Presidente da Associação dos Magistrados critica viagem de Barbosa

Sugerido por Luciano Prado
 
Da Folha
 
Juiz critica périplo de Barbosa
 
POR FREDERICO VASCONCELOS
 
Sob o título “Por trás dos holofotes“, o artigo a seguir é de autoria do juiz Fernando Ganem, que exerce a presidência da Associação dos Magistrados do Paraná até sexta-feira (31/1), quando haverá troca de comando na entidade.
 
A imprensa destacou nesta última semana o fato de o Presidente do Supremo Tribunal Federal ter saído de férias sem ter assinado o mandado de prisão de João Paulo Cunha, condenado do mensalão.
 
Não fosse esse fato, ainda ele teria suspendido as férias para viajar a Paris e Londres, aonde proferiria palestras, recebendo diárias de aproximadamente catorze mil reais.
 
Evidentemente que isso aborreceu outros ministros da Corte, os quais afirmaram que o seu Presidente também poderia ter interrompido as férias para assinar o mandado que lhe competia.
 
O mandado de prisão é uma simples folha de papel, digitada por funcionário do Judiciário, onde o magistrado lança a sua assinatura, determinando seja ele cumprido.
 
Não é um instrumento de difícil confecção, nem de complexidade tal a demandar tanto tempo a impedir o gozo das férias de quem assina.

 
Juízes de primeiro grau, em sua grande maioria, estão obrigados a cumprir plantão cível e criminal em sua jurisdição, e, em casos de repercussão, estão sempre alertas, saindo efetivamente de férias após vencidas as pendências existentes em sua vara ou juízo.
 
O Presidente do Supremo deveria fazer o mesmo: férias somente depois de assinados os mandados de prisão e iniciada a execução do julgado.
 
Mas não o fez. Preferiu tirar uns dias de descanso e, depois, viajou ao exterior para proferir palestras, ganhando diárias, sem contar o valor que teria cobrado por cada palestra, como é de praxe acontecer.
 
Nada contra a percepção de diárias, nem de cachê em palestras, aliás, entendo seja direito de qualquer pessoa que trabalha.
 
Porém, causa estranheza as circunstâncias em que isso ocorre, sendo o protagonista o Presidente do STF e do CNJ, justamente aquele que sob os holofotes defende a ética e a moralidade, formulando nervosos discursos contra benefícios (inclusive alguns que ele próprio recebeu como ex-integrante do Ministério Público) e vantagens específicas de magistrados, como no caso do direito a sessenta dias de férias, da percepção de auxílios alimentação e saúde.
 
Se fosse um juiz de primeiro grau que tivesse ido ao exterior proferir palestras mediante paga, e recebendo diárias, esquecendo-se de assinar um mandado de prisão em processo clamoroso sob seu jugo, com certeza o tratamento seria outro, principalmente se isso fosse comunicado ao CNJ, quando então o colega correria o risco de, sob o beneplácito do próprio Presidente do Supremo, ser exposto à mídia, e, com o pescoço à prova, passar toda espécie de dissabores e constrangimentos perante a sua família, seus pares, seus subordinados, e o que é pior, seus jurisdicionados; isso sem contar na desestabilização de sua autoridade e credibilidade, algo que só um tempo muito grande é capaz de apagar.
 
Justa é a polêmica gerada sobre o ministro Presidente da Suprema Corte e do Conselho Nacional de Justiça, este último o maior órgão censor da justiça brasileira, guardião da ética, da moralidade e da respeitabilidade do Poder Judiciário.
 
Afinal de contas, ninguém está acima da lei, nem de qualquer suspeita, mas é preciso que a pessoa pública, vitrine que é, seja atrás dos holofotes justamente aquilo que prega sob eles.
Redação

13 Comentários

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  1. A mesma grande Imprensa que

    A mesma grande Imprensa que fica histérica por uma Tapioca, simplesmente relata de forma impessoal e até laudatória as espertezas do Sr. Joaquim Barbosa. Uma pouca vergonha o que acontece no Judiciário e na Mídia brasileira…

  2. Mas fica só na critica

    é mas não sai disso, uma crítica aqui outra ali e mais nada, esquece-se…o rei está nu, mas como na estória ninguém nota

  3. O Nassif ja colocou nos seus

    O Nassif ja colocou nos seus devidos termos – sem noção – um novo General Figueiredo.

