Ser preso no fim do julgamento não é favor a ninguém, diz Lula

"Não estou reivindicando essa discussão de segunda instância. Não estou interessado nisso", disse líder petista: "Eu estou interessado na minha inocência"

Foto Ricardo Stuckert

Jornal GGN – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (16), que não está interessado na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre manter ou não a condenação a partir da segunda instância, que foi o que permitiu a sua prisão antes do fim do seu julgamento. O tema que será retomado pela Corte na tarde de hoje (17).

“Não estou reivindicando essa discussão de segunda instância. Não estou interessado nisso”, disse o líder petista, explicando suas razões: “Eu estou interessado na minha inocência”. A declaração foi dada em entrevista de Lula na sede da prisão em Curitiba aos jornalistas Leonardo Sakamoto e Flávio Costa, do Uol.

Na tarde de hoje, o Supremo inicia o julgamento que definirá se os condenados a partir de segunda instância já podem cumprir a pena de prisão ou se têm a garantia de aguardar até o fim do julgamento (trânsito em julgado) em liberdade.

O tema já havia sido analisado pela Corte em 2016 a favor do cumprimento de prisão, mas foi levantada dúvidas sobre o embate apertado (à época 6 ministro contra 5) e parte daqueles que votaram a favor hoje já anunciam publicamente que votariam contra.

Na entrevista dada ao Uol nesta quarta, Lula tratou do tema na mesma linha na qual vem adotando desde que foi preso, em abril de 2018, de que os ministros devem libertá-lo não por meio de benefícios, mas pela sua inocência da qual acredita.

“O que quero é que os ministros da Suprema Corte tenham acesso à verdade do processo, aos inquéritos mentirosos da Polícia Federal, do Ministério Público, liderado pelo Dallagnol, pelo mentiroso do Moro, na sentença, e anulem esses processos. É a única coisa que me interessa”, afirmou. “Cometeram a bobagem de me prender, cometeram a bobagem de me acusar, agora vão ter que suportar esse peso aqui dentro”, completou.

O Uol publicou alguns trechos da entrevista de Lula. Ainda sobre o julgamento que ocorrerá hoje, o ex-presidente assim introduziu: “Essa entrevista nossa está marcada bem antes de o Toffoli marcar o julgamento da segunda instância. Não tenho pretensão de dar entrevista aqui na Polícia Federal. Eu gostaria de estar dando entrevista na sede do PT, no Instituto [Lula], no sindicato, na rua, sei lá… seria muito melhor”.

Ainda nessa pergunta, o líder lembrou a razão de estar atrás das grades: “Eles procuraram um jeito de me tirar da disputa política, de tentar destruir o PT, e eu estou aqui”, resumiu.

Leia um trecho da entrevista de Lula aqui:

Também de maneira resumida, Lula questionou a acusação que o mantém preso em Curitiba há 1 ano e meio: “Se eu tenho um apartamento, alguém tem que ter uma escritura, alguém tem que ter um recibo. O que não pode é inventar uma mentira para poder me condenar”, levantou.

Os jornalistas também questionaram se o fato de o STF não ter julgado a prisão em segunda instância no ano passado teria sido uma forma de prejudicá-lo e se ele se arrependia de alguma indicação de ministro ao STF, levantando o teor de indicação política que o ex-presidente não quis adotar para os cargos maiores da Justiça enquanto geria o país.

“Você só ser preso depois que o processo ter transitado em julgado não é favor a ninguém. É cumprir, pura e simplesmente, o que está na Constituição”, foi a resposta de Lula. Mas não deixou de criticar a atuação de alguns juízes, dizendo que não “devem se mover pela pressão da opinião pública”. “Só faltava a Suprema Corte convocar uma pesquisa do Ibope para saber o que pensa o povo sobre determinadas coisas”, ironizou o ex-presidente.

 

 

Redação

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