ na busca de objetivos políticos só dos supostos ‘manobradores’, na esperança de “negociar com eles” ou, dito de outro modo, sob a certeza de que, “depois”, poderão matá-los facilmente.

    Aos que têm procedido assim, gostaria de dizer: “Caros senhores, não duvidem: os senhores estão lidando com gente dura e cruel, mas não são pessoas ‘primitivas’ ou ‘atrasadas’. São exata e precisamente tão espertos quanto os senhores. Na relação com eles, ninguém jamais saberá quem manipula quem. Perfeita prova disso está nos dados recentes sobre destino final do armamento doado àquela oposição suposta “moderada”.

    Os russos acreditamos que qualquer tentativa de ‘jogar’ ou ‘brincar’ com terroristas – e de armar terroristas, então, nem fala! – não é só comportamento de pessoas sem visão, mas é criar pontos de alto risco de fogo, do tipo que iniciam grandes incêndios. É comportamento que pode resultar em aumento dramático na ameaça terrorista, e que se alastre para outras regiões – dado, especialmente, que o Estado Islâmico reúne em seus campos de treinamento militantes de muitos países, inclusive de países europeus.

    Infelizmente, a Rússia não é exceção. Nós não podemos deixar que esses criminosos que já provaram o cheiro de sangue voltem aos seus países, para continuar suas práticas assassinas. Ninguém quer que tal coisa aconteça, suponho.

    A Rússia sempre se opôs firme e consistentemente, sempre, contra o terrorismo em todas as suas formas. Hoje, damos assistência militar e técnica ao Iraque e à Síria, que enfrentam grupos terroristas.

    Entendemos que é erro enorme e grave recusar-se a cooperar com o governo sírio e suas forças armadas, que valentemente lutam cara a cara contra o terrorismo. É mais que hora de reconhecer afinal que ninguém, além das forças armadas do presidente Assad e das milícias curdas estão dando real combate ao Estado Islâmico e a outras organizações terroristas na Síria.

    Caros colegas, devo notar que a abordagem direta e honesta da Rússia foi recentemente usada como pretexto para nos acusar de estarmos alimentando ambições crescentes (como se os que nos acusam fossem libertos de todas as ambições…).

    Mas a questão não são as ambições russas. A questão é reconhecer o fato de que já ninguém pode continuar a tolerar o atual estado de coisas no mundo.

    Na essência, estamos sugerindo que nos façamos guiar por valores comuns e interesses comuns, não por ambições. Temos de unir esforços, considerando a lei internacional, para enfrentar os problemas que estão diante de todos nós, e criar uma coalizão ampla e genuinamente internacional contra o terrorismo.

    Semelhante à coalizão que se constituiu anti-Hitler, a nova coalizão dever unir gama ampla de forças que desejem resolutamente resistir contra os que, exatamente como os nazistas, semeiam o mal e o ódio contra a humanidade.

    Evidentemente, os países muçulmanos têm papel chave a desempenhar na coalizão, tanto mais que o Estado Islâmico não é só ameaça contra a sobrevivência deles, mas, além disso, ativamente agride e ofende, com suas práticas sanguinárias, uma das maiores religiões do mundo. Os ideólogos daquela militância zombam do Islã e pervertem todos os valores verdadeiramente humanistas do Islã.

    Gostaria de me dirigir aos líderes espirituais muçulmanos, porque sua autoridade e orientação são agora ainda mais profundamente importantes. É essencial impedir que jovens recrutados por militantes tomem as mais desgraçadas decisões sobre a própria vida. E também os que já se tenham envolvido, que já foram enganados e que, pelas mais diferentes circunstâncias da vida, vejam-se hoje vivendo entre terroristas, esses também precisam de ajuda, para que consigam voltar à trilha da vida normal, para que deponham as armas e ponham fim ao fratricídio.

    A Rússia, como atual presidente do Conselho de Segurança, convocará em breve uma reunião ministerial para que se faça análise ampla das ameaças que cercam o Oriente Médio.

    Em primeiro lugar, propomos que se discuta a possibilidade de construir uma Resolução que vise a coordenar as ações de todas as forças que já estão resistindo contra o Estado Islâmico e outras organizações terroristas. Mas uma vez: essa coordenação terá de basear-se nos princípios da Carta da ONU.