    Agora a sociedade tem que reagir. Não é porque o homem seja meio maluco que tem que ser tratado como café com leite. So lembrando, quando eu jogava futebol na rua cafe com leite era o menino que ninguem cobrava nada por ser ou muito novo ou muito ruim de bola

  4. Aquela foto com a marca PRADA no fundo então…

    …Foi desabonadora 

    Se ele tivesse tirado férias como gente grande ninguém  teria  imagens de um homem vaidosa a flor da pele.

    Enfim, isso é café pequeno perto do banquete que será o crime tipificado em corte ordinária.

    Ocultar provas de inocencia é mais que prevaricação.

    Quando   atos de uma pessoa causa danos  a terceiros é CRIME. Ocultação é um ato . Só o Joaquim Barbosa e o procurador geral que tiveram acesso aos inqueritos e mesmo a ato de ocultação tendo sido decidido em assembleia de ministros não pode o Joaquim chantagear seus pares simplesmente por que ele não sabiam do que se tratava e foram levados ao engano

    Quando uma autoridade que deveria servir e proteger comete tal ato agrava  o crime

    Eu sei que Joaquim Barbosa vai ser julgado, eu só quero saber se ele será covarde o bastante para fugir do Brasil e se refugiar  em Miami como perseguido politico.

    O cara é tal picareta que é capaz disso.

    1. Quando, Ana? Quando o Joaquim

      Quando, Ana? Quando o Joaquim Barbosa vai ser julgado?  A Matrix do Brasil é a imprensa então não seja tão otimista. Se até a presidente do Brasil, eleita pelo partido dos condenados, reclamou quando os parlamentares do PT os visitaram na prisão mesmo tendo sido eles condenados injustamente. 

      Para mim o mais grave na atuação de Joaquim Barbosa foi a permissão para que somente os advogados de Daniel Dantas tivessem acesso ao processo. Tem mala aí.

    2. Ontem, eu comentei sobre essa

      Ontem, eu comentei sobre essa coisa de tratar a “mais que prevaricação”dos magistrados como mero ” cerceamento de defesa mas não quis usar  o termo prevaricação ou crime no comentário. Disse apenas que o  que os magistrados fizeram está para muito além do cerceamento de defesa, puro e simples. JB declara para quem quiser ouvir que em 2006 o MPF solicita que, a partir daquele momento, tudo o que for produzido pelas investigações faça parte de outro inquérito; em outras palavras, o que eu tenho aqui já dá para denunciar quem eu quero ( não quem deve ser denunciado ) e os documentos que virão, além de  não ajudar, podem atrapalhar. Nada contra a acusação escolher suas provas, desde que a defesa tb o faça. O que não se aceita é o magistrado, permitir que o MP escolha o que convém a acusação e depois decretar sigilo eliminando as chances da defesa. O que os ministros fizeram foi participar de um esquema para condenar pessoas a qq custo, desde o início. Qdo a AP 470 entra em pauta, já está decidida. E o desmembramento seria um desafio já que essa AP só se sustenta em bloco; não só a denúncia como os próprios votos dos ministros. QQ um que saia desmonta tudo e qq que entre tb. Não, por acaso, quando no primeiro dia de julgamento, o Revisor acata o pedido de desmembramento, é acusado pelo Relator de ” deslealdade”. Ora, um ministro do  STF deve lealdade a CF e aos autos e não ao Presidente ou Relator. Já no primeiro dia, fica evidente que o julgamento era, portanto, uma “questão de honra”. O que fazem MPF e STF, excluem as pontas do esquema, ou seja, quem abastece e quem se beneficia ( DD e Duda Mendonça e empresas de comunicação ); escolhem o alvo ( núcleo duro do PT) e dão um jeito de trazê-los ao STF ( criação da compra de votos, baseada na estrutura de financiamento de campanhas desde 94 ) e aí entram os parlamentares, lideranças da base aliada que terão o condão de trazer para a única e última instância o núcleo duro do PT. Daqui em diante, era só ir recheando a denúncia com qq pessoa que pudesse ir linkando um no outro até chegar aos 3, com o cuidado de não ” puxar” para a Ap 470 qq um que pudesse deixar evidente o reaproveitamento do antigo e único esquema de arrecadação de campanhas, desde a redemocratização exceto, a eleição de Fernando Collor, que foi conduzida, diretamente, pelos meios de comunicação. A partir daí, todas as demais foram conduzidas, tb, pelos meios de comunicação, só que, indiretamente, via contratos com agências de publicidade. É aí que entra o Pizzolato e o problema com o 2474; Pizzolato foi pinçado do esquema no BB por ser petista para poder simular a entrada de dinheiro público na AP 470. só que o resto do esquema inteiro, ficou na segunda instância; só ele subiu. Ora, se a Corte aceitou julgar 37 pessoas sem prerrogativa de foro, qual a razão para deixar os três diretores tucanos de fora? Além do número 40 para efeitos midiáticos, havia a questão do ineditismo. Caso os demais subissem para o STF, a conversa de mensalão-mãe, cairia por terra. E poderíamos ficar aqui dois dias inteiros, falando de Mensalão mas o ponto é até onde isso tudo pode ser considerado “cerceamento de defesa”. Não vejo como, até pq foi tudo engendrado ANTES do recebimento da denúncia. Ou seja, o próprio julgamento era a armadilha. Ninguém poderia imaginar que uma denuncia em que o próprio MPF reconhece não ter encontrado provas, pudesse gerar condenações, sobretudo do tamanho das que vieram. Logo no início do julgamento, discutíamos nas listas que a defesa deveria ser feita em conjunto; assim como a denúncia e as votações. O sucesso da denúncia foi em função do ACORDO de MPF com STF e o das votações, tb, resultado de acordo entre os magistrados. Ora, obviamente contavam com a defesa individual de cada réu. E funcionou pq atacaram em bloco, cada réu, isoladamente. O resultado foi o que vimos; em função do fatiamento, as decisões dos magistrados eram fundamentadas em seus próprios votos anteriores e nunca no que constava dos autos. E as defesas não tinham o que fazer pq não há como fazer defesa do que não se conhece, ou seja, o voto do ministro, em relação a fatia anterior. Daqui para frente a defesa de TODOS os réus tem que ser em bloco; não vai adiantar fazermos o que já fizemos aqui, antes. Ah mas isso aí é com o réu fulano, deve ser verdade mesmo… ah mas esse réu aí, tem uma fama horrível… Não interessa; qq deslize agora, vai ser compreendido e veiculado como fundamento para o TODO. MV, matou um passarinho… No dia seguinte estará na mídia… a prova de que o mensalão existiu… Um cara que faz isso, faz qq coisa… A partir, de agora, qualquer acusação contra qualquer réu da AP 470, deve ser solenemente, ignorada (  QQ um, não só os do núcleo político ), sob pena de colocarmos tudo a perder, O que aconteceu no julgamento da AP 470 foi qualquer coisa MENOS cerceamento de defesa.

