Wilson Ferreira
Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
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Retrofascismo: O Fascismo Viral

  Hegel observa em uma de suas obras que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. (Karl Marx, “O 18 Brumário de Luis Bonaparte”)

 O psicólogo alemão Thomas Weber alertou que é grande a possibilidade de que alguém repita o massacre da escola do Rio após a notoriedade midiática do ato inaugural do gênero no Brasil. Afinal, cada imagem das câmeras internas da escola do Realengo que vaza na grande mídia e Internet retroalimenta o sucesso do cálculo viral do seu autor e desse novo fascismo agora vivido como farsa: o Retrofascismo. A divulgação do video do atirador do Realengo explicando os “motivos” para o massacre apenas confirmam a sua aspiração pela visibilidade viral.

No dia 07/04 um jovem entra fortemente armado em uma escola municipal no Realengo (Rio de Janeiro) e produz um massacre com 12 vítimas adolescentes; no dia 09/04 um atirador invadiu um centro comercial na cidade de Alphen aan den Rijn matando sete pessoas e ferindo 11; no mesmo dia, na avenida Paulista em São Paulo, grupos autodenominados como “ultradefesa”, “união nacionista” e “carecas” fazem manifestação  em favor das declarações racistas e preconceituosas do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Muitos foram presos pela polícia com pedaços de madeira, metal e “estrelas ninjas”.

Enquanto isso o especialista em traumas psicológicos Thomas Weber (coordenador do atendimento aos sobreviventes do crime ocorrido há dois anos em colégio alemão) em entrevista à Deutsch Welle-World falou que a tragédia na escola carioca “lembrava muito o massacre na cidade de Winneden, Alemanha, e que “ infelizmente, é grande a probabilidade que alguém, agora, tente repetir esse crime no Brasil.” 

A princípio, esses fatos são diferentes em termos da natureza, motivação e geografia. Mas há um elemento perturbador em todos eles quanto ao destino final dos gestos de atiradores seriais e manifestações neonazistas: além de mortes e violência, a visibilidade em progressão geométrica por meio de vídeos na Internet e mídias de massas. Uma vocação profunda parece ser o denominador comum desses episódios: aspiram à propagação viral.

 
 
Wilson Ferreira

Wilson Roberto Vieira Ferreira - Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.

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