Chororô de Marina

Hoje faz um mês que Eduardo Campos morreu. Neste mês em que Marina despontou como forte candidata, suas propostas puderam ser criticadas. Suas contradições foram reveladas, os apoios e compromissos se tornaram evidentes. Vimos os seus vários recuos e mudanças de posição. Agora, quando começa a cair nas pesquisas, a candidata vem posar de Cristo crucificado e dizer, entre lágrimas de crocodilo, que oferece a outra face.

Ora bolas, Marina recebe críticas como todos os demais, algumas importantes e justas, outras exageradas. Com todo mundo é assim. Existe até uma certa ênfase no antipetismo. Dilma, por acaso, se debulhou em lágrimas quando entoaram “Vai tomar no cu!” em plena abertura da Copa? Naquele dia, temos que lembrar, a vaia partiu do camarote VIP do Banco Itaú. Hoje, uma herdeira do banco Itaú coordena o programa de campanha da incontestável candidata.

A grande mídia, que tange como gado uma parte cada vez menor dos leitores, acorre em auxílio de Marina. Usa a velha técnica de vitimização, manjadíssima. Sem chance. Ninguém vai parar de discutir política por causa do choro da outra. Não se pode mais criticar? Não se pode mais apontar as contradições? Não se pode mais dizer que mentiu? Não se pode mais discutir as propostas de governo? Pode, sim. Pode e deve continuar, isso é salutar para a democracia.

Esse chororô todo não pega mais. Já existe alguma crueldade tácita no ambiente de campanha, incapaz de permitir que se aceitem excessos de fraqueza. Marina passa a inspirar não apenas fragilidade das convicções, mas também fraqueza de espírito. Verga-se facilmente, um mito de barro que se esfarela. Além disso, as notícias correm hoje mais rápidas, ficou mais difícil enganar as pessoas. A tentativa de vitimização é rapidamente detectada e se transforma em tiro no próprio pé, gera repulsa e, como sempre, descamba para a gozação. Não me surpreenderia se o mimimi tirasse ainda mais votos de Marina.

 

Redação

3 Comentários

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  1. Tese errada

    Os ataques pessoais do PT a Marina estão retirando votos de Dilma, que tem o maior índice de rejeição entre todos os candidatos. Os aloprados estão afundando a candidatura de Dilma. O choro sincero de Marina, ao contrário, só a fortalece junto ao eleitorado. A campanha eleitoral do PT na televisão é uma coisa deplorável, de baixíssimo nível, tudo feito para manipular o eleitor de forma grosseira. Pratos que somem das mãos das pessoas, livros que desaparecem, tudo isso atribuído a uma eventual vitória de Marina. Isso não é uma forma decente de se fazer política. É uma coisa baixa, rasteira, mentirosa e falsa. Qualquer pessoa inteligente deveria saber disso. O PT despolitizou a campanha e partiu para a pura distorção descarada da realidade. Lamentável.

  2. Algum tempo depois…

    Ibope: Vitimização elevou rejeição de Marina

    http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/154145/Ibope-Vitimiza%C3%A7%C3%A3o-elevou-rejei%C3%A7%C3%A3o-de-Marina.htm

    247 – Não fez bem à candidatura de Marina Silva (PSB) a estratégia de vitimização, usada por sua campanha e potencializada pela grande imprensa, com capa na revista Veja e choro presenciado por jornalista da Folha de S. Paulo. A vitimização, contra os ataques dos adversários na disputa pela Presidência, voltou-se contra a própria candidata. A análise é do diretor do Ibope Hélio Gastaldi, responsável pela unidade de Opinião, Política e Comunicação do instituto de pesquisas. Agora, além de driblar as críticas dos oponentes, ela terá de mostrar firmeza para tentar passar mais credibilidade como candidata a presidente, disse Gastaldi ao Valor Pro, serviço de notícias em tempo real do Valor.

    “O aumento da rejeição de Marina já era esperado. Em um primeiro momento, só os pontos positivos foram exibidos e depois ela ficou envolvida em uma agenda negativa. Mas a estratégia de vitimização teve efeito contrário”, afirmou. “Agora ela terá de correr atrás do prejuízo, já que perdeu a chance de mostrar firmeza. Ao se fazer de vítima e mostrar ingenuidade aos ataques das outras campanhas, ela perde a credibilidade”, analisou.

    Segundo pesquisa Datafolha, divulgada ontem, a rejeição de Marina é de 22%, maior do que a de Aécio, com 21%. A rejeição de Dilma é de 33%. Há um mês, na pesquisa realizada entre os dias 14 e 15 de agosto, a rejeição de Marina era de 11%; a de Aécio era 18% e Dilma, 34%.

    Para Gastaldi, se o primeiro turno demorasse mais algumas semanas, as intenções de voto em Marina teriam uma redução significativa. “O voto dela é o mais volátil. É um voto do momento. Se a campanha tivesse uma duração maior, Marina teria mais a perder do que ganhar”, afirmou. Nesse mesmo cenário, o candidato do PSDB, Aécio Neves, em terceiro lugar nas pesquisas, poderia resgatar parte das intenções de votos, que migrou em sua maioria para a candidata do PSB.

    Na análise do diretor do Ibope, o cenário eleitoral está estável e deve manter o atual quadro, com a presidente Dilma na liderança, seguida por Marina. As duas candidatas devem disputar um provável segundo turno e a tendência, “pelo histórico das pesquisas”, é que tenha uma “sutil ampliação” da diferença entre as duas candidatas. Gastaldi afirmou que a intenção de voto dos candidatos tende a oscilar, mas sem mudanças significativas. “Não é esperada nenhuma grande movimentação no cenário eleitoral”, disse. “O cenário é estável”.

     

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