      1. Um post

        Muito interessante… Cristiana, se você tiver tempo, poderia fazer um apanhado disso tudo, dos dados que vc tem, como um artigo, para ser publicado aqui, la no Miguelito, onde pudermos divulgar essa patuscada. 

        Abraços.

  5. Espertinho

    Quer dizer então que o funcionário público sai de férias sem terminar o serviço de sua estrita responsabilidade e de interesse do Estado, recebe diárias  nada módicas, pagas pelo erário, para proferir palestras durante suas férias e ainda recebe mais um cachezinho por elas???

    Minimamente precisa reavaliar seus valores éticos.

    1. Jesus-Maria-José nos acuda!

      Mas ele considera que trabalhou muito esses ultimos dois anos, talvez, como jamais em toda sua vida juridica. Eh merecedor desses mimos e outros mais, como prêmio por ter julgado “o maior escândalo de corrupção da historia do Brasil” e metido na cadeia a petralhada.

  6. Pres. da Associação de

    Pres. da Associação de Magistrados arranjou uma maneira polida de dizer que o JB é um coçador de saco irresponsável cujos vícios são acobertados pela mídia. 

  7. Continuo com meu mantra.

    Continuo com meu mantra. Barbosão está no bolso dos Marinho.

    Está lá a postos. Se por um milagre a investigação da PF contra a Globo andar e um juíz de primeira instância decidir contra os réus, o Barbosa passará por cima do Gilmar, e dos outros que disputarão a tapa o Habeas Corpus global, e o dará com pompa e circunstância.

    Com direito a discurso pela liberdade de imprensa contra a perseguição do governo bolivariano do PT! 

  8. eu só estou aguardando..

    eu só estou aguardando a Senadora Ana Rita do PT -ES, a qual votei indiretamente pois ela era suplente de Renato Casagrande que assumiu o Governo daqui, para perguntar pq os Senadores do PT não pedem o Impedimento de JB.. ela certamente virá pois será candidata a reeleição esse ano, a depender da resposta decidirei se voto nela..

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