Paixões vermelhas, por Sergio Saraiva


Foto: Francisco Proner

Por Sérgio Saraiva

Que vermelho é esse nos teus olhos?

Reflexos de paixões inflamadas, revérbero de fogueiras apaixonadas.

Tua mentira assim revelada, teu juramento traído, teu engodo, teu erro e teu engano em vermelho incendido?

Tua verdade incendiada.

Paixões escarlates ou febril de escarlatina?

Prosa púrpura e purpurina.

Que vermelho é esse nos teus olhos?

Ódio rubro ensandecido, ódio de fraternos divididos, ou rútilo de rubi dos amores incontidos?

Que vermelho é esse nos teus olhos?

Herança de lágrimas; ou lembranças umedecidas, amanhecidas tingidas de carmim?

Que vermelho é esse em teu rosto?

O vermelho da vergonha ou o vermelho do gozo desavergonhado, do gozo encarnado?

Que vermelho é esse em tua boca?

O salgado vermelho da agressão, ou sal vermelho dos beijos tresloucados?

O batom borrado de lábios delirantes ou o tinto em brasas de lábios dilacerados?

Como uma rosa vermelha, lábios despetalados.

O vermelho já não está nas tuas mãos? Já não basta o sangue derramado?

Que vermelho é esse em teu peito?

O vermelho do teu coração pulsante, ou o vermelho do teu coração clivado?

Que vermelho é esse em tuas palavras?

O vermelho da luta ou o vermelho da guerra, o vermelho da lâmina ou o vermelho da terra?

Que vermelho é esse em tuas ruas? Que vermelho é esse entre tuas pernas nuas?

O vermelho de tua Pátria desvirginada. O vermelho de tua irmandade violentada.

O vermelho em tua bandeira verde-amarela ensanguentada.

O vermelho dos sacrifícios, ou o vermelho dos fogos de artifício?

Tua escolha avermelhada.

 

PS:  Oficina de Concertos Gerais e Poesia

Redação

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