Deputadas cobram posição do Congresso sobre caso Mariana Ferrer

Bancada feminina pede posicionamento do Congresso; vítima de estupro foi humilhada pelo advogado de defesa diante do juiz

Soraya Santos (PL-RJ), primeira-secretária da Câmara – Foto: Najara Araujo/Câmara dos Deputados

Jornal GGN – Deputadas cobraram um posicionamento oficial do Congresso Nacional por conta das cenas do julgamento do caso Mariana Ferrer, divulgadas no início da semana.

“Estamos aqui para denunciar a revolta que nos causa a forma de tratamento que foi dada à Mariana Ferrer, mas também a necessidade de proteção institucional das vítimas. O Congresso deve oficiar o Conselho Nacional de Justiça, o Conselho Nacional do Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil para acompanhar esse caso e ver os responsáveis punidos exemplarmente”, disse a deputada Soraya Santos (PL-RJ), que pediu que o presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre, acione os órgãos de controle.

Soraya Santos cobrou ainda a aprovação de um projeto para punir quem comete violência institucional contra vitimas de violência doméstica ou sexual. “Pessoas que deveriam estar protegendo as pessoas e usam o cargo para abuso do poder deveriam ser punidas com a perda do cargo”, defendeu, segundo informações da Agência Câmara de Notícias.

A deputada Margarete Coelho (PP-PI) ressaltou que a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados e a Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados já tinham notificado as autoridades contra a condução da audiência, realizada em julho. “Já tínhamos notificado, mas só vimos providências quando o caso veio a público e a omissão ficou gritante”, afirmou, ressaltando a necessidade de avanços no tratamento institucional dado a vítimas de violência sexual.

A líder do PCdoB, Perpétua Almeida (AC), também cobrou a punição dos envolvidos na audiência. “Mesmo chorando, Mariana Ferrer pedia ao juiz que fizesse o papel dele, e ele não o fez. É preciso reafirmar que essa tortura aconteceu em frente a um juiz”, condenou.

No julgamento, em que Mariana Ferrer acusa o empresário André Aranha de estupro, a vítima foi humilhada pelo advogado de defesa diante do juiz. Em certo momento, Ferrer pede respeito e aponta que estava sendo tratada como acusada, não como vítima. Aranha foi inocentado e prevaleceu a tese de “estupro sem intenção”, em que o empresário não teria como saber da falta de consentimento da vitima, fato que também gerou revolta.

As críticas motivaram a abertura de procedimento disciplinar pelo Conselho Nacional de Justiça para apurar a conduta do juiz Rudson Marcos, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, no decorrer da audiência. Senadores também representaram contra a omissão do juiz na defesa da vitima contra os ataques do advogado de defesa.

 

 

Leia Também
CDHM pede providências por condutas na audiência do caso Mariana Ferrer
ABJD e APD pedem que Cláudio Gastão seja punido por atentar contra a dignidade de Mariana Ferrer e da advocacia
OAB Nacional repudia audiência do caso Mariana Ferrer e pede apuração
“Estupro culposo”: Intercept “mais confundiu do que ajudou”, mas sentença dá discussão
Redação

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. O que diria o Paulo Salim Maluf?

    Ele propagaria aos 4 Ventos:

    “Ainda que tivesse sido doloso, o estuprador culposo não matou a vítima. Quem agiu com dolo (eventual) ou culpa (consciente) foi a vítima, ao embriagar-se”.

    Vade retro, Bengue!

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador