Comandante da Força Nacional enaltece amotinados da PM do Ceará e fala em momento histórico, por Hugo Souza

"Acreditem: vocês são gigantes, vocês são monstros, vocês são corajosos; demonstraram isso ao longo desses dez, onze, doze dias que estão aqui dentro desse quartel, em busca de melhoria da classe, e vão conseguir. Vão conseguir! Sem palavras para dizer a coragem que vocês estão tendo ao longo desses dias”.

O diretor da força nacional de segurança pública, Antônio Aginaldo de Oliveira, durante a solenidade de entrega da medalha do Mérito “Soldado Luis Pedro de Souza Gomes”

do Come Ananás

‘Vocês são gigantes’: diretor da Força Nacional parabeniza PMs do Ceará por motim

por Hugo Souza

O diretor da Força Nacional de Segurança Pública, coronel Aginaldo de Oliveira, participou na noite deste domingo, 1º de março, da “assembleia” que decidiu pôr fim à “greve” de policiais militares do Ceará. Em um quartel de Fortaleza ocupado por PMs amotinados, o coronel Aginaldo dividiu um palanque com representantes de esposas de policiais, o advogado dos PMs, coronel Walmir Medeiros, e com o ex-deputado federal Cabo Sabino, principal liderança do motim.

Aginaldo discursou para a plateia de policiais antes da votação, e após a reza de um Pai-Nosso e a execução do Hino Nacional. Ele parabenizou os PMs pelo motim:

“É muita coragem fazer o que os senhores estão fazendo. Não é pra todo mundo. É aquela coisa: os covardes nunca tentam. Os fracos ficam pelo meio do caminho. Só os fortes conseguem atingir os seus objetivos. E vocês estão atingindo os seus objetivos. Vocês movimentaram toda uma comissão de poderes constituídos do estado cearense e do governo federal. Então os senhores se agigantaram de uma forma que não tem tamanho, e é o tamanho do Brasil que vocês representam”.

Depois, o coronel Aginaldo se manifestou como se fosse mesmo parte da tropa amotinada, falando grosso com o governo de Camilo Santana, do PT, no Ceará:

“Não serão covardes! Será covardia se o que foi pactuado não for cumprido. A gente acredita no que foi pactuado, no que está escrito, e voltaremos à paz. Acreditem: vocês são gigantes, vocês são monstros, vocês são corajosos; demonstraram isso ao longo desses dez, onze, doze dias que estão aqui dentro desse quartel, em busca de melhoria da classe, e vão conseguir. Vão conseguir! Sem palavras para dizer a coragem que vocês estão tendo ao longo desses dias”.

Durante os dez, onze, doze dias de motim de policiais militares, o Ceará registrou uma média diária de 28 assassinatos. Antes do motim, a média era de oito. Na última quinta-feria, 27, a Secretaria da Segurança Pública do Ceará anunciou que não divulgaria mais os números de homicídios no estado durante o motim. Durante o motim, um senador da República foi baleado por tiros disparados de dentro de um quartel.

‘Um ponto de inflexão na história do Brasil’
Falando aos PMs na noite deste domingo, o coronel Aginaldo de Oliveira usou um argumento curioso para pedir o fim do motim: “se os senhores não votarem, essas mortes atingirão os nossos amigos, os nossos familiares, os nossos entes queridos”.

Antes do discurso do coronel Aginaldo de Oliveira, o advogado dos PMs, Walmir Medeiros, que é coronel reformado do Exército, disse do alto do palanque que “este movimento que aconteceu aqui vai ser um ponto de inflexão não na história do Ceará, mas na história do Brasil”.

Está logo abaixo, no fim do artigo, o vídeo com o discurso do coronel Aginaldo de Oliveira, “caveira 80 do Bope do Rio de Janeiro”, cearense e recém-casado com deputada Carla Zambelli, do PSL. Sergio Moro foi padrinho e, no casamento, discursou e dançou La Vie En Rose.

No vídeo, Aginaldo começa a discursar no minuto 6:40.

 

https://www.facebook.com/douglas.motta.14/videos/2429006207201425/

 

Luis Nassif

14 Comentários

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  1. “Gravíssimo”: A banalização do adjetivo superlativo

    Desde janeiro/2019, que diariamente o governo brasileiro, presidente, filhos e ministros, cometem algo “gravíssimo”, das mais variadas formas. Caiu no lugar comum, porque não há nenhuma consequência, todos os absurdos foram normalizados.

