Grande mídia não explica que não cabe ao General dar pitacos no Supremo

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Jornal GGN – William Bonner correu para ler, ao vivo no Jornal Nacional, o tuíte do General Villas Boas, comandante do Exército, que pressiona o Supremo Tribunal Federal a manter a prisão em segunda instância e negar um habeas corpus a Lula. Os jornais impressos, na manhã desta quarta (4), dia do julgamento, reproduziram o mesmo feito do âncora da noticiário global: noticiaram o fato, mas não se prestaram a explicar que o General ultrapassou os limites que existem dentro de uma Democracia.

As edições de Folha (que deu o destaque ao General na manchete de capa) e Estadão nem de longe cumpriram com o papel que Laura Carvalho atribuiu ao jornalismo neste episódio: esclarecer que não cabe ao Exército opinar em matéria do Judiciário.

Assinada por Eliane Cantanhêde e um colega de redação, a matéria do Estadão chegou a ouvir generais em “off”, apenas para reforçar a ideia de que Villas Boas também teria direito a ter uma opinião sobre o futuro de Lula e emití-la aos “cidadãos de bem” com quem compartilha o “repúdio à impunidade”. 

Além dos generais, o próprio governo Temer também passou a mão na cabeça do General minimizando a declaração. 

Folha e Estadão têm em comum, ainda, o fato de que trataram as críticas a Villas Boas como coisa de “oposição”, de “petistas e aliados” indignados com a pressão para que Lula seja preso.

Mais do que omitir o papel descabido do General, Folha escreveu que o tuíte foi uma “posição pública diante da cobrança para que as Forças Armadas se manifestassem”.

O jornal também colheu depoimentos majoritariamente coniventes com o episódio com o General. À parte os “aliados” de Lula, apenas Rodrigo Janot, ex-procurador-geral, ocupou o lugar de uma figura pública que viu o risco de 2018 virar 1964.

O professor da UnB, Luis Felipe Miguel, criticou o papelão da grande mídia. “(…) hoje a Folha é um grande panfleto antilulista”, analisou. Parece que foi feito dentro da sede do PSDB, complementou.

 

 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

4 Comentários

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  1. Navalha na mão de macaco

    Repito, não sei como é no resto do mundo, mas uma certeza, no Brasil redes sociais são incompatíveis com certos segmentos da sociedade (Judiciário, militares, etc). Censura! gritam os neófitos e ingênuos, puros de alma e coração. Não entendem o que seja “incompatível com a função”. Por aqui subverteram tudo, procuradores atacam o Legislativo, atacam tribunais superiores, militares o Judiciário, numa espiral insana sem fim. Ah, e o arcabouço institucional do país vai pras cucuias. Mas temos de liberar as redes sociais para todos eles, senão é censura. Não, cara pálida, redes sociais são um instrumento muito novo, novíssimo, precisa regulamentar. Generais da ativa não podem tuitar pra cima do Judiciário, procuradores não podem pressionar o Congresso, caramba, é tão difícil entender isso?

     https://jornalggn.com.br/noticia/e-preciso-proibir-as-redes-sociais-para-o-judiciario-por-fernando-j

     

  2. e também não explica outras coisas

    O general deu um passo em falso. Acredito que jogou para torcida, ou tente conter pressões internas do obscurantismo fardado que devem estar pedindo sua cabeça no comando, mas a atitude, além de autoritária, beira a irresponsabilidade em outro ponto ainda não abordado até aqui nas análises.

    Afinal na mesma medida em que politiza a sua atuação, transbordando completamente dos limites constitucionais, para pressionar o Supremo em questão estritamente constitucional e  jurídica, abre o flanco em sua própria instituição.

    O que ele fará quando a politização atingir os soldados, cabos e sargentos ?

    Se ele se permite tomar partido, enquanto militar da ativa, como irá impedir que o debate atinja a tropa?

    E como vai impedir que os cidadãos civis procurem a tropa para convence-los diretamente de que devem ficar ao lado da democracia ?

    Depois vem o mimimi da quebra da hierarquia militar,mas quem dá o primeiro passo é ele.

    Me parece que está a perder o controle da parte mais obscurantista do alto oficialato.

  3. O General e sua tendência

    Após o golpe por um bando de ladrões que vendem o país,  o exército de Caxias se tornou exército de caixeiros?

  4. Os meios de comunicação de

    Os meios de comunicação de massa, especialmente jornais, radios e televisões jamais de fato fizeram o papel institucional que lhes cabe que é de informar, esclarecer, fornecer dados e diversidade de opinião. O que fazem no mundo todo, sobretudo em paises onde as instituições são frageis, é propaganda ideologica e de mercado. Soh é possivel conter o fascismo quando a imprensa é pluralizada e oferece diferentes pontos de ancoragem. Nem de longe é o caso brasileiro.

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