    Esperamos que a comunidade internacional será capaz de desenvolver uma estratégia ampla de estabilização política e, também para a recuperação social e econômica do Oriente Médio. Isso feito, não será preciso criar novos campos para concentração de refugiados.

    Hoje, o fluxo de pessoas forçadas a deixar a terra natal já literalmente inundou a Europa. Há centenas de milhares deles agora e não demorará para que sejam milhões. De fato, é grande e trágica migração de pessoas. E é dura lição para os europeus.

    Quero destacar: refugiados precisam, sem dúvida, de nossa compaixão e apoio. Mas o único meio de resolver esse problema em nível mais fundamental é restaurar o Estado, em todos os pontos onde foi destruído; reforçar as instituições de governo onde elas ainda existam ou estejam sendo restabelecidas; prover ajuda ampla – militar, econômica e material – a países em situação difícil; e, com certeza, também aos que não abandonarão suas casas, não importa quais sejam os padecimentos.

    Claro que qualquer assistência a estados soberanos pode e deve ser oferecida, nunca imposta; e única e exclusivamente de acordo com a Carta da ONU. Em outras palavras, tudo nesse campo está sendo ou será feito em obediência ao disposto na lei internacional e com o apoio de nossa organização universal. Tudo que infrinja disposições da Carta da ONU deve ser rejeitado.

    Acima de tudo, creio que é de máxima importância ajudar a restaurar as instituições de governo na Líbia, apoiar o novo governo do Iraque e prover assistência ampla ao governo legítimo da Síria.

    Colegas, garantir a paz e a estabilidade regionais e globais continuam a ser os objetivos chaves da comunidade internacional, com a ONU no comando.

    Acreditamos que isso implica criar um espaço de segurança igual e indivisível, não para uns poucos seletos, mas para todos. Sim, é tarefa desafiadora, difícil e que exige tempo, mas simplesmente não há via alternativa.

    Porém, o pensamento de bloco dos tempos da Guerra Fria e o desejo de explorar novas áreas geopolíticas ainda persistem em alguns de nossos colegas.

    É de lastimar que alguns dos nossos colegas tenham, até aqui, escolhido outra via – a via de explorar predatoriamente novos espaços geopolíticos.

    Primeiro, continuaram sua política de expandir a OTAN e sua infraestrutura militar. Depois, ofereceram aos países pós-soviéticos uma escolha falsa: pôr-se ao lado do ocidente ou ao lado do oriente.

    Essa lógica de confrontação está fadada, mais cedo ou mais tarde, a desencadear uma grave crise geopolítica. É precisamente o que foi feito na Ucrânia, onde o descontentamento da população com as autoridades foi usado, e se orquestrou um golpe militar de fora para dentro do país; e esse golpe disparou uma guerra civil.

    Temos certeza de que só mediante a plena e fiel implementação dos Acordos de Minsk de 12/2/2015 poderemos pôr fim ao banho de sangue na Ucrânia e encontrar saída para aquele impasse.

    A integridade territorial da Ucrânia não pode ser assegurada por tratados e sob armas. Indispensável ali é consideração genuína pelos interesses e direitos do povo na região do Donbass e respeito pelo que escolherem. É preciso coordenar com eles, como fazem os Acordos de Minsk, os elementos chaves da política do país.

    Esses passos garantirão que a Ucrânia desenvolverá um estado civilizado, como elo essencial na construção de um espaço comum de segurança e cooperação econômica ao mesmo tempo na Europa e na Eurásia.

    Senhoras e senhores, falei propositadamente de espaço comum de cooperação econômica. Não há muito tempo, parecia que na esfera econômica, com suas objetivas leis de mercado, aprenderíamos a viver sem linhas divisórias. Que construiríamos regras transparentes e de comum acordo, que incluiriam os princípios da Organização Mundial de Comércio, que estipulam a liberdade de comércio e investimento e a livre concorrência.

    Mas hoje já é quase lugar comum impor sanções unilaterais que burlam o que determina a Carta da ONU. Além de perseguir objetivos políticos, essas sanções são visível manobra mal-intencionada, para eliminar concorrentes comerciais.

    Quero apontar ainda mais um sinal de crescente “autismo econômico”. Alguns países escolheram criar associações econômicas como clubes fechados e “exclusivos”, cuja fundação está sendo negociada na clandestinidade, ocultada até dos próprios cidadãos daqueles países, do público em geral e da comunidade empresarial.

    Outros estados, cujos interesses podem vir a ser afetados não são informados, tampouco, de coisa alguma. Parece que estamos a um passo de ser confrontados com um fato consumado, de que as regras do jogo foram mudadas a favor de um poucos privilegiados, sem que a OMC tenha sido jamais ouvida. Assim se desequilibra completamente o sistema comercial e desintegra-se o espaço econômico global.

    Essas questões afetam os interesses de todos os estados e influenciam o futuro de toda a economia mundial. Por isso, propomos que essas questões sejam discutidas dentro da ONU, dentro da OMC e dentro do G-20.

    Ao contrário da política de “exclusividade”, a Rússia propõe harmonizar os projetos econômicos regionais. Refiro-me à chamada “integração de integrações”, baseada em regras universais e transparentes do comércio internacional.

    À guisa de exemplo, quero citar nossos planos para interconectar a “União Econômica Eurasiana” e a iniciativa da China, do “Cinturão Econômico da Rota da Seda”. Ainda acreditamos que harmonizar os processos de integração dentro da União Econômica Eurasiana e a União Europeia é movimento altamente promissor.

    Senhoras e senhores, as questões que afetam o futuro de todos os povos incluem o desafio da mudança do clima global.

    É do nosso interesse fazer da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, em dezembro, em Paris, um sucesso. Como parte de nossa contribuição nacional, temos planos para reduzir para 70-75% a emissão dos gases de efeito estufa, até 2030, de volta aos níveis de 1990.

    Mas sugiro que tomemos, sobre essa questão, visada muito mais ampla. Sim, podemos aplacar as dificuldades, por algum tempo, definindo quotas de emissões venenosas, ou tomando outras medidas que, contudo, são medidas apenas táticas. Mas, por esse caminho, nada resolveremos.

    Precisamos de abordagem completamente diferente. Temos de nos focar em, fundamentalmente, introduzir novas tecnologias inspiradas pela natureza e que não causarão dano ao meio ambiente, e conviverão em harmonia com ele. Além disso, elas restaurarão o equilíbrio entre a biosfera e tecnofera, alterado pelas atividades humanas.

    É desafio, realmente, de escopo planetário. Mas tenho confiança de que a humanidade tem potencial intelectual para enfrentá-lo.

    Temos de unir esforços. Refiro-me, em primeiro lugar, aos estados que têm sólida base de pesquisas e que têm obtido avanços significativos em ciência fundamental.

    Propomos organizar um fórum especial, sob os auspícios da ONU, para discussão ampla das questões relacionadas ao esgotamento de recursos naturais não renováveis, à destruição do meio ambiente e à mudança climática. A Rússia está pronta para copatrocinar esse fórum.

    Senhoras e senhores, foi em Londres, dia 10/1/1946, que a Assembleia Geral da ONU reuniu-se para sua primeira sessão. Zuleta Angel, diplomata colombiano, e presidente da Comissão Preparatória, abriu a sessão oferecendo, entendo eu, uma definição concisa dos princípios básicos que a ONU deveria seguir em suas atividades: defender o livre arbítrio, desafiar os conluios e trapaças e preservar o espírito de cooperação.

    Hoje, essas palavras ainda soam como orientação para todos nós.

    A Rússia acredita no enorme potencial da ONU, de dever ajudar-nos e evitar uma confrontação global e a nos engajar em franca cooperação estratégica. Juntos com outros países, trabalharemos empenhadamente para fortalecer o papel da ONU, de coordenação central.

    Confio que, trabalhando juntos, conseguiremos fazer do mundo lugar pacífico e seguro, e asseguraremos condições propícias para o desenvolvimento de estados e nações.

    Obrigado.”

    1. Você é apenas uma viúva do

      Você é apenas uma viúva do império norte-americano ou também acumula o título de viúva da ditadura brasileira?

        1. FHC também se diz de

          FHC também se diz de esquerda, mas a cor dele agora é outra. Quando viu o império gringo sendo destronado na Síria pela Rússia ele ficou amarelo. Você também amarelou? 

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