    Em qualquer país “normal”, esse comandante da FN seria exonerado 5 minutos depois de tamanha barbaridade. No entanto, será elogiado pelo presidente, quando não condecorado.

    O prof. Nilson Lage, com a autoridade dos 83 anos e testemunha da História há mais de 60, não se cansa de repetir de que não há saída institucional para o Brasil. Não será pela via institucional a saída.

  2. Na minha opinião, está dado o modus operandi com que as milícias palacianas vão atuar nos estados de governos de esquerda:
    – vereadores e deputados aliados incitam a rebelião e o terror;
    – os governadores com dificuldades pedem auxilio ao governo federal, que envia suas ordas para ‘restabelecer a paz’.
    – Adiante, quando o governador e amotinados chegam a um acordo, Bolso, Moro et caterva passam a se vangloriar nas redes como os verdadeiros pacificadores.

    De quebra, como vimos, vão ampliando sua base entre as polícias.

  3. O Gojoba sequer sabe a diferença entre classe e categoria.

    Os idiotas tomaram conta do mundo, e, claro, tomaram conta do mundo não porque são preparados, mas porque são maioria.

  4. Só neste país de merrecas um dito militar diz tais barbaridades e fica por isso mesmo: a covardia, o comprometimento e o miliciamento das forças ditas legais são o último mau exemplo do pior que vem pela frente. Cada vez pior, cada vez mais enlameado, cada vez mais criminoso: bando é muito pouco: batalhão.
    E o MPF, ó, catando pibombas e colhendo nabos. Haja saco.

  5. Ja que falou esta merda: “Acreditem: vocês são gigantes, vocês são monstros, vocês são corajosos; demonstraram isso ao longo desses dez, onze, doze dias que estão aqui dentro desse quartel, em busca de melhoria da classe, e vão conseguir. Vão conseguir! Sem palavras para dizer a coragem que vocês estão tendo ao longo desses dias”.

    Poderia ter complentado com: “agora vão cumprir sua obrigação constitucional pois devido a este motim já morreram quase 200.”
    Realmente monstruoso!!

    1. Destes quase 200 mortos, a grande maioria devem ter sido execuções realizadas pelos próprios amotinados, para mostrar a necessidade da “força policial”….

      1. Não duvido cara pois normalmente o bandido bandido, digo os claramente a margem da lei, nao costumam cair na armadilha de dar força a greve de policia. Devem pensar; “se a gente barbarizar os caras pegam moral”.
        Aí, ficam encolhidoa, traficando na maior paz com lucro no topo.

    2. Rsrs. Tá certo, o governo do estado não estava mais divulgando o número de mortes violentas, com medo da repercussão. Mais vou lhe falar 400 mortes.

  6. Brasil virou o reinado do sem no noção ou império do sem sentido…..Um chefe militar “rasgando seda” para a soldadesca amotinada……a coisa que um chefe militar mais teme/odeia é a indisciplina, força armada sem isso vira bando “tocando terror como lhe der na veneta”….a única situação onde esse discurso pode fazer sentido é como “guerra de desinformação”, o Gen. do campo A elogiando os desertores ou amotinados do gen do campo B, em caso de guerra ou revolução….Se não, é um tiro de canhão o pé….o nobre coronel vai fazer o que quando os seus subordinados não obedecerem as suas ordens…..vai organizar um plebiscito, talvez…ou se reunir com as lideranças e discutir….vamos ter milicos e PM super “democráticos”…..tem que fazer pesquisa de opinião entre a soldadesca para ver se vão à guerra ou não…..muito original…..
    A menos que seja, como citei no começo do post, “guerra de desinformação”…..mas parece que o BR não esta nem em guerra nem numa revolução……ou talvez sim, de uma certa forma…

    1. Como vc afirma, e é a pura verdade; “…coisa que um chefe militar mais teme/odeia é a indisciplina”.
      Mas isso vale para um verdadeiro lider militar. Não isso aí. Um sujeito capaz de falar este monte de bobagem num momento tão grave do pais é uma vergonha para qualquer força.

  7. Isso é uma vergonha! Uma quebra de decoro, de hierarquia! Esse “comandante” deveria ser exonerado imediatamente! É uma afronta à ordem, à decência, ao respeito ao governador do Estado do Ceará e à sociedade cearence que paga os salários desses baderneiros!

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