as paredes de rimbaud
aos 16 já pinta o poeta rimbaud
nas paredes do inferno
aos 17 ele come verlaine
em cada pedaço
ontem, hoje, amanhã
o decidem belo:
belo como a dureza do trovão
e o escuro da pedra
belo como os medos da carne antes do sal
e uns marimbondos travados
um dia
vinícius o declara o mais eterno de todos.
romério rômulo
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D’après Rimbaud
O barco bêbado / só navega à deriva;/ não procura, acha, mas / o que acha, não descreve: / esquece // O barco bêbado / não tem porto; / quando repousa, naufraga; / à porta do comando / as garrafas cintilam, vazias.
Gosto deste…
[ só mesmo o amigo romério pra salvar a “edição editada matutina” do ggn-nassif do dia de são josafa kuncewicz… edição limitada dura de roer dura de ler dura de traduzir dura de interpretar dura de decifrar… ]
NO CABARÉ VERDE
Cinco horas da manhã
Oito dias a pé, as botinas rasgadas
Nas pedras do caminho: em Charleroi arrio.
—- No Cabaré Verde: pedi umas torradas
Na manteiga e presunto, embora meio frio.
Reconfortado, estendo as pernas sob a mesa
Verde e me ponho a olhar os ingênuos motivos
De uma tapeçaria. —- E, adorável surpresa,
Quando a moça de peito enorme e de olhos vivos
—- Essa, não há de ser um beijo que a amedronte! —-
Sorridente me trás as torradas e um monte
De presunto bem morno, em prato colorido;
Um presunto rosado e branco, a que perfuma
Um dente de alho, e um chope enorme, cuja espuma
Um raio vem doirar do sol amortecido.
Outubro de [18] 70.
Arhur Rimbaud Poesia Completa. Edição Bilíngue. Tradução Prefácio Organização de Ivo Barroso. Ed. Topbooks, 1995.