18 pontos do polêmico pacote de leis que Milei enviou ao Congresso da Argentina

Milei dificulta e criminaliza protestos, mexe na função de juízes e no sistema eleitoral, entre outros pontos

Javier Milei
Reprodução: Youtube

Aposentadorias, piquetes, privatizações e muito mais: uma por uma, 18 chaves da lei geral que Javier Milei enviou ao Congresso

De Clarín

1. APOSENTADORIAS
Suspende a mobilidade previdenciária, autoriza o Poder Executivo a estabelecer fórmula de reajuste de aposentadorias e pensões e a conceder “aumentos periódicos discricionários, dando prioridade aos beneficiários de menor renda”.

2. PRIVATIZAÇÕES
O governo Milei incluiu um capítulo específico para as privatizações de empresas estatais e empresas total ou maioritariamente detidas nas mãos do Estado. Pretende privatizar o seguinte:

-Administração Geral dos Portos
-Companhias aéreas argentinas
-Empresa de soluções de satélite
-AYSA
-Banco Nacional
-Banco de Investimento e Comércio Exterior
-Casa de câmbio
-Conteúdo Público
-Corredores Rodoviários
-Correio Argentino
-Construção de Habitações para a Marinha Argentina
-Dioxitek
-Educar
-Empresa Argentina de Navegação Aérea
-Energia Argentina (Enarsa)
-Fábrica Argentina de Aeronaves “Brig. General San Martín”
-Fabricação Militar
– Ferrovias Argentinas
-Inovações tecnológicas agrícolas
-INTERCARGA
– Sanação do Mercado de Ações Pellegrini
-Nação de resseguros
-Seguro de aposentadoria nacional
-Serviços Nacionais
-Central Nuclear Argentina (NASA)
-Operador Ferroviário
-Praias Ferroviárias de Buenos Aires
-Polo Constituinte de Tecnologia
-Rádio da Universidade Nacional do Litoral
-Rádio e televisão argentina
-Serviço de Rádio e Televisão da Universidade de Córdoba
-Oficinas Navais da Doca Norte (Tandanor)
-Telam
-Desenvolvimento do Capital Humano Ferroviário
-Belgrano Carga e Logística
-Administração de infraestrutura ferroviária
-Veículo Espacial de Nova Geração
– Depósitos Fiscais de Carvão
-Depósitos de Mineração de Água Dionísio (YMAD)
-YPF

3. SISTEMA ELEITORAL
Milei propõe eliminar a lista ampla e, na categoria de Deputados, passar para um regime por círculo eleitoral em que cada eleitor poderá escolher apenas um candidato para a Câmara dos Deputados.

4. BRANQUEAMENTO

De acordo com o novo mecanismo, quem regularizar bens não declarados até 100 mil dólares não pagará quaisquer impostos, enquanto quem inscrever ativos superiores a 100 mil dólares na última fase pagará um “imposto especial” de 15%.

5. RETENÇÕES AO CAMPO
O projeto de lei que prevê o aumento das retenções sobre toda a produção agrícola para 15%. A alíquota para os subprodutos da soja (farinha e óleo) aumenta para 33%, o que a equipara ao feijão e elimina o diferencial que existia entre os produtos. E todas as mercadorias correspondentes ao complexo vitivinícola pagarão uma retenção na fonte de 8%.

6. PROTESTOS
O projeto de Milei agrava as penas para quem bloqueia ruas e torna efetiva a prisão para quem recebe pena máxima, superior a 3 anos. Ao mesmo tempo, incorpora a figura do organizador e para eles estabelece que “aquele que dirige, organiza ou coordena reunião ou manifestação que impeça, dificulte ou dificulte a circulação ou transporte público ou privado ou que cause lesões a pessoas ou danos ao imóvel” será punido com pena de prisão de 2 a 5 anos. Mesmo que não estejam presentes na manifestação ou acampamento.

7. DÍVIDA EXTERNA
O megaprojeto que Javier Milei enviou ao Congresso permitirá ao governo contrair dívida externa em moeda estrangeira, sem limites máximos estabelecidos pelo Congresso ou autorização dos legisladores. Assim, decorre do capítulo IV do texto referente às operações de crédito público.

8. NOTEBOOKS, CELULARES E MAIS
O limite de US$ 500 foi eliminado. Mercadorias podem ser trazidas para o país, desde que sejam para uso pessoal. De eletrônicos a itens de luxo por valores altíssimos.

9. UNIVERSIDADE PARA ESTRANGEIROS
Abre as portas para que as universidades públicas comecem a cobrar dos milhares de estrangeiros que vêm à Argentina apenas em busca de um diploma. Afirma que “as instituições de ensino superior estatais e as universidades nacionais, no exercício da sua autonomia, poderão estabelecer cobranças para serviços de ensino de licenciatura ou percursos educativos para os estudantes que não cumpram os requisitos”.

10. EXAME OBRIGATÓRIO NO FINAL DO ENSINO SECUNDÁRIO
O projeto especifica que ao final dos estudos do ensino médio, “o Estado Nacional realizará um exame censitário obrigatório que mede as aprendizagens adquiridas e as competências desenvolvidas pelos adolescentes que se formarem”.

11. DIVÓRCIO
Sem a necessidade de advogado, um casal que decidisse se divorciar por mútuo acordo poderia fazê-lo por via administrativa em vez de judicial. O que mudaria é basicamente o desaparecimento da mediação, já que hoje esse tipo de divórcio expresso perante juiz (mas com advogado) pode levar 24 horas.

12. LÍNGUA INCLUSIVA
No projeto “Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos” que o presidente enviou ao Congresso na tarde desta quarta-feira, há vários artigos relacionados aos direitos das crianças e das mulheres. O que primeiro se destaca é a mudança de linguagem, que já não é inclusiva: já não falamos de “mulheres e grávidas”, mas de “mães”, e as meninas já não têm nome.

13. DEFESA LEGÍTIMA
O projeto de lei geral também alivia a pressão sobre os cidadãos que, quando confrontados com um crime ou um ato de violência, se defendem e acabam sujeitos a um processo criminal. O novo texto estabelece que, na avaliação da figura da legítima defesa ou do cumprimento do dever de um funcionário de uma força de segurança, “a proporcionalidade dos meios utilizados deve ser sempre interpretada a favor de quem age no cumprimento do seu dever ou no legítimo exercício do seu direito, autoridade ou posição”. O projeto também tira a possibilidade de quem comete o crime ou seus familiares (caso o criminoso morra) prestar queixa ou processar quem se defendeu.

14. EMPREGO PÚBLICO
O Governo pode despedir funcionários públicos cujos cargos foram extintos se não forem reconvertidos no prazo de um ano. Essa será uma das principais funções que o Fundo de Reconversão Laboral terá previsto no projeto de lei geral que foi enviado quarta-feira ao Congresso e que altera a Lei do Emprego Público.

15. RESISTÊNCIA À AUTORIDADE
Modifica o artigo 237 do Código Penal e eleva a atual escala penal que passa de um mês para um ano, para um ano e três anos e seis meses de prisão para quem “utilizar intimidação ou força contra funcionário público ou contra quem presta-lhe assistência a seu pedido ou em virtude de um dever legal” e acrescenta no final o pressuposto de “durante o exercício das suas funções”. O artigo 238.º do Código aumenta as penas (que actualmente são de seis meses para dois anos) a entre quatro e seis anos de prisão para quem agredir um agente com uso de arma, entre três ou mais pessoas, se o agressor for funcionário público ou “colocar a mão na autoridade”, ou seja, agredi-lo com violência.

16. REVENDA DE INGRESSOS ESPORTIVOS
Permite a revenda de ingressos “sem limites” quando, até agora, era crime segundo a lei 23.184 sobre eventos esportivos. No capítulo 1 da intitulada “Desregulamentação econômica”, especifica-se numa primeira instância a revogação do artigo 25.º da referida lei, que especifica que “o responsável pela venda dos bilhetes, que não ofereça manifestamente todos os lugares disponíveis, ou quem vender em condições diferentes das divulgadas pelo organizador do espetáculo será punido com cinco a quinze dias de prisão.”

17. REUNIÕES DE TRÊS PESSOAS NA RUA
O capítulo de segurança nacional da Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, a comumente chamada lei omnibus, regula os protestos e exige que seja solicitada permissão se mais de três pessoas quiserem se reunir em um espaço público.

18. JUIZ, DE TOGA PRETA
Num dos pontos mais marcantes do seu extenso projeto de lei geral, Milei propõe regulamentos que parecem ser uma cópia dos Estados Unidos para os juízes responsáveis ​​pelos tribunais em julgamentos com júri. “O debate será conduzido pelo juiz que for designado, que exercerá todos os poderes de direção, polícia e disciplina do Código de Processo Penal Federal. O juiz usará toga preta e usará martelo para abrir e encerrar as sessões ou na resolução de um litígio”